tag:blogger.com,1999:blog-27235442264156814902024-03-05T04:46:44.284-03:00O cru e o maltadoPorque cervejas são boas para beber, mas também são boas para pensarAlexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.comBlogger95125tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-73114693408019062762016-03-01T00:00:00.000-03:002016-03-01T00:00:16.422-03:00As novas cervejas da AB-InBev<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2016/02/as-gigantes-cervejeiras-e-revolucao.html" target="_blank">última postagem</a> do blog, eu me permiti fazer algumas
reflexões pessoais e digressões acerca da entrada da gigante AB-InBev no
mercado nacional de cervejas artesanais em 2015. Essa presença da megacompanhia
se efetivou no ano passado por meio da compra de duas importantes
microcervejarias brasileiras (a Wäls e a Colorado) e por meio do lançamento de
novas cervejas com “cara de artesanal” nos portfolios das marcas da AB-InBev,
com estilos diferentes da loira gelada de sempre. A polêmica foi grande, tanto
na época da notícia quanto na repercussão do texto, mas não é disso que quero
falar hoje: agora, o que me interessa é saber quão bons são esses novos
produtos apresentados pela gigante cervejeira. A seguir, farei uma degustação
atenta de todas as cervejas da nova linha da Bohemia e da linha Brahma Extra.
Convido meu leitor a fazer o mesmo e tirar suas próprias conclusões.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>A nova Bohemia: uma velha tradição repaginada<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg46D1Qr8BPQOJQoCCdAL1vTmRezb4rkSq8z55UKKs7Eg49AFSKdlYlXt0cZMAGOpZIykkqFU0nFbXSuX5npDuFXq0XO7bO1pYirQnTt3YzZkFqXTFYCIxd9q9WwaW-KBmViW0zE7X7Cns/s1600/Bohemias.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="178" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg46D1Qr8BPQOJQoCCdAL1vTmRezb4rkSq8z55UKKs7Eg49AFSKdlYlXt0cZMAGOpZIykkqFU0nFbXSuX5npDuFXq0XO7bO1pYirQnTt3YzZkFqXTFYCIxd9q9WwaW-KBmViW0zE7X7Cns/s320/Bohemias.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">As novas Bohemias:
artesanais ou “artesanescas”?<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Fonte: <a href="http://www.bohemia.com.br/">www.bohemia.com.br</a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No início de 2015, a Bohemia aportou no mercado artesanal
com três novos rótulos: a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3V5S0Q5WWtUYXc" target="_blank">Bela Rosa</a></b>,
a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqWGZWdXpId25GT2M" target="_blank">Caá-Yari</a></b> e a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3FPSzdqMEluUkU" target="_blank">JabutIPA</a></b>. Mas a verdade é que essa não é a primeira vez que a
Bohemia lança cervejas em estilos diferentes da “pilsen” de sempre. Em 2005,
quando eu ainda nem ligava muito para essa coisa de diversidade cervejeira, a
Bohemia lançou no mercado uma cerveja envasada em uma garrafa imitando
cerâmica, com rótulo de ares medievais e monásticos. Seguia o estilo Belgian
blond ale, com receita claramente inspirada pela <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqaXdXMGpUblFMRWs" target="_blank">Leffe Blonde</a></b> (que, à época, já pertencia à InBev), e chamava-se <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqTl9vTWFvMmZwd2c" target="_blank">Bohemia Confraria</a></b>. Foi uma das portas
de entrada de muita gente (eu incluído) para o universo da diversidade
cervejeira. Não era uma má cerveja. Era uma blond bem doce, com mais presença
de malte e frutas em compota do que de especiarias, um pouco enjoativa, mas
saborosa. Depois, a Bohemia repaginou a Confraria e a relançou em uma linha de
cervejas que incluía ainda a Bohemia Escura (uma Schwarzbier muito leve) e a
Bohemia Weiss (uma Weissbier de estilo alemão que cumpria bem seu papel por um
preço módico). Depois vieram ainda a Bohemia Oaken, receita bem fraquinha
maturada com chips de carvalho, e a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqa3hVNFJjcEViNE0" target="_blank">Bohemia Imperial</a></b>, uma receita pretensamente histórica com ares de Vienna lager.
Ainda era uma linha pouco antenada com o que estava acontecendo no mercado de
cervejas artesanais, dando a impressão de um produto da década passada.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Com o tempo, e com o crescimento do mercado artesanal, a
Bohemia decidiu repensar sua estratégia para o segmento e descontinuou essa
antiga linha, deixando no mercado apenas a clássica <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqTVZQRXNYNVpZN0U" target="_blank">Bohemia Pilsen</a></b>. Isso foi ainda em 2014, salvo engano. No seu lugar,
no começo de 2015, entrou a nova linha da Bohemia, com uma identidade visual e
conceitual muito mais próxima daquilo que o mercado de cervejas artesanais veio
a se tornar nos últimos anos. Os nomes, como é comum em muitas
microcervejarias, remetem a ingredientes ou elementos culturais brasileiros. A
identidade visual é moderna, colorida e descontraída, bem no padrão atual das
micros. As receitas seguem os seguintes estilos: a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqWGZWdXpId25GT2M" target="_blank">Caá-Yari</a></b> é uma Belgian blond ale, a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3V5S0Q5WWtUYXc" target="_blank">Bela Rosa</a></b> é uma witbier e a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3FPSzdqMEluUkU" target="_blank">JabutIPA</a></b>
é uma IPA de perfil inglês. Com a exceção talvez da blond (estilo que já é
figurinha fácil no portfolio da AB-InBev), são todos estilos que estão em evidência
no mercado cervejeiro nos últimos dois anos. Seguindo um modismo recente das
cervejarias nacionais, toda a linha emprega ingredientes tipicamente
brasileiros na receita: a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqWGZWdXpId25GT2M" target="_blank">Caá-Yari</a></b>
leva erva mate; a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3FPSzdqMEluUkU" target="_blank">JabutIPA</a></b> é
produzida com jabuticaba e, por fim, a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3V5S0Q5WWtUYXc" target="_blank">Bela Rosa</a></b> leva pimenta-rosa e limão. Na verdade, todas as cervejas são
produzidas com <i>extratos</i> de seus
respectivos ingredientes, para facilitar a padronização do produto, mas o
resultado, do ponto de vista do marketing, é o mesmo. Em resumo: a Bohemia fez
sua lição de casa e mimetizou de forma mais ou menos fiel aquilo que estava
acontecendo nas microcervejarias brasileiras. Lançou uma linha de cervejas
artesanais aparentemente crível. Vejamos como essa credibilidade se sai no
copo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwvChaPGXb7fMGKWZPVaxHt-HZz_HhA3gjkfzP6TSBez00QumPHvSOz_DXKg6pWpr_dqRJlkC8axsrEo9Uxnlcmy5C-UA3AGxxm1Pm3_JfX9sVcU4UshCufTBAploUmBmUD_rZkMi_ex4/s1600/Bohemia+Bela+Rosa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwvChaPGXb7fMGKWZPVaxHt-HZz_HhA3gjkfzP6TSBez00QumPHvSOz_DXKg6pWpr_dqRJlkC8axsrEo9Uxnlcmy5C-UA3AGxxm1Pm3_JfX9sVcU4UshCufTBAploUmBmUD_rZkMi_ex4/s320/Bohemia+Bela+Rosa.jpg" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://degustaterapia.blogspot.com/2015/08/bohemia-bela-rosa.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: isolate;">degustaterapia.blogspot.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3V5S0Q5WWtUYXc" target="_blank">Bohemia Bela Rosa</a></b>
tem como base uma receita de witbier, a clássica cerveja de trigo belga,
tradicionalmente temperada com sementes de coentro e raspas de laranja. Em
adição a esses ingredientes, a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3V5S0Q5WWtUYXc" target="_blank">Bela Rosa</a></b>
leva ainda extrato de limão e extrato de pimenta-rosa – fruto da aroeira,
árvore nativa do Brasil. Foi a primeira que eu provei da linha, animado pelos
bons relatos a respeito do lançamento do chope. Infelizmente, o desempenho da
versão engarrafada não parece ter ficado à altura, embora ela não seja uma má
cerveja. No copo, apresentou coloração amarela bem clarinha, com um matiz
esverdeado, condizente com o estilo, mas com uma turbidez que me pareceu um
pouco excessiva. Espuma de bom desempenho. No aroma, percebe-se com muita
clareza a adição dos extratos da receita: a pimenta-rosa predomina de forma
avassaladora, dando um toque extremamente picante ao aroma. Em segundo plano,
um aroma forte, mas incomodamente artificial, de limão, lembrando capim-limão e
desinfetante. Raspas de laranja são perceptíveis, mas as sementes de coentro
ficaram bem apagadas. Aromas de fermento, aveia e rosas complementam o perfil
aromático. Na boca ela entra docinha, depois mostra uma boa e refrescante
acidez (seu ponto mais forte) e termina num final longo, com bom equilíbrio
entre doce e ácido e aromas residuais de aveia, fermento e limão. Amargor muito
sutil. O corpo é leve, talvez em excesso, com textura algo aguada e
carbonatação muito vívida. No conjunto, o ponto positivo fica para o bom
balanço entre doçura e acidez, que refresca, limpa o paladar e convida ao novo
gole sem assustar o bebedor menos acostumado. O ponto mais fraco é o aroma, com
uma sensação muito artificial e com protagonismo demasiado dos extratos de
pimenta-rosa e limão. Não é uma má cerveja: tem personalidade, tem boa sensação
na boca e boa evolução. Mas não é uma witbier que se destaque positivamente
diante das melhores concorrentes do estilo. Para o meu gosto, não foi nem minha
preferida, nem a que mais desagradou. (Clique <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3V5S0Q5WWtUYXc" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação
completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkyvz5wqbTj12JDXxewKRJl69gtBg_4pLo8iE3kdDd0WWuo84JTk00vCgMRSL7W-DhN3DEG7GkN2wdrcikXuX98k7ArI2vT7F2zrEF2V6zd9ZyDWBClnpkGWt-fRJ0tMUopOkqUcaCt0o/s1600/Bohemia+Jabutipa.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="307" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgkyvz5wqbTj12JDXxewKRJl69gtBg_4pLo8iE3kdDd0WWuo84JTk00vCgMRSL7W-DhN3DEG7GkN2wdrcikXuX98k7ArI2vT7F2zrEF2V6zd9ZyDWBClnpkGWt-fRJ0tMUopOkqUcaCt0o/s320/Bohemia+Jabutipa.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://degustaterapia.blogspot.com/2015/08/bohemia-bela-rosa.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: isolate;">degustaterapia.blogspot.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3FPSzdqMEluUkU" target="_blank">Bohemia JabutIPA</a></b>
é uma IPA de perfil inglês, produzida com adição de extrato de jabuticaba.
Muitos consumidores saudaram de braços abertos esse rótulo como uma opção
acessível de IPA num mercado em que há poucos exemplares populares de um estilo
com fortíssima demanda. Mas o resultado acabou decepcionando que está
acostumado com IPAs americanas de forte personalidade aromática. No copo, é a
mais escura das três, com uma coloração alaranjada profunda e translúcida,
pendendo ao cobre, e com creme de baixo desempenho. O aroma é inusitadamente
fora de padrão para o estilo: no lugar dos lúpulos como protagonistas, a
<a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3FPSzdqMEluUkU" target="_blank">JabutIPA</a> traz as sensações frutadas: um forte aroma esterificado de abacaxi em
calda e presença expressiva de frutas vermelhas (que eu imagino serem advindas
do extrato de jabuticaba). Em segundo plano vêm o malte, com notas de caramelo
e uma sugestão de castanhas, e finalmente o lúpulo, possivelmente de variedade
inglesa, trazendo grama molhada e rosas. Há um perceptível acento mineral no
nariz. Infelizmente, o frescor do lúpulo fica muito aquém do esperado para o
estilo. Na boca, ela entra medianamente doce e depois evolui para um amargor
razoavelmente pesado, bem ousado até para um rótulo da Bohemia, culminando num
final amargo, mineral e relativamente seco. O corpo é mediano para intenso, no
padrão inglês do estilo, com textura mineral muito correta, mas com excesso de
carbonatação. O aquecimento alcoólico e a adstringência são perceptíveis,
diminuindo a drinkability. No conjunto, meu entendimento é o de que ela está
completamente fora do estilo. O amargor é intenso e correto, mas o aroma é
muito descaracterizado, dominado pelas notas frutadas e quase sem frescor de
lúpulo. O extrato de jabuticaba acaba um pouco “perdido” no meio da receita,
unidimensional, sem aquela gostosa complexidade de sensações em camadas da
fruta fresca (doce, frutas vermelhas, terroso, fresco, levemente adstringente).
No conjunto, ela parece mais uma Belgian pale ale mais amarga do que uma IPA,
para ser sincero. É uma receita em que a sigla “IPA” significa, simplesmente,
que se trata de uma cerveja amarga. Das
três cervejas da nova linha, foi a que menos me agradou. (Clique <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3FPSzdqMEluUkU" target="_blank">aqui</a> para ver
a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS9xYmfaJXCGfL20BPW2wJbMoM3g_QWfUFRN1zrAbUEaNDkoll70u6rA4VfFX9YJ2g10L6ZY6XYZm7AGQg7AeyK76XJ7eekPPbWsia7l3SKiAt4olZ2KPiGw2i_MG9OC74iybmu7XBhis/s1600/Bohemia+Ca%25C3%25A1-Yari.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="294" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiS9xYmfaJXCGfL20BPW2wJbMoM3g_QWfUFRN1zrAbUEaNDkoll70u6rA4VfFX9YJ2g10L6ZY6XYZm7AGQg7AeyK76XJ7eekPPbWsia7l3SKiAt4olZ2KPiGw2i_MG9OC74iybmu7XBhis/s320/Bohemia+Ca%25C3%25A1-Yari.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://degustaterapia.blogspot.com/2015/08/bohemia-bela-rosa.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: isolate;">degustaterapia.blogspot.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
Por fim, a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqWGZWdXpId25GT2M" target="_blank">Bohemia Caá-Yari</a></b> é uma leve e bem-resolvida Belgian blond ale com adição de extrato
de erva mate. No copo, uma bonita coloração alaranjada profunda, brilhante, mas
com espuma de baixo desempenho. O aroma é relativamente complexo, em camadas:
em primeiro lugar, sente-se um jogo equilibrado entre ésteres (compota de
abacaxi bem marcante, um tiquinho de banana) e cravo, remetendo imediatamente
ao perfil aromático de levedura da Leffe Blonde. Em segundo plano, mel, rosas e
um toque de ervas (orégano?) do lúpulo. Uma sensação metálica prejudicou o
frescor do aroma. Na boca ela entra surpreendentemente leve e ácida, um
tiquinho salgada, bem apetitosa, tornando-se depois mais rica e doce e
finalizando com um final adocicado com leve amargor secundário, em que o malte
é ressaltado pelo rico e macio sabor da erva mate. O corpo é leve para mediano,
bem seco em comparação com outros exemplares do estilo, com textura frisante e
crocante e carbonatação expressiva. O aquecimento é pouco perceptível, o que,
junto com o corpo leve e a apetitosa acidez, eleva muito a drinkability. No
conjunto, é uma receita inteligente. Parece ser fermentada com a mesma cepa de
leveduras da Leffe Blonde, apresentando o mesmo perfil típico de
abacaxi-e-cravo. Contudo, seu corpo é bem mais leve e crocante, ela é mais seca
e possui acidez mais expressiva, junto com uma sugestão salgada, o que lhe dá
uma gostosa sensação de aperitivo. É menos complexa nos maltes, o que a faz
perder em intensidade e em riqueza de paladar em comparação com outras do
estilo, mas é mais refrescante e apetitosa. A erva mate é sutil, bem integrada
à receita, e só ajuda a reforçar as sensações de malte. Foi minha preferida
dentre essas três novas receitas da Bohemia que chegaram aos supermercados. (Clique
<a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqWGZWdXpId25GT2M" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No geral, a linha toda me dá a impressão de que a Bohemia
está fazendo um grande esforço para se adaptar aos produtos do mercado
brasileiro de cervejas artesanais. Não há como negar que essas três cervejas
apresentam uma identidade “artesanal” bem mais definida do que todos os antigos
rótulos “diferentes” da marca. Há uma convergência para uma identidade visual
mais moderna, mais próxima das usadas pelas microcervejarias – com rótulos
bastante agradáveis e bonitos, por sinal. Há também um trabalho com as receitas
que, excetuando-se o irritante uso das essências, também está afinado com o
esforço dos nossos microcervejeiros para usar ingredientes nacionais. As
receitas, aliás, têm sofrido alguns ajustes sob a responsabilidade de José
Felipe Carneiro, cervejeiro responsável pela Wäls. Esse é um fator bastante
interessante da compra das microcervejarias pela AB-InBev: em adição às marcas
e ao portofolio de cervejas artesanais das micros, a AB-InBev está se
beneficiando também da injeção de know-how e expertise de microcervejeiros
brasileiros consagrados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Do meu ponto de vista, a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqWGZWdXpId25GT2M" target="_blank">Caá-Yari</a></b> é a mais interessante e bem-executada cerveja dessa nova
linha fixa da Bohemia que encontramos nas prateleiras dos supermercados. A
receita-base é inteligente e funciona bem, e a adição da erva-mate agrega
positivamente ao conjunto. Não é uma cerveja marcante nem especialmente rica e
saborosa, mas não decepciona. As outras duas, ao meu ver, têm problemas
estruturais mais ou menos sérios. A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3V5S0Q5WWtUYXc" target="_blank">Bela Rosa</a></b> tem boa sensação na boca, mas as essências de pimenta-rosa e limão
mascaram suas qualidades e adicionam aromas artificiais, sem a complexidade de
especiarias que se espera de uma boa witbier. Uma pena. Já ouvi relatos de que
o chope, quando foi lançado, era significativamente superior a essa versão
engarrafada, mas não tive a oportunidade de provar. Já a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT3FPSzdqMEluUkU" target="_blank">JabutIPA</a></b>, a meu ver, não chega nem a ter muitas qualidades além de
um amargor sólido para o padrão das macrocervejarias. Ela não tem nem o frescor
aromático de uma IPA, nem a complexidade frutada de uma boa fruit beer, ficando
incomodamente fora de estilo e proposta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Afinal de contas, como avaliar o custo-benefício dessa nova
linha mezzo-artisanale da Bohemia? O preço das três gira atualmente em torno
dos R$ 12 pela garrafa de 600ml, ou R$ 6,50 pela caçulinha de 300ml. Isso as
situa numa faixa equivalente ou um pouco abaixo das artesanais regionais mais
baratas, com distribuição em supermercados – aqui em São Paulo, penso, por
exemplo, nas cervejas da Therezópolis, da Baden Baden, da Burgman ou da Dama
Bier, relativamente fáceis de encontrar. O problema é que as Bohemias não convencem
como boas cervejas diante dessas concorrentes diretas. Não são boas o bastante
para substituírem uma artesanal “de verdade”, mas também não são baratas o
bastante para que essa diferença de qualidade seja irrelevante. Para quem sabe
o que está comprando, vale mais a pena pagar 20%, até 50% a mais por uma
cerveja de qualidade significativamente superior. Para falar a verdade, há até opções
melhores <i>e</i> mais baratas, como algumas
Therezópolis ou as Eisenbahn. Mas é preciso levar em conta que eu não faço
parte do público-alvo dessas cervejas. Aliás, você que está lendo esse blog
provavelmente também não faz. Se eu entendo a estratégia da AB-InBev, essa nova
linha está voltada para o “curioso hesitante”: aquele que tem vontade de
experimentar cervejas artesanais, mas não sabe o que comprar e fica perdido
diante da diversidade, sem saber que microcervejaria vale a pena o
investimento.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Duas “outras” Bohemias: correndo por fora<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em adição a essas três cervejas de ampla distribuição, a
Bohemia também lançou, em 2015, dois
outros rótulos de distribuição mais restrita, com uma pegada um pouco diferente
dessa linha “básica”. Parece-me que elas têm um caráter experimental, e talvez
a Bohemia ainda esteja estudando a possibilidade de elas entrarem no portfolio
permanente. Ambas, aliás, parecem ter sido feitas com participação mais
intensiva da Wäls no processo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmHN4cEmlbCS2X47vqOKb3bmxL2xdtaaIpzn0zDcxLkOW_CNHhrDSE4IsnK27JI-A0EuN-0zxyT48IovMO7uMJMNzTI4bHv-x6-uCHCosvkurm6NZVDaYGpB9wIjWrbvPyH66WHb9uRTk/s1600/Bohemia+Oito+e+Um.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjmHN4cEmlbCS2X47vqOKb3bmxL2xdtaaIpzn0zDcxLkOW_CNHhrDSE4IsnK27JI-A0EuN-0zxyT48IovMO7uMJMNzTI4bHv-x6-uCHCosvkurm6NZVDaYGpB9wIjWrbvPyH66WHb9uRTk/s320/Bohemia+Oito+e+Um.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.brejas.com.br/">www.brejas.com.br</a></span></td></tr>
</tbody></table>
A primeira delas é a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqZDZGX3U5czF4Q0E" target="_blank">Bohemia Oito e Um Session Stout</a></b>, uma dry stout produzida com adição de extratos de
laranja e hortelã, além de flocos de aveia. Ressalte-se, ainda, o emprego de
extrato de lúpulo (no lugar dos tradicionais pellets de lúpulo) na receita: a
Bohemia está trilhando um caminho definido de padronização por meio do uso de
extratos. O termo “session stout” refere-se ao fato de que a cerveja possui
teor alcoólico relativamente baixo (4%) e foi pensada como uma cerveja para
consumo em quantidade, mas, ao contrário do que fica sugerido, isso não significa
que seja uma versão menos alcoólica de uma stout: na verdade, ela fica dentro
da faixa de ABV tradicional do estilo dry stout. O nome “Oito e um” é uma
referência ao famoso chocolate inglês com menta, chamado <i>After Eight</i>, pois a cerveja busca emular o mesmo perfil sensorial,
combinando torrado (chocolate) e refrescante (laranja e hortelã). O resultado,
para ser sincero, é surpreendentemente bem resolvido e agradável. Na taça, ela
apresenta coloração marrom bem escura, mas não chega a ser totalmente preta,
encimada com um creme de baixo volume e persistência apenas mediana. O aroma é
equilibrado, complexo e vívido: o perfil torrado de malte é macio e rico (com
chocolate, café de coador e casca de pão torrada em equilíbrio) e a laranja faz
um contraponto cítrico preciso. Em segundo plano, hortelã e mentolado aparecem
sem roubar a cena. O lúpulo, de perfil inglês, é deliciosamente presente, com
notas apimentadas, de frutas vermelhas frescas e toque de limão. Circundando tudo,
uma presença mineral definida. Na boca, ela entra com uma doçura muito breve
que logo é sobrepujada por um amargor mineral e seco, que se prolonga no final
persistente, como deve ser. O corpo fica entre leve e mediano, muito macio e
acetinado, mas não pesado o suficiente para diminuir a drinkability, com uma
sensação mineral muito inglesa. No conjunto, uma bela dry stout com a adição de
uma “alegria” cítrica e mentolada. O perfil torrado é rico e profundo, os
extratos aparecem bem integrados ao conjunto, sem sensação de artificialidade,
e os lúpulos são uma surpresa inesperada e bem-vinda. O corpo é mineral e macio
na medida, com pegada bem inglesa. Essa é a melhor cerveja que já provei da
Bohemia até hoje. Poderia destronar a Guinness no mercado se fosse apresentada
como concorrente direta com um trabalho bem feito de marketing. Como
curiosidade, é interessante apontar que, embora o rótulo apresente apenas a
marca Bohemia, a cerveja foi produzida na fábrica da Wäls. Na faixa dos R$ 12
pela garrafa de 600ml, é uma compra que vale a pena. Espero que entre na linha
permanente e seja distribuída em supermercados como as demais. (Clique <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqZDZGX3U5czF4Q0E" target="_blank">aqui</a>
para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI8ERmbf9QEmT8l5b5UL8v9r9Y3tE92II4WlVI06xQvc6dTHaJRZFJMjEb8_vYQVcJhHW56SZgl1TFj3HNoka9J7MENUzr2hRviHHFOhMNDELE1PkKkXD7-XXfaZecYEZy5rXXegPhDoo/s1600/Bohemia+Travessia.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgI8ERmbf9QEmT8l5b5UL8v9r9Y3tE92II4WlVI06xQvc6dTHaJRZFJMjEb8_vYQVcJhHW56SZgl1TFj3HNoka9J7MENUzr2hRviHHFOhMNDELE1PkKkXD7-XXfaZecYEZy5rXXegPhDoo/s1600/Bohemia+Travessia.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.instafotom.net/tag/degustaessa"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: isolate;">www.instafotom.net</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
Por fim, em 2015 a Bohemia também lançou sua primeira
cerveja colaborativa, com a microcervejaria fluminense Therezópolis: a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqRnRRa3VJTlk1bGM" target="_blank">Bohemia/Therezópolis Tripel Travessia Petrópolis-Teresópolis</a></b>. O nome alude a uma desafiadora trilha que liga as
cidades de Petrópolis (sede da Bohemia) e Teresópolis (onde se localiza a
fábrica da Therezópolis). O estilo escolhido foi a tripel de abadia belga, e a
receita ficou a encargo de José Felipe Carneiro, da Wäls/Bohemia, e Gabriel di
Martino, da Therezópolis – em cuja fábrica a cerveja foi produzida.
Sinceramente, fiquei um pouco na dúvida a respeito da receita. A divulgação nas
redes sociais sugeria que a cerveja seria produzida com ingredientes típicos da
região, como casca de mexerica ponkan e folhas da ponkan. Além disso, a receita
empregaria trigo e aveia defumados com folhas de ponkan. Contudo, o rótulo
indica apenas “maltes” (sem especificar quais e sem fazer alusão à defumação),
“essência natural de ponkan” e “essência natural de coentro”. Na degustação, a
cerveja decepcionou bastante. Pela expertise da Wäls em estilos belgas, pelo
preço elevado (na faixa dos R$ 30) e pela receita, eu esperava algo muito mais
ousado e bem executado. Mas ela acabou se mostrando unidimensional e enjoativa,
para o meu paladar. Na taça, verteu um líquido alaranjado profundo e levemente
turvo, com enorme creme branco. No aroma, uma avalanche de mel e geleia de
laranja, com muita compota de abacaxi e um toque de rosas. Todo o restante
ficou encoberto sob o caminhão de doçura e laranja. Lembra um xarope de frutas
amarelas, sem complexidade. Se é que há mesmo um caráter de defumação, ele fica
mascarado sob a doçura frutada. Na boca, a doçura é pesada e predomina do
início ao fim, sem amargor ou acidez suficientes para equilibrar. O corpo é
intenso e agradável, talvez o único ponto forte da degustação. O resultado
geral é uma cerveja desequilibrada, de baixo drinkability e unidimensional, que
não faz jus nem à receita, nem à linha belga da Wäls. Por elevados R$ 30 pela
garrafa de 750ml, é a pior compra que já fiz de todo o portfolio da Bohemia. Se
a receita não for dramaticamente aprimorada, não vejo muita viabilidade para
este rótulo. (Clique <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqRnRRa3VJTlk1bGM" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A nova Brahma Extra<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhENqj5YwVudj7IfYSPf_MoSyM7k3uZgHDOHt2YMggPmrhZSFegSYsaJOgmK0J-tXxy11icGhZW-6VkDpTP8POPTVk0n5Rv9EOdckTZ-qk1XaebC7Wd2Y_VOk_D_2d-dsEJJdw0WbqyvmA/s1600/Brahma+Extra.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhENqj5YwVudj7IfYSPf_MoSyM7k3uZgHDOHt2YMggPmrhZSFegSYsaJOgmK0J-tXxy11icGhZW-6VkDpTP8POPTVk0n5Rv9EOdckTZ-qk1XaebC7Wd2Y_VOk_D_2d-dsEJJdw0WbqyvmA/s320/Brahma+Extra.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.capitalgourmet.com.br/2015/09/22/brahma-extra-um-novo-e-extraordinario-mundo-de-sabores-e-sensacoes/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: isolate;">www.capitalgourmet.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
Mas não foi só com a Bohemia ou com as aquisições que a
AB-InBev atacou o mercado das cervejas artesanais. Paradoxalmente, a iniciativa
mais agressiva e impactante da megacervejaria nesse quesito talvez tenha sido
justamente aquela que teve menor visibilidade e atraiu menos comentários da
comunidade cervejeira: a reformulação da Brahma Extra. Até meados de 2015, a
Brahma Extra era uma premium American lager produzida com cereais não-maltados,
que não trazia grande diferencial num mercado já saturado de produtos semelhantes.
Na segunda metade do ano passado, a AB-InBev transformou a Brahma Extra em uma
linha com três rótulos diferentes, cada qual num estilo cervejeiro, e lançou as
cervejas em supermercados a preços populares (o mesmo preço da antiga Brahma
Extra, aliás), abaixo dos R$ 3 pela long neck.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqZXFNc3Rpd21QTTA" target="_blank">Brahma Extra Lager</a></b>
é a antiga Brahma Extra repaginada. É uma premium American lager puro-malte que
já não é mais anunciada como “pilsen”, mas sim como “lager” – atendendo a uma
antiga demanda de setores do público consumidor de cervejas artesanais, que
preferia ver a designação “pilsner” como exclusiva dos estilos tradicionais
europeus (as pilsner alemãs e boêmias, bem mais amargas que as nossas “pilsen”
comuns). É uma American lager de doçura acentuada, não tão seca quanto outras
do estilo e quase sem amargor, a fim de ressaltar o corpo e o sabor do malte de
cevada. Na taça, mostra-se amarela clara e transparente, com creme de
desempenho mediano. No aroma, são os aromas doces do malte que predominam,
lembrando pão branco, com uma presença frutada lembrando banana ao fundo e o
lúpulo suave, de perfil floral, sem grandes surpresas. Os aromas sulfúricos do
malte de cevada, lembrando flocos de milho e legumes cozidos, sobressaem
incomodamente no conjunto. A doçura predomina de cabo a rabo, com uma suave acidez
inicial e amargor praticamente nulo, o que a torna um pouco enjoativa. O corpo
é leve para mediano, encorpado se considerarmos o estilo, levemente cremoso e
com alta carbonatação. No conjunto, uma premium American lager sem destaques,
com sabor de malte sólido, mas um pouco doce para o estilo e quase sem amargor
para equilibrar. Se a nova Brahma Extra se limitasse a ela, não haveria nenhuma
novidade relevante. (Clique <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqZXFNc3Rpd21QTTA" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A coisa fica um pouco mais interessante nos dois outros
rótulos da linha. A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqeFE2MWZROFcwcEk" target="_blank">Brahma Extra Red Lager</a></b> é uma amber lager puro-malte leve, de perfil suave e baixa lupulagem,
algo como uma releitura da premium American lager com perfil de malte levemente
tostado. No meu copo, ela mostrou uma coloração âmbar escura, mas que não chega
ao vermelho, transparente e com bom creme. O aroma entrega o malte tostado em primeiro
plano, com remissões a castanhas e caramelo e, novamente, uma forte e incômoda
presença de compostos sulfúricos de malte lembrando flocos de milho e legumes
cozidos. Em segundo plano, maçãs vermelhas e gerânios. A combinação
tostado-maçã-gerânios lembra um pouco o perfil aromático da velha e saudosa
Kaiser Bock, da qual ficamos órfãos depois que a Heineken decidiu descontinuar
essa sazonal de inverno da Kaiser. Na boca, porém, ela tem muito menos
intensidade do que a extinta bock: a doçura predomina, com equilibrada acidez
inicial e um final persistente, adocicado, um pouco fechado mas agradável, com
retrogosto de castanhas e maçãs. O corpo é leve, seco, crocante, um tanto mineral,
com forte carbonatação. Não chega a ter a drinkability fácil e descomplicada de
uma “pilsen”, mas já permite goles relativamente largos. No conjunto, é uma
cerveja muito honesta, que se apresenta como se fosse uma American lager um
pouco mais marcante e mais saborosa, válida como variação para o dia a dia. (Clique
<a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqeFE2MWZROFcwcEk" target="_blank">aqui </a>para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A mais interessante da linha, a meu ver, é a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqNUlKZFZURWp1OWM" target="_blank">Brahma Extra Weiss</a></b>. Encomendada pelo
e-commerce da AB-InBev (pois estou com dificuldade de encontrar este rótulo
específico nas gôndolas dos supermercados), chegou à minha casa fresquinha (com
menos de um mês desde o envase), como deve ser, e me agradou bastante. Na taça,
ostenta uma coloração amarela clara, com turbidez mediana, até tímida para o
estilo, mas bem perceptível (ela não é filtrada) e creme de volume mediano – de
novo, considerando o nababesco padrão do estilo – mas boa persistência. Vou
confessar que, pela repercussão negativa que ela teve nas redes sociais, eu
levei a taça ao nariz com desconfiança, pensando que seria uma “Weiss-pega-trouxa”,
sem nenhuma característica do estilo. Não é. Pelo contrário, ela mostrou aromas
afinados e bem-equilibrados, com boa tipicidade: banana em primeiro plano,
cravo bem perceptível, um tiquinho de maçã vermelha. O malte aparece com pão
branco, o aroma de fermento é bem evidente e ela ainda mostra notas secundárias
comuns no estilo: um toque cítrico lembrando laranja e um notável perfume de
rosas. Complexidade aromática acima da expectativa. Na boca, ela se mostra um
pouco leve em excesso: a doçura predomina e a acidez deveria ser um pouco mais
elevada para equilibrá-la melhor. O corpo é leve, um pouco aguado,
decepcionante para o estilo, presumivelmente para elevar a drinkability.
Acredito que o uso de cereais não-maltados na receita explique, em parte, o
pouco corpo. Mas, no conjunto, é uma Weiss honesta e interessante desde que
você aceite que se trata de uma “roupagem atenuada” do estilo. O destaque fica
para a boa complexidade aromática, melhor até do que muita Weiss artesanal por
aí. (Clique <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqNUlKZFZURWp1OWM" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O que é extraordinário nessa nova linha da Brahma Extra não
é o perfil sensorial marcante ou ousado. Pelo contrário, são cervejas de perfil
conservador para o público acostumado com as artesanais, com características
atenuadas para evitar rejeição da parte do grande público. O que realmente
chama a atenção é o preço a que chegaram ao mercado: R$ 2,80 da última vez que
chequei as prateleiras. Isso está abaixo do preço de muitas American lagers
premium do nosso mercado, como a Heineken. Com isso, a Brahma Extra se torna
uma opção viável para realmente <i>substituir</i>
a cerveja de todo dia com estilos diferentes. Com ela, hoje é possível beber
uma Weiss suave, mas saborosa e honesta, no lugar da pilsen de sempre. Eu
sempre tive uma preferência pessoal pela Bohemia Pilsen e pela Heineken para
encher a minha geladeira no dia a dia. A Brahma Extra entra definitivamente
para esse rol. E, como corolário, resta a reflexão de que são cervejas de
produção em larguíssima escala. Talvez seja a primeira vez, em décadas, que
teremos uma ale sendo bebida nesse volume no Brasil. Serão talvez centenas de
milhares de consumidores que nunca tinham bebida nada além da “loira gelada”.
Isso é algo novo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Qual o balanço geral que fica dessas duas novas linhas da
AB-InBev? Retomando o que falei anteriormente, acho que a nova linha da Bohemia
tem um perfil bastante “conservador”, no sentido de que não apresenta nada
radicalmente diferente da forma como o mercado microcervejeiro já funciona no
Brasil. Aumentou apenas a escala, mas os parâmetros fundamentais do produto (receita,
preço, identidade e marketing) continuam mais ou menos parecidos com o que as
nossas micros já fazem. Do meu ponto de vista, o lançamento realmente
“revolucionário” de 2015 foi a Brahma Extra. Olhando com frieza, são cervejas menos
interessantes e marcantes do que as Bohemias, isso é verdade. Mas têm o mérito
de serem baratas num mercado ainda excessivamente elitizado. Elas permitem que
eu “saia da mesmice” no meu dia a dia e beba algo diferente da loira gelada de
sempre, sem comprometer meu orçamento. Ora, não era isso que os
microcervejeiros pregavam que nós fizéssemos, que buscássemos algo diferente das
cervejas “sem graça” da AB-InBev? Infelizmente, os preços comuns do mercado
coibiam essa prática, mesmo para quem é entusiasta. Paradoxalmente, quem está
nos oferecendo uma alternativa real é a própria AB-InBev.<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-45724756993387510012016-02-01T00:00:00.000-02:002016-02-01T00:00:04.394-02:00As gigantes cervejeiras e a "revolução artesanal"<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Xv82UYccrE18ri5dhEnpseDLkum_RGbPyNRj8OOAwm7Xe63N8Mty273FtOEHTdmk4ylc5-U_edvhrHncsCWBETRPVs2GO4Z5QMbfAGUhteJ8Cdn7aWUBOsUeoAeeftdJ80QpQ0MbWNw/s1600/macro+beer.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5Xv82UYccrE18ri5dhEnpseDLkum_RGbPyNRj8OOAwm7Xe63N8Mty273FtOEHTdmk4ylc5-U_edvhrHncsCWBETRPVs2GO4Z5QMbfAGUhteJ8Cdn7aWUBOsUeoAeeftdJ80QpQ0MbWNw/s320/macro+beer.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">Quem tem medo do lobo
mau?<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Fonte: <a href="http://money.cnn.com/2015/02/02/media/budweiser-macro-beer-super-bowl/"><span style="color: #212121; text-decoration: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">money.cnn.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
2015 acabou enfim, e é hora de fazermos um balanço sobre
alguns dos destaques cervejeiros que chamaram a minha atenção nesse ano que se
foi. É verdade que não consegui acompanhar inteiramente os novos lançamentos
cervejeiros de 2015, por dois motivos – um bom e um mau. O mau é que, depois de
terminar meu doutorado, fiquei um tempo sem emprego e sem condições de gastar
dinheiro para acompanhar os lançamentos. Felizmente, isso vai mudar muito em
breve. O bom motivo foi simplesmente o volume avassalador de novos rótulos,
sobretudo nacionais, que tivemos no mercado. Num ano em que as novas importadas
perderam um pouco do lugar na prateleira devido à alta do dólar, as cervejarias
nacionais brilharam. Provei o que o orçamento apertado permitiu, aqui e ali, dentre
aquilo que mais interessou.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao contrário do que fiz nos anos anteriores, não farei uma listagem
com as cervejas mais interessantes que provei ao longo de 2015. Nem sei se a
amostragem foi suficiente para uma listagem minimamente justa com o conjunto do
mercado. Na verdade, quero apenas comentar alguns fatos que acabaram
concentrando as minhas atenções nesse ano que acabou: a entrada da AB-InBev no
mercado cervejeiro (com os dois pés no peito) e o crescimento na produção de cervejas
ácidas por cervejarias nacionais. Nesta postagem, comento a questão da AB-InBev
e do significado da entrada dos grandes grupos no cenário cervejeiro. Na
próxima parte, falarei um pouco sobre a nova linha de artesanais e
mezzo-artizanale da Bohemia e da Brahma. As ácidas de 2015 ficam para um
momento posterior. Não queremos atropelar tudo, não é mesmo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Artesanal ou industrial?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como a maior parte dos que acompanham o cenário cervejeiro
sabe muito bem, o ano de 2015 começou com uma notícia relativamente inesperada,
até mesmo chocante para alguns: a gigante cervejeira AB-InBev comprou duas das
microcervejarias mais icônicas e tradicionais do mercado brasileiro: a Wäls, de
Belo Horizonte, e a Colorado, de Ribeirão Preto. No caso da Wäls, não se tratou
meramente de uma compra: a Cervejaria Bohemia e a Wäls “associaram-se” numa
nova empresa com controle acionário majoritário da AB-InBev (até agora, sem
mudança nenhuma na existência de duas marcas independentes). OK, na prática, o
resultado é mais ou menos o mesmo que o de uma compra, embora o vocabulário
esteja cheio das elipses típicas das grandes operações do mercado de capitais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSh0hLjQfHMYHgVVwmvpgdFJd4KZN1HA6Ox1p6vQunUSFUXraJDQyBUDD_IPxxx9c2A8p_MQkVftHfK_A2mNU6pl3jU9e56tfEgxXa4xAFXJ7-T6Dy6MF7PfJkp-PWw65d1uAKP0hfhGs/s1600/Craft+beer+drinker.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="213" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSh0hLjQfHMYHgVVwmvpgdFJd4KZN1HA6Ox1p6vQunUSFUXraJDQyBUDD_IPxxx9c2A8p_MQkVftHfK_A2mNU6pl3jU9e56tfEgxXa4xAFXJ7-T6Dy6MF7PfJkp-PWw65d1uAKP0hfhGs/s320/Craft+beer+drinker.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">Eu não compro das grandes
corporações! Exceto meu </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">iPhone, claro. E meu tênis Adidas. E meu Honda Fit. </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">Ah,
deixa para lá.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Fonte: <a href="http://cervezaplease.com/tag/eagle-rock-brewery/"><span style="color: #212121; text-decoration: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">cervezaplease.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A notícia causou rebuliço, e as cervejarias prontamente
ganharam acusadores e defensores na vasta, insólita e selvagem arena de batalha
constituída pelas redes sociais. Recapitulemos os principais argumentos, de um
e de outro lado (não, meu objetivo aqui não é tomar o partido de nenhum dos
lados, e muito menos afirmar, de cima de muro, que “ambos estão relativamente
corretos e é preciso buscar uma opinião intermediária”). Primeiramente, os
críticos: uma parte do público prontamente rejeitou as duas marcas, chamando-as
de “vendidas” ou de traidoras da suposta “revolução artesanal”. Como se as
microcervejarias fossem entidades beneficentes que não visam nenhum tipo de
lucro, mas apenas e tão-somente o combate revolucionário por um ideal abnegado
e altruísta. Sei. Outros consumidores rejeitaram a marca e promoveram boicotes
a seus produtos porque não querem dar seu dinheiro à AB-InBev (porque, imagino,
já dão dinheiro demais a tantas outras megacorporações). Alguns até sugeriram
que o padrão de qualidade das cervejas da Wäls e da Colorado iria cair depois
da aquisição – porque, claro, o prazer supremo do Carlos Brito e da AB-InBev é
produzir cerveja ruim e sistematicamente estragar as boas bebidas que existem
no mundo, até sobrar só soda italiana e guaraná Dolly e eles poderem vender
água pura a preço de uísque single malt. Outros, por fim, condenaram a
concentração de capitais no mercado artesanal, com todas as práticas nefastas à
concorrência que isso pode acarretar: acordos monopolistas nos pontos de venda
e manipulações de preços em escala para prejudicar a concorrência. Disso eu
realmente tenho medo. Aliás, já estamos vendo isso acontecer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0tP-V82NGiB0QtwpSyNF4ItpsfNtRB4JONIueTXBo5lIW39wY9Qq_NYiOZ1iTrqPn6s4Mbte-FcgcdQXc30WDRsDcbUcL3MPtl1Ce_DTiDgxGvhR67IpVEFOz3UPU3uHXJa42QKAqlOM/s1600/Alambique+County.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0tP-V82NGiB0QtwpSyNF4ItpsfNtRB4JONIueTXBo5lIW39wY9Qq_NYiOZ1iTrqPn6s4Mbte-FcgcdQXc30WDRsDcbUcL3MPtl1Ce_DTiDgxGvhR67IpVEFOz3UPU3uHXJa42QKAqlOM/s1600/Alambique+County.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">Era essa a sua ideia de “cerveja
popular”?<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Fonte: <a href="http://cervezaplease.com/tag/eagle-rock-brewery/"><span style="color: #212121; text-decoration: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">@eapsp</span></span></a>
(Instagram)</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por outro lado, houve aqueles que acolheram a notícia com
braços abertos, afirmando que ela vai popularizar o consumo de boas cervejas no
Brasil. Alguns previram uma queda no patamar de preços devido à maior eficiência
no processo produtivo e à aquisição de matérias primas em escala maior. Não
estamos observando isso. Aliás, pelo contrário: a Wäls só tem lançado novos rótulos com patamar
de preços significativamente superior, chegando a astronômicos R$ 60 por uma
garrafinha. As cervejas da Colorado também têm sofrido um aumento de preços considerável, chegando ao patamar dos R$ 20 pela garrafa de 600ml nos supermercados, o que, pelo menos por enquanto, invalida o argumento da redução dos custos. Outros louvaram o fato de que boas cervejas nacionais passarão a
ser distribuídas pela estrutura logística da AB-InBev, atingindo mais pontos de
venda e regiões mais remotas do país, melhorando a acessibilidade do consumidor
a esses produtos. O fato é que, aqui em São Paulo, já tínhamos Wäls e Colorado
em supermercados, mas eu imagino que não fosse assim em todos os lugares do
país, de modo que esse ganho logístico realmente fará muita diferença para os
consumidores distantes do eixo sul-sudeste. Outras pessoas, por fim, imaginam
que a aquisição por um grande grupo possa possibilitar uma injeção maciça de
capitais, necessária para aumentar a estrutura produtiva dessas marcas. De
fato, as novas fábricas da Wäls e da Colorado terão capacidade produtiva
imensamente superior e maquinário de ponta, e é muita inocência imaginar que
elas não faziam parte do acordo de aquisição das duas empresas pela AB-InBev.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Argumentos à parte – e há argumentos bons, razoáveis e até
prováveis de ambos os lados –, a verdade é que a reação da maior parte dos
consumidores foi guiada pela emoção pura. A verdade tem de ser dita: boa parte
do público consumidor de cervejas artesanais (pelo menos se levarmos em conta
os “raivosos” que se manifestam nas redes sociais) rejeitou a notícia
simplesmente porque se sentiu “traída”. Porque são pessoas que se acostumaram a
acreditar no besteirol de que tinham um gosto mais “sofisticado” e “evoluído”
do que a grande indústria que atende as massas (mesmo que estivessem enchendo a
lata de Skol até anteontem). Porque consomem “artesanal”, e não “industrial”
(mesmo que não consigam definir precisamente qual é a diferença entre uma coisa
e outra). Porque se acostumaram a desdenhar da AB-InBev como uma empresa para
“bebedores ignorantes”. No fim das contas, muitos repudiaram a notícia porque –
vamos ser sinceros? – têm um medo enorme de que “a Massa” passe a beber as
mesmas cervejas que eles e eles não possam mais dizer que estão acima das
outras pessoas. Entraram na ciranda do consumo de artesanais justamente <i>porque </i>era um mercado elitizado (e não <i>a despeito</i> disso), e agora estão
correndo o risco de se sentirem novamente confundidos com o populacho. Convenhamos:
esse é o pior motivo possível para repudiar a notícia.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Quem tem medo de “revolucionar”?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU8FuEaWPkFyfKN7R9vrI2zv3NtpnmhbJHRPhAwqzCYhaSyR2hJeTYCSr4APpGpLEUQ4oOp-oFJzlDhNe7x0pa_PM24fic4DsRLOho-JqFx2Gw3c_jkKcCEZAQUBbSQx117hrXLCFaNt0/s1600/Sinuca+de+boteco.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU8FuEaWPkFyfKN7R9vrI2zv3NtpnmhbJHRPhAwqzCYhaSyR2hJeTYCSr4APpGpLEUQ4oOp-oFJzlDhNe7x0pa_PM24fic4DsRLOho-JqFx2Gw3c_jkKcCEZAQUBbSQx117hrXLCFaNt0/s1600/Sinuca+de+boteco.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">Desce um Velho Barreiro
para cada um; </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">e depois uma Cantillon Grand Cru Bruocsella!<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Fonte: <a href="http://temmais.com/depontaaponta/interna_detalhe.aspx?editoria_id=5724&menu_id=28"><span style="color: #212121; text-decoration: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">temmais.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eu, como consumidor, estou do lado da popularização da diversidade
cervejeira. Do lado de uma cultura de consumo com opções de verdade e com
acesso fácil e popular. Quero cervejas boas, baratas e com variedade. Quero entrar
num boteco da esquina (digo a esquina aqui de casa, na Vila Guilherme, e não
uma esquina gourmet em Pinheiros ou nos Jardins) e ver meia dúzia de
pés-rapados que nem eu comendo salaminho e bebendo American lager, ou bock, ou
pale ale, ou dubbel, ou weiss, ou barleywine, não para pagar disso ou daquilo,
mas porque realmente podem escolher o que querem beber pelo gosto pessoal, já
que são todas igualmente acessíveis e disponíveis.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma das palavras mais constantes do vocabulário do público
de cervejas artesanais é “revolução”. Também é uma das mais vazias de
significado. Empresas e consumidores levantam a bandeira de que a produção e o
consumo das cervejas artesanais estariam “revolucionando” a sociedade brasileira.
Nessas horas, o historiador dentro de mim se revira. Alguém por favor me
explica que raio de “revolução” é essa? No jargão das ciências humanas, “revolução”
é um termo empregado para qualificar processos históricos que impliquem
reformulação completa das estruturas econômicas ou políticas de uma sociedade.
Alguns historiadores usam o termo num sentido mais amplo, falando em
“revoluções culturais”, mas ainda assim a palavra indica um processo de virar
tudo de ponta-cabeça. Aliás, o termo “revolução”, etimologicamente, vem da
astronomia e significa “o ato de girar”. Não sei se estou olhando para o lado
errado, mas eu não vi nada virando de ponta-cabeça no padrão de consumo de
bebidas alcoólicas no Brasil. Só vi as velhas estruturas do consumismo de luxo
sendo solidificadas: paga-se bem mais por um produto com prestígio e status social
agregado (a “cerveja <i>especial</i>”) para
diferenciar o padrão de consumo das classes A e B daquele que predomina nas
classes inferiores. Como sempre foi nesse Brasil metido a besta. Só que antes
era com outros produtos e outras bebidas – nomeadamente, o uísque, o vinho e a
vodca importada. Agora é com cervejas especiais. “Revolucionamos” exatamente o
quê? Só se tivermos revolucionado a conta bancária de meia dúzia de
microcervejeiros, aí pode ser.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7G6t3civyqB8kGpij3mIpvpgT_NgKxZ01kF_uZDaoSSrvYhjF0oy1-bLOiSbqxr4Ow2AI16t6qr_yDPdgL5GV7GOqD5sfR3y7k0DPN2_x_Q3YKO6qGJNCPi0quPoMgyHqW-rAfJ7UREc/s1600/Che+Guevara+hipster.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7G6t3civyqB8kGpij3mIpvpgT_NgKxZ01kF_uZDaoSSrvYhjF0oy1-bLOiSbqxr4Ow2AI16t6qr_yDPdgL5GV7GOqD5sfR3y7k0DPN2_x_Q3YKO6qGJNCPi0quPoMgyHqW-rAfJ7UREc/s1600/Che+Guevara+hipster.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">Viva la revolución!<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Fonte: www.pinterest.com/jcerveau/che-guevara/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A verdade é que as microcervejarias brasileiras adoram se
dizer revolucionárias, mas pouquíssimas ousaram realmente fazer algo no sentido
de promover a única “revolução” que poderia mudar esse quadro: tornar seu
produto acessível para que pudesse ser consumido de forma casual, retirando-lhe
a aura de prestígio e status. Ou seja, fazer cerveja artesanal para beber como
se fosse a “de sempre”. Aliás, é mais ou menos assim que a coisa sempre
funcionou nos mercados norte-americano e europeu – onde os nossos cervejeiros
dizem buscar inspiração. Nos EUA ou na Bélgica, as pessoas bebem
corriqueiramente cerveja artesanal nos cafés, levam six-packs para beber em
casa com os amigos, e fazem isso porque elas não são dramaticamente mais caras
do que as cervejas comuns. Mas muito pouca gente tentou caminhar nessa direção
no Brasil. Alguém já viu clientes entrando em um empório para comprar six-pack
de IPA ou imperial stout (a não ser em promoção)? Nossos supermercados nem
sequer <i>oferecem</i> engradados de cerveja
artesanal nas gôndolas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Pelo contrário, o mercado microcervejeiro, sobretudo nos
últimos 5 anos, tendeu a se acomodar num certo modelo de negócios típico de
mercados emergentes onde o padrão de renda está em alta, puxando o consumo de
luxo. Esse modelo se baseia em apostar numa demanda crescente oriunda das
classes A e B. Essa demanda é restrita e não poderia sustentar uma grande
produção em massa, mas é suficiente para impulsionar uma produção industrial ou
importação de pequena escala. Busca-se capturar o consumidor pela curiosidade
(ou o “modismo”) ou pelo seu afã de se diferenciar, com o intuito de
convencê-lo a comprar, uma vez, um produto de altíssimo valor agregado. Vendeu
uma garrafa para esse consumidor, é hora de buscar o próximo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É um mercado baseado na lógica da prova e da degustação,
porque o valor do produto justifica uma “nova experiência” e/ou um dia de
“ostentação”, mas não justificaria o consumo regular. Os consumidores constituem
um grupo mais ou menos restrito de “entusiastas”, que veem a cerveja quase como
um hobby. Os produtores e vendedores, via de regra, não procuraram capturar os
consumidores mais ou menos indiferentes, que não vão ficar correndo atrás da
última <i>sour session oak-aged India black
ale</i> do mercado. Numa dada altura, o mercado se acomodou ao tamanho dessa
comunidade de entusiastas e conseguiu, por meio de vários testes de percepção
de valor, entender o quanto esse consumidor estava disposto a pagar por uma
nova degustação. Fixou-se então esse valor como o preço básico para qualquer
cerveja. No Brasil dos últimos dois anos (sobretudo depois da escalada do
dólar, que impactou o preço das cervejas importadas), esse preço gira em torno
de R$ 15 a 25 para uma garrafinha. <i>Qualquer
uma</i>. Todo grupo de entusiastas é, por natureza, um universo pequeno de
pessoas, mas o crescimento mais ou menos espontâneo desse grupo ao longo dos
últimos anos deu fôlego suficiente para o aparecimento de novas
microcervejarias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há um fator limitante nesse modelo de negócios: você só
vende cada cerveja para um consumidor individual uma única vez. Então, para
aumentar suas vendas, a cervejaria só tem duas opções: ou ampliar a base de
consumidores, ou lançar novas cervejas. A busca por novos consumidores implicaria
visar um bebedor que não faz parte desse perfil do entusiasta disposto a gastar
R$ 20 para provar cada nova cerveja. Implicaria mudar toda a estratégia. A
segunda opção apresenta-se como a saída mais fácil para o problema, o que torna
compreensível por que as microcervejarias inundaram o mercado de novos rótulos,
nem sempre com qualidade consistente. Para quem só vai vender uma garrafa por
consumidor, não é preciso investir em padrão de qualidade constante, pois a
experiência de degustação não será repetida. De que vale investir em aprimorar
uma receita antiga se ela não vai mais vender? É preciso investir, isso sim, em
novas cervejas. Por mais medíocre que seja o resultado, a curiosidade, a paixão
sincera ou a mera “síndrome de colecionismo” dos consumidores vai garantir que
um primeiro lote venda. E aí nem é mais preciso fazer segundo lote, em muitos
casos: basta passar para uma nova receita. Essa enorme rotatividade, que muita
gente louva como sendo fruto da criatividade dos cervejeiros, na verdade pode
ser entendido como um requisito do modelo de negócios do setor artesanal.
Afinal, onde está a tão propalada “criatividade” em se lançar um caminhão de
IPAs, sessions IPAs e saisons com frutas tropicais, quase nenhuma bem-feita o
suficiente (com consistência) para ser uma boa representante do estilo?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwCkfRmpzr2clMoA-eFj8AFsWdHKLXh5-rQJ88XQ00pYObrH3Z50d3Zu7_NqTtt7JjHo1waMEoGxz0sZAqNR_Y2yJDWT5zSYBkmZ9dChWotHqhvBKSNK0GPwpNfdbVfoijBxVz1tdoefw/s1600/Speaker%2527s+corner.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="266" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwCkfRmpzr2clMoA-eFj8AFsWdHKLXh5-rQJ88XQ00pYObrH3Z50d3Zu7_NqTtt7JjHo1waMEoGxz0sZAqNR_Y2yJDWT5zSYBkmZ9dChWotHqhvBKSNK0GPwpNfdbVfoijBxVz1tdoefw/s320/Speaker%2527s+corner.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">Abra seu coração para algo totalmente
inovador, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">sobre o qual você nunca tinha ouvido falar: IPA.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Fonte: <a href="http://www.avsforum.com/forum/19-dedicated-theater-design-construction/1959497-wendell-lucas-thx-cinema-build-2.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.avsforum.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Acontece que esse modelo de negócios tem perna curta, porque
essa demanda sobre a qual o castelo de cartas da cerveja artesanal brasileira
está erguido é altamente específica e relativamente inelástica. O modelo
funcionou muito bem enquanto ainda havia um grande contingente de público que
nunca havia entrado em contato com a diversidade de estilos cervejeiros. As
inúmeras matérias na mídia e ações de divulgação e degustação transformaram
toda essa gente em consumidores potenciais. Acontece que eles já provaram e já
decidiram se gostam ou não. Os que tinham de virar entusiastas já o fizeram. Já
saciaram a curiosidade – que era o móvel principal da demanda até então. Agora
sobraram poucos pagãos para converter, por assim dizer. Para piorar, a aura de
novidade e exclusividade da cerveja artesanal está passando (hoje em dia, quem
é que se sente “especial” porque sabe o que é uma IPA?), o que diminui o
encanto daqueles que haviam entrado no barco só porque queriam estar antenados.
Por fim, a demanda era vigorosa em um contexto de crescimento econômico, mas,
com o cenário de recessão que estamos vivendo atualmente no Brasil, o consumo
de luxo deixou de ser uma prioridade e passou a ser a primeira coisa a ser
cortada no orçamento da classe B. A torneira está começando a secar. Não sou empresário
nem bidu, mas não acredito que esse modelo tenha vida muito longa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Qual a alternativa, então? Parece-me que seria preciso
buscar um novo tipo de consumidor que não seja o “entusiasta” que tem sustentado
o mercado artesanal até aqui. Um que consuma cerveja artesanal casualmente, sem
precisar fazer parte de alguma espécie de “confraria dos iluminados de São
Gambrinus”. Um que, em vez de sair caçado a última edição limitada de uma
raríssima Scotch ale com manteiga de karité envelhecida em barris de vinho do
Porto, contente-se em pegar uma Münchner dunkel gostosa para beber junto com a
pizza na sua pizzaria preferida do bairro. Ou seja, alguém que beba uma
artesanal como quem bebe as “de sempre”. Contudo, isso depende de algumas
condições. Em primeiro lugar, a cerveja tem de ter boa distribuição, precisa
chegar ao ponto de consumo casual do consumidor comum, e não apenas ficar
restrita aos bares cervejeiros frequentados pelos entusiastas. Em segundo
lugar, ela precisa ter preço justo e acessível, para que possa substituir a de
sempre. Não digo que precise necessariamente ter o mesmo preço de uma Skol, mas
seria interessante se uma witbier ou uma pale ale pudesse custar, digamos, não
mais do que 30-50% a mais que uma premium de massa. Em terceiro lugar, num
cenário (ainda muito distante) em que haveria várias cervejas nessas condições,
é preciso haver qualidade e consistência no produto para impulsionar a
repetibilidade da compra. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Olha, não sou nenhum empresário do ramo. Mas, do meu ponto
de vista, uma microcervejaria só pode almejar a isso se conseguir consolidar um
mercado regional, buscando distribuir seu produto para o pequeno comércio de
sua região com o intuito de cortar custos de logística e transporte a fim de
atingir um patamar de preços competitivo (com o benefício adicional de
preservar o frescor do produto), e se procurar atingir o gosto do consumidor
regular, e não somente do entusiasta em busca de sabores exóticos. E, acima
disso tudo, é preciso promover uma política de preços mais agressiva, que não
se restrinja a brigar pelo entusiasta empoleirado num bar cervejeiro disposto a
gastar uma soma vultosa em cerveja hipster, mas que tente entrar no território
do consumidor que estava inicialmente disposto a tomar só uma American lager de
massa. Distribuição, acessibilidade e custo-benefício, em suma, seriam as
palavras-chave para, quem sabe, “revolucionar” alguma coisa no mercado
cervejeiro no Brasil. É, vou deixar meu preciosismo historiográfico de lado e
admitir que, nessas condições, poderíamos talvez falar em “revolução cervejeira”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>O bicho-papão papou!<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgppLBhyphenhypheneQb2iG7UVYlLXVMo8oHAxyP55HjERJOU86j1QmjItFbRS-2ruhAjQSCxhNPIvg2jLsMzapORINQrec02vhU2r41ptC7igQ1ZafckEynXvb70j56Ic6ZiLmEaDvVSl_y2YUADks/s1600/Caixas.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgppLBhyphenhypheneQb2iG7UVYlLXVMo8oHAxyP55HjERJOU86j1QmjItFbRS-2ruhAjQSCxhNPIvg2jLsMzapORINQrec02vhU2r41ptC7igQ1ZafckEynXvb70j56Ic6ZiLmEaDvVSl_y2YUADks/s320/Caixas.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt;">Comprinha básica para o churras da
galera.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "calibri" , sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%;">Fonte: <a href="http://brooklynbuzz.com/check-out-brooklyn-beer-and-soda-for-the-best-beer-selection-in-brooklyn/"><span style="color: #212121; text-decoration: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">brooklynbuzz.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não estou dizendo nada de novo. Faz muito tempo que essa
bola já vinha sendo cantada. Desde 2008, quando comecei a beber cerveja
“diferentona”, a gente já escutava que o mercado ia crescer, que o público ia
começar a se interessar por cerveja artesanal, que o volume de produção e
consumo ia aumentar e que, depois disso tudo, finalmente os preços iam cair e a
gente ia poder beber Rauchbier e IPA no churrasco. E que, aí, a cerveja
artesanal ia se consolidar como um produto corriqueiro no Brasil. Todo mundo
que fazia a concessão de pagar R$ 15 numa garrafa de artesanal, naquela época,
tinha em mente essa espécie de utopia futura, quando a cerveja teria um preço
mais razoável. Só que o mercado cresceu e os preços só fizeram aumentar.
Naquela época, a cervejaria nacional que pedisse R$ 15-20 numa long neck de
pale ale se arriscava a ser motivo de chacota pública. Hoje, não há nada mais
corriqueiro. Mas todo mundo sabia que, uma hora, esse modelo de mercado ia
começar a se esgotar. Com ou sem crise, com ou sem o assédio das
megacorporações. A receita era simplesmente insustentável a longo prazo. E
quase ninguém fez nada para mudar isso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As microcervejarias não tentaram roubar o consumidor da
AB-InBev – contentaram-se com o mercado relativamente restrito, mas lucrativo, dos
entusiastas e das confrarias de esclarecidos que conseguiram amealhar. E sabe
quem foi lá e aproveitou a oportunidade para roubar o bebedor da AB-InBev? A
própria AB-InBev! Pois é. Todo mundo estava dizendo que era preciso mudar o
modelo para buscar atingir o consumidor comum. Mas ninguém se mobilizou a tempo
para isso, então as grandes corporações vieram para fazer o serviço. A compra
da Wäls e da Colorado foram só a pontinha do iceberg, foram aquisições para
entender como o mercado funcionava e ganhar expertise e para entrar nesse nicho
dos entusiastas. Mas a entrada da AB-InBev tem objetivos mais largos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao mesmo tempo em que essas aquisições foram anunciadas, a Bohemia
lançou uma nova linha de cervejas com “cara de artesanal”: uma IPA com
(essência de) jabuticaba, uma witbier com (essência de) pimenta-rosa e uma
Belgian blond ale com (essência de) erva mate. Inundaram os supermercados, os
bares e os pontos de venda com essas novas cervejas, a um patamar de preços
convenientemente próximo, mas um pouco abaixo das artesanais mais baratas. Como
quem diz: “não daremos motivo para você desconfiar do nosso produto; ele é tão
bom quanto essas outras aí, mas é um pouquinho mais barato e é de uma marca em
quem você já confia.” Com isso, começou a forçar a porta para um novo mercado
que está disposto a consumir artesanais, mas ainda tem receio devido ao preço e
ao fato de as marcas serem pouco conhecidas. Com essa linha, a AB-InBev começou
a engolir os consumidores que estavam <i>quase</i>
dispostos a consumir as artesanais, ou seja, que já eram clientes em potencial.
Ou aqueles que haviam provado uma ou duas e tinham gostado da brincadeira, mas
que estavam só procurando uma um pouco mais barata para poder encher a
geladeira. Ao mesmo tempo, atacou em uma segunda frente: repaginou a Brahma
Extra, transformando-a numa linha que inclui uma amber lager e uma Weissbier a
preços populares – o mesmo preço da American lager comum da marca, por sinal.
Aqui, o público-alvo é outro: é o brahmeiro que até pode ter ficado curioso com
tanta cerveja diferente no mercado, mas que tem um perfil conservador demais
(ou tem poder aquisitivo de menos) para se permitir gastar mais de R$ 10 numa
garrafa de cerveja. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Com isso, a AB-InBev está começando a roer o osso pelas duas
pontas ao mesmo tempo: buscando o consumidor que ainda poderia comprar
artesanais das micros que temos hoje em dia e, no outro espectro, ampliando
enormemente a base de curiosos por novos estilos a partir do público que não
está disposto a gastar mais do que já gasta para provar uma nova cerveja. O
mercado já começou a se mobilizar por meio da concorrência para se adaptar a
essa investida. Infelizmente, não me refiro à concorrência das microcervejarias
estabelecidas, mas sim dos outros grandes grupos cervejeiros. A Brasil Kirin
recentemente diminuiu os preços de toda a sua linha da Eisenbahn na tentativa de
chegar antes da Brahma Extra ao consumidor de cervejas de massa. Pela nova
política da Kirin, a Eisenbahn Pilsen deve custar o mesmo que a Heineken nos
pontos de venda. E as demais da linha devem ficar em torno de 50% acima disso.
É claro qual é o público pelo qual as gigantes estão brigando: o mesmo público
pelo qual as microcervejarias não tiveram nem peito, nem fôlego para brigar ao
longo dos últimos 5 ou 10 anos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A pergunta que muita gente está se fazendo, a essa altura, é
a seguinte: afinal de contas, a entrada da AB-InBev e a briga de “cachorro
grande” que está começando no mercado artesanal é algo positivo ou negativo
para o consumidor? Como eu disse, há bons argumentos para defender ambas as
possibilidades. Contudo, minha questão não é essa. A questão é que era
necessário, imperioso até, mudar um certo modelo de negócios com o qual todo
mundo meio que “se acostumou”, na camaradagem. Alguém ia ter de fazer isso mais
hora, menos hora. O triste é ver que pouquíssimas das nossas “revolucionárias”
microcervejarias tiveram coragem para tentar fazer isso. Uma ou outra o fez,
sejamos justos. Mas a maioria continuou num plano de negócios mais ou menos
inercial, apostando em que o cenário de inchaço ia continuar para sempre. Agora
o grande capital entrou no negócio para valer. E ele tem os meios de tornar
essa briga bastante desleal para os pequenos. Será muito mais difícil agora as
microcervejarias fazerem qualquer “revolução” com a AB-InBev e a Kirin tomando
posições mais agressivas no mercado. Por um lado, é uma alegria para mim, como
consumidor, ver que esse movimento de popularização real pode finalmente estar
começando. Por outro lado, é uma tristeza ver que minhas cervejarias preferidas
não toparam esse desafio e quem está fazendo isso é a AB-InBev, com uma série
de práticas de mercado escusas e potencialmente prejudiciais a uma concorrência
saudável nesse setor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Resta sentar, abrir uma cervejinha descompromissada (que
agora pode ser uma Weiss, ou quem sabe até uma kölsch ou uma Belgian golden
strong ale) e observar os rumos que os acontecimentos vão tomar nos próximos
anos. Na próxima postagem, vou provar e comentar todos os rótulos dessa nova
linha de cervejas “artesanais” da Bohemia e da Brahma Extra. Não perca!<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com41tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-15025755417185581112015-12-22T23:45:00.000-02:002015-12-22T23:45:30.020-02:00Zwarte Piet: (mais) notas sobre o racismo em rótulos de cerveja<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É natal aqui no O Cru e o Maltado! E, por mais estranho que
isso vá soar, não poderia haver época mais adequada para continuarmos nossa
conversa sobre estereótipos imperialistas e racistas em rótulos de cerveja. Na
<a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2015/11/de-john-stedman-ao-brazilian-wax-genero.html" target="_blank">última postagem</a>, contei aos meus leitores a “linda história de amor” de John
Stedman e de Joana, e argumentei que o rótulo inicialmente proposto pela
cervejaria Evil Twin para sua Imperial Brazilian Wax reiterava e corroborava
estereótipos ligados à exploração sexual de mulheres negras por europeus nos
trópicos. Papo brabo. Mas agora quero mostrar um exemplo contrário,
evidenciando como uma outra cervejaria europeia discutiu com ironia e humor a
cultura do racismo e do imperialismo em um rótulo de cerveja de inspiração
natalina. Estou falando da cervejaria belga <a href="http://brasseriedelasenne.be/" target="_blank">Brasserie de la Senne</a> e de sua
Belgian dark strong ale chamada Zwarte Piet. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas não vamos nos apressar e pôr os carros na frente dos
bois. Esse rótulo é uma espécie de “piada interna” difícil de entender para
nós, brasileiros. Para compreendê-lo, primeiro precisaremos saber um pouquinho
sobre a história e o folclore natalinos da Holanda e da Bélgica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>São Nicolau e o “Pedro Preto”<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUPna1JDAFyjRWdcdtFsA_Z81vfVzxdyhLq4ahhYEiWQb4KNhXIQ-QlltrZ8PecGU1qEcHZxqcxveYfdYlhwgFuVLjGOWuweJ55BghOGFZVH2kjZh26HlAu27P2C61cReUg-CVmrx9rU8/s1600/S%25C3%25A3o+Nicolau+de+Mira.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUPna1JDAFyjRWdcdtFsA_Z81vfVzxdyhLq4ahhYEiWQb4KNhXIQ-QlltrZ8PecGU1qEcHZxqcxveYfdYlhwgFuVLjGOWuweJ55BghOGFZVH2kjZh26HlAu27P2C61cReUg-CVmrx9rU8/s320/S%25C3%25A3o+Nicolau+de+Mira.JPG" width="257" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ícone russo de São
Nicolau de Mira, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">do século XIX.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: commons.wikimedia.org</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Você já deve ter ouvido falar que o Papai Noel, o nosso
conhecido “bom velhinho” natalino, tem sua origem na figura de um santo
católico chamado São Nicolau de Mira. Bom, se nunca tinha ouvido falar nisso,
ouviu agora! Nicolau foi bispo da cidade de Mira, na Turquia, durante o século
IV da era cristã, e a ele se atribuem diversos milagres. Entre suas pias obras,
destacam-se a assistência e a educação de crianças pobres, o que veio a lhe
render a fama de um benfeitor de crianças. São Nicolau tornou-se muito
celebrado como patrono da igreja na Rússia e na Noruega, onde cresceu a veneração
ao santo. O aniversário de sua morte é comemorado em 6 de dezembro, data
próxima ao natal, o que facilitou a identificação do “bom velhinho” com a festa
do nascimento de Cristo. Seu nome (“Saint Nikolaos”) foi sofrendo uma série de
corruptelas até assumir a forma, em holandês, de “Sinterklaas”, de onde surgiu
“Santa Claus”, o Papai Noel.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ocorre que, na Holanda e na Bélgica, o bom velhinho não é
comemorado na data do natal (25 de dezembro). Pelo contrário, existe uma grande
celebração popular do santo, conhecido pelo nome holandês de Sinterklaas, no
dia 6 de dezembro, data de sua morte. Diz a lenda natalina do “nosso” Papai
Noel (como devem saber todos os que um dia tiveram infância) que ele entrega
presentes para as crianças do mundo inteiro auxiliado por suas renas mágicas e
por um montão de “elfos” ou “duendes”. Pois bem: no folclore flamengo e
holandês, a lenda é um pouquinho diferente. Lá, Sinterklaas tem um ajudante
negro chamado “Zwarte Piet” – ou, traduzindo para o português, “Pedro Preto”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSENvN-brHNYZscJ5wMWc5PqVVdll1m911DZJJuQLgHrdBISyQQ_SGLaYf8NvwMUUcqdBHCPfXigBArzR_PRHCMGr-PYTQ2noMjDKjusCVgJCF90C4Lhe246ZvJQSl5rgOr2um_K4iifE/s1600/Zwarte+Piet+1850.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSENvN-brHNYZscJ5wMWc5PqVVdll1m911DZJJuQLgHrdBISyQQ_SGLaYf8NvwMUUcqdBHCPfXigBArzR_PRHCMGr-PYTQ2noMjDKjusCVgJCF90C4Lhe246ZvJQSl5rgOr2um_K4iifE/s320/Zwarte+Piet+1850.png" width="215" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ilustração de Zwarte Piet
como criado </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">doméstico de São Nicolau, do </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">livro de Jan Schenkman (1850). Aqui, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">ele é negro e veste roupas mouriscas. <o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: de.wikipedia.org</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A figura do Zwarte Piet surgiu durante o século XIX, quando
ele era retratado como um serviçal (vestindo roupas típicas de criados medievais)
de pele escura, alternativamente mouro ou negro. Suas atribuições não se
limitavam a ser uma espécie de auxiliar de Papai Noel. Zwarte Piet também era
uma figura meio assustadora, que, no lugar de dar presentes, punia as crianças
que não haviam se comportado bem durante o ano. Como se fosse o “lado B” do bom
velhinho: se você se comportou ao longo do ano, ganha presentes de Sinterklaas.
Se não se comportou, apanha do Zwarte Piet. Ao longo do século XX, essa imagem
“malévola” do Zwarte Piet foi sendo gradualmente atenuada: hoje em dia, na
maior parte dos festivais de Sinterklaas, o Zwarte Piet funciona como uma
espécie de ajudante trapalhão que, invariavelmente, acaba sem querer fazendo
alguma besteira com os presentes e põe em risco o natal das crianças. E aí
sucedem-se mil trapalhadas e é preciso que as pessoas acorram para restabelecer
a ordem e salvar o natal.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não é fortuito que o Zwarte Piet tenha surgido no folclore
flamengo e holandês bem no século XIX. Essa foi justamente a época em que, no
pensamento europeu, começaram a ser desenvolvidas várias teorias
pseudocientíficas que supostamente “provavam” a inferioridade congênita da raça
negra, em comparação com os brancos. Também foi a época em que, apoiadas nessa
crença espúria de que os negros seriam naturalmente inferiores e mais
selvagens, as grandes potências europeias invadiram o continente africano e
impuseram uma brutal dominação colonial que durou até depois da II Guerra Mundial.
O Zwarte Piet, como um serviçal mau ou abobalhado, era perfeitamente condizente
com essas ideias racistas que dominavam a cultura do período. Ele era um
subalterno da autoridade de um bondoso e sábio senhor branco em posição
superior (São Nicolau) e uma figura de capacidades limitadas e moral duvidosa,
com um gosto pela violência. Na Bélgica e na Holanda, até hoje o Zwarte Piet é
uma figura central das celebrações públicas e festejos do Sinterklaas, em 6 de
dezembro. Multidões de belgas e holandeses saem às ruas e muitos se vestem como
Zwarte Piet, pintando os rostos de preto, usando batom vermelho para imitar
lábios grossos de negro e usando uma peruca afro e vestes de serviçal.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRHa1QKspHVJl-2bnAQdvvuFnS_qlOukL0fkunqbG3iOzoac3VHvK8TZG41wq4ey3uLIS6Gfxji7hEQ3sm2xoh9u62EtSvHr4SaGRvWh51coUryubX5K9BgOnVGNQlSkwB_W0EBakPS6E/s1600/Zwarte+Piet.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="210" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRHa1QKspHVJl-2bnAQdvvuFnS_qlOukL0fkunqbG3iOzoac3VHvK8TZG41wq4ey3uLIS6Gfxji7hEQ3sm2xoh9u62EtSvHr4SaGRvWh51coUryubX5K9BgOnVGNQlSkwB_W0EBakPS6E/s320/Zwarte+Piet.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Sim, é assustador. E um
pouco constrangedor mesmo. <o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: zwartepiet.nl</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas nós estamos no século XXI, e a cultura do racismo
começou a ser sistematicamente questionada em todos os lugares. Nas últimas
décadas, a Europa se encheu de imigrantes de suas ex-colônias (incluindo
ex-colonos negros do Congo e Caribe, no caso da Bélgica e da Holanda), que se
sentiram bastante incomodados com a representação do Zwarte Piet. A partir dos
anos 1970, mais ou menos, os protestos foram recorrentes. As coisas esquentaram
nos últimos anos: em 2011, dois manifestantes negros contrários ao festejo
foram presos pela polícia. Já em 2013, Verene Shepherd, eminente acadêmica
jamaicana estudiosa da escravidão e representante da ONU, manifestou-se a favor
do fim do costume de representar o Zwarte Piet nos festejos públicos de
Sinterklaas. A manifestação de Shepherd gerou forte reação contrária da parte
de tradicionalistas da Holanda e Bélgica. Outros grupos desses dois países,
porém, começaram a incluir nos festejos de Sinterklaas figuras de Zwarte Piet
com a pele verde e azul, em adição ao negro, como forma de mitigar o caráter
racista da figura. A Bélgica e a Holanda começaram a repensar uma antiga
tradição folclórica que todo mundo, até então, simplesmente reproduzia sem
pensar muito a respeito do seu significado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A questão ainda permanece em aberto, mas hoje é muito mais
difícil ocultar ou ignorar o teor racista dessa antiga tradição folclórica dos
belgas e holandeses. E foi justamente no meio de toda essa confusão que
aterrissou o rótulo que quero discutir hoje.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Brasserie de la Senne e sua “Zwarte Piet”<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <a href="http://brasseriedelasenne.be/" target="_blank">Brasserie de la Senne</a> é uma das cervejarias belga da “nova
geração”. Fundada em 2006, atuou como cervejaria cigana por alguns anos,
produzindo suas cervejas em outras fábricas, até conseguir estabelecer sua
própria estrutura produtiva em Bruxelas em 2010. O nome deriva do rio Senne,
que banha a cidade. Seu portfolio inclui alguns produtos em estilos
tradicionais belgas e outros em estilos característicos da nova escola mundial.
A “Zwarte Piet” é uma Belgian dark strong ale. A mesma receita já era produzida
pela cervejaria sob o nome de Equinox, mas foi rebatizada como Zwarte Piet em
2012 – bem no meio da rebordosa em torno dos protestos antirracistas contra o
Sinterklaas. O nome, portanto, era altamente provocativo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A partir desse nome, esperaríamos que o rótulo trouxesse
algum tipo de variação estilizada (como é comum na identidade visual da marca)
do ajudante negro do Papai Noel. Mas não é nada disso que encontramos. Vejamos:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH9A8Z9eyYKsH4kmsZXdblR44f3UAlOMu8d_Yw5JvzxweuVhm3EOVu281RepnhOFiiumT-GfKfCFeHw5sjY3Tf25xBbKalMB6LDW-oFXQZD4DN1LEdttufkER0C9gGYyR1WMKDwOZwVos/s1600/Zwarte+Piet+-+r%25C3%25B3tulo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="306" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhH9A8Z9eyYKsH4kmsZXdblR44f3UAlOMu8d_Yw5JvzxweuVhm3EOVu281RepnhOFiiumT-GfKfCFeHw5sjY3Tf25xBbKalMB6LDW-oFXQZD4DN1LEdttufkER0C9gGYyR1WMKDwOZwVos/s400/Zwarte+Piet+-+r%25C3%25B3tulo.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">"Cadê o natal?"<br />Fonte: <span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><a href="http://beerpulse.com/beer/de-la-senne-zwarte-piet-dark-ale/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">beerpulse.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
</o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um negro vestido com as roupas típicas de um explorador
europeu na África, carregando um fuzil e fazendo gesto de quem está observando
o terreno. Sua boca é de um vermelho vivo, lembrando os lábios grossos pintados
de batom vermelho das pessoas (brancas) que se fantasiam de Zwarte Piet no 6 de
dezembro. À sua frente, como se fosse um batedor, vemos uma galinha. Em segundo
plano, uma fera espreita incógnita, talvez pronta para devorar os dois incautos
exploradores. O cenário lembra uma vegetação tropical, mas ao fundo vemos um
horizonte urbano e, bem à esquerda, é possível divisar o Atomium, um dos
principais pontos turísticos de Bruxelas. Mas que diabos é isso, afinal de
contas? Não tem nada de Zwarte Piet, nem de Sinterklaas ou de natal aqui! Pois
é. Os caras da Brasserie de la Senne ficaram loucos? Ou será que o rótulo é só
uma viagem sem nenhum sentido mesmo? Comparemos a ilustração do rótulo com a
imagem abaixo, que é a capa de uma revista em quadrinhos de 1931, chamada <i>As aventuras de Tintim no Congo</i>:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><br /></o:p></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEBBk-4gdfpHG4b71C-lZTSda3x4_58eKS5cyxgyrV3yjHN012aBBOB_0d1H5Lnks1VEI8mN9Kf67D17wSoAEydyMp2T-4k5FLecL-39Pio7A0eLzLv_mWKZWgFPVquxXv1cBp-2YWJMw/s1600/Tintin+au+Congo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjEBBk-4gdfpHG4b71C-lZTSda3x4_58eKS5cyxgyrV3yjHN012aBBOB_0d1H5Lnks1VEI8mN9Kf67D17wSoAEydyMp2T-4k5FLecL-39Pio7A0eLzLv_mWKZWgFPVquxXv1cBp-2YWJMw/s320/Tintin+au+Congo.jpg" width="247" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
forum.touteslesbieres.fr</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Agora vemos claramente de onde saiu a inspiração para o
rótulo da Zwarte Piet. A referência é inequívoca – até o bizarro formato das
meias de Tintim é reproduzido no explorador do rótulo da Brasserie de la Senne.
Para quem nunca ouviu falar, Tintim é um herói de quadrinhos extremamente
popular na Bélgica – país que é conhecido tanto pelos seus quadrinhos quanto
por suas cervejas. A Brasserie de la Senne, portanto, está citando no rótulo
dois elementos que são motivo de orgulho para os belgas: um de seus mais
famosos personagens de ficção (Tintim) e uma de suas maiores festas folclóricas
(o Sinterklaas com seu Zwarte Piet). Mas será que o rótulo pode ser lido como
uma homenagem a essas duas coisas? No meu ponto de vista, decididamente não. Como
entender então essa bizarra dupla inspiração da Brasserie de la Senne?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na verdade, é mais produtivo encarar o rótulo como uma
ironia, ou até uma crítica a essas duas tradições belgas. Vejamos. Na capa
original do quadrinho, Tintim era apresentado como um intrépido explorador que,
apenas com a ajuda de seu fiel cãozinho Milu, partia para uma perigosa viagem
de descobrimento pelo Congo. Eram os anos 1930. Na época, o Congo ainda era uma
colônia belga. Aliás, o regime colonial belga no Congo ficou nas páginas da
história como um dos mais brutais e violentos regimes de dominação colonial do
continente africano. As populações nativas eram forçadas a trabalhar na
extração de produtos agrícolas de exportação (principalmente a borracha) e na
construção de linhas férreas no meio da mata, em condições de segurança e saúde
abomináveis. Morriam às pencas. Diz uma lenda popular no Congo que, durante a
construção da estrada de ferro que liga Matadi a Kinshasa, um africano morreu
por cada dormente de madeira instalado. Alguns estudiosos especulam que as
condições de saúde da população tornaram-se tão frágeis que isso criou
condições que facilitaram o surgimento do vírus do HIV – que talvez nunca
tivesse se desenvolvido e propagado em uma população saudável. (E você que
achava que os belgas eram todos uns monges pacíficos que passavam o dia fazendo
cerveja, hein?) A brutalidade do regime colonial belga no Congo foi denunciada
pelo escritor anglo-polonês Joseph Conrad em seu clássico livro <i>O coração das trevas</i> – o mesmo que
serviu de inspiração para o filme <i>Apocalipse
Now</i>. Pois é: originalmente, o apocalipse era no Congo, e não no Vietnã.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Voltemos a Tintim. Suas aventuras no Congo, em plena época
de colonização belga, são a marca da presença colonial belga na região e da
violência do regime de dominação. No entanto, Tintim parece caminhar garbosamente
(a roupa ainda estava limpinha!) por um terreno totalmente desabitado, povoado
apenas por bestas selvagens. Nenhum traço dos milhares de nativos negros
oprimidos pelo regime colonial. Era costume, nos relatos de viagem do século
XIX, descrever os territórios africanos “descobertos” pelos
viajantes-aventureiros europeus como se eles fossem “vazios”, apenas esperando
que os brancos chegassem, “descobrissem-nos” e tomassem posse deles. Na
verdade, sabemos pelos documentos que esses exploradores sempre andavam em caravanas
organizadas pelos nativos, que os levavam a lugares já bem conhecidos em troca
de mercadorias – ou, em casos extremos, sob ameaça de represália militar. Essas
terras estavam muito longe de serem desconhecidas e mesmo desabitadas, mas era
assim que elas eram representadas para o público leitor europeu ávido pelas
aventuras de grandes exploradores como David Livingstone ou Richard Burton. O
continente era descrito como uma grande “vazio humano” disponível para a
ocupação europeia. Tintim era o substituto ficcional, no século XX, desses
lendários aventureiros reais que percorreram a África no século anterior. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvJPBImX4tS-N2-7eZY9HabjYdK23gZlfke2ADmOBqrZoT4TD0NBO-Rr07HM076gmjuXy7eUMYOYpHWg6A-OxUanHzsWKAIRLHTSIKV5sKKwBl87yTUMZGS4vHPpCWdvc6vqlu3hf-E3M/s1600/David+Livingstone+carregado.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhvJPBImX4tS-N2-7eZY9HabjYdK23gZlfke2ADmOBqrZoT4TD0NBO-Rr07HM076gmjuXy7eUMYOYpHWg6A-OxUanHzsWKAIRLHTSIKV5sKKwBl87yTUMZGS4vHPpCWdvc6vqlu3hf-E3M/s320/David+Livingstone+carregado.jpg" width="227" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O missionário inglês David
Livingstone </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">em um momento “thug life”. Era assim </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">que um europeu viajava pela África </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">com estilo!<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: www.scalarchives.it/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para a crítica literária Mary Louise Pratt (que analisou
magistralmente esses relatos de viagem oitocentistas em seu livro <i>Os olhos do império</i>), a atitude mantida
por esses viajantes-exploradores era a de possuir com o olhar: como se, ao ver
uma paisagem, eles pudessem legitimamente tomá-la como possessão para seus países.
Mais ou menos como quando Pedro Álvares Cabral declarou a “descoberta” do
Brasil e mandou Pero Vaz de Caminha descrever a terra em sua célebre carta como
forma de declarar a posse portuguesa de um território que, na verdade, já era
densamente povoado por populações indígenas. Mary Louise Pratt descreveu esse olhar
agressivamente masculino e possuidor, comum aos exploradores europeus, como uma
atitude do “monarca-de-tudo-o-que-vejo”. Pois bem: eis aqui Tintim, em pleno
Congo belga, com a mão esquerda cobrindo os olhos em gesto de observação da
paisagem, como um autêntico “monarca-de-tudo-o-que-vejo” europeu em terras
africanas. Ele carrega um rifle, sim, mas sua verdadeira arma para dominar a
terra é o olhar, já que, pela ilustração, parece nem haver pessoas contra as
quais seria necessário lutar para conquistar a região (o que, obviamente, nunca
foi verdade no Congo belga). A capa d’<i>As
aventuras de Tintim no Congo</i>, portanto, pode ser interpretada como uma
saudosa homenagem a esses grandes viajantes representantes do imperialismo
europeu na África. Olhando a partir do século XXI (muito depois do fim das colônias
europeias na África), é um tributo a uma história muito feia de opressão e
violência.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Relações perigosas<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas o que diabos São Nicolau e o “Pedro Preto” têm a ver com
Tintim, à parte o fato de ambos serem elementos tipicamente associados à
cultura belga? Quando uma cervejaria batiza sua cerveja de Zwarte Piet mas, em
vez do folclórico ajudante negro do Papai Noel, ilustra o rótulo com uma alusão
ao Tintim, está querendo que pensemos em qual seria a semelhança entre essas
duas figuras. O que torna possível “trocar” o Zwarte Piet pelo Tintim no Congo?
Ora, a característica comum a ambos é sua associação com um histórico e uma
sensibilidade associados ao racismo e ao imperialismo. Assim como o Zwarte Piet
expressa uma visão negativa dos negros, o Tintim no Congo traduz as aspirações
imperialistas belgas que pressupunham, também, a inferioridade dos negros e sua
dominação pelos exploradores brancos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O que o rótulo faz, no entanto, não é reforçar ou endossar
essa sensibilidade, mas invertê-la de forma irônica e paródica. Se o Zwarte
Piet do folclore natalino é um branco fantasiado de negro fantasiado de
serviçal, o Zwarte Piet da cervejaria é um negro igualmente fantasiado, mas
desta vez de dominador colonial. Os papéis foram trocados. Seu olhar abobalhado
é tanto uma paródia da suposta “inocência” do explorador europeu (o
“monarca-de-tudo-o-que-vejo” que não dispara um tiro e só observa a paisagem)
quanto uma referência ao aspecto parvo e atrapalhado do Zwarte Piet nos
festejos belgas de natal. No lugar de Milu, o fiel cão de Tintim, vemos uma
galinha, animal normalmente associado a populações pobres africanas (em
contraste com o aristocrático cão de caça do ariano Tintim). O animal feroz ao
fundo se mantém, mas, no lugar de um leopardo, aparece apenas como um vulto
negro indefinido – será o bicho-papão do colonizador branco pronto para devorar
os frutos do trabalho, a saúde e a vida dos súditos coloniais? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6HYOu1zAIIhLA1H75xO9U1meZ3pss2PLXMLdECtvxt2mD9_uXqHO-OlzAnO4_yKPtoD2bFjtoUbhlOhDpVTgcIciadgjfPqyP1Ir29W3ajRGE12iXTTuJFSLswQ6q8nl-McYmx1NCnrg/s1600/Atomium.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi6HYOu1zAIIhLA1H75xO9U1meZ3pss2PLXMLdECtvxt2mD9_uXqHO-OlzAnO4_yKPtoD2bFjtoUbhlOhDpVTgcIciadgjfPqyP1Ir29W3ajRGE12iXTTuJFSLswQ6q8nl-McYmx1NCnrg/s320/Atomium.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Reconhece?<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.independent.co.uk/news/world/middle-east/jihadists-construct-the-atomium-bomb-youtube-video-threat-to-belgium-tourist-attraction-9070640.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.independent.co.uk</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O rótulo faz questão de nos dizer claramente que, a despeito
da alusão à capa do Tintim, ele não está falando do Congo, mas sim da Bélgica.
Como apontei, se prestarmos atenção ao cenário, conseguiremos notar ao fundo a
silhueta do <a href="http://atomium.be/" target="_blank">Atomium</a>, um dos mais famosos pontos turísticos de Bruxelas. O
cenário é a Europa moderna (dilacerada pelos protestos de e contra imigrantes negros),
e não o Congo dos anos 1930. O rótulo do Zwarte Piet é um cutucão provocativo à
cultura do racismo na Bélgica contemporânea. Em primeiro lugar, ele ironiza o
hábito de pessoas brancas se fantasiarem como negras no Sinterklaas e mostra
como essa proposta é descabida ao fazer o contrário: vestir um negro como um
explorador branco na África, criando uma situação inversa e igualmente espúria.
Mais do que isso, o rótulo junta dois elementos considerados centrais do
orgulho nacional belga – o Sinterklaas e Tintim – e mostra como ambos são
solidários com uma cultura de racismo e de exploração imperial na África. É um
duro ataque, feito com humor inteligente, que tem o poder de conduzir os belgas
a refletirem o quanto de sua cultura “típica” está baseada em atitudes racistas
e em históricos muito pouco lisonjeiros de dominação imperial e discriminação
racial.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na postagem anterior, sobre o rótulo da Evil Twin Imperial
Brazilian Wax, tentei demonstrar como uma cervejaria europeia reproduziu
hábitos arraigados de pensamento com conotações imperialistas, machistas e
racistas. O rótulo da Brasserie de la Senne Zwarte Piet, pelo contrário,
oferece um revigorante contraponto, e mostra uma outra cervejaria – igualmente
europeia, mas com uma atitude política totalmente diferente – disposta a
desconstruir e ironizar esses hábitos de pensamento arraigadamente imperialistas
e racistas de uma parte importante da cultura europeia. Alguns cervejeiros e
consumidores brasileiros, incomodados com os protestos contra rótulos
ideologicamente problemáticos como o Imperial Brazilian Wax, frequentemente se
queixam de uma suposta “patrulha ideológica do politicamente correto”, e alegam
que não se pode mais fazer alusão a nenhum grupo social subalterno e/ou
marginalizado sem ser taxado de preconceituoso. E aí desfilam todo o rosário
histriônico do saudosismo conservador sobre como “o nosso mundo está perdido” e
sobre como “o politicamente correto acabou com o humor e a criatividade” das
pessoas, e todo aquele blablabla que estamos carecas de saber. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora, o rótulo da Brasserie de la Senne Zwarte Piet é uma
clara demonstração de que isso é uma enorme bobagem: a cervejaria mobilizou
vários estereótipos delicados (para dizer o mínimo) com humor e inteligência,
sem ser preconceituosa nem reforçar a discriminação. Muito pelo contrário,
aliás: em tempos de polarização da opinião pública belga em torno dos festejos
de Sinterklaas, a cervejaria lançou uma provocadora proposta para que os belgas
repensassem sua cultura de discriminação. Basta saber onde você está mexendo e
assumir uma atitude crítica e questionadora diante das babaquices que circulam
por aí no nosso mundo. É perfeitamente possível ser bem humorado e espirituoso
sem se escorar na muleta fácil de uma cultura que sempre ridicularizou as
minorias. Façamos um brinde à Brasserie de la Senne e ao humor criativo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>A cerveja<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ué, mas e a cerveja? Como é a Zwarte Piet no copo? Um rótulo
desses com certeza merece uma descrição sensorial! Como mencionei, a Zwarte
Piet é uma Belgian dark strong ale, o mesmo estilo de tradicionalíssimas
cervejas monásticas belgas. Nada mais adequado, aliás, para um rótulo que faz
alusão ao folclore natalino do que um estilo desenvolvido pelos cervejeiros
católicos. Mas é uma reinterpretação moderna do estilo, com lupulagem assertiva
(tanto em aroma quanto em amargor), uma certa secura e com perfil de maltes um
pouco mais torrado. Trata-se, portanto, de uma releitura moderna da tradição –
muito adequada, aliás, para uma cervejaria do século XXI que não se limita a
reproduzir as tradições belgas (como o Sinterklaas racista ou as cervejas de
abadia), mas que inova criativamente a partir delas e nos oferece uma variação
atual sobre o tema. Vejamos como ela se comporta no copo:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcuvokzhMB0oSyIk9KLfQeaXxMYwQ30acyhDNUX7epCyVII9scSg6isHoM7xMvNhJ4Wj4vCn3Mw76lV4lzZQYcia2NDOvGFh-aOlZyc6zTgDErQN_EuwNgqN2XQHrIJA7fgcK8z7epLEQ/s1600/Zwarte+Piet+na+ta%25C3%25A7a.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcuvokzhMB0oSyIk9KLfQeaXxMYwQ30acyhDNUX7epCyVII9scSg6isHoM7xMvNhJ4Wj4vCn3Mw76lV4lzZQYcia2NDOvGFh-aOlZyc6zTgDErQN_EuwNgqN2XQHrIJA7fgcK8z7epLEQ/s320/Zwarte+Piet+na+ta%25C3%25A7a.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ah, é, a cerveja!<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://bieresbelges.skynetblogs.be/archive/2012/12/10/zwarte-piet.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">bieresbelges.skynetblogs.be</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbVZpTFBkUWE1MWc/view?usp=sharing" target="_blank">Brasserie de la SenneZwarte Piet</a><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Estilo:</b> Belgian
dark strong ale<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Teor alcoólico:</b>
8.2%<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Aparência:</b> a
coloração é típica do estilo, um marrom-escuro com reflexos em tom bordô,
talvez um pouco mais escura do que o tradicional, com creme alto e de boa
persistência.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Aroma:</b> curioso e
atípico para o estilo. No lugar do trio caramelo-frutas-especiarias que
encontramos em outras Belgian dark strong ales, a Zwarte Piet apresenta um
perfil de malte mais torrado (muito cacau em pó e um toque de café) e lupulagem
bem perceptiva, lembrando variedades nobres (gerânios e ervas finas). Mamão e
cravo dão o suave toque “belga” da receita, e nuances exóticas de amêndoas
cruas, coco e cal/mineral vai se desenvolvendo, lembrando até cervejas com
maturação em madeira. Com o tempo, esses elementos começam até a predominar,
descaracterizando um pouco o estilo e roubando algo da complexidade da receita.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Paladar:</b>
inicialmente há um equilíbrio entre a doçura do malte e o amargor dos lúpulos,
mas ela vai se tornando seca ao longo do gole e finaliza com amargor que predomina
visivelmente sobre a doçura, o que é atípico para o estilo, conduzindo a um
retrogosto intensamente amargo e seco com toques de ervas e café.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Sensação na boca:</b>
o aquecimento alcoólico é bem suave para seus 8.2% e o corpo é surpreendemente
seco e leve para o estilo, sem o peso de outras Belgian dark strong ales, mas
com uma textura acetinada bem agradável.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No cômputo geral, é uma releitura bastante moderna e
experimental do estilo, com um toque lupulado característico da “nova escola”
cervejeira mundial. Não tem o peso, nem a complexidade frutada e envolvente, nem
a picância dos exemplares canônicos do estilo, perdendo em profundidade, mas
traz alguns aromas exóticos e interessantes para compensar. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbVZpTFBkUWE1MWc/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para
ver a avaliação completa) <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas, pensando bem, diante do rótulo, não poderíamos mesmo
esperar que a Brasserie de la Senne se limitasse a reproduzir as
características “tradicionais” do estilo, assim como se recusou a reproduzir o
teor tradicionalmente racista dos festejos de natal belgas. Mais um brinde à
inovação, ao bom humor e à modernidade!<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-61774023328614066732015-11-25T02:37:00.000-02:002015-11-25T02:37:25.791-02:00De John Stedman ao Brazilian wax: gênero e raça no marketing cervejeiro<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Faz algum tempo que eu não tinha condições de escrever aqui
no blog. Culpa dos compromissos profissionais. Mas – vejam só! – foram esses
mesmos compromissos que também me deram o mote e o assunto para esta matéria. É
que uma das coisas que fiz nesses meses foi reler, para um seminário acadêmico,
um livro chamado <i>Os olhos do império</i>,
da crítica literária canadense Mary Louise Pratt. Trata-se de um magnífico
estudo sobre relatos de viagens, e foi uma leitura que influenciou fortemente
minha formação desde minha graduação em História, quando tive a oportunidade de
lê-lo pela primeira vez. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSTitHOlG4_fK5cWYPfFndvruxGkNXmzgerOxhWijyKmjgtXmL_UrrnUXJHhTOwoENy06NXe9CEnZTPFmCG3s1TYfrue02wo0PBSm_W9na02anzyUneLVROEQmG3bpVUCYNGe0VSBfepc/s1600/Joana.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhSTitHOlG4_fK5cWYPfFndvruxGkNXmzgerOxhWijyKmjgtXmL_UrrnUXJHhTOwoENy06NXe9CEnZTPFmCG3s1TYfrue02wo0PBSm_W9na02anzyUneLVROEQmG3bpVUCYNGe0VSBfepc/s320/Joana.jpg" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A escrava Joana é a
heroína desta matéria. </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E é a segunda mulher negra do século </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">XVIII homenageada
neste blog!<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: en.wikipedia.org</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O livro não fala sobre cerveja. Fala sobre viajantes, e fala
inclusive sobre o lendário diplomata e agente secreto inglês Richard Francis
Burton, que passou 7 anos na Índia britânica na década de 1840 e teve a rara
oportunidade – para um ocidental – de se tornar um brâmane hindu. Por
coincidência, o sobrenome de Burton era homônimo à pequena cidade inglesa de
Burton-on-Trent, de onde, na mesma época, saíam as cervejas claras e lupuladas
enviadas para os oficiais ingleses na Índia, as mesmas que viriam a ficar
conhecidas como India pale ales. Richard Burton deve ter bebido sua cota de IPA
na Índia, talvez até mesmo na época em que ele professou o islamismo. Isso não
posso afirmar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas esta postagem não é sobre a vida de Richard Burton ou
sua devoção ao imperialismo inglês na Índia, no Oriente Médio e na África.
Ocorre que o livro de Mary Louise Pratt também fala sobre um soldado escocês
chamado John Stedman, que teve um relacionamento amoroso com uma escrava mulata
chamada Joana no Suriname no final do século XVIII. Quero contar sua história e
mostrar como suas visões negativas e imperialistas sobre as mulheres, os negros
(e sobretudo as mulheres negras) e a América Latina estão mais vivas do que
nunca neste início de século XXI, e ainda habitam o imaginário do cenário
cervejeiro contemporâneo. Mas vamos com calma.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>A escrava Joana<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
John Stedman nasceu em 1744 na Escócia e herdou de seu pai o
posto de oficial da Brigada Escocesa do exército holandês (era uma época em que
os exércitos não eram tão nacionalistas quanto são hoje). À época, a Holanda
tinha algumas pequenas mas lucrativas colônias agroexportadoras no Caribe,
entre as quais estava o Suriname. Nessa região coberta por florestas tropicais,
os escravos africanos que trabalhavam nas fazendas holandesas fugiam em grandes
quantidades para as matas, formando grandes quilombos que existem até os dias
de hoje e travando uma guerra feroz contra as forças repressivas coloniais. A
despeito de terem assinado tratados de paz com os quilombolas, os holandeses
organizaram em 1773 uma expedição militar repressiva, da qual fazia parte
Stedman. A guerra holandesa contra os quilombolas foi um fiasco, e comprovou,
desde então, a proverbial incompetência dos exércitos europeus para guerrilhas
na floresta. Cerca de 80% dos soldados europeus morreram (a maior parte devido
a doenças), poucos escravos foram recapturados e a maior parte dos quilombolas
atacados fugiu para a Guiana Francesa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigW7Bw80s9P0n5U6Jc_Wsa6PppsF-f7wsuJQb9llTJbQJMlTfXdIgmgACN0GqL9uotVUcEUlkxEXLgq-oW-yoj2ZUpNbtQqMN6KPIeszEIRk_q8szb80Ahex_iRFsyH2VwH5L92iqqiHE/s1600/John+Stedman.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEigW7Bw80s9P0n5U6Jc_Wsa6PppsF-f7wsuJQb9llTJbQJMlTfXdIgmgACN0GqL9uotVUcEUlkxEXLgq-oW-yoj2ZUpNbtQqMN6KPIeszEIRk_q8szb80Ahex_iRFsyH2VwH5L92iqqiHE/s320/John+Stedman.jpg" width="252" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Gravura de John Stedman
sobre o </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">cadáver de um negro quilombola.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: en.wikipedia.org</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
John Stedman era um soldado europeu, a serviço de uma
potência colonial, encarregado de esmagar uma rebelião de escravos. Diante
disso, é um tanto irônico – mas esta é justamente a ironia da colonização
europeia nas Américas – que ele tenha se envolvido sexualmente e tenha até se
“casado” com uma escrava, chamada Joana. Há duas versões dessa história de amor
transracial: a que John Stedman publicou em seu livro de memórias de viagem,
chamado <i>Narrativa de uma expedição de
cinco anos contra os negros revoltosos do Suriname </i>(de 1796), e a que
consta do seu diário pessoal de campanha. Qual você quer saber primeiro? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vamos lá: comecemos pela versão do diário. Gostamos de
segredos. Na época de Stedman, havia o costume de que os oficiais militares
europeus (ou oficiais diplomáticos, agentes comerciais, administradores etc.)
recém-chegados à América adquirissem os serviços de uma escrava local, seja por
aluguel, seja por compra da escrava. Esses serviços a serem desempenhados pela
escrava comprada ou contratada incluíam atribuições fundamentais para a vida
cotidiana desses europeus sozinhos em territórios coloniais: tarefas
domésticas, preparação de alimentos, cuidados de saúde. E, como você já deve
estar imaginando, incluíam também serviços sexuais. Em alguns casos, para
evitar o escândalo público, esses relacionamentos de concubinato eram
oficializados por cerimônias de pseudocasamento. John Stedman teve várias
companheiras no Suriname nesses moldes. Joana foi uma delas, aparentemente sua
preferida. Stedman, depois de se casar com ela no Suriname, propôs que ela o
acompanhasse de volta à Inglaterra, mas ela recusou, preferindo continuar a
viver como uma escrava “próspera” na América do que viver como pária (uma
mulher negra e escrava) na Inglaterra do final do século XVIII. Pois bem:
Stedman voltou sozinho e se casou novamente com uma esposa inglesa. Fim de uma
edificante história de exploração sexual nos trópicos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas a versão da história contada por John Stedman em seu
livro é bastante diferente. Segundo esse relato, Joana teria sido uma espécie
de escrava “hipotecada”, propriedade de uma viúva endividada. Seu destino
estava selado, pois ela seria vendida para liquidar a dívida da senhora.
Stedman teria se apaixonado perdidamente ao vê-la na casa da viúva,
descrevendo-a como “a mais elegante forma que a natureza pode exibir, [...] com
uma face na qual reluzia, <i>a despeito do
tom escuro da pele</i>, um lindo tom carmim.” [É, era tipo “ela é preta, mas é
limpinha”.] Diante da inevitabilidade de sua venda, ela teria apelado ao
bondoso soldado europeu, que então tomou, segundo seu relato, a “estranha
decisão” de comprá-la e se casar com ela para evitar a separação, decidido a
“ser seu protetor contra qualquer insulto”. Não preciso explicar a ironia, preciso?
Stedman narra sua cerimônia de casamento, sua lua-de-mel, a paixão entre os
dois e o nascimento de seu filho Johnny. Ao final da narrativa, conta que a
escrava Joana não quis segui-lo até a Inglaterra e que depois morreu envenenada
no Suriname.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje3tHUU3siehw7QIr5z4nrWNmBTTCufrRgRkvkFn3f78a9uiYRyLnOVUUEf1fsXPxtYxgsSVhDDn_h7HijgM0bH6FfiHQ4-rUTriXgXzTwCooJsR_6iGikPBKlmxVq5GaT0li2MZzP9NY/s1600/Escravo+supliciado.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEje3tHUU3siehw7QIr5z4nrWNmBTTCufrRgRkvkFn3f78a9uiYRyLnOVUUEf1fsXPxtYxgsSVhDDn_h7HijgM0bH6FfiHQ4-rUTriXgXzTwCooJsR_6iGikPBKlmxVq5GaT0li2MZzP9NY/s320/Escravo+supliciado.jpg" width="229" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Uma das gravuras do livro
de Stedman. </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O soldado denunciou os rigores da </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">escravidão mas não deixou de
explorar </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">uma escrava negra no Suriname.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: en.wikipedia.org</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Num certo sentido, não é difícil ver na narrativa de John
Stedman uma tentativa de construir uma versão idealizada e romantizada de um
relacionamento que era, por natureza, brutal e desigual. Joana era, afinal de
contas, uma <i>escrava sexual</i> do soldado
escocês. Literalmente. A ligação entre os dois é contada como sendo de amor
recíproco, e sua união é representada como voluntária para ambas as partes –
quando sabemos que ela não podia sê-lo para Joana, a não ser muito
parcialmente. Não se trata de dizer que é impossível que tenham se amado. Eu
não chegaria a tais extremos metafísicos. O que é inegável, contudo, é que o
relato de Stedman ocultava a violência do regime de exploração sexual nas
Américas, em que mulheres negras eram vistas como sexualmente disponíveis para
homens brancos que iriam se valer de sua companhia e depois descartá-las. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Essas histórias de amor transracial envolviam sempre mulheres
negras (ou pelo menos não brancas, ou de alguma forma em posição subalterna) e homens
brancos, e quase nunca o contrário. Pocahontas, Iracema, Bartira, a escrava
Isaura – you name it. Isso não é fortuito, já que o pensamento da época
considerava o gênero como uma metáfora da raça, e vice-versa: a raça branca era
representada na pseudociência racial da época como sendo “masculina” (ativa,
dominadora, racional), enquanto as raças não brancas eram consideradas “femininas”
(passivas, irracionais, emocionas). A relação sexual entre homens brancos e
mulheres negras, portanto, era o lugar ideológico em que todas essas questões
espinhudas eram tratadas na cultura da época. Stedman deu a essa questão um
tratamento lisonjeiro aos olhos de seus leitores europeus, em que a violência
sexual e racial aparecia sob a roupagem da reciprocidade do amor romântico
correspondido. Não à toa, seu livro foi um sucesso editorial, sendo publicado
em 6 diferentes línguas europeias. A história de Stedman e Joana foi adaptada
para teatro, poesia, conto e romance. Era um conto de fadas agradável para
aplacar a consciência pesada do imperialismo europeu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Evil Twin Brazil
Brazilian Wax<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Infelizmente, como sabemos, esse regime de exploração sexual
da mulher de cor (negra, indígena, asiática ou mestiça) do Terceiro Mundo por
homens brancos do Primeiro Mundo não acabou. Claro que ele assumiu outras
formas, que atualmente incluem o tráfico internacional de pessoas, o turismo
sexual e várias formas, diretas e indiretas, de violência doméstica. Também
sobrevive de formas mais sutis na nossa cultura contemporânea, traduzido em
preconceitos a respeito da promiscuidade e/ou da sensualidade aflorada da
mulher negra. É um estranho e abominável lugar ideológico onde se cruzam duas
das mais perniciosas e duradouras pragas culturais do nosso mundo: o machismo e
o racismo, que, como vimos, andaram de mãos dadas pelo menos desde o final do
século XVIII.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Eu adoraria dizer que o meio cervejeiro, por ser composto de
pessoas “cultas”, “bem-educadas”, “sensíveis” e “de mente aberta”, [ironia
detectada] não tem nada disso. Mas isso não é verdade. Uma polêmica relativamente
recente a respeito de uma cervejaria europeia no Brasil reeditou, quase ponto a
ponto, a velha história de John Stedman no Suriname, mais de dois séculos
depois. Alguns dos meus leitores terão acompanhado essa discussão, enquanto
talvez outros nem se lembrem mais dela. De qualquer modo, acho que o acontecimento
foi tão emblemático de todas essas questões que vale a pena fazermos questão de
não esquecê-lo. Falo da polêmica criada em torno do rótulo da cerveja <b>Evil Twin Imperial Brazilian Wax</b>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipBXv9mC7ltGppmqJrW-0zTu2Ci4_TlAzguqzjmZN0q2hCU9UisF27xJ9vnT1CkrUBc_7J_iCi5bxErOLoyxgrZhyGOfhMuiroPcVZSFmwMp7_2xvCHCWfkuYo_qMaCK7C5XdhKXel-0g/s1600/Evil+Twin+Imperial+Brazilian+Wax.png" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="344" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipBXv9mC7ltGppmqJrW-0zTu2Ci4_TlAzguqzjmZN0q2hCU9UisF27xJ9vnT1CkrUBc_7J_iCi5bxErOLoyxgrZhyGOfhMuiroPcVZSFmwMp7_2xvCHCWfkuYo_qMaCK7C5XdhKXel-0g/s640/Evil+Twin+Imperial+Brazilian+Wax.png" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Bunda ou virilha: eis a
questão.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.bebendobem.com.br/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p> <table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><span style="text-align: justify;"> </span></td></tr>
</tbody></table>
</o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para quem não sabe, a Evil Twin é uma cervejaria cigana de
origem dinamarquesa (hoje em dia sediada nos EUA) que exporta alguns de seus
rótulos para o Brasil. Em decorrência de uma parceria com a cervejaria
Tupiniquim, do RS, a Evil Twin passou a produzir alguns rótulos no Brasil, na
planta da microcervejaria rio-grandense. A primeira cerveja dessa linha
produzida em solo nacional, em 2014, foi uma imperial stout que foi
inicialmente batizada de <b>Imperial
Brazilian Wax</b> – em alusão à técnica de depilação íntima frequentemente
associada às mulheres brasileiras no exterior. O rótulo inicialmente anunciado
para a cerveja é este que você vê acima deste parágrafo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O anúncio suscitou uma justificada e previsível reação de
protesto de diversos consumidores brasileiros – e especialmente de consumidoras
brasileiras –, que viram no rótulo um subtexto machista e depreciativo. Alguns
admiradores da marca tentaram aplacar a situação, dizendo que não havia nenhum
machismo no rótulo e que era tudo uma espécie de teoria da conspiração de
grupos feministas. A emenda saiu pior do que o soneto, e gerou uma avalanche
ainda maior de críticas – desta vez não apenas à Evil Twin, mas a uma parcela
substancial dos blogueiros e “formadores de opinião” do meio cervejeiro, que
haviam perdido uma excelente oportunidade de ficarem em silêncio. Isso porque,
ao deslegitimarem o protesto contra o rótulo, não só deixavam de reconhecer seu
subtexto machista como também condenavam a expressão pública de indignação por
parte de coletivos femininos. Por conta da pressão dos consumidores e da má
publicidade em torno do fato, a Evil Twin acabou trocando o nome e o rótulo da
cerveja, que foi lançada como <b>Evil Twin
Metro Man</b>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma análise semiótica elementar do rótulo proposto para a <b>Evil Twin Imperial Brazilian Wax</b> é
suficiente para expor seu subtexto ideológico problemático, que nem de longe se
limita ao machismo, mesmo que este tenha ganhado maior visibilidade e tenha se
tornado o alvo prioritário de protesto nas redes sociais. Façamos a análise em
três etapas: comecemos pelo nome da cerveja, passemos à imagem do rótulo e
finalizemos com o texto de descrição comercial contido no rótulo. Ao final,
juntaremos tudo isso para tentar extrair algum tipo de impressão global do
rótulo (já adianto: não vai ser bonita).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O nome<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Comecemos pelo nome proposto para a cerveja: <b>Imperial Brazilian Wax</b>. A ironia é tão
deliciosa quanto involuntária. “Imperial” refere-se a estilos cervejeiros de
teor alcoólico elevado – no caso, trata-se de uma “stout imperial”, como
esclarece o rótulo na parte inferior (em letras pretas). Contudo, o termo
também remete às complexas formações sociais e ideológicas criada pelo
imperialismo europeu nos trópicos – as mesmas que deram origem às Joanas do
período escravista e que reaparecem no rótulo da Evil Twin. Desde a primeira
palavra do título, a Imperial Brazilian Wax já se apresenta como súdita do
euroimperialismo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já “Brazilian wax” refere-se à chamada “depilação brasileira”,
uma técnica de depilação introduzida nos EUA por profissionais brasileiras, que
consiste na retirada total dos pelos da virilha e das áreas genital e anal,
deixando, opcionalmente, uma “faixa” de pelos no púbis. A técnica atende a dois
propósitos principais: 1. o uso de biquínis cavados sem revelar os pelos
pubianos; e 2. o prazer sexual do parceiro ou da parceira da mulher que se
submete à técnica. O biquíni, como sabemos, é um traje de banho que visa revelar
a maior parte do corpo da mulher para a observação de terceiros, frequentemente
uma observação de caráter erótico por parte de homens, deixando cobertas apenas
as partes consideradas obscenas e ofensivas ao pudor público (genitália e
mamilos). Portanto, não seria exagero afirmar que essa técnica de depilação tem
uma conotação eminentemente erótica, e tem como objetivo potencializar os
atributos da mulher como objeto de desfrute erótico. O fato de esse tipo de
depilação estar associado, nos EUA e na Europa, às mulheres brasileiras já é
uma reiteração daqueles velhos preconceitos que veem a mulher do Terceiro Mundo
ou de regiões tropicais como mais intensamente sexualizada. Ou seja: num certo
sentido, o próprio nome escolhido pela Evil Twin já é um tributo à cultura do imperialismo
que herdamos de John Stedman e de outros europeus nos trópicos. Ponto para o
império!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A imagem<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A imagem do rótulo reforça esse sentido. Há um triângulo
invertido amarelo (com as duas arestas inferiores côncavas) sobre um fundo
marrom. Não é difícil ver a representação estilizada de uma mulher de biquíni –
ainda mais quando consideramos que a técnica do <i>Brazilian wax</i> está associada ao uso do biquíni. Mas não se trata de
uma representação de corpo inteiro da mulher de biquíni: pelo contrário, o
rótulo faz um recorte que enfatiza apenas a região da genitália da mulher. Se
esta é a parte da frente ou de trás do biquíni é matéria controversa, embora eu
acredite que as concavidades do triângulo sugiram mais a volumetria da parte de
trás. Seria, nesse caso, a representação estilizada de uma bunda de biquíni fio-dental
– o que é razoável, considerando que o fio-dental é outra coisa tipicamente
associada ao Brasil na mentalidade estrangeira. De qualquer forma, é evidente
que se trata de uma representação erotizada da mulher, que atua por meio de uma
estratégia retórica de metonímia, representando o todo (a mulher) por uma de
suas partes (a genitália), que é considerada a mais importante ou
representativa. É como se a mulher “se resumisse” a um traço fundamental, ou
pudesse ser reconhecida apenas por ele: a saber, a bunda exposta.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As cores escolhidas para a imagem trazem outras associações
e significados. O triângulo (que, como vimos, representa o biquíni) é amarelo.
Como sabemos, o amarelo é uma das principais cores da bandeira brasileira,
junto com o verde. As letras usadas no rótulo são verdes, e o biquíni é
amarelo, remetendo de forma muito imediata e inequívoca ao Brasil. Portanto,
não se trata apenas de uma mulher de biquíni, mas (pelo menos simbolicamente)
de uma <i>brasileira</i> de biquíni. O
fundo, por sua vez, é marrom. Forçando um pouco a barra (para aliviar para a
Evil Twin), poderíamos até dizer que a cor lembra uma pele intensamente
bronzeada. Mas me parece mais convincente que o marrom remeta à pele negra, ou,
mais precisamente, à pele mulata. Ora, sabemos que, no exterior, o Brasil é
frequentemente associado à imagem da mulata sensual, de modo que me parece
bastante razoável supor que essa é a associação sugerida pelo rótulo. Sendo
isso verdade, estamos diante de um rótulo que representa a bunda (ou a virilha)
de uma mulata brasileira de biquíni, uma imagem que está, digamos, “disfarçada”
por um trabalho de estilização formal. Portanto, é uma imagem da mulher brasileira
representada como objeto de deleite erótico para o olhar masculino. Mais que
isso, é uma mulher negra. E o olhar masculino em questão é o de um europeu (uma
vez que a marca Evil Twin é dinamarquesa). Ora, se é assim, então a mulher do
rótulo é uma Joana, pronta e disponível para o consumo e o deleite de um
Stedman! A imagem, portanto, reforça e ecoa o imaginário euroimperial, machista
e racista da disponibilidade sexual das mulheres de cor tropicais para o
deleite dos homens brancos europeus.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O texto<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A descrição comercial apresentada no rótulo também confirma
esses significados. Arrisco uma tradução do texto: “Há muitas coisas sobre as
mulheres que os homens não entendem. Por exemplo, por que elas suportam tanta
dor para corresponder aos ideais da sociedade moderna? Elas estão indo longe
demais? Ou talvez os homens possam aprender uma ou outra coisa a respeito do
comprometimento extremo das mulheres com a perfeição – seja beleza extrema,
seja cerveja extrema – é tudo questão de gosto. Lembre-se de que, quando você
beber esta stout extrema, ela pode doer um pouco, mas às vezes é preciso
aguentar até o fim para ficar perfeito [<i>to get it right</i>].”<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para ser bem sincero, o texto já começa mal, sugerindo que
as ações das mulheres são pouco compreensíveis para os homens. Como se elas
fossem seres alienígenas, irracionais ou alguma coisa assim. Na sequência, o
texto afirma que as mulheres “suportam dor” (e muita dor), ou seja, que sofrem,
com o objetivo de “corresponder aos ideais da sociedade moderna”. A alusão aqui
é ao doloroso processo da depilação brasileira: segundo o texto, as mulheres se
submetem a esse sofrimento com o intuito não de atender a um desejo próprio,
mas sim de corresponder aos padrões de beleza e aos ideais de perfeição
feminina da sociedade. Ou seja, segundo o rótulo (e não sou eu quem estou
falando isso, é a Evil Twin!), essa depilação não é feita pela mulher exatamente
por vontade própria, mas para atender a padrões externos. Padrões estéticos
masculinos, subentende-se, já que são eles, prioritariamente, que irão observar
e se deleitar com as mulheres de biquíni após elas terem se submetido a esse
sofrimento. O texto sugere que essa prática seria um tipo de excesso (“ir longe
demais”), um “comprometimento extremo” para se atingir uma “beleza extrema”. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A última frase do texto coroa esses sentidos: “é preciso
aguentar até o fim para ficar perfeito” (na frase original, de difícil
tradução: “<i>you just have to go all the
way to get it right</i>”). Ou seja, o sofrimento causado pela depilação é visto
como um requisito necessário para que a mulher fique “perfeita” (ou “correta”, “<i>right</i>”). E o que seria essa perfeição a
ser almejada pela mulher do século XXI? Talvez uma carreira profissional
brilhante, talvez um comportamento ético irreprochável, quem sabe um alto nível
de sofisticação intelectual? Não, não é nada disso. Para uma mulher ser “perfeita”,
ela deve atingir a “beleza extrema”. Esse seria o ideal mais importante a ser
almejado pelas mulheres: a beleza. E, quando falamos em depilação íntima, isso
significa que ela deve fazer o necessário para ser um objeto agradável de
contemplação e deleite erótico para os homens: deve suportar a dor da depilação
para poder usar um biquíni cavado na praia e ser avaliada de forma positiva
pelo olhar masculino. Em resumo: mulher tem que sofrer para atender ao deleite
sexual dos homens. Estamos em pleno século XXI, mas a verdade é que poderíamos
dizer exatamente o mesmo para descrever as demandas dos europeus do século
XVIII nas Américas a respeito de mulheres como Joana. Será que evoluímos tanto
assim?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Imperial no ** dos
outros é refresco<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vamos juntar todas as peças. O rótulo que estamos analisando
foi criado por uma cervejaria europeia (dinamarquesa, para ser mais exato)
especialmente para sua primeira cerveja produzida no Brasil. É uma espécie de “cartão
de visitas” representativo da colaboração entre o Brasil e uma empresa europeia.
Há um intuito deliberado de condensar uma imagem ou representação sobre o país,
o que se traduz no nome (“Brazilian”) e no verde-e-amarelo da paleta de cores
do rótulo. Essa imagem parte de uma associação entre o Brasil e a sexualidade
do seu povo (e especialmente das mulheres). Um europeu visitando o Brasil
poderia elogiar positivamente muitos aspectos da cultura brasileira: nosso
multiculturalismo, talvez nosso cosmopolitismo, quem sabe nossa tão propalada
alegria, ou nossa hospitalidade. Mas a Evil Twin decidiu mencionar a sensualidade
da mulher brasileira. Portanto, em primeiro lugar, o rótulo é ofensivo à
cultura brasileira como um todo, sugerindo que sua disponibilidade erótica
seria seu mais proeminente ou interessante atributo ao olhar de um estrangeiro.
Exagerando um pouco a nota, é como se o Brasil fosse um grande bordel.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq1RvGrNVukWe4uGDeITjEX2lZP9v3swFyPd3u6xsqu9GwcSQYbHrZm5qOFWbcwHuhRpOVIZloudShjhwTQoJ-oyxDdZKLC_yP76GsxoZYMcHswMQG3Vb4vRxBvT9j91QkxCfy6doz-rM/s1600/Adidas+camisetas+para+Copa+do+Mundo+2014.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="225" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiq1RvGrNVukWe4uGDeITjEX2lZP9v3swFyPd3u6xsqu9GwcSQYbHrZm5qOFWbcwHuhRpOVIZloudShjhwTQoJ-oyxDdZKLC_yP76GsxoZYMcHswMQG3Vb4vRxBvT9j91QkxCfy6doz-rM/s320/Adidas+camisetas+para+Copa+do+Mundo+2014.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E a Evil Twin não é a
única empresa estrangeira </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">a enxergar o Brasil dessa forma...<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.morganpr.co.uk/adidas-score-own-goal-with-brazil-2014-world-cup-tee-shirts/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.morganpr.co.uk</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em segundo lugar, o rótulo é ofensivo à dignidade feminina,
pois reduz a mulher a um mero objeto sexual: seu corpo é seccionado para ser
metonimicamente representado por uma bunda, e o ideal de perfeição a que ela
deve almejar acima de todos é o tipo de beleza erótica que a transforma em
objeto de satisfação sexual para os homens. Ainda por cima, ela precisa sofrer
para atingir esse ideal pouco lisonjeiro. Por fim, o rótulo é ofensivo à
dignidade racial negra, ao trabalhar em cima do velho estereótipo que associa
as mulheres de cor à sensualidade exacerbada e as representa como sexualmente
disponíveis ao deleite dos europeus nos trópicos. A mulher brasileira a ser
eroticamente desfrutada pelo europeu não é branca, mas negra. Full house: a
Evil Twin conseguiu ser ofensiva simultaneamente ao sentimento nacional
brasileiro, às mulheres e aos negros. Com isso, ela reproduziu perfeitamente
todas as coordenadas da velha ideologia imperialista europeia sobre os
trópicos: a mesma mistura indigesta de uma representação negativa sobre as
culturas tropicais com elementos de machismo e de racismo que encontramos em
textos como o de John Stedman.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O infeliz rótulo da Evil Twin me lembrou muito uma polêmica
criada em torno de duas camisetas comercializadas pela Adidas durante a Copa do
Mundo da FIFA de 2014 (mesmo ano de lançamento da <b>Imperial Brazilian Wax</b>, por sinal). Uma das camisetas trazia os
dizerem “I love Brazil”, sendo que o “love” era substituído por um coração
estilizado para lembrar uma bunda de biquíni (a imagem você vê acima). A outra,
ainda mais nojenta (era o modelo masculino), trazia a imagem de uma mulher de
biquíni (sempre ele...) com o Pão de Açúcar ao fundo, e os dizeres “Looking to
score”, expressão que tem duplo sentido, podendo ser traduzida como “tentando
marcar gols” ou como “tentando obter sexo”. A Embratur e a presidente Dilma
Roussef, corretamente, repudiaram as camisetas e exigiram produtos menos
ofensivos à dignidade nacional e que não incentivassem o turismo sexual durante
a Copa do Mundo. A venda das camisetas foi suspensa e o episódio foi uma
tremenda bola fora diplomática da Adidas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6SepH8XdGCtAQqrtjCxim_SDLjlaktotPuOLbAkbciv8DZv2oQaCbGH6S-Sii4oQw6-MWzoQiKcfzRPgrVul8a5DaQlK5oPVI51-ts4gEu0OG_7pT7hNiUkPrKqS3jU_4_ePMt0a-PmU/s1600/Evil+Twin+Metro+Man.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="172" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6SepH8XdGCtAQqrtjCxim_SDLjlaktotPuOLbAkbciv8DZv2oQaCbGH6S-Sii4oQw6-MWzoQiKcfzRPgrVul8a5DaQlK5oPVI51-ts4gEu0OG_7pT7hNiUkPrKqS3jU_4_ePMt0a-PmU/s320/Evil+Twin+Metro+Man.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Boa, Evil Twin, agora
ficou joia! #sqn<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: </span><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">http://www.bebendobem.com.br/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O rótulo da <b>Evil Twin
Imperial Brazilian Wax</b> também foi suspenso. Em seu lugar, a cervejaria
lançou a mesma cerveja com o nome de <b>Evil
Twin Metro Man</b>. Muitas das consumidoras ofendidas celebraram a mudança, mas
a verdade é que o novo rótulo não traz uma mensagem de gênero muito melhor. Não
pretendo cacetear meus leitores (que já me acompanharam até aqui!) com mais uma
análise extensa, mas a verdade é que a <b>Metro
Man</b> reforça padrões de gênero heteronormativos, ao sugerir que a vaidade
masculina estaria ligada aos “problemas de gênero” que a cervejaria havia
enfrentado. Isso antes de dizer que esse problema todo seria “nonsense”. A Evil
Twin realmente parece incapaz de deixar de ser ofensiva com seus consumidores:
mesmo ao atender a uma reclamação e mudar o rótulo, não deixou de reiterar que
a polêmica era vazia e sem sentido. Mas pelo menos a cervejaria aprendeu, da
pior forma possível, que as Joanas do século XXI não pretendem ficar quietas
diante dos abusos dos John Stedmans que continuam por aí.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas você deve estar pensando: “ah, mas isso tudo é tão
sutil, tão subentendido, tão subliminar que ninguém percebeu!” Em primeiro
lugar, muita gente não só percebeu como se ofendeu. Isso já é motivo suficiente
para polêmica. Mas, ainda mais importante, como pretendi mostrar, todos esses
significados estão perfeitamente acessíveis para uma interpretação semiótica
básica. E o fato de eles serem sutis e de frequentemente passarem despercebidos
não os torna inofensivos: como os estudos de psicologia do consumidor
evidenciam, não precisamos nos dar conta, conscientemente, de todas as
mensagens de uma peça publicitária para que ela exerça influência sobre nossa
mente, nossos desejos e nossos sentimentos. A ideologia também funciona assim:
é até desejável que nós não saibamos ou não possamos exprimir conscientemente
todos os conteúdos das ideologias que nos influenciam. Elas moldam nossa
sensibilidade, nossas opiniões e nossas ações de forma muito mais eficientes se
continuarem “encobertas”, como estão no rótulo da <b>Imperial Brazilian Wax</b>. Não há absolutamente nada de inocente nisso
tudo.<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com17tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-22210058563689980142015-08-01T00:34:00.000-03:002015-08-30T20:24:22.784-03:00Pássaros do Cone Sul, ou "A arte de beber bem e barato"<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tenho aproveitado minha atual situação de desemprego para
exercer e aprimorar a arte de beber bem gastando pouco. Nem sempre é fácil, é
verdade. Mas quase sempre é muito gratificante, em parte porque faz você se dar
conta de quanto dinheiro estava gastando antes de forma relativamente “supérflua”
– ou mesmo completamente em vão, nos piores casos. O consumo mexe com a sua
cabeça: quanto mais você consome, mais acredita que precisa consumir, e mais
sua dignidade e seu bem-estar começam a depender do quanto você gasta. O velho
barbado Marx chamava isso de fetiche, mas isso é assunto para outra conversa. Diminuir
seu padrão de consumo, às vezes, é um salutar revés nesse ciclo quase vicioso
do consumo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho1hb9MQAKFK_jd11XuyZZNImX7rnAEHSoWJNhR7n7ct2qNwLUqewRiVYrjvMETUxw64INxVbVnfGi02Ys_xdm1ITTYMT73e03Xb4b6sPEsY-CemPI0Ll0ZjWiSNsMulqhw_2aTqM0NDQ/s1600/Vacas+magras.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="180" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEho1hb9MQAKFK_jd11XuyZZNImX7rnAEHSoWJNhR7n7ct2qNwLUqewRiVYrjvMETUxw64INxVbVnfGi02Ys_xdm1ITTYMT73e03Xb4b6sPEsY-CemPI0Ll0ZjWiSNsMulqhw_2aTqM0NDQ/s320/Vacas+magras.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">E tenho a impressão de
que não é só para mim...<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://blog.cancaonova.com/cleberrodrigues/mp3-e-tempo-de-vacas-magras-mons-jonas-abib/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">blog.cancaonova.com</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A diminuição do meu poder de compra me fez rever muitos dos
meus hábitos de consumo etílico (junto com um monte de outros hábitos, é verdade).
Nem penso mais em provar regularmente cervejas de R$ 20 a long neck, optando,
sempre que possível, por garrafas grandes na faixa dos R$ 15-20 e
complementando o consumo das artesanais pelas acessíveis standard lagers “de
sempre” do mercado. Elas têm seu valor, sobretudo quando a grana está curta. E
a verdade é uma só, doa a quem doer: uma Brahma fresca e bem acondicionada,
como às vezes tenho a felicidade de encontrar em alguns bares, pode ser até
mais saborosa do que uma artesanal xexelenta e oxidada que custa o quíntuplo.
Mas isso, também, é assunto para outra ocasião. E é claro que abandonei o
passageiro hábito que tentei cultivar, em meados do ano passado, de beber
diariamente a quantidade recomendada pela Organização Mundial de Saúde.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Além disso, tenho trocado com frequência a cerveja pelo
vinho, depois que descobri, para meu espanto, que é mais barato beber vinho do
que cerveja no Brasil – como já argumentei <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2014/08/preco-real-e-preco-por-dose.html" target="_blank">aqui no blog</a>. E substituí as antes
frequentes garrafas de R$ 40-60 por vinhos mais baratos, na faixa dos R$ 20-30.
E é aí que tenho encontrado o grande desafio: beber vinhos agradáveis, limpos e
bem-feitos apesar de simples, nessa faixa de preços. Muito bebedor de cerveja,
quando descobre que tenho uma queda pelo fermentado de Baco, me pede indicações
de bons vinhos abaixo dos R$ 40. Nem sempre é fácil, admito. A maior parte dos
vinhos nessa faixa, sobretudo os de supermercados (onde vamos à procura de
vinho barato), tem defeitos mais ou menos sérios, ou então é enjoativa. Para
piorar, no nosso mercado, vinho barato é sinônimo de vinho chileno e argentino,
e nem sempre o perfil deles – às vezes amadeirados e adocicados em excesso, com
pouca acidez – bate muito com o meu santo. O que fazer, então?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>O Chile não tem palmeiras, mas lá canta o sabiá<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para encontrar vinhos bons e baratos, é preciso dar a cara a
tapa. E beber algumas porcarias, antes de achar coisas mais interessantes. Um
desses achados recentes que fiz foi a linha de vinhos <a href="http://www.avesdelsurwines.com/home.html" target="_blank">Aves del Sur</a>, produzida
pela vinícola chilena Carta Vieja e importada no Brasil pelo Pão de Açúcar. O
Pão de Açúcar investiu muito em vinhos e, hoje, é o maior vendedor varejista de
vinhos do país. O supermercado conta até com uma linha própria, a “Club des
Sommeliers”, composta por vinhos produzidos sob encomenda por vinícolas
nacionais e estrangeiras e engarrafados com o rótulo da rede. É a estratégia da
rede para distribuir o que, na prática, são vinhos importados diretamente pelo
Pão de Açúcar. Ocorre que, a despeito do preço bastante competitivo e da
seleção do fera Carlos Cabral, os rótulos do Club des Sommeliers nunca me
atraíram. Tive más experiências com algumas opções da linha, e acho que os
vinhos tendem a ser comerciais em excesso, um pouco “padronizados” para atingir
um mercado mais amplo. Muitas vezes, isso resulta em vinhos amenos, sem muita
personalidade, doces em excesso, pouco tânicos e pouco ácidos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMkYFqSR0mbf4EHwdKFW4y2ZwRHFBozwIIl1Gv1B-rVrhN_U8QmdMiA5ngaFJm_bA5yQ4bvKVIzefaWLzSdKFkBySwrK9-7ZDt0BBkEQ3E3_LVHu68eLNag7L92d-DtzM2FdNGpW2KcnI/s1600/Aves+del+Sur+Varietal.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="304" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiMkYFqSR0mbf4EHwdKFW4y2ZwRHFBozwIIl1Gv1B-rVrhN_U8QmdMiA5ngaFJm_bA5yQ4bvKVIzefaWLzSdKFkBySwrK9-7ZDt0BBkEQ3E3_LVHu68eLNag7L92d-DtzM2FdNGpW2KcnI/s320/Aves+del+Sur+Varietal.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A linha básica, com seus
simpáticos passarinhos.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://ru-vino.livejournal.com/33218.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">ru-vino.livejournal.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Qual não foi minha surpresa quando encontrei a linha “Aves
del Sur”, com importação exclusiva do Pão de Açúcar mas sem o rótulo do Club
des Sommeliers. Resolvi arriscar o Merlot da linha mais barata. E tive uma
ótima surpresa. A partir daí, provei a linha básica inteira (só não consegui
ainda provar o rosé, mas está na minha lista) e até me aventurei em uma garrafa
da linha Reserva que estava em promoção. Não me decepcionei seriamente com
nenhum dos seis vinhos que bebi – a consistência do padrão de qualidade da
linha é bastante alta. Virei fã dos passarinhos. Além de os vinhos serem bons,
os rótulos são muito bonitos. Cada vinho é batizado com o nome de um pássaro
chileno, e o rótulo traz uma bela ilustração da ave.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Comecei pela linha básica (“Varietal”), que, segundo a
enigmática expressão do produtor, passa por estágio em madeira “sólo cuando es necesario”.
São vinhos leves, fáceis de beber, amigáveis e com ótima tipicidade
considerando sua faixa de preços, ali em torno do R$ 23. O primeiro que provei,
e o que mais gostei da linha básica, foi o <b>Aves
del Sur Golondrina Merlot 2014</b>. A “golondrina” é nossa conhecida andorinha,
pássaro migratório cujo reaparecimento está associado ao fim do inverno e à
chegada da primavera. Daí a escolha da uva Merlot, que resulta em vinhos um
pouco mais macios e menos austeros e assertivos do que outras tintas chilenas
mais cultivadas. Comecei pelo Merlot porque acho, no caso de vinhos baratos,
que a uva geralmente resulta em bebidas com menos defeitos e arestas do que
outras variedades mais “parrudas”. O Golondrina Merlot 2014 apresenta
complexidade acima do esperado nessa faixa de preços: há um frutado puxando
para as frutas passas, como ameixas secas, complementado por expressivos toques
de chocolate ao leite, alguma baunilha, mogno, leve defumação, traindo a
passagem por carvalho. Na boca é correto, com pouca acidez (o que ressalta os
tons tostados e achocolatados de forma agradável), macio sem ser enjoativo, com
corpo medianamente intenso e taninos pouco expressivos. Uma ótima compra pelo
conjunto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como sabemos, uma andorinha só não faz verão; então, fui
procurar os outros vinhos da marca. Os dois outros tintos da linha básica me
agradaram um pouco menos. O <b>Aves del Sur
Carpintero Cabernet Sauvignon 2014</b> traz no rótulo o simpático pica-pau como
a indicar a força e a expressividade da variedade. O vinho de fato é mais
assertivo que o Merlot, com acidez mais expressiva e taninos mais presentes,
dando aquela sensação de adstringência na boca. Contudo, a complexidade
aromática é um pouco menor: cassis, um tiquinho achocolatado, uma doçura de baunilha bem evidente, um toque mais herbal e
fresco lembrando pimentões (mas não tanto quanto em outros Cabernet Sauvignon
chilenos). No conjunto, achei-o menos interessante, mas ainda bem competente e
acima de média para os Cabernets dessa faixa. Já o <b>Aves del Sur Perdiz Carmenère 2014</b> tem como “mascote” a perdiz, uma
ave terrestre, como a indicar o caráter mais terroso e herbal da Carmenère. De
fato, o aroma predominante é o típico pimentão-verde dos Carmenères chilenos –
alguns gostam pela “pegada” aromática mais intensa, mas eu já não sou muito fã.
Há nuances frutadas (frutas vermelhas) e defumadas, mas nada muito expressivo.
Na boca é menos ácido que o Cabernet, mas ainda com taninos bem perceptíveis.
Foi o que menos me agradou de toda a linha, dentro todos os que provei –, mas
há que se considerar que nunca fui muito fã dos Carmenères chilenos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrw8OA-YZm_33alUHyK_KA-yYSALRpgW3wcClousKZJPX0j5W6XVUUJahxuZUUi8aM22F9xT2MxaYGQsakiX9mfOKTpQpoDqxE2oVnpIHQiGqwpa1kGeOtAg6vRlGk8BdqAv_MmQHyg9o/s1600/aves-del-sur-chardonnay.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhrw8OA-YZm_33alUHyK_KA-yYSALRpgW3wcClousKZJPX0j5W6XVUUJahxuZUUi8aM22F9xT2MxaYGQsakiX9mfOKTpQpoDqxE2oVnpIHQiGqwpa1kGeOtAg6vRlGk8BdqAv_MmQHyg9o/s320/aves-del-sur-chardonnay.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Se liga na rola,
Malafaia!<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.escrivinhos.com/2015/05/bom-bonito-e-barato-aves-del-sur.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.escrivinhos.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Entre os brancos, algumas ótimas surpresas, com vinhos muito
frescos, aromáticos e com ótima tipicidade, bons para quem quer conhecer as
variedades de uvas sem gastar muito dinheiro. O <b>Aves del Sur Tórtola Chardonnay 2014</b> traz a imagem da singela “tórtola”,
nossa conhecida “rolinha” – aquela que o Silas Malafaia deveria ir procurar. O
vinho é fresco e traz a tipicidade da Chardonnay: acidez mediana, suave para um
branco, alguma doçura residual para alegrar o paladar, mas sem exageros, e uma paleta aromática convidativa de frutas amarelas maduras, lembrando mousse de maracujá (com aquela leve untuosidade amanteigada de muitos Chardonnays), muitos pêssegos maduros e até um toque de tangerina, com sólido acento floral. O álcool aparece mais do que deveria e há um amargor final um pouco incômodo, mas o conjunto é acima da média para o preço. Acompanhou perfeitamente um fondue de queijo. Por fim, o <b>Aves del Sur Frutero Sauvignon Blanc 2014</b>
é muito expressivo e aromático. A Sauvignon Blanc é conhecida pelos aromas
frutados lembrando maracujá, mas, nessa faixa de preços, é difícil encontrar um
vinho com tanto maracujá. Ao servir, parece que você abriu a fruta. Há ainda
flores brancas e certo frescor de grama cortada. Muito bom no nariz. Na boca, é
bem seco, com corpo leve, acidez relevante e um final novamente um pouco amargo e
alcoólico, de um jeito incômodo, que diminui um pouco sua drinkability. Refrescante
e muito encantador pelo aroma frutado. Ótima pedida para conhecer a uva.<br />
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por fim, provei também o <b>Aves del Sur Reserva Gavilán Syrah 2012</b>. O rótulo traz estampado o
gavião, ave nobre que indica o maior grau de elaboração da linha Reserva, que
matura por 10 meses em barris de carvalho francês e mais 8 meses na garrafa. O
vinho é cheio de personalidade. Notam-se imediatamente os aromas de especiarias
da Syrah, sobretudo pimenta-do-Reino em forte intensidade. Outros aromas
secundários escoltam o apimentado: ameixas passas, uma defumação bem evidente,
certo toque de aceto balsâmico, alguma baunilha e chocolate ao leite. A mistura
de acético, defumação e pimenta faz lembrar pimenta chipotle. Na boca é macio,
com doçura levemente presente, uma certa acidez, um toque salgado e poucos
taninos. Corpo levemente licoroso. É complexo, cheio de nuances aromáticas e de
paladar, mas não perde a tipicidade da Syrah. Pelo preço promocional de R$ 29
em que o encontrei, foi uma excelente compra, mas vale bem os cerca de R$ 35 do
preço normal.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Taí: uma linha de vinhos de distribuição ampla, preço bem
acessível e boa qualidade. Como bônus, muitos rótulos de ótima tipicidade,
ideais para quem quer conhecer as respectivas variedades de uvas. Eles têm
alguns dos vícios de muitos vinhos chilenos: acidez relativamente baixa, uma
certa doçura em alguns exemplares. Mas o toque da madeira é bem colocado, sem o
excesso de outros sul-americanos. Virei consumidor habitual e estou exercendo,
com prazer, a arte de beber barato. <o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-56488223622704571602015-07-01T00:00:00.000-03:002015-07-01T00:00:04.773-03:00Pegando pó: Westvleteren 12, dez anos depois<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Conheci Luzia Pinta há 10 anos. Ela tem sido minha companhia
fiel ao longo de toda a trajetória que venho trilhando desde então. Agora, com
algum peso no coração, é chegada a hora de eu lhe dar adeus – ou, pelo menos,
uma despedida digna e um até logo. Obviamente, sua despedida pede uma grande
cerveja. Esta postagem é um brinde à força de caráter de Luzia e a tudo que ela
me ensinou ao longo da última década.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Um brinde a Luzia<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não, Luzia Pinta não é minha esposa. Ela nasceu por volta do
ano de 1695, na cidade de Luanda, que então era uma pequena colônia portuguesa em
Angola. Nasceu como escrava e foi vendida muito jovem – provavelmente em torno
dos 12 anos de idade – para um comerciante que a trouxe até o Brasil no porão
de um navio negreiro. Trabalhou na Bahia e em Minas Gerais, onde conquistou sua
liberdade. Muitos anos depois, acusada pela Inquisição de ser feiticeira (numa
época em que isso era crime passível de punição judicial), foi presa e julgada
em Lisboa entre 1742 e 1744. Cumpriu sua pena no sul de Portugal por 4 anos. A
data de sua morte se perdeu no tempo. Terá voltado à África, sua terra natal,
depois de cumprir os 4 anos de sua pena? Ou talvez a Minas Gerais, onde viveu a
maior parte da vida e onde construiu suas relações sociais mais significativas?
Ou terá passado seus últimos dias em Portugal mesmo, em terra de estranhos,
hostilizada por tudo e todos? Provavelmente nunca saberemos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisyxci3C1_8-CFpZZwstxVQDQ4BYNVamHDtt3a6oZyMFulBRdMttCV8Ya3uF-rPXaUGxUsWsktU3m1fRKQU8nZvyF1kKrSWlE53ztM-5b-C5QLLIWrrbFwnWDyOr88RcLwCgNirG9A5UQ/s1600/A+dan%25C3%25A7a+do+calundu.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="218" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEisyxci3C1_8-CFpZZwstxVQDQ4BYNVamHDtt3a6oZyMFulBRdMttCV8Ya3uF-rPXaUGxUsWsktU3m1fRKQU8nZvyF1kKrSWlE53ztM-5b-C5QLLIWrrbFwnWDyOr88RcLwCgNirG9A5UQ/s400/A+dan%25C3%25A7a+do+calundu.jpg" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Na década de 1630, o pintor
holandês Zacharias Wagener </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">representou uma dança que observara em Pernambuco, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">que provavelmente fazia parte de uma cerimônia de calundu.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.vermelho.org.br/noticia/242693-11</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Luzia Pinta era uma sacerdotisa. Ou uma curandeira e
adivinha. Chame como quiser. Na verdade, a palavra usada no século XVIII para
se referir a pessoas como ela era “calunduzeira”. “Calundus” eram comuns na
época do Brasil colonial, mas hoje já não existem mais em terras tupiniquins.
Em Angola ainda são praticados até hoje. Eram cerimônias religiosas com dança e
música de atabaques, durante as quais o corpo de Luzia Pinta era possuído pelos
espíritos de seus ancestrais angolanos para que ela adivinhasse coisas ocultas
e curasse os enfermos que a procuravam. A maior parte dos frequentadores de
seus calundus era composta por escravos ou ex-escravos alforriados, mas Luzia
também tratava de brancos ricos que, desencantados com os remédios da Igreja e
da medicina, buscavam a espiritualidade africana para aliviar suas aflições. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os calundus eram comuns no Brasil na época colonial. Em uma
cidade como Ouro Preto, cuja população contava cerca de 50 mil habitantes na metade
do século XVIII, talvez houvesse em torno de sete casas de calundus, segundo
minhas estimativas. Mas os registros sobre essas cerimônias são menos comuns.
Luzia Pinta deu o azar de ser processada pela Inquisição, ao contrário de
dezenas de outros calunduzeiros como ela, e por isso temos acesso a uma descrição
pormenorizada de suas cerimônias. Seu processo inquisitorial talvez seja o
documento que nos traga mais informações sobre essa religião afro-brasileira
que foi praticamente esquecida, apesar de ter sido a mais importante do Brasil
durante quase dois séculos. Por isso mesmo, Luzia Pinta tem sido a personagem
central de minha pesquisa como historiador nos últimos dez anos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Dez anos de pesquisa, dez anos de guarda<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Deparei-me com o processo inquisitorial de Luzia Pinta em
2005, quando ainda fazia pesquisa de Iniciação Científica durante minha
graduação em História. Dez anos depois, em abril de 2015, finalmente ficou
pronta minha tese de doutorado, resultado dessa longa pesquisa e dessa longa
convivência com os vestígios de Luzia Pinta. A ocasião pedia um brinde
especial, em homenagem a essa mulher extraordinária. Se eu passara 10 anos na
inspiradora companhia de Luzia Pinta (ou você acha que teses de doutorado ficam
prontas assim, num instante?), era justo que o final desse caminho fosse
celebrado com uma cerveja que descansara durante os mesmos 10 anos na garrafa.
Alguma cerveja que houvesse sido envasada lá atrás, na época em que conheci
Luzia. Plano ambicioso, claro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQpmqQtzV2C_mb5tNLpJ_SOzdFWNWwU9UvwRRIj4wXH0BPOPXk4HoW5XoqVZr0Gxo1hhQYRRlgB77XiiOUd-J1mSxBIXeycBbQrCmr5rdYApqxmC5PM7AldckjATK8xniCuTMzDf_T6Qo/s1600/Baden+Baden+Red+Ale.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="272" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiQpmqQtzV2C_mb5tNLpJ_SOzdFWNWwU9UvwRRIj4wXH0BPOPXk4HoW5XoqVZr0Gxo1hhQYRRlgB77XiiOUd-J1mSxBIXeycBbQrCmr5rdYApqxmC5PM7AldckjATK8xniCuTMzDf_T6Qo/s320/Baden+Baden+Red+Ale.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ainda me lembro do choque
que tomei ao beber pela </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">primeira vez a potente Baden Baden Red Ale, numa época </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">em que ninguém falava em cervejas artesanais.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="https://bierplatz.wordpress.com/2011/02/28/baden-baden-red-ale/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">bierplatz.wordpress.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O problema é que, em 2005, quando fui apresentado a Luzia,
eu não bebia cervejas especiais. Quem viveu aquela época há de se lembrar: não
se falava em cerveja artesanal no Brasil. Na maior parte dos bares cervejeiros
em que você ia, o máximo que podia encontrar era uma Guinness ou uma Bohemia
Confraria, de vez em quando. E que você se desse por satisfeito com isso. No
supermercado, aqui ou ali aparecia uma fugidia garrafa de Baden Baden. E era
isso. Se eu mal sabia que havia todo um vasto mundo para além da “loira gelada”,
você já deve imaginar que eu não podia nem conceber a ideia de envelhecer uma
cerveja por 10 anos. Isso para dizer que não havia, na minha adega, nenhuma
garrafinha pegando pó desde a época do meu fatídico encontro com Luzia, em
2005.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Porém, por um lance de sorte, há uns 3 anos mais ou menos, o
amigo Fabiana Pereira estava louco atrás de uma garrafa remanescente da lendária
<a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqeTNudmZkcURUaUU" target="_blank">Biertruppe Vintage nº 1</a>, e calhava de eu ter algumas ainda guardadas na adega
desde a época do lançamento (em 2010). Em troca de uma garrafa da Biertruppe,
ele me ofereceu uma Westvleteren 12. Pareceria uma troca um tanto desvantajosa
para mim: OK, a Westy 12 é uma lenda, mas, ao contrário da Biertruppe, ainda
está em produção e pode ser adquirida sem tanto esforço. Seria desvantajoso
escambo, não fosse por um detalhe: o Fabiano, sabendo do meu fraco por cervejas
de guarda, me ofereceu uma Westvleteren 12 envasada em 2005. Arrematei!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em 2015, quando entreguei minha tese de doutorado e pus o
ponto final em minha relação de 10 anos com Luzia Pinta, a garrafinha da Westy
12 também fazia 10 aninhos. Era a ocasião perfeita para abrir a garrafa. Os 10
anos de guarda haviam formado uma camada de sedimentos de quase um dedo de
espessura! Eu não via a hora de saber como tinha ficado a cerveja lá dentro depois
de tanto tempo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>A degustação<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para entender o que 10 anos fizeram à minha Westy, convém
primeiro falarmos sobre as características que essa cerveja tem ao sair da
fábrica, fresquinha. A Trappist Westvleteren 12 é a mais famosa das cervejas
produzidas pela abadia trapista de São Sisto, na Bélgica. Existe toda uma aura
em torno dessa cerveja (devido ao fato de ela já ter sido eleita algumas vezes
como a melhor cerveja do mundo), e às vezes é difícil obter uma descrição
minimamente objetiva, que não tenha sido contaminada pelo fetiche. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já falei sobre ela aqui no blog antes (em uma <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2013/04/trappist-westvleteren-12-x-st-bernardus.html" target="_blank">comparação direta</a> com a St. Bernardus Abt 12, sobre a qual reza a lenda – equivocada – de que
teria a mesma receita da Westvleteren 12), mas retomo resumidamente as notas de
degustação para quem não se lembra. A <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqU2p4NVdQODV0QlU" target="_blank">Trappist Westvleteren 12</a> é uma Belgian
dark strong ale de portentoso teor alcoólico de 10,2%, com coloração mogno
avermelhada e belo creme formando rendas. O aroma é complexo e maduro: o
caramelado dos maltes e adjuntos da receita é complementado por uma avalanche
de frutas maduras (maçãs vermelhas, uvas passas, mamão papaya, vinho tinto),
especiarias doces (pimenta-do-Reino, cravo, alcaçuz, sementes de coentro
discretas) e toques de mel aromático. Ela entra adocicada na boca, mas logo
surpreende com um amargor assertivo que se prolonga em um final longo, austero,
picante, amargo e seco, com sabor herbal de lúpulo. Ela é consideravelmente mais
amarga que a maior parte das cervejas belgas do estilo, embora não seja aquele
amargor ostensivo a que nos acostumamos com as cervejas norte-americanas. O
corpo é mediano, mais seco do que o habitual para o estilo, mas licoroso e com
um aquecimento picante bem-vindo. Complexa, picante, rústica, cheia de
especiarias e frutas maduras. Um clássico, merecidamente. (Clique <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqU2p4NVdQODV0QlU" target="_blank">aqui</a> para ver
a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Westvleteren 12 é uma cerveja especialmente apta para
guarda, se a compararmos com as demais Belgian dark strong ales: o teor
alcoólico é bastante alto e o amargor de lúpulo é assertivo para o estilo (38
IBUs, contra uma média de 20 a 35), dando-lhe maior durabilidade na garrafa.
Vão lá minhas anotações de degustação do exemplar com 10 anos de guarda:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-B5dgwj15DoADptbpgiYck3MZ0H90wJpKngIXBlNXlu_L0W3XD6s99eAK85TmG1KJrm3D6w2npwozHCIN6TzKWnQhuOhvRNd4KMGsWeth6vH2BwwK2swaeNyTMHbCHkx9H-_y3gUIB48/s1600/Westvleteren+12.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg-B5dgwj15DoADptbpgiYck3MZ0H90wJpKngIXBlNXlu_L0W3XD6s99eAK85TmG1KJrm3D6w2npwozHCIN6TzKWnQhuOhvRNd4KMGsWeth6vH2BwwK2swaeNyTMHbCHkx9H-_y3gUIB48/s400/Westvleteren+12.jpg" width="266" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Garrafa da edição especial vendida em </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">supermercados (a que eu tomei era bem </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">mais antiga que esta!).<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://toquegirls.com/tag/westvleteren-xii/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">toquegirls.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqT1gxU2gwa3JfQUE/view?usp=sharing" target="_blank">Trappist Westvleteren 12 (10 anos de guarda)</a><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Estilo:</b> Belgian
dark strong ale (envelhecida)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Teor alcoólico
original:</b> 10.2%<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Aparência:</b> a
coloração é acastanhada-atijolada, mais para o laranja do que na versão fresca.
Transparente, mas com uma borra volumosa no fundo da garrafa, que eu tomei
cuidado para não servir junto com o primeiro copo. O creme foi pouco volumoso,
mas surpreendentemente persistente para sua idade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Aromas: </b>ao
servir, destacou-se aquele cheiro doce de oxidação, lembrando plástico, e eu me
lembro de ter pensado: “lascou, perdi a cerveja!”. Depois de uns 10 minutos na
taça, porém, ela arejou e se abriu em um torvelinho de complexidade aromática,
perceptível sobretudo na boca. O malte se aprofundou, saiu da mesmice do
caramelo e ganhou tons torrados e macios: toffee, avelã, queimado, pão torrado
e até chocolate ao leite. Maçãs vermelhas, mamão e uvas passam continuavam lá,
mas com uma pegada mais de frutas cristalizadas, como num panetone. Especiarias
doces ficaram ainda mais evidentes com o tempo, trazendo apimentado e alcaçuz. E
um monte de aromas de evolução começaram a se desenvolver na taça em camadas:
vinho do Porto, xerez, amadeirado, mentolado, carne assada. Um espetáculo de
aromas de guarda.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Paladar:</b> o
amargor original da receita se atenuou muito, até quase sumir. A doçura
continua lá, sem excessos, agora equilibrada pela picância e por uma sensação
salgada muito definida que se desenvolveu com a guarda. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Sensação na boca:</b>
o corpo preservou-se muito bem ao longo dos anos (talvez tenha até espessado!),
mostrando-se ainda intenso, cremoso e licoroso. A boa sensação alcoólica é
ressaltada pela picância. A carbonatação é bem suave, como é de se esperar
depois de 10 anos. A borra, se servida no copo, contribui com um pouco de
adstringência, não de todo agradável.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
(Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqT1gxU2gwa3JfQUE/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Logo que servi, achei que a cerveja não evoluíra muito bem.
No nariz, o aroma de oxidação predominava de uma forma um pouco incômoda. Mas
ela, que já tinha esperado 10 anos para ser degustada, me pediu para esperar só
um pouquinho mais. Depois de arejar por uns 10 minutos, tornou-se complexa,
bela e harmoniosa. É como se ela tivesse precisado desses 10 minutinhos na taça
para “acordar” do longo sono. Na boca, mostrou ainda muito vigor e força. A
complexidade das frutas e especiarias ainda era perceptível, mas complementada
pelos toques amadeirados, licorosos e salgados da evolução. Seu rústico amargor
havia desaparecido, mas uma pegada picante e salgada lhe deu um equilíbrio
maduro e sóbrio. Ótima experiência!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O gráfico abaixo resume as principais diferenças entre a
versão fresca da Westvleteren 12 e a garrafa que degustei, envelhecida por 10
anos:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2evq0AFeeZiU8cm0EfLBv__R0Sl45ahBG-FTHr-ktT0CIGX6AofWLAaqxpyJ1lr5jg0qenAIicIuSA9h-V2z2qMfupEo-fACWkuMoOuT911ZbUfb2P_uTXfG3KFmBrIkZ1WVNeDLcx_Y/s1600/Westvleteren+12+-+Gr%25C3%25A1fico-aranha+da+evolu%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2evq0AFeeZiU8cm0EfLBv__R0Sl45ahBG-FTHr-ktT0CIGX6AofWLAaqxpyJ1lr5jg0qenAIicIuSA9h-V2z2qMfupEo-fACWkuMoOuT911ZbUfb2P_uTXfG3KFmBrIkZ1WVNeDLcx_Y/s1600/Westvleteren+12+-+Gr%25C3%25A1fico-aranha+da+evolu%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Alguns resultados eram esperados: o amargor diminuiu e a
sensação salgada e a doçura aumentaram, o que é típico de longos períodos de
guarda. Ésteres (frutas) e fenóis (especiarias) se suavizaram levemente, mas
ainda estavam surpreendentemente preservados. Aromas terciários de evolução
(madeira, carne assada, vinho do Porto, xerez, mentol), quase sempre as
estrelas de uma cerveja envelhecida, se desenvolveram com o tempo. O que me
surpreendeu foi o desempenho do corpo, ainda cremoso e intenso mesmo depois de
10 anos. Creio que a autólise das leveduras tenha potencializado sua sensação de
cremosidade. Ela também me deu uma lição importante: algumas cervejas
envelhecidas precisam arejar por um tempinho depois de serem abertas. Eu havia
passado por algumas más experiência com garrafas envelhecidas que não evoluíram
bem e, quando abri a Westy 12, achei que ela seria mais uma delas. Mas, depois
de dar-lhe um pouco de tempo na taça, ela melhorou dramaticamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Qual é a melhor? A Westvleteren 12, fresca, é uma baita
cerveja, de modo que é difícil comparar. São duas propostas, para dois gostos
bem distintos. Apreciar a versão envelhecida exige uma certa queda por cerveja
evoluídas, com todas as “esquisitices” que elas possam manifestar – a licorosidade
acentuada, a sensação salgada, o baixo amargor, o aroma característico de
oxidação. Olhando minha pontuação pessoal para as duas, percebo que dei um
pontinho a mais para a versão envelhecida (96 contra 95, de um máximo de 100),
mas isso diz muito pouco: é questão de gosto, de ocasião. O melhor é você fazer
a prova você mesmo: hoje em dia, não é mais tão difícil comprar a Westvleteren
12 no Brasil. Que tal, numa ocasião especial, se presentear com uma garrafa e “esquecer”
dela dentro da adega por 10 anos? O difícil, claro, vai ser resistir à tentação
de abri-la antes da hora!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Westvleteren 12 envelhecida foi meu brinde à força e à
integridade de caráter de Luzia Pinta, que viveu uma vida de sofrimentos sob a
escravidão e, apesar de perseguida, soube ouvir o chamado de seus antepassados
e resgatar a conexão espiritual com suas origens. Luzia nos deixou o testemunho
de pessoas que enfrentaram o sofrimento e a opressão unidas como uma grande
família espiritual sob a sombra da ancestralidade africana. Sabendo-se que ela
foi simultaneamente devota dos espíritos de seus antepassados e também do Deus
e dos santos católicos, acho mais que apropriado que sua memória tenha sido
honrada por uma grande cerveja produzida por monges. A Igreja católica
certamente tem muito a se desculpar com ela na pós-vida – se houver alguma.</div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com15tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-74683104869014897182015-06-01T00:00:00.000-03:002015-06-01T19:31:21.313-03:00Três barris de petróleo<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É, o preço do barril de petróleo teve uma queda vertiginosa
no mercado mundial de um ano para cá, disso nós sabemos. Mas não é desse barril
que falaremos hoje. Refiro-me, pelo contrário, a um tipo de barril que parece
estar cada vez mais em voga no nosso mercado cervejeiro nacional (e com
tendência de alta nos preços): a barrica de madeira usada na maturação e
envelhecimento de cervejas. Depois de a Bodebrown despontar no ano passado com
o excelente nível dos rótulos de sua Wood-Aged Series, em 2015 foi a vez de
outra microcervejaria curitibana, a DUM, roubar os holofotes. Durante o
Festival Brasileiro de Cerveja de 2015, a micro lançou um conjunto de três
versões de sua prestigiada Russian imperial stout Petroleum, cada uma das quais
envelhecida em um barril de um tipo diferente de madeira. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOKC3BkoVwgqKjzTl7XMOWOIRYsokVHlANBIfRZZumEd7j6bRGVlGg3uBjqZnMpTWbYbTchS3qN8xHDuGBXkZwybziX-5PtzsNRbfVOXaIeWt83uzKihq7zrSJCw4fda0nP5SVysrPsUU/s1600/Cacha%C3%A7as+Porto+Morretes.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="245" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOKC3BkoVwgqKjzTl7XMOWOIRYsokVHlANBIfRZZumEd7j6bRGVlGg3uBjqZnMpTWbYbTchS3qN8xHDuGBXkZwybziX-5PtzsNRbfVOXaIeWt83uzKihq7zrSJCw4fda0nP5SVysrPsUU/s320/Cacha%C3%A7as+Porto+Morretes.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Duas cachaças da Porto
Morretes. A “Ouro” (amarelinha) </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">é envelhecida em barris de madeira.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: www.flickr.com/photos/organicsnet</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O projeto é o fruto de uma parceria da DUM com a cachaçaria
<a href="http://cachaca.portomorretes.com.br/" target="_blank">Porto Morretes</a>, do PR, e contou com consultoria do professor da UFPR Agenor
Maccari Júnior, que é especialista no uso de madeiras brasileiras na produção
de bebidas alcoólicas. A princípio, foram selecionados três barris de
diferentes madeiras e diferentes intensidades de tosta, todos usados
anteriormente para a maturação das cachaças da Porto Morretes. O resultado foi
lançado comercialmente em um kit contendo 4 garrafas: uma versão convencional
da Petroleum e mais uma garrafa de cada uma das três versões envelhecidas em
diferentes barris. O kit chegou ao consumidor na faixa dos R$ 120. Levando-se
em conta que a Petroleum convencional chegava então ao consumidor (paulista)
custando pouco acima de R$ 20, isso significa que cada uma das versões com
maturação em barris custou um pouco mais de R$ 30. Na minha opinião, um preço
dentro dos padrões do nosso mercado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Já falei aqui no blog que um dos maiores diferenciais da
indústria de bebidas alcoólicas no Brasil é o uso corrente e corriqueiro de
diversos tipos de madeira para maturação e envelhecimento, diferentemente de
outros países, que tendem a se concentrar no carvalho. Acho natural, e bastante
interessante, que a nossa indústria cervejeira se valha desse expediente. Lá
fora, quando se quer obter variações de wood-aged beers, costuma-se usar barris
previamente utilizados para o envelhecimento de diferentes bebidas (barril de
vinho tinto, barril de uísque, barril de Bourbon, barril de vinho do Porto, e
por aí vamos), mas quase sempre de carvalho. A secular indústria brasileira da
cachaça traz todo um horizonte de novas madeiras nativas a explorar: amburana,
amendoim, jequitibá, araruva, cabreúva ou bálsamo, ipê, castanheira, entre
outras. E o melhor é que cada madeira tem um impacto sensorial diferente sobre
a bebida. Acredito que nossas micros podem se destacar internacionalmente pelo
uso consciente de toda essa biodiversidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O que a madeira faz
pela minha cerveja?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O experimento da DUM consistiu em maturar sua Petroleum em
barris de três madeiras diferentes, todos oriundos da Porto Morretes: o
primeiro de umburana, com tosta intensa, o segundo de castanheira do Pará (com
tosta mediana, pelo que entendi), e o terceiro de carvalho francês, com tosta
leve. O resultado são três cervejas muito diferentes entre si, que servem para
quebrar aquele velho mito de que a cerveja maturada em barris usados
previamente para alguma outra bebida vai necessariamente “pegar o gosto da
bebida”. Fala-se que cervejas maturadas em barris de uísque têm gosto de
uísque, cervejas maturadas em barris de vinho tinto têm gosto de vinho tinto, e
assim por diante. Se isso explicasse toda a história, todas as três Petroleum
teriam o mesmo “gosto de cachaça” – o que está muito longe da verdade. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há mil fatores que influenciam o impacto da madeira sobre
uma bebida – o tipo e origem da madeira, o processo de limpeza usado para
reutilizar o barril, o tipo de tosta empregada no interior do barril, o tamanho
do barril, o número de vezes que o barril já foi usado, o tempo durante o qual
a cerveja ficou no barril, entre vários outros fatores mais ou menos
imponderáveis, como a porosidade de cada barril específico e a microflora local
instalada na madeira. Há um universo de variáveis que podem ser manipuladas
para alterar consideravelmente o resultado final. Precisamos parar de dar tanta
atenção à questão da procedência do barril (o “barril da bebida X” ou o “barril
da destilaria Y”) e começar a considerar de forma mais sistemática todas essas
outras variáveis fundamentais, como já se faz com outras bebidas há muito mais
tempo. Só assim os produtores de cerveja poderão amadurecer as técnicas de
emprego de madeira e gerar produtos cada vez mais consistentes e interessantes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIBQ_PKsqOkeInfdIVA2P1AVWT92SI_yn_UvdlvlAf7FI558h72XW6rvtck6jDhnMdAbCcp2_cVtpEuLoEoSymVpz5kaAxP5CRNKAbzN6dFkoFlJaFL3ieBSszm3D4Hx1pf33cnmd3H6s/s1600/Ton%C3%A9is+da+Strong+Suffolk.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="270" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIBQ_PKsqOkeInfdIVA2P1AVWT92SI_yn_UvdlvlAf7FI558h72XW6rvtck6jDhnMdAbCcp2_cVtpEuLoEoSymVpz5kaAxP5CRNKAbzN6dFkoFlJaFL3ieBSszm3D4Hx1pf33cnmd3H6s/s320/Ton%C3%A9is+da+Strong+Suffolk.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Os enormes tonéis de
madeira usados na produção </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">da </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Greene King Strong Suffolk Ale. Obviamente, um
tonel </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">desse </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">tamanho (e dessa idade) tem um impacto </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">sobre </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">a cerveja muito
diferente de uma barrica nova </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">de carvalho de 200 litros.</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.beer-pages.com/stories/strong-suffolk.htm</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas, antes de entender as diferenças entre as três versões
da DUM Petroleum, convém tentarmos mapear um pouco melhor os efeitos da madeira
sobre as cervejas. O que o envelhecimento em madeira pode oferecer a uma
cerveja? Historicamente, o envelhecimento de cervejas em madeira era usado no
Velho Mundo por dois motivos: para conferir uma acidez agradável e traços
selvagens à cerveja (já que a madeira abrigava micro-organismos responsáveis
pela acidificação da bebida), e para induzir o envelhecimento da cerveja (já
que o barril de madeira propicia uma micro-oxigenação do líquido, acelerando os
processos de oxidação e evolução). Era basicamente para isso que a madeira
servia na produção das sour ales belgas e das stock e old ales inglesas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ocorre que, além desses dois efeitos, a madeira também
transmite à cerveja uma série de novos compostos aromáticos, dentre os quais se
destacam os aromas de baunilha (tipicamente associados ao carvalho), as notas
de especiarias e os toques de defumação e torrefação que podem advir da tosta
da madeira. Cada madeira e cada tipo de tosta oferecerá uma combinação única de
sabores e aromas. Foram provavelmente os cervejeiros norte-americanos, a partir
dos anos 1990, que colocaram em primeiro plano esses aromas “amadeirados”,
buscando enfatizá-los em suas primeiras barrel-aged beers e dando-lhes até mais
importância do que a acidez e a micro-oxigenação. Em certa medida, essa
tendência mimetizou o que ocorreu também com os vinhos estadunidenses e
americanos, em geral, que buscaram reafirmar sua identidade perante os vinhos
europeus por meio da pegada intensamente amadeirada do carvalho – ainda mais
levando-se em conta a suculência e a doçura abaunilhada que são típicas das
variedades nativas americanas de carvalho.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como resultado dessa “madeirização” das wood-aged beers por
parte das microcervejarias americanas, passou a haver o entendimento de que a
principal característica da cerveja maturada em barris era o aroma de madeira
(e não o perfil selvagem ou de envelhecimento). O tempo durante o qual a
cerveja ficava dentro do barril também diminuiu consideravelmente, já que o
sabor amadeirado se desenvolve mais rapidamente do que os perfis selvagem e de
evolução. Wood-aged beer virou praticamente sinônimo de cerveja abaunilhada. E
havia um estilo de cerveja que combinou especialmente bem com a intensidade dos
aromas doces e abaunilhados do carvalho americano: a Russian imperial stout. A
combinação entre baunilha, café e chocolate mostrou-se tão irresistível quanto
aquele pudim de chocolate que insiste em nos tentar ao final da refeição, mesmo
que saibamos que já estamos saciados. Em pouco tempo, as Russian imperial
stouts se tornaram as escolhas prioritárias das cervejarias norte-americanas
para o envelhecimento em madeira. Estava praticamente criado um novo,
indulgente e delicioso estilo: a barrel-aged Russian imperial stout.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>DUM Petroleum em três
versões<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foi essa tradição de imperial stouts americanas envelhecidas
em barris que serviu de inspiração para o kit da DUM. A graça do experimento
foi ver o impacto da madeira em si na cerveja. Mas o “twist” brasileiro foi o
uso de duas madeiras nativas (a amburana e a castanheira do Pará) em adição ao
carvalho francês. A cervejaria não informa quanto tempo a cerveja passou no
interior dos barris – mas, a julgar pela ausência de traços de evolução e
envelhecimento, eu diria que não deve ter ultrapassado muito os 6 meses. Vejamos o que cada
um dos barris agregou à cerveja – mas, antes, vale a pena falar um pouquinho
sobre a versão original (que também vem no kit).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzdIMhjW5SC1yjGfkM1xeFh7UgrmUWZDr9bzsIL1TWpqMS_KqvNPTx_5-TGqzj6UmpIJtxCP95qaeOaZ0AvS29ixir7a-9A8SGnvoK6DL5NW3FA_ISMPc86TagxQtrLDbO4BIeju80OHQ/s1600/Kit+Petroleum+Wood-Aged.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="211" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgzdIMhjW5SC1yjGfkM1xeFh7UgrmUWZDr9bzsIL1TWpqMS_KqvNPTx_5-TGqzj6UmpIJtxCP95qaeOaZ0AvS29ixir7a-9A8SGnvoK6DL5NW3FA_ISMPc86TagxQtrLDbO4BIeju80OHQ/s320/Kit+Petroleum+Wood-Aged.png" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O kit contendo a versão
original (à esquerda) e as </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">três versões maturadas em madeira.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.dumcervejaria.com.br/blog/2015/03/10/petroleum-com-madeira-no-festival-brasileiro-da-cerveja-2015/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.dumcervejaria.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A versão original da <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT2w1NnlGN2VjdWc&authuser=0" target="_blank">DUM Petroleum</a></b> é uma das queridinhas do público brasileiro, e já se tornou um
clássico apesar de seu lançamento relativamente recente. Na taça, apresenta uma
coloração preta intensa, totalmente opaca, com espuma marrom escura de baixa
formação e uma viscosidade aparente só de se olhar. O aroma explode em tons
torrados e queimados, que se desenvolvem sobre um fundo frutado e lupulado. Café,
chocolate amargo e madeira queimada predominam, com um certo acento mineral,
mas é possível notar com clareza o frescor do lúpulo lembrando capim-cidreira,
além de notas de bananas passas. Não tem a doçura dos maltes torrados que
encontramos em outras imperial stouts: este é um exemplar rústico, em que a
secura do torrado fala mais alto do que a riqueza do chocolate ou do caramelo.
Predomina claramente o amargor, inicialmente convivendo com uma breve doçura
mas terminando em um final muito seco, com amargor intenso e um pouco rascante
a agressivo na minha opinião. O aquecimento alcoólico é expressivo e o corpo é
incrivelmente espesso e viscoso, devido ao uso da aveia na receita. (clique
<a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT2w1NnlGN2VjdWc&authuser=0" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa) A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqT2w1NnlGN2VjdWc&authuser=0" target="_blank">DUM Petroleum</a></b> não deve ser confundida com a <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqNkg0T3V5blVSMzQ&authuser=0" target="_blank">Wäls Petroleum</a></b>, que é a versão da mesma cerveja produzida pela
mineira Wäls, pois a paranaense tem maior índice de IBUs (amargor) e se mostra
mais seca e lupulada do que a mineira. Para mim, a<b> </b>versão da DUM é a típica cerveja que demanda um certo
envelhecimento: recém-saída da fábrica, ela tem um amargor um pouco agressivo e
um perfil de maltes que poderia ser mais rico. Tenho uma garrafinha pegando pó
na minha adega e tenho a impressão de que ela ficará mais interessante depois
de descansar por uns dois aninhos na garrafa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqRE9HS0Z6eWYyTDg&authuser=0" target="_blank">DUM Petroleum Castanheira</a></b> foi maturada em barris de castanheira do Pará, aparentemente
com tosta média. A aparência é semelhante, mas com espuma menos volumosa, o que
é comum em cervejas envelhecidas em barris. O perfil de maltes continua lá, em
primeiro plano, com muito queimado, café e chocolate amargo, mas a madeira
interagiu pouco com esses sabores. Desenvolveu-se, paralelamente, um aroma
mineral interessante ainda que um pouco “cru”, que lembra amêndoas cruas, além
de leve apimentado e algo que lembra móveis coloniais, tudo vindo da
castanheira. O barril trouxe um aroma bem perceptível de cachaça à cerveja,
junto com um ardor químico e solvente um pouco desagradável. As frutas passas
ainda estão lá, lembrando uvas passas, mas o herbal de lúpulo praticamente
sumiu. Na boca, talvez um tiquinho a mais de doçura do que na versão comum, mas
o mesmo final bem seco e amargo. O corpo é intenso, mas talvez tenha afinado
levemente. No conjunto, esta foi a versão em que a madeira se imprimiu de forma
menos evidente na cerveja, que continuou com um perfil bem seco e amargo, um
tanto rústico demais para o meu paladar. O efeito é interessante, mas eu achei
a menos bem resolvida das três versões. (clique <a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqRE9HS0Z6eWYyTDg&authuser=0" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação
completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsApb-imLkG4H04xq9sZHowMOVDvtpS05svoFUK1sWLngy1EVxHMZCkCnHS43QB9UrPEpnYKNBf2oUtPshe7kmGdmrDWYrTlNePulwa4iVqtBInyb0t-b_aRr5zfjKNbUl2AD8Kv9m-Yg/s1600/DUM+Petroleum+Amburana.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhsApb-imLkG4H04xq9sZHowMOVDvtpS05svoFUK1sWLngy1EVxHMZCkCnHS43QB9UrPEpnYKNBf2oUtPshe7kmGdmrDWYrTlNePulwa4iVqtBInyb0t-b_aRr5zfjKNbUl2AD8Kv9m-Yg/s320/DUM+Petroleum+Amburana.jpg" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A versão maturada em
amburana.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.instagramal.com/photo/wdsonb<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqeWtWdVM1MjRQWlU/view?usp=sharing" target="_blank">DUM Petroleum Amburana</a></b> apresentou uma interessante variação: as outras cervejas maturadas
em amburana que temos no nosso mercado costumam ser mais doces e ricas, e a DUM
ofereceu uma interpretação em que a amburana se mesclou a uma receita mais
rústica, amarga e seca. A aparência segue a linha dos demais rótulos do kit,
com espuma menos volumosa. No nariz, ainda predomina inicialmente o malte
torrado (café, chocolate amargo, cinzas, madeira queimada), mas a madeira vai
ficando mais e mais pronunciada à medida que a cerveja esquenta e areja,
oferecendo aromas de coco queimado, mobiliário colonial, cachaça, canela e um
toque de defumação (refletindo a tosta intensa do barril). Nada muito intenso,
mas com boa complexidade. Também apareceu um forte floral, não sei se da
madeira. A madeira parece ter substituído os aromas menos intensos da cerveja:
o frutado e o herbal quase desapareceram. Na boca, a amburana trouxe um toque
bem breve de doçura na entrada e um final um pouco menos seco, que na minha
opinião equilibraram melhor a Petroleum, apesar de ainda se sentir o amargor um
pouco rascante. Corpo intenso, com sensação alcoólica um pouco exagerada que
diminuiu a drinkability. Na minha opinião, aqui a madeira exerceu um impacto
intermediário sobre a cerveja-base: nem tão sutil quanto na Castanheira, nem
tão intenso quanto no Carvalho Francês. Boa complexidade, mas talvez a secura
da cerveja e a tosta intensa do barril tenham impedido a amburana de demonstrar
toda a sua exuberância. (clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqeWtWdVM1MjRQWlU/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na minha opinião, a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqY01ULTJ3OVlBWVk/view?usp=sharing" target="_blank">DUM Petroleum Carvalho Francês</a></b> foi a versão que apresentou o melhor resultado
final dentre as três do kit. A madeira mostrou-se rica e envolvente,
ressaltando as frutas e amaciando a torrefação, dando à Petroleum exatamente
aquilo que eu acho que a complementou de forma mais harmônica, para o meu
paladar. No aroma, a forte baunilha interagiu com o perfil de maltes, puxando-o
mais para o chocolate, ainda que o café e o queimado estivessem bem evidentes.
A madeira ressaltou deliciosamente as frutas, fazendo aparecerem notas de
banana passas, uvas passas e até um quê de cerejas ao marrasquino, e dando aos
maltes ares de bolo inglês. Leve floral, apimentado e um toque de defumação
complementaram a complexidade da madeira. O herbal do lúpulo quase desapareceu.
Na boca, a baunilha e as frutas lhe deram doçura mais intensa, conduzindo a um
final em que o amargor ainda predomina, mas bem escoltado pela doçura, de forma
muito bem equilibrada. O corpo é intenso e a sensação alcoólica é inclemente,
mas o melhor equilíbrio entre doçura e amargor lhe deu maior drinkability.
Aqui, a cerveja e a madeira fizeram um casamento perfeito: a potência torrada e
frutada da cerveja se mesclou de forma admirável ao forte abaunilhado, e ao
mesmo tempo a doçura da madeira equilibrou a secura agressiva da Petroleum. Excelente
conjunto: para mim, a melhor do kit. (clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqY01ULTJ3OVlBWVk/view?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação
completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O gráfico abaixo permite visualizar as principais diferenças
entre as três versões da Petroleum envelhecida em madeiras:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCWQKTytf6cF9t1DGvXq5iYt1uIB4HgumqYDaSg6GDuUhzkvA8Y9MrCrgnOSiUHyXw7BJYXv65mO6QCjraZnOzu5tCZ76lHwZMzrhA27UfCuz8MQY7X7Kv2yhbMLjsbExP_RN5hoNBiQQ/s1600/DUM+Petroleum+Wood-Aged+-+Gr%C3%A1fico-aranha.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhCWQKTytf6cF9t1DGvXq5iYt1uIB4HgumqYDaSg6GDuUhzkvA8Y9MrCrgnOSiUHyXw7BJYXv65mO6QCjraZnOzu5tCZ76lHwZMzrhA27UfCuz8MQY7X7Kv2yhbMLjsbExP_RN5hoNBiQQ/s1600/DUM+Petroleum+Wood-Aged+-+Gr%C3%A1fico-aranha.jpg" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como se vê, as três madeiras apresentaram perfis bastante
diferentes. O carvalho mostrou-se mais doce, envolvente, frutado e abaunilhado,
atenuando um pouco a força da torrado. A castanheira, por sua vez, preservou e
até acentuou a torrefação, o amargor e a secura da receita, mostrando-se mais
mineral, com um toque de cachaça mais perceptível. Já a amburana ficou numa
espécie de ponto intermediário: nem tão doce quanto o carvalho, nem tão rústica
e mineral quanto a castanheira. Para o meu paladar, o carvalho forneceu o
complemente perfeito para a intensidade seca e torrada da Petroleum. Acompanhando
a repercussão do kit pelo Untappd, é possível verificar que uma parcela
expressiva dos consumidores também parece ter gostado mais do carvalho. Por
outro lado, também ouvi muitos comentários elogiosos a respeito da castanheira
em outras redes sociais. Talvez não à toa, os elogios tenderam a se concentrar
nas madeiras com perfis mais opostos, de modo que a amburana acabou sendo
percebida como menos marcante.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O kit da Petroleum põe ao alcance do consumidor um
experimento muito instigante, e nos dá a certeza de que ainda há muito a se
explorar, do ponto de vista técnico e sensorial, quando se fala na maturação de
cervejas em barris de madeira. A degustação do kit reforça a convicção que há
uma madeira perfeita, uma tosta perfeita, um barril perfeito, esperando para fazer
o casamento ideal com cada receita de cerveja, como duas almas gêmeas que irão
se complementar na lua-de-mel – digo, na maturação! Como eu já disse aqui
antes, o horizonte está aberto e a experimentação está apenas começando.<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-76743705744831107422015-05-01T02:29:00.000-03:002015-05-01T02:29:00.698-03:00Espumantes brazucas - Parte IV: Três rosés nacionais<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
“Não bebo vinho rosé
porque rosa não é cor de macho!” OK, talvez essa seja uma formulação extrema e
especialmente babaca, mas a verdade é que ainda há uma certa rejeição do
público – mesmo considerando os apreciadores de vinhos! – para os injustiçados rosés.
Tem gente que acha que não é vinho “de verdade”, ou que não é “sério”. Besteira.
Os espumantes rosés podem ser tão sérios quanto quaisquer outros espumantes
brancos, e o mesmo vale para os vinhos rosés sem borbulhar. Portanto, se ainda
tiver algum preconceito, dispa-se dele e me acompanhe por uma degustação de
três bons espumantes rosés brasileiros, todos com ótimo custo-benefício!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>O processo produtivo<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na segunda parte desta matéria sobre espumantes nacionais,
falamos sobre os diferentes <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com/2015/03/espumantes-brazucas-parte-ii-como-se.html" target="_blank">métodos de produção de espumantes</a>, mas não falamos
nada sobre sua coloração. É chegada a hora de fazê-lo. Algumas pessoas
acreditam que os espumantes rosés sejam obtidos por meio de uma mistura entre
vinhos brancos e tintos, um tipo de “gambiarra” usada pelas vinícolas para
obter uma coloração diferenciada. Alguns até podem ser cortes de uvas brancas e
uvas tintas. Mas não é isso que explica o processo e a coloração. Para entender
como um vinho pode chegar a ter essa coloração rosada, vamos primeiro repassar
o básico sobre a coloração dos vinhos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8xpMSaE3NLG7FtvMA6VQitQcO0Kb_aTulczxnyvV3r_TQ5DlWcvKwiAVbDJU9G9FEKJ90eFmJquOCKgkqqQs0VFFwCstOeRczJ6o0Nbjhq6zk7Rh3qPqgDXmSgc1BquI_cCSf979W-6I/s1600/Macera%C3%A7%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj8xpMSaE3NLG7FtvMA6VQitQcO0Kb_aTulczxnyvV3r_TQ5DlWcvKwiAVbDJU9G9FEKJ90eFmJquOCKgkqqQs0VFFwCstOeRczJ6o0Nbjhq6zk7Rh3qPqgDXmSgc1BquI_cCSf979W-6I/s1600/Macera%C3%A7%C3%A3o.jpg" height="227" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A maceração das uvas para
a produção de vinho tinto.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.vivendoavida.net/?p=6188"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.vivendoavida.net</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vinhos tintos são feitos de uvas tintas, ou seja, variedades
de uvas de coloração escura. Só que, se você pegar uma uva tinta e espremê-la
(pode inclusive fazer isso com aquelas variedades comestíveis que a gente compra
no fruteiro, como a Niágara), vai notar que sua polpa e seu suco são brancos. A
cor está toda na casca. Ora, o vinho é obtido a partir da fermentação do suco
de uva, extraído da polpa. O suco de uma uva tinta é branco – então, como é que
o vinho é tinto? O vinho adquire sua coloração característica durante o
processo denominado maceração. Para a produção do vinho, as uvas são esmagadas
e o suco começa a fermentar ainda em contato com as cascas das uvas. Nesse período,
o mosto de uvas (o suco ainda não inteiramente fermentado) extrai da casca algumas
substâncias, como compostos aromáticos, taninos e antocianos – estes responsáveis
pela coloração. Nesse processo, o álcool age como uma espécie de solvente para
potencializar a passagem desses compostos das cascas para o mosto. Ou seja: para
adquirirem sua característica coloração escura, os vinhos tintos passam por uma
maceração em que ficam em contato com as cascas. Se não houver contato nenhum
com elas, o vinho resultante seria branco – mesmo em se tratando de uma uva
tinta. Isso explica por que muitos espumantes brancos são feitos usando uvas
tintas, como a Pinot Noir.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas e se, durante a maceração de uvas tintas, o mosto ficar “só
um pouquinho” em contato com as cascas? É aí que temos os rosés. Rosés,
portanto, são vinhos elaborados com uvas tintas que passaram pouco tempo em
contato com as cascas durante a maceração. Isso faz com que eles tenham a
leveza dos brancos (ausência de taninos, normalmente também a acidez) e, ao
mesmo tempo, alguns dos aromas dos tintos, especialmente aqueles de frutas
vermelhas (cerejas, framboesas, amoras, cassis etc.) – que se encontram em muitas
uvas tintas. No caso dos espumantes, seu sabor é um tiquinho mais marcante que
o dos brancos, o que faz com que o espumante rosé seja um aliado útil para
harmonizações difíceis. A coloração, porém, não tem nada a ver com a doçura. Algumas
pessoas associam vinhos rosés a vinhos doces, o que não tem nada a ver: a
doçura vai depender da quantidade de açúcar residual que o produtor quiser
deixar em seu vinho. Há rosés super secos, bem como outros um pouco mais
adocicados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Espumantes rosés<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os espumantes rosés não ficam devendo nada aos brancos. Podem
ser tão complexos quanto eles e admitem a mesma variedade de perfis e
sensações. Há rosés feitos pelo método tradicional e pelo método Charmat. Há
rosés mais secos, outros mais doces. Há os baratos e há também os muito caros.
O que unifica quase todos é que, em vez dos aromas frutados associados às uvas
brancas (frutas cítricas e de caroço, por exemplo), surgem amiúde as frutas
vermelhas ao lado dos toques de panificação, tostado e frutos secos advindos do
fermento. Escolhi três espumantes rosés nacionais, todos situados numa faixa de
preços ligeiramente inferior aos <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com/2015/03/espumantes-brazucas-parte-iii-borbulhas.html" target="_blank">brancos da última postagem</a>, para dar aos meus
leitores algumas boas opções para conhecer o estilo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtAUSv30FOEFPDnlH20VsPHgnem519ity6cCOTi7MvuuA-qgZRVX8rQHqx5C1Q7zBgX-uGNoz5Fn8akSLoq-asRyWartspKDRRS6jm3cLr3RByyrneYpD93GcpQIft881Jtjyai1eb13A/s1600/Lovara+Brut+Ros%C3%A9.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtAUSv30FOEFPDnlH20VsPHgnem519ity6cCOTi7MvuuA-qgZRVX8rQHqx5C1Q7zBgX-uGNoz5Fn8akSLoq-asRyWartspKDRRS6jm3cLr3RByyrneYpD93GcpQIft881Jtjyai1eb13A/s1600/Lovara+Brut+Ros%C3%A9.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.vinhosmundi.com.br/espumante-lovara-branco-brut-ros%C3%A9-charmat"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.vinhosmundi.com.br</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Começo pelo mais barato, que apresenta um invejável
custo-benefício: o <b>Lovara Brut Rosé</b>.
A <a href="http://www.vinicolalovara.com.br/inicial" target="_blank">Lovara</a> é uma vinícola localizada no município de Bento Gonçalves, no RS –
portanto, nas proximidades daquela faixa de terras denominada Vale dos
Vinhedos, famosa pelos seus espumantes de excelência. Tem como peculiaridade o
fato de ser feito 100% a partir de uvas da variedade Grenache, pouco cultivada
no Brasil, mas muito comum na Espanha (onde é conhecida como Garnacha) e na
França. A Grenache costuma apresentar coloração amena e muita frutosidade,
motivo pelo qual é usada frequentemente nos vinhos rosés franceses. O <b>Lovara Brut Rosé</b> é produzido pelo
método Charmat, que permite preservar todos esses aromas frutados da variedade,
mas sem abdicar dos ricos aromas de fermentação. Na taça, ostenta uma coloração
rosada intensa, com perlage bem discreto. No aroma, predominam fortemente as
frutas vermelhas, com destaque para morangos maduros. Ao fundo, flores brancas,
nozes tostadas e massa podre, compondo um conjunto que lembra uma torta de
morangos. Apesar da suculência das frutas, na boca ele é bem seco, com acidez
bastante expressiva e refrescante e um final perceptivelmente amargo, de grande
persistência e que pede novo gole. O corpo é bem leve e crocante (como é comum
nos espumantes secos feitos pelo método Charmat), com carbonatação expressiva.
Trata-se de um espumante fresco, vívido e refrescante, que se destaca pelas
frutas vermelhas e pelo amargor. Na faixa dos R$ 30, é uma excelente compra
para momentos descompromissados de celebração.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdqpdsWzaIrG0cacTutqxl-fgqMRDVTqZHLmHiW-FxvdKl1FbzzFld9Jti7JgYhyOwClx7tYU2UGJThYTMezXymKe_j7x-MOS0gP6n_jIks1smcJyWceSSpCZAjYkLVCTrmJYiD5dvaQ8/s1600/Miolo+Cuvee+Tradition+Brut+Ros%C3%A9.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjdqpdsWzaIrG0cacTutqxl-fgqMRDVTqZHLmHiW-FxvdKl1FbzzFld9Jti7JgYhyOwClx7tYU2UGJThYTMezXymKe_j7x-MOS0gP6n_jIks1smcJyWceSSpCZAjYkLVCTrmJYiD5dvaQ8/s1600/Miolo+Cuvee+Tradition+Brut+Ros%C3%A9.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">http://etilicasnotas.blogspot.com.br/<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O segundo rosé desta seleção é feito pelo gigante <a href="http://www.miolo.com.br/controller.php" target="_blank">Miolo Wine Group</a> – aposto como você já tomou algum Miolo na vida, quer tenha notado, quer
não. A Miolo possui uma série de propriedades no RS, mas este rótulo em
especial é produzido na própria vinícola Miolo, localizada também no Vale dos
Vinhedos, em Bento Gonçalves. O <b>Miolo
Cuvée Tradition Brut Rosé</b> é produzido pelo método tradicional, com 12 meses
de maturação sobre leveduras. Interessante notar que ele não é feito apenas com
uvas tintas: ele é produzido com as variedades Chardonnay (branca) e Pinot Noir
(tinta) – por sinal, as mesmíssimas usadas na versão branca do mesmo vinho. O
que muda, apenas, é o tempo de contato com as cascas da Pinot Noir. Na safra
2011, apresentou coloração escura e vibrante, numa tonalidade cereja escura (o
que indica que o Pinot Noir passa um bom tempo com as casca para extrair
coloração), com pouco perlage e creme fugaz, parecendo até um vinho tranquilo
na taça, e não um espumante. O aroma é pleno e intenso, embora pouco complexo
para o método tradicional: destacam-se as frutas vermelhas, com destaque para
cerejas e groselha, com uma camada de panificação (biscoito de forno e pão
fresco) se revelando apenas com o tempo. Na boca é menos interessante: é
relativamente seco, mas tem acidez muito suave para meu gosto e termina num
final um pouco inexpressivo e fechado. Não tem amargor, ao contrário de muitos
outros rosés – para alguns, isso é qualidade a se destacar, já que há quem
considere o amargor um defeito nos rosés (não é o meu caso). É um rótulo que
ousa pouco na boca, e por isso mesmo tem potencial para agradar um número maior
de pessoas. O corpo é mediano, com alguma cremosidade. Na faixa dos R$ 40, é
uma boa opção para conhecer um rosé elaborada pelo método tradicional, mas eu
gostaria de que ele fosse mais ousado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPuTzhA0Q7MqKg0BVYSXQTP1X8a6vrg0naWkW47SmQ5UwqmW1H08DK6L0MhEFgKd_3_TwJF_pWzDTQ2dUEAVPx2Wz7bF78nVPY-T6xYHmbvjKAZ4I-ZRh8XYxKxlgEgCDIp3eZpygiu0U/s1600/Dal+Pizzol+Ros%C3%A9+Brut.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjPuTzhA0Q7MqKg0BVYSXQTP1X8a6vrg0naWkW47SmQ5UwqmW1H08DK6L0MhEFgKd_3_TwJF_pWzDTQ2dUEAVPx2Wz7bF78nVPY-T6xYHmbvjKAZ4I-ZRh8XYxKxlgEgCDIp3eZpygiu0U/s1600/Dal+Pizzol+Ros%C3%A9+Brut.JPG" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://qvinhos.blogspot.com/2013/06/dal-pizzol-brut-rose.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">qvinhos.blogspot.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Deixo para o final, com o devido destaque, um rosé elaborado
pela tradicional vinícola <a href="http://www.dalpizzol.com.br/index.php" target="_blank">Dal Pizzol</a>, localizada em Bento Gonçalves, também na
região do Vale dos Vinhedos. O leitor atento terá notado que eu selecionei,
nesta matéria, 6 espumantes da mesma região, o Vale dos Vinhedos, na Serra
Gaúcha – trata-se do nosso terroir mais destacado para a produção de espumantes
de alta qualidade. O <b>Dal Pizzol Rosé Brut</b>
é feito com as variedades Chardonnay e Pinot Noir, com a peculiaridade de que
os vinhos de base são misturados ainda antes da fermentação primária, quando
são apenas mosto. Ele é feito pelo método Charmat, com 60 dias de contato com
as leveduras após o fim da refermentação, propiciando a surgimento de aromas
associados às leveduras. Sua coloração é bonita, delicada e peculiar, a mais
clara dos três espumantes analisados aqui, oscilando entre o salmão, o rosado e
o alaranjado, com perlage disperso. Seu aroma é pleno, vibrante e complexo, com
boa interação entre frutas e toques de panificação. Predominam os morangos,
frescos e maduros, aos quais se somam baunilha, algum tostado e uma profusão de
frutos secos (amêndoas torradas e nozes), em boa intensidade. O final traz uma
sensação cítrica lembrando suco de laranja, muito refrescante. Na boca tem
pegada e personalidade: há um amargor inicial muito fino, que dá lugar à acidez
predominante (com sensação de suco de laranja), finalizando novamente com o
suave amargor. Uma doçura suave de segundo plano, correta, acompanha todo o
gole. O corpo é leve e crocante. Na minha opinião, é o mais interessante dos
três, complexo e atrevido, provando que um bom espumante elaborado pelo método
Charmat pode fazer frente a outros feitos pelo método tradicional – caso do
Miolo analisado acima. Pode ser encontrado a partir dos R$ 50, configurando uma
ótima compra para celebrar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Caso você duvidasse da qualidade dos vinhos brasileiros, espero
que, a esta altura, 6 rótulos depois, você tenha sido convencido de que, pelo
menos no que toca aos espumantes, temos um monte de rótulos interessantes que
oferecem uma ótima oportunidade de beber bons produtos sem pagar tão caro. E
espero também que eu tenha conseguido despertar, nos meus colegas cervejeiros,
pelo menos uma vontade de pular a cerca e provar alguns vinhos de vez em
quando. Por conta da carbonatação, os espumantes podem ser alguns dos vinhos
mais próximos das fronteiras com o mundo cervejeiro. Então que tal começar por
um desses seis bons espumantes nacionais? Duvido que você vá se arrepender!<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-87619229667240747032015-04-15T02:13:00.000-03:002015-04-15T02:13:00.039-03:00Espumantes brazucas - Parte III: Borbulhas nacionais<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Começamos essa conversa sobre espumantes prometendo falar
sobre os vinhos espumantes produzidos no Brasil. Depois de vermos algumas <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com/2015/02/espumantes-brazucas-parte-i-vinho.html" target="_blank">informações sobre a história</a>, <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com/2015/03/espumantes-brazucas-parte-ii-como-se.html" target="_blank">o método de produção e o perfil sensorial</a> dos vinhos
espumantes, chegou a hora de fincarmos os pés no solo brasileiro. A proposta
pode parecer um disparate, para quem não está muito familiarizado com a
produção vinícola nacional. Afinal de contas, a gente cresceu ouvindo que no
Brasil só se fazia vinho de baixa qualidade, e que bons mesmos eram os vinhos
dos nossos vizinhos hermanos ou dos países europeus. Não é isso?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não, não é isso. A produção de vinhos finos no Brasil tem
melhorado dramaticamente de qualidade nas últimas décadas, o que reflete os
investimentos no setor e a pesquisa dos melhores <i>terroirs</i> e das variedades de uvas mais adequadas aos nossos solos e
climas. Hoje temos regiões que produzem bons vinhos, alguns dos quais têm
obtido projeção internacional. E se há uma coisa na qual os especialistas em
geral concordam, é que a produção de espumantes de alta qualidade é uma das
maiores (senão a maior) vocação do <i>terroir</i>
brasileiro. Portanto, se você tinha preconceito contra os vinhos nacionais,
reveja seus conceitos, passe no empório mais próximo, compre uma garrafa de um
espumante nacional e abra para seguir acompanhando esta matéria! Um brinde!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>A Serra Gaúcha<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidm5a4kX_7MdBQ8f4H_IcWTsnljIWYsAlaIaVCb4UuLv5FzrSnvasa6Ra9GgcfaAeyqVsJOvisIWF_3kZUioJlp2h2bhL_acALaZX3w2O_1Zl51WvfoA2Yu0TYrtjzjrTe7C3TU2gvRd4/s1600/Imigrantes+italianos+em+Bento+Gon%C3%A7alves.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEidm5a4kX_7MdBQ8f4H_IcWTsnljIWYsAlaIaVCb4UuLv5FzrSnvasa6Ra9GgcfaAeyqVsJOvisIWF_3kZUioJlp2h2bhL_acALaZX3w2O_1Zl51WvfoA2Yu0TYrtjzjrTe7C3TU2gvRd4/s1600/Imigrantes+italianos+em+Bento+Gon%C3%A7alves.jpg" height="208" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Imigrantes italianos com
suas vinhas em Bento Gonçalves.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.bentogoncalves.rs.gov.br/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O estado que mais se destaca na produção de vinhos no Brasil
é hoje o Rio Grande do Sul. Ele se localiza em uma região bastante próxima da
faixa de latitudes consideradas ideais para a viticultura (entre os paralelos
30º e 50º) e tem condições climáticas adequadas para o cultivo de uvas.
Ademais, é uma região de povoamento marcado pela chegada de imigrantes alemães
e principalmente italianos, que trouxeram consigo o hábito de produzir e beber
o vinho. Pronto: estavam dadas as condições para que a vinicultura se
desenvolvesse na região. Os alemães introduziram as primeiras mudas da
variedade Isabel na região – videira forte e vigorosa, mas que resulta em
vinhos de qualidade inferior –, e os italianos expandiram a produção nas duas
últimas décadas do século XIX. Com o tempo, no século XX, a região foi migrando
para variedades aptas a produzir vinhos de melhor qualidade.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0HUfJekeY4uCLLdsPioRCjygZ9ueE0oWMSY943jX1POot7tQyNAW0Ggl5I8UowwpzSTmpz3x7CX2ob4n0viJn3DkHl_3c6Zv-a6JKENT4KHYvFMXDHXSKvpFyxP3-TRfugDyhKky-hd8/s1600/Rio+Grande+do+Sul.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0HUfJekeY4uCLLdsPioRCjygZ9ueE0oWMSY943jX1POot7tQyNAW0Ggl5I8UowwpzSTmpz3x7CX2ob4n0viJn3DkHl_3c6Zv-a6JKENT4KHYvFMXDHXSKvpFyxP3-TRfugDyhKky-hd8/s1600/Rio+Grande+do+Sul.jpg" height="259" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">As principais regiões
produtoras de vinho do Rio Grande </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">do </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Sul. </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Os espumantes se concentram na Serra
Gaúcha.</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.academiadovinho.com.br/<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O Rio Grande do Sul apresenta quatro sub-regiões produtoras
de vinho: a Campanha Gaúcha, a Serra do Sudeste, a Serra Gaúcha e os Campos de
Cima da Serra. A mais antiga – e mais adequada à produção de espumante – é a
Serra Gaúcha. Por muitos anos, os vinicultores se debateram contra as
intempéries da serra tentando produzir vinhos de variedades tintas. Contudo, o
clima da região tem algumas particularidades que dificultam a tarefa: trata-se de
uma região chuvosa e úmida. Para piorar, as chuvas ocorrem tradicionalmente no
verão, no período que antecede imediatamente a colheita das uvas (que ocorre
entre janeiro e março). Isso faz com que não ocorra a plena maturação e a
concentração de açúcares nas uvas, resultando em vinhos de alta acidez. Clima
inadequado para a plena maturação das uvas, vinhos ácidos em excesso. Você,
leitor que está acompanhando esta matéria desde o começo, lembrou de alguma
coisa? Pois é: o clima da Serra Gaúcha tem várias semelhanças com o da região
de Champagne. Semelhanças no clima, semelhanças nos vinhos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não tardou para que os produtores radicados na Serra Gaúcha
percebessem o enorme potencial da região para a produção de vinhos espumantes
de alta qualidade. A renomada casa francesa Möet & Chandon, produtora da
região de Champagne, escolheu a região para estabelecer uma subsidiária (a
marca possui quatro subsidiárias ao redor do mundo: na Austrália, nos EUA, na
Argentina e no Brasil), fixando-se na região de Garibaldi em 1973. Um dos
técnicos contratados pela Chandon Brasil foi o chileno Mario Geisse, que em
1979 deixou a gigante para fundar sua própria vinícola, pesquisando
minuciosamente o que ele acreditou que seria a localidade ideal para a produção
de espumantes de alto padrão. Geisse se estabeleceu em Bento Gonçalves,
município vizinho de Garibaldi. Daí em diante, os espumantes da região só
ganharam cada vez maior notoriedade. O vale localizado entre os dois municípios
passou a ser conhecido como Vale dos Vinhedos. Em 2001, depois dos esforços
conjuntos dos produtores da região e de muita pesquisa, o Vale dos Vinhedos
conseguiu obter a Indicação de Procedência Vale dos Vinhedos, primeiro passo
para que a região tenha, futuramente, uma DOC (denominação de origem
controlada). Para o público cervejeiro, uma denominação de origem controlada pode
parecer uma besteira, mas não é (e faz todo sentido no mundo dos vinhos): ela
implica o estabelecimento de um perfil de produtos mais adequados ao clima da
região e um órgão regulador capaz de monitorar o padrão de qualidade dos vinhos
elaborados naquele <i>terroir</i>. Uma DOC
Vale dos Vinhedos, hoje já em implantação, certamente vai contribuir para
impulsionar a fama dos vinhos nacionais no país e no exterior.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Três espumantes do Vale dos Vinhedos<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É dessa pequena região localizada entre os municípios de
Bento Gonçalves e Garibaldi que vêm os três espumantes sobre os quais quero
falar aqui. Trata-se de produtos renomados, consistentemente bem avaliados
pelos especialistas: qualquer um dos três, portanto, configura não apenas uma
boa opção para conhecer o Vale dos Vinhedos, como também uma ótima escolha no
vasto universo dos vinhos espumante para quem pretende conhecer um pouco desse
tipo de vinho. São espumantes de um patamar de preços intermediário, entre os
R$ 60 e os R$ 80 – não estão nem na faixa inferior de preços, e nem são os
produtos mais caros e exclusivos de seus respectivos produtores. Além disso,
são substancialmente mais baratos que espumantes importados do mesmo patamar de
qualidade. Acredito que se situem em uma faixa de preços relativamente confortável
para o público cervejeiro, acostumado eventualmente a gastar até R$ 50 numa
long neck em uma ocasião especial.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O primeiro espumante é, sem dúvida, o mais conhecido do público.
Carro-chefe da <a href="http://www.chandon.com.br/" target="_blank">Chandon Brasil</a> (subsidiária da famosa produtora da Champagnes
Möet & Chandon), o <b>Chandon Réserve Brut</b>
é elaborado a partir da <i>assemblage</i> de
vinhos de base das variedades Chardonnay, Pinot Noir e Riesling Itálico. As
duas primeiras são castas de uvas tradicionais da região de Champagne; a
terceira, uma variedade que tem se adaptado bem ao clima do RS. O Chandon Brut
é elaborado pelo método Charmat – uma inusitada escolha para uma empresa de
Champagne, berço do método <i>champenoise</i>
ou tradicional. A vinícola tem como filosofia privilegiar a qualidade dos
vinhos de base, e não enfocar a refermentação e as características de autólise,
de modo que o método Charmat lhe permite obter a melhor expressão das uvas, e
não necessariamente do processo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi61qQtoJnKhcl0GBgWqsX9rZ_6WHfPKcfAewJuQZe2pW_Nibk5wDc-sMwKLBBbevZR59pD12SjP3HJ_76Sm2aeol560v-ilnuuFvmBHhFx9Dpp2aFVLF2uTX6r-tlsW0e-aoQPXIJGkz4/s1600/Chandon+R%C3%A9serve+Brut.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi61qQtoJnKhcl0GBgWqsX9rZ_6WHfPKcfAewJuQZe2pW_Nibk5wDc-sMwKLBBbevZR59pD12SjP3HJ_76Sm2aeol560v-ilnuuFvmBHhFx9Dpp2aFVLF2uTX6r-tlsW0e-aoQPXIJGkz4/s1600/Chandon+R%C3%A9serve+Brut.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://moda.atarde.uol.com.br/?p=8240"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">moda.atarde.uol.com.br</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O <b>Chandon Réserve
Brut</b> apresenta coloração dourada clara, talvez a mais intensa dos três
vinhos analisados aqui, perlage fino e espuma de pouca persistência. O aroma é
direto, limpo e convidativo, não reservando muitas surpresas. Em primeiro plano
encontra-se o frescor das frutas cítricas, como limões e abacaxis (estes,
típicos da Chardonnay), tornando-o um espumante bastante frutado e alegre, o que
condiz com o método Charmat. Ao fundo, as leveduras imprimem um discreto aroma
de frutos secos, com destaque para nozes. Na boca é possivelmente o mais
amigável dos três, apresentando uma doçura na entrada (sem exageros),
desenvolvendo depois uma acidez precisa, comportada, e conduzindo a um final
medianamente seco. O corpo é mediano, com textura levemente cremosa, muito
agradável. Trata-se de um espumante na medida para agradar a todos: limpo,
fresco, amigável, refrescante e muito agradável de se beber. Tem potencial para
agradar um público mais amplo, principalmente por ser menos seco que os demais.
Contudo, para mim, ele tem pouco destaque aromático e pouca personalidade. É
tudo o que se espera de um espumante correto, mas pouco além disso. Tem excelente
distribuição e pode ser encontrado facilmente na faixa dos R$ 60-70 pela
garrafa grande, ou na faixa dos R$ 20-25 pela garrafinha de 187 ml, para quem
quiser apenas provar ou beber uma solitária tacinha.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O segundo espumante do qual falaremos aqui vem de um dos
mais bem cotados produtores de espumantes do Brasil: a <a href="http://www.cavegeisse.com.br/" target="_blank">vinícola Geisse</a>. A
vinícola foi formada por Mario Geisse depois que ele se desligou da Chandon do
Brasil, e reflete sua busca pelo terroir perfeito para a produção de espumantes
no Vale dos Vinhedos. Todos os espumantes do produtor são feitos pelo método
tradicional, com tempo mínimo de maturação em garrafa de 24 meses, e a vinícola
planta apenas uvas das variedades Chardonnay e Pinot Noir. São produtos feitos
com esmero, dedicação e cuidado, visando à máxima expressão do <i>terroir</i> do Vale dos Vinhedos. Os
críticos internacionais já indicaram que os vinhos da vinícola Geisse estão em
seu radar e provavelmente seriam os primeiros a serem pontuados no Brasil.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG_5mR_ucYhlMiA1xi-xeUQRKMZqpACVQIc2Ikw6MDheSpWiuCfV3W8pLDcSHgUxdqKmrtEZbWpPqUj26Z_N41uknPmp-4206YdxMp7r7XdadCtKSAo3nVUFIGK_tVgLGVmdl8ZjWEnKY/s1600/Cave+Geisse+Brut.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG_5mR_ucYhlMiA1xi-xeUQRKMZqpACVQIc2Ikw6MDheSpWiuCfV3W8pLDcSHgUxdqKmrtEZbWpPqUj26Z_N41uknPmp-4206YdxMp7r7XdadCtKSAo3nVUFIGK_tVgLGVmdl8ZjWEnKY/s1600/Cave+Geisse+Brut.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.vinicolageisse.com.br/<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O <b>Cave Geisse Brut</b>,
elaborado com 70% de Chardonnay e 30% de Pinot Noir e com pelo menos 24 meses de
maturação, é o carro-chefe da vinícola. Na safra de 2011, apresentou coloração
muito clara (a mais clara dos três), amarela com uma nuance
esverdeada-acinzentada, com abundância de bolhas bem pequenas e creme
persistente. O aroma é elegante e equilibrado, desenvolvendo-se em camadas.
Rosas, panificação, massa podre e nozes pecã denunciam o longo tempo de
maturação e encontram-se bem equilibrados pelo frescor frutado do limão, um
toque de laranja, um acento de mofo e um final lembrando maçã, que poderia ser
mais delicado. O conjunto lembra uma torta de limão. Não é inteiramente seco,
mas a doçura é muito breve na boca (são 8 g de açúcar por litro, quase no
limite inferior do estilo Brut), seguida por uma elegante acidez predominante e
finalizando com um toque de amargor. O corpo é leve e a textura é provavelmente
seu ponto mais forte, “desmanchando” em bolhas na boca. Espumante vivaz,
bem-resolvido e agradável sem excessos, muito equilibrado, possivelmente o mais
austero dos três. É o mais difícil de ser encontrado dentre os três aqui
apresentados (procure online ou em empórios especializados), situando-se na faixa
dos R$ 70.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O último é um dos rótulos mais caprichados de uma das
maiores vinícolas do Vale dos Vinhedos: a <a href="http://casavalduga.com.br/Home.php" target="_blank">Casa Valduga</a>, situada em Bento
Gonçalves. A Casa Valduga tem desenvolvido uma linha de espumantes de alta
qualidade, feitos pelo método tradicional, com preços bastante competitivos e
convidativos, que vai desde os mais simples, com 12 meses de maturação, até o
exclusivo Maria Valduga. O grupo Valduga ainda é detentor da marca Domno do
Brasil, localizada em Garibaldi, que apresenta uma linha feita pelo método
Charmat, mais barata mas ainda com boa qualidade, intitulada .Nero.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLoQzpOUvczZsQUpzL-Xwr-qKlJMi4XmEQQiKH2dlcr5-YSDhm5kDbfBzw5EoQv-Y6u4bazOZ8vdD440IJjROVNErcWWqkFIAf5iSn-p4cnUBBDKdJtjXI7gAnI4WbgtGrLIvA5AAl_7E/s1600/Casa+Valduga+130+Brut.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLoQzpOUvczZsQUpzL-Xwr-qKlJMi4XmEQQiKH2dlcr5-YSDhm5kDbfBzw5EoQv-Y6u4bazOZ8vdD440IJjROVNErcWWqkFIAf5iSn-p4cnUBBDKdJtjXI7gAnI4WbgtGrLIvA5AAl_7E/s1600/Casa+Valduga+130+Brut.jpg" height="320" width="288" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.vinhoparatodos.com/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O <b>Casa Valduga 130
Brut</b> é talvez o maior ícone da vinícola. Feito com as uvas Chardonnay e
Pinot Noir, ele passa por um período espantosamente longo de maturação sobre
leveduras, que pode se estender entre 48 e 60 meses (4 a 5 anos!), ampliando as
características associadas à autólise e ao método tradicional. Sua coloração é
amarela-clara, com tons esverdeados, formação de lágrimas (o que nem sempre é
peceptível em espumantes, mas ocorre neste com teor alcoólico elevado de 13%
ABV) e um perlage bem fino, ainda que disperso, encimado por creme persistente.
O aroma é pujante e intenso, testemunhando toda a profundidade do método
tradicional: em primeiro plano, uma explosão de pão fresco, amêndoas e nozes
tostadas, panettone e brioches, que se sente ao abrir a garrafa, antes mesmo de
servir. Seguem-se abacaxis frescos (marca da uva Chardonnay), muitas raspas de
limão, sidra em compota e frutas cristalizadas. Ao fundo, algum cacau torrado,
flores brancas e feno. Complexidade vertiginosa, dá vontade de ficar cheirando
sem parar. Muito correto e equilibrado na boca, com entrada levemente
adocicada, acidez moderada e correta (poderia até ser mais afiada para mim) e
final sutilmente amargo com retrogosto cítrico. Sensação muito leve e cremosa
na boca, desce muito fácil, como se você estivesse engolindo nuvens. O corpo é
mediano para intenso, com textura envolvente e cremosa. Excepcional espumante
nacional, com incrível complexidade aromática e sensação ao mesmo tempo
delicada e envolvente. Talvez seja meu preferido entre os três, sobretudo pelo
aroma. Pode ser encontrado na faixa dos R$ 80, sendo ligeiramente mais caro que
os dois anteriores.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Três espumante de alto nível, que vão te proporcionar a
oportunidade de conhecer o estilo e vão te convencer de que o Brasil tem, sim,
potencial para a produção de vinhos de alta qualidade. É tudo uma questão de
pesquisar a potencialidade de cada um dos nossos <i>terroirs</i> para cada variedade de uva, para cada estilo de
vinificação. Agora, não tem desculpa para não brindar sua próxima data
comemorativa ou sua próxima conquista prestigiando a nossa indústria vinicultora.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na próxima – e última – parte desta matéria sobre espumantes
nacionais, abordarei um pouco sobre os espumantes rosés, trazendo a degustação de
três rótulos nacionais de bom custo-benefício. Não perca!<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-19768937709109277272015-04-02T00:00:00.000-03:002015-04-02T00:00:06.671-03:00Espumantes brazucas - Parte II: Como se produz um vinho espumante?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com/2015/02/espumantes-brazucas-parte-i-vinho.html" target="_blank">primeira parte</a> desta matéria dedicada aos vinhos
espumantes nacionais (já vamos chegar neles!), discutimos brevemente o que
define um vinho espumante e como o estilo surgiu na região de Champagne, na
França, entre os séculos XVII e XVIII. É hora de falarmos sobre o processo de
fabricação do espumante, bem como discutir o que podemos esperar dele na taça. Há
dois métodos principais que são empregados na produção dos espumantes ao redor
do mundo todo: o método tradicional ou <i>champenoise</i>,
e o método Charmat ou italiano.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>O método tradicional ou “champenoise”<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVqRtJHrbzRaZ_Ol3iX-Jyr6fl-QRizRXAOCrgF7ZMd1hVNxDEwKRl3Mtrgtpser-9TkgcTO_w0sfac1HxaFE54VGFATChkJYLttKhZ-aYKNko0NdWDgaXLmzoma6CzFg8_7cuAa_GIMA/s1600/Eisenbahn+Lust.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVqRtJHrbzRaZ_Ol3iX-Jyr6fl-QRizRXAOCrgF7ZMd1hVNxDEwKRl3Mtrgtpser-9TkgcTO_w0sfac1HxaFE54VGFATChkJYLttKhZ-aYKNko0NdWDgaXLmzoma6CzFg8_7cuAa_GIMA/s1600/Eisenbahn+Lust.jpg" height="195" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Rótulo da Eisenbahn Lust,
com o equivocado termo </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“método champenoise” em destaque. A Deus até poderia, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">mas a Lust não.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><a href="http://www.case.agenciawow.com.br/case/eisenbahn/rotulos"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin; text-decoration: none; text-underline: none;">www.case.agenciawow.com.br</span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O método tradicional foi o que se desenvolveu primeiramente
em Champagne, sendo até hoje empregado na região. Há de se ter um pequeno
cuidado no emprego dos termos: quando usado na região de Champagne, esse
processo pode ser denominado “método <i>champenoise</i>”;
contudo, quando o mesmo método é empregado em qualquer outra parte do mundo,
deve ser chamado de “método tradicional” ou "método clássico", o que reflete o fato de que Champagne
e seus termos associados são denominações de origem protegida. Então, você,
apreciador de cervejas, quando escuta que a uma bière brut como a Eisenbahn
Lust foi produzida pelo “método <i>champenoise</i>”,
fique sabendo que se trata de um uso abusivo do termo. Para falar a verdade, a
única bière brut que poderia ser legitimamente descrita como produzida pelo
“método <i>champenoise</i>” seria a belga
Deus, porque ela passa por todo o processo em Reims, na região de Champagne.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O método tradicional reflete a história do desenvolvimento
dos vinhos espumantes em Champagne. O espumante feito pelo método tradicional
quase sempre é um blend entre vários vinhos, de diferentes variedades e/ou diferentes
safras. O produtor produz uma série de vinhos de base a partir das uvas que ele
selecionou e os submete à fermentação primária, separadamente. A maioria dos
produtores fermenta e matura esses vinhos em tanques de aço inoxidável, para
melhor preservar o frescor do vinho e os chamados “aromas primários”, ou seja,
aqueles que vêm da uva. Outros, porém, empregam barris de carvalho em parte ou
na totalidade da maturação, normalmente tomando o cuidado de só usar barris
reutilizados, de segundo, terceiro ou quarto uso, para que os aromas, taninos e
sabores da madeira não atropelem a elegância e a sutileza do vinho. Parte
desses vinhos será usada jovem, no ano da colheita, para a produção do
espumante. A outra parte (pelo menos 20%, segundo a lei francesa) deverá ser
guardada para ser usada em anos posteriores. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyZhMAQjUY0_XTpbHimWWiLIsifj-G0X7Vn1pE1rjoaCunO8hkX73vLIiZe75KxXfKYyT7NjPpdeSQNEA_xxaxt4FOkYjejx9ZYK31sW8Gc5fI4Y-_PJHilnSsOu9Rgj3LsF1dL1nDEYY/s1600/Assemblage.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjyZhMAQjUY0_XTpbHimWWiLIsifj-G0X7Vn1pE1rjoaCunO8hkX73vLIiZe75KxXfKYyT7NjPpdeSQNEA_xxaxt4FOkYjejx9ZYK31sW8Gc5fI4Y-_PJHilnSsOu9Rgj3LsF1dL1nDEYY/s1600/Assemblage.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<i><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Assemblage</span></i><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"> no produtor Marc Chauvet. Dúzias de </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">vinhos de base e muita experiência e </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">intuição para fazer o blend mais
promissor.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.champagne-marc-chauvet.com/savoir-faire/assemblage.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.champagne-marc-chauvet.com</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na sequência, o produtor realiza a <i>assemblage</i>, isto é, seleciona os vinhos para compor um determinado
espumante e os mistura numa proporção adequada para o efeito que ele deseja
obter. Na composição de um único espumante, podem entrar dúzias de diferentes
vinhos, de até 10 safras diferentes. Uma safra excepcional pode render a
oportunidade de produzir um espumante safrado, um produto mais bem cuidado,
feito totalmente a partir de vinhos de uma mesma colheita considerada de alta
qualidade, mas isso é uma exceção. O produtor escolhe os vinhos de base não
pelo que eles são no momento da <i>assemblage</i>,
mas pelo potencial que cada vinho tem de se desenvolver durante as etapas
posteriores do processo. Na verdade, os vinhos de base normalmente são ácidos
em excesso e pouco alcoólicos, muito pouco agradáveis em si mesmos. É preciso
ver neles o potencial para algo melhor. Uma enorme experiência e uma dose de
intuição são necessárias para escolher as proporções da <i>assemblage</i>. A <i>assemblage</i>
é importante não apenas para garantir a padronização do espumante de ano em
ano, mas também porque o clima de Champagne não é confiável o bastante, de modo
que é preciso misturar safras para compensar os problemas advindos de uma má
colheita.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Feita a <i>assemblage</i>,
o blend é engarrafado com adição de um pouco de açúcar e leveduras. Na
sequência, começa uma nova fermentação na garrafa, que irá elevar o teor
alcoólico do vinho e produzir gás carbônico, fazendo com que o vinho fique
espumante. Trata-se da fase conhecida como <i>prise
de mousse</i> (ou “obtenção de espuma”). A garrafa é então deixada em repouso
por um tempo de maturação de duração variável. Na região de Champagne, o tempo
mínimo estabelecido por lei é de 15 meses. Em outras regiões, esse tempo varia
desde 6 meses até vários anos. A longa maturação é crucial para a qualidade do
vinho. Isso porque, durante esse tempo, as leveduras irão fermentar os açúcares
disponíveis e, acabados estes, irão se autoconsumir num processo conhecido como
autólise. A autólise é o pulo do gato de um espumante de alta qualidade: é
quando as leveduras produzem uma série de compostos aromáticos que aumentam a
complexidade do vinho e liberam proteínas que melhoram o corpo e a textura do
espumante. Via de regra, quanto maior o tempo de maturação e autólise, melhor a
qualidade do espumante. Antes de 9 meses, a autólise sequer se faz notar no produto final.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfl5qRqEP5b07tLgrXrbl-Z15pGWFlkWM8LbjdIng9tDaaIUe4acS7RjQf0q_ifwmTBvjXSr8-8dUN6B0EgbmuKwUrYUr5t5rpGdNbrHlQxIPhRxfZSxYE13KMr1CXYtTQVYhAwSl6CTg/s1600/Gyropalettes.JPG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfl5qRqEP5b07tLgrXrbl-Z15pGWFlkWM8LbjdIng9tDaaIUe4acS7RjQf0q_ifwmTBvjXSr8-8dUN6B0EgbmuKwUrYUr5t5rpGdNbrHlQxIPhRxfZSxYE13KMr1CXYtTQVYhAwSl6CTg/s1600/Gyropalettes.JPG" height="179" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Gyropalettes em ação. É,
tira um pouco daquela </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">aura artesanal do Champagne.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Gyropalette_03346.JPG"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">commons.wikimedia.org</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Depois da autólise, é feita a finalização: as garrafas são
colocadas de ponta-cabeça em suportes de madeira conhecidos como pupitres, e
são viradas manualmente para que as leveduras se depositem no gargalo – o
processo é conhecido como <i>rémuage</i>.
Alternativamente, são usadas máquinas conhecidas como gyropalettes, enormes
gaiolas de aço que fazem o mesmo processo de forma automatizada. Na sequência,
é feito o <i>dégorgement</i>: o gargalo com
a borra é imerso em uma solução frigorífica e a parte com o depósito das
leveduras fica congelada. A garrafa é então aberta e a imensa pressão interna
expulsa o fermento congelado, como uma rolha. O volume da garrafa é então
completado com o chamado <i>liqueur
d’expedition</i>, uma combinação do vinho primário com um pouco de açúcar para
equilibrar a acidez do produto. A quantidade de açúcar usada nessa etapa irá
determinar o estilo do espumante: um “Brut”, o tipo mais comum, recebe entre 6
e 15 gramas de açúcar por litro. Já um “Demi-sec”, meio-seco, recebe 33 a 50
gramas por litro. Um espumante que não recebe açúcar, ou que recebe menos que 6
gramas por litro, é chamado de “Brut nature” ou “Extra brut”. Do mais seco para
o mais doce, temos a seguinte escala de denominações: Brut nature, Brut, Extra
dry, Sec, Demi-sec e Doux.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>O método Charmat ou italiano<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O método tradicional, como se pode perceber, é um processo
lento e trabalhoso, e implica pequenos volumes de produção e grande emprego de
mão-de-obra, o que naturalmente resulta em um produto mais caro. Como
alternativa, o italiano Federico Martinotti, no início do século XX,
desenvolveu um método industrial que permitia produzir espumantes de forma mais
rápida e barata, mimetizando todas as etapas do método tradicional em grande
escala. O equipamento necessário foi desenvolvido e patenteado pelo engenheiro
francês Eugene Charmat em 1910 – o que explica por que o método “italiano” tem
um nome francês. O método Charmat ou italiano foi amplamante adotado pelos
produtores italianos, mas também se disseminou para outras regiões do mundo e
hoje está presente em praticamente todos os países que produzem espumantes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As primeiras etapas são idênticas ao procedimento
tradicional. Primeiramente, elaboram-se um ou vários vinhos que servirão de
base para a refermentação. Espumantes mais simples produzidos pelo método
Charmat muitas vezes utilizam um único vinho-base (dispensando a <i>assemblage</i>), embora os blends sejam mais
frequentes. O uso de barris de madeira na fermentação e maturação primária é
ainda mais raro do que no método tradicional, visto que o produtor normalmente
visa acentuar o frescor que o método Charmat permite enfatizar, em relação ao
método tradicional, e que a madeira poderia ofuscar. É feita a <i>assemblage </i>dos vinhos-base, com a
diferença de que é muito mais frequente que se empreguem vinhos de uma única
safra. Isso se explica por dois fatores principais: em primeiro lugar, o clima
da Itália (região de referência para o método Charmat) possibilita a plena
maturação das uvas, evitando que seja necessário blendar vinhos de vários anos
para obter uma padronização eficiente. Em segundo lugar, os espumantes
produzidos pelo método italiano enfatizam o frescor, de modo que as safras mais
recentes oferecem melhores condições para se obter o efeito desejado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixDKRwjft1Plj7N-nto8GlT-hBtMkLvEv-zJT_GSvunLvCWaSYD_uMbwzmiyZ-B1XFwSKTKoUfd4ULelXE9xP6v7c0haOL2IvcDY170IJwIITqj4IBSkFunJVUf1MgV6KH7OvJWLrUU4U/s1600/Autoclave+Charmat.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEixDKRwjft1Plj7N-nto8GlT-hBtMkLvEv-zJT_GSvunLvCWaSYD_uMbwzmiyZ-B1XFwSKTKoUfd4ULelXE9xP6v7c0haOL2IvcDY170IJwIITqj4IBSkFunJVUf1MgV6KH7OvJWLrUU4U/s1600/Autoclave+Charmat.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Autoclave de
refermentação para o </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">método </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Charmat. Existem modelos </span><i style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">bem</i><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;"> maiores.</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://alemdovinho.com/2013/10/04/saiba-como-de-elabora-o-espumante-pelo-metodo-charmat/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">alemdovinho.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Feito o corte dos vinhos de base, o blend é posto em enormes
tanques de aço inoxidável selados hermeticamente – autoclaves – com adição de
leveduras e de uma quantidade determinada de açúcar, que varia para cada
produtor e para cada rótulo. A temperatura é controlada de acordo com a rapidez
com que o produtor deseja que a refermentação ocorra. O processo normalmente
dura entre 30 dias e 6 meses, muito mais rápido do que o tempo mínimo de 15
meses do método <i>champenoise</i>. A
refermentação ocorre no interior do tanque, sendo que uma hélice é responsável
por misturar constantemente as leveduras com o vinho para evitar que elas se
depositem e, assim, acelerar o processo. O gás carbônico produzido pela
refermentação é retido no interior do tanque e se dissolve no vinho, gerando a
carbonatação natural. O vinho é então filtrado para remoção das leveduras
inativas e engarrafado sob pressão. Não há adição artificial ou posterior de
gás carbônico. Pode haver adição de mais açúcar, dependendo do perfil desejado
pelo produtor e da quantidade de açúcar que havia sido adicionada antes da
refermentação.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não é difícil perceber que o método Charmat é muito mais
barato do que o tradicional – como resultado, os espumantes resultantes
costumam também estar situados numa faixa de preços sensivelmente menor. Isso
não significa, contudo, que um espumante elaborado pelo método tradicional vá ser
necessariamente melhor do que um feito pelo método Charmat. Se a refermentação
se prolongar por tempo suficiente, o método Charmat também propicia o
surgimento das características associadas à refermentação e às leveduras (já
falaremos sobre elas), embora numa intensidade normalmente inferior. Mas uma
coisa é certa: de forma geral, um espumante produzido pelo método tradicional,
se a maturação se estender por tempo o suficiente, tenderá a ter um aroma mais
complexo e maduro, além de uma textura mais macia, rica e “carnuda”. Um
espumante produzido pelo método Charmat, por outro lado, tenderá a ter mais
frescor e preservar melhor os aromas primários da uva, resultando em vinhos
mais frescos e frutados. Tudo depende do que o produtor deseja obter. É
preferível ter um espumante elaborado com cuidado pelo método Charmat do que um
espumante feito às pressas, sem tanto capricho, pelo método tradicional.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>O perfil sensorial<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O que podemos esperar de um vinho espumante na taça? É
difícil generalizar, devido à grande disparidade de técnicas e de variedades de
uvas que podem entrar na composição de diferentes espumantes. Um Asti, feito
pelo método Charmat, com baixo teor alcoólico e empregando a uva Moscato, será
radicalmente diferente de um Champagne Brut Nature, feito pelo método
champenoise, usando uvas Chardonnay, Pinot Noir e Pinot Meunier. Como vimos, em
grande medida, um vinho espumante nada mais é do que um vinho que foi
refermentado para gerar carbonatação. Desse modo, espumantes podem diferir uns
dos outros da mesma forma como os vinhos, em geral, diferem entre si.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5d5Sp7ij4frR_xtOEmmzYojDv98cReHEWO2sQqpOP9ZpRlCojAQLGePgoZdw2sE3pQgyFuD8W5iBA5UhF2h_ZkUjDcqRZT-F_Z-5Bz21orfR0mR6FEV290csa4V44gcGINHDUVFBb9vg/s1600/Perlage.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5d5Sp7ij4frR_xtOEmmzYojDv98cReHEWO2sQqpOP9ZpRlCojAQLGePgoZdw2sE3pQgyFuD8W5iBA5UhF2h_ZkUjDcqRZT-F_Z-5Bz21orfR0mR6FEV290csa4V44gcGINHDUVFBb9vg/s1600/Perlage.jpg" height="320" width="217" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O <i>perlage</i> (“fio de pérolas”) é o fluxo </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">de bolhas subindo à
superfície. </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Preferencialmente, as bolhas devem </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">ser pequenas e delicadas.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://blog.tribunadonorte.com.br/vinodivinovino/64449"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">blog.tribunadonorte.com.br</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
OK, pondo de lado toda essa diversidade, existem algumas
características comuns. Em primeiro lugar, e muito obviamente, a carbonatação.
Todo vinho espumante tem uma intensa sensação frisante advinda da carbonatação
natural. Em alguns vinhos, ela pode ser sentida de forma tão intensa na língua
que é chamada de “agulha”. A carbonatação tende a ressaltar a acidez do vinho,
de modo que é comum que os vinhos espumantes também sejam bastante ácidos –
ainda mais que os tintos e que a maior parte dos brancos. Essa combinação entre
a acidez e a “agulhada” da carbonatação deve ser elegante e refrescante na
boca, e não deve agredir o paladar. Dependendo do estilo (em especial nos
meio-doces ou nos Moscatéis), existirá alguma doçura para equilibrar a acidez,
muito embora a maior parte dos estilos tenda a optar por um perfil mais seco,
em que a acidez possa se destacar e brilhar sem ter de competir com o doce.
Algumas vezes (especialmente nos rosés), é possível sentir também um certo
amargor no fundo da língua – alguns o consideram um defeito, enquanto outros
(entre os quais me incluo) podem achar esse amargor refrescante e agradável. No
fim das contas, eu sou um bebedor de cervejas – estranho seria se eu fizesse
careta para uma pontinha de amargor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O corpo, em grande medida, acompanhará o grau de doçura do
vinho. Quanto mais doce, mais encorpado o vinho; quanto menos doce, mais seco e
leve será o corpo. Essa leveza, acompanhada da expressiva carbonatação, pode
gerar uma vívida sensação de crocância na boca, muito refrescante. Contudo, há
algumas variações importantes, em especial nos vinhos feitos pelo método
tradicional. Durante a autólise, as leveduras eliminam proteínas que afetam a
textura do líquido. Assim, um espumante com longo tempo de maturação pode ter
um corpo leve e seco, mas ao mesmo tempo deliciosamente rico, envolvente e
cremoso. Os taninos (responsáveis por aquela sensação adstringente de “amarrar
a boca”, que encontramos principalmente nos vinhos tintos) são raros nos
espumantes, já que as cascas das uvas (onde se localizam os taninos) costumam
não ser prensadas o bastante para liberar taninos – que iriam interferir na
delicadeza da bebida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E no nariz? Aí é que a coisa fica complicada. Para os vinhos
vale o mesmo que para cervejas: existem aromas primários, secundário e
terciários. Os primários derivam da matéria-prima, ou seja, das uvas empregadas
na fabricação do vinho. Em sua maioria, tendem a ser aromas de frutas e flores –
em alguns casos, também de especiarias e minerais. Como a maior parte dos
espumantes é branco, os aromas primários tendem a oscilar entre os de flores
brancas e frutas cítricas e de caroço (pêssegos, por exemplo). No caso dos
rosés, surgem ainda com frequência os aromas de frutas vermelhas. No caso dos
espumantes produzidos pelo método Charmat, os aromas primários serão
enfatizados, o que significa que esse método costuma resultar em espumantes
mais frutados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os aromas secundários advêm do processo de fermentação e
maturação do espumante. Aqui se localizam alguns dos elementos mais
característicos dos vinhos espumantes – aqueles produzidos pelas leveduras
durante o processo de refermentação. Esses aromas são descritos como notas de
panificação, pão doce, brioches, bolo, fermento, massa podre, tons tostados e
aromas de frutos secos oleaginosos, como nozes ou amêndoas tostadas. Um bom
espumante pode exalar os perfumes de uma confeitaria inteira. Esses aromas de
leveduras são a marca registrada dos grandes espumantes feitos pelo método
tradicional, mas podem estar presentes também, em menor intensidade, naqueles
produzidos pelo método Charmat, em especial os mais secos. Ocorre que esses
aromas demoram a se desenvolver no vinho, durante o processo de autólise das
leveduras, de modo que, quanto maior o tempo de maturação, mais intensos serão
esses aromas denominados “tostados” e de “panificação”. Além dos aromas de
leveduras, no caso de vinhos que sofreram passagem por barris de madeira (o que
tende a ser infrequente nos espumantes), aromas amanteigados e abaunilhados também
são comuns. Os aromas terciários, que advém do envelhecimento do vinho, são menos
comuns em espumantes, já que eles raramente são envelhecidos por muito tempo, à
exceção de alguns Champagnes e Franciacortas safrados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Cabe fazer um aparte aos meus colegas cervejeiros. Todos os
termos que usei para descrever os típicos aromas de leveduras associados aos
espumantes (especialmente aqueles elaborados pelo método tradicional) podem ser
empregados também na degustação de cervejas. Paradoxalmente, isso mais
atrapalha do que ajuda o apreciador de cervejas a identificar esses aromas nos
espumantes. Isso porque, apesar de os termos serem parecidos, os aromas podem
ser bastante distintos. Nas cervejas, aromas de panificação (pão branco, bolo,
brioches), de tostados (torradas, casca de pão) e de frutos secos oleaginosos
(castanhas, nozes) podem estar associados ao malte de cevada, sendo bastante
evidentes e intensos em alguns estilos cervejeiros. Nos espumantes, esses aromas
são mais delicados, quase etéreos, sem o “peso” e a densidade dos aromas de
malte. Portanto, quando estiver diante de um espumante feito pelo método
tradicional, não adianta procurar um aroma semelhante ao de uma ESB, uma brown
ale ou uma Münchner Helles. Afine seu nariz para tons mais delicados, lembrando
talvez os aromas da confeitaria fina, que deverão estar equilibrados com o
frescor floral e frutado das uvas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Acidez vibrante, carbonatação expressiva e apetitosos aromas
de leveduras – eis o tripé mais característico do perfil sensorial dos vinhos
espumantes. Contudo, como vimos, muita coisa depende do método de produção e do
perfil que o produtor deseja imprimir em seu vinho. Os espumantes feitos pelo
método Charmat tendem a ser mais joviais e frutados, descompromissados e
alegres. Aqueles feitos pelo método tradicional (em especial quando o tempo de
maturação é longo, igual ou superior a 18 meses), pelo contrário, enfatizam os
aromas de leveduras e a textura cremosa, ganhando complexidade aromática e mostrando-se
mais austeros.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas, afinal de contas, como são os espumantes <i>brasileiros</i> – já que é sobre isso que
queremos falar aqui? Já chegaremos lá! Na próxima parte desta nossa matéria,
falarei sobre três rótulos brasileiros clássicos, bastante conhecidos e bem
avaliados pelos especialistas. Não perca!<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-17904191264646932792015-03-15T00:00:00.000-03:002015-03-15T00:00:04.296-03:00Espumantes brazucas - Parte I: Vinho espumante, que bicho é esse?<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6ip5rWzDVIQ4mldPgAaVYrtAIRq1WBV00Fpt1ULGf4VOiTzs9slnH44A2mJylvLHv3HkKgVnQshZGIslsqqMgDzPu6F3KDGd5QPKE7InhIB3vdfvwx2t_IiXLjNqm4QddBL1zJ7WtzFY/s1600/Michel+Ange+-+Bacanal.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh6ip5rWzDVIQ4mldPgAaVYrtAIRq1WBV00Fpt1ULGf4VOiTzs9slnH44A2mJylvLHv3HkKgVnQshZGIslsqqMgDzPu6F3KDGd5QPKE7InhIB3vdfvwx2t_IiXLjNqm4QddBL1zJ7WtzFY/s1600/Michel+Ange+-+Bacanal.jpg" height="218" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Esse cara sabe dar uma
festa! <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<i><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Bacanal</span></i><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">, de Michel-Ange Houasse (1719)<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
http://www.lib-art.com/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tenho uma confissão a fazer aos meus leitores cervejeiros.
Andei pulando a cerca. Sim, eu fui infiel a Gambrinus e às hostes do malte de
cevada. À noite, quando ninguém via (OK, talvez eu tenha dado bandeira vez ou
outra), andei saindo de fininho para frequentar umas festinhas dadas pelo
colega Baco. A bebida e a comida estavam ótimas e eu cheguei à conclusão de que
as regras da monogamia definitivamente não se aplicam às bebidas alcoólicas.
Faço até apologia aberta e deslavada à infidelidade: meus amigos cervejeiros,
bebamos vinho de quando em quando!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Faz algum tempo que eu tenho degustado vinhos e estudado um
pouco sobre o nobre fermentado de uvas, e devo dizer que tem sido bastante
revigorante. Para o apreciador de cervejas, o vinho é familiar o suficiente
para que consigamos atingir o mesmo prazer da degustação que estamos
acostumados a ter com um bom copo de cerveja; ao mesmo tempo, ele é diferente o
bastante para que sejamos desafiados sensorialmente. É como estar perdido em
território desconhecido, mas sabendo que você tem uma bússola nas mãos. É
aquela sensação que todo professor sente quando entra pela primeira vez na sala
de aula de uma turma nova: ele está careca de dar aula e sabe de cor e salteado
o que fazer, mas não consegue evitar aquele leve frio na barriga. Todo
apreciador de cerveja um dia chega a um ponto de seu aprendizado em que ele já
não pode mais ser surpreendido com facilidade por um fermentado de cevada.
Nesses momentos, o vinho pode te dar de novo aquele pico de quando você ainda
tinha muito a aprender.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Decidi compartilhar um pouco dessa experiência com meus
leitores na esperança de motivá-los a buscar, talvez, uma experiência
semelhante. E resolvi começar por um dos meus tipos preferidos de vinho:
espumantes. Para restringir um pouco o vasto universo dos espumantes, falarei
sobre os brasileiros, especificamente, que são vinhos de ótimo custo-benefício
e uma excelente porta de entrada ao estilo. Todo mundo sabe o que é um
espumante e todo mundo já bebeu pelo menos uma tacinha no final do ano. Mas,
para muitos, ainda é aquele tipo de vinho que meio que “corre por fora”, que
você não leva realmente tão a sério quanto um tinto de responsa. Poucos vinhos
são bebidos com tanta frequência mesmo sendo tão mal compreendidos. Tá assim de
gente que nunca gastaria cem reais numa garrafa de vinho, mas se vê pagando R$
250 num Champagne sem nem entender direito o porquê. A verdade é que vinhos
espumantes podem ser tão encantadores, complexos e sofisticados quanto os
melhores tintos, e têm a capacidade de surpreender e hipnotizar com leveza e
sutileza. Mas, antes de continuarmos, convém limpar o terreno e esclarecer
alguns conceitos fundamentais. Afinal de contas, o que é um espumante?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><i>Champagne</i> ou espumante?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEmrTF5vLWKyyfF98sZ7dP-fRPYpUd5IC8zfPVFxv0e0N3kmIBTcWeV9GzEdI6yiXyP9qYw6PmIwX0tT0qq1WvEZIc10PH9RlRp6uayXUi6iosRC1aA_aQESKGQO2LhCXTDWkQkVX7fmc/s1600/Mapa+de+Champagne.gif" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEmrTF5vLWKyyfF98sZ7dP-fRPYpUd5IC8zfPVFxv0e0N3kmIBTcWeV9GzEdI6yiXyP9qYw6PmIwX0tT0qq1WvEZIc10PH9RlRp6uayXUi6iosRC1aA_aQESKGQO2LhCXTDWkQkVX7fmc/s1600/Mapa+de+Champagne.gif" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Taí: em amarelo, a região
de Champagne, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">na França. Se não veio daí, não é Champagne.<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.terroir-france.com/<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Muita gente faz confusão no uso dessas palavras. Pudera: o
mundo dos vinhos tem um monte de denominações diferentes, mais até do que o
universo cervejeiro. Alguns acham que Champagne
é sinônimo de espumante. Outros consideram, pelo contrário, que são duas
bebidas completamente diferentes, e que o espumante seria uma espécie de versão
de menor qualidade do Champagne. Não
é nenhuma das duas coisas. O vinho espumante é um termo mais amplo, usado para
designar qualquer vinho efervescente, ou seja, com carbonatação – feito com
qualquer tipo de uva, qualquer que seja sua coloração. Já Champagne<i> </i>é uma AOC, ou “appelation d’origine controlé”, ou seja,
uma denominação controlada que só pode ser ostentada pelo vinho que cumprir uma
série de determinações. Para ser chamado de Champagne, o vinho espumante
precisa ser produzido na região francesa de Champagne, no nordeste da França,
deve ser feito empregando o método tradicional de refermentação na garrafa
(sobre o qual falaremos mais adiante) e não pode empregar nenhuma outra casta
de uva além da branca Chardonnay e das tintas Pinot Noir e Pinot Meunier.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Champagne, então, é apenas um tipo de espumante. Mas existem
vários outros, inclusive outras denominações controladas para vinhos
espumantes. Na Itália, o Asti é um espumante meio-doce, feito com a uva
Moscato, de baixo teor alcoólico, tradicional da região de Asti. O Prosecco é
um vinho espumante feito com a uva homônima, e a denominação só pode ser
empregada no Vêneto, na Itália – em todos os outros lugares do mundo, a uva
Prosecco deve ser chamada de Glera, embora essa restrição seja recente e ainda
não tenha “pegado” muito bem. Ainda na Itália, o Franciacorta é produzido pelo
método tradicional na região de Brescia, na Lombardia, usando as uvas
Chardonnay, Pinot Blanc e Pinot Noir. Na Espanha, o Cava é um vinho espumante
produzido pelo método tradicional em oito regiões delimitadas (sobretudo na
Catalunha), empregando normalmente as uvas Macabeu, Parellada e Xarel-Lo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Todos os demais, produzidos fora das regiões controladas ou
que não atendam às exigências respectivas de cada região, devem ser chamados
simplesmente de espumantes. Hoje em dia, há espumantes produzidos em
praticamente todas as regiões produtoras de vinhos no mundo; contudo, poucas
são as que conseguiram estabelecer um padrão e uma identidade própria para
sustentar a criação de denominações de origem controlada. Em resumo: sim, o Champagne
é um vinho espumante, mas os dois termos não são sinônimos e nem
intercambiáveis. Toda maçã é uma fruta; mas nem toda fruta é uma maçã.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Uma breve história<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEl6jLDqWTDWHyyra3v_w50kwLTOZBXx00sajRfuzx2OIkJo_ErY2NxHH59oA9ksRdHyyDQYMBdSVp_A-decuowOgm__FHjAGIsBZMfjJZDLdr2FK5IUBuDrZuGHvAVcqPs3JvFEY5IiY/s1600/Garrafa+de+Champagne.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEl6jLDqWTDWHyyra3v_w50kwLTOZBXx00sajRfuzx2OIkJo_ErY2NxHH59oA9ksRdHyyDQYMBdSVp_A-decuowOgm__FHjAGIsBZMfjJZDLdr2FK5IUBuDrZuGHvAVcqPs3JvFEY5IiY/s1600/Garrafa+de+Champagne.jpg" height="214" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Há um motivo pelo qual
aprendemos a chamar </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">isso de “garrafa de Champagne”.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://en.wikipedia.org/wiki/Sparkling_wine_production"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">en.wikipedia.org</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O surgimento do vinho espumante pode ser considerado mais ou menos contemporâneo à adoção das garrafas na produção de vinhos, o que ocorreu por
volta do século XVII, quando se desenvolveu na Europa uma indústria de produção
de vidros. E essa história começou na região de Champagne, na França. Champagne
se localiza próxima ao paralelo 49º norte, para além do qual o cultivo das uvas
e a produção de vinhos de qualidade é muito difícil. Seu clima é frio e chuvoso,
com longos e rigorosos invernos que não favorecem a plena maturação das uvas e
nem a fermentação completa do mosto. Como resultado, no início da era moderna,
por volta do século XVI, Champagne produzia vinhos de qualidade inferior, de
baixo teor alcoólico e excessivamente ácidos, tanto que eram frequentemente
adoçados para mascarar a acidez. Para piorar, devido à fragilidade do clima
para a produção de uvas, algumas safras boas poderiam ser sucedidas por vinhos
extremamente desagradáveis nas safras subsequentes, impossibilitando a
padronização do produto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma das particularidades do vinho de Champagne era o fato de
que sua fermentação era interrompida durante o inverno. Como as uvas eram
colhidas no outono, época de sua maturação, o vinho começava a fermentar e logo
vinham as baixas temperaturas do inverno, que interrompiam a atividade das
leveduras e a fermentação. Na primavera, a temperatura voltava a subir e o
vinho voltava a fermentar, espumando vigorosamente nas cubas. Quando o vinho
passou a ser engarrafado, surgiu outra dificuldade: quando recomeçava a
fermentação na primavera, o gás carbônico era produzido no interior das
garrafas fechadas, o que aumentava a pressão do líquido e fazia com que boa
parte das garrafas simplesmente explodisse. Os produtores (com atuação
destacada do abade Pérignon) desenvolveram várias técnicas de envase e
maturação para impedir as explosões e a perda do vinho, mas, por mais que
tentassem, não conseguiam impedir que o vinho resultante ficasse cheio de borbulhas,
o que lhes parecia um defeito seríssimo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao longo do século XVII, porém, alguns produtores começaram
a buscar, deliberadamente, produzir vinhos borbulhantes, em parte para atender
ao mercado inglês, que começara a valorizar esse tipo de vinho. Estava feita a
transição: Champagne deixou de tentar imitar os vinhos tranquilos da Borgonha e
passou a produzir vinhos espumantes, que se tornaram uma especialidade local.
Com o tempo, os atributos distintivos do vinho espumante de Champagne começaram
a ser enfatizados pelos produtores. À época, o vinho era refermentado na
garrafa e comercializado com o depósito de leveduras no fundo (como ocorre
ainda hoje com as cervejas com refermentação na garrafa), mas isso tornava a
bebida turva e dificultava a visualização das bolhas. No século XIX, na casa
produtora da viúva (<i>veuve</i>, em
francês) Cliquot, foi desenvolvido um método para remover o fermento: a garrafa
era posta em pupitres, grandes suportes que permitiam colocar as garrafas progressivamente
de ponta-cabeça, propiciando o acúmulo de todo o fermento no gargalo. Esse
fermento era removido manualmente, deixando a bebida clara e límpida. Mais que
isso: com o aumento na qualidade dos vinhos, foi possível controlar melhor
aquilo que era um dos maiores defeitos do vinho de Champagne: sua alta acidez.
Com isso, tornou-se cada vez menos necessário adicionar açúcar para mascarar o
ácido, e começaram a surgir versões progressivamente mais secas da bebida,
muito mais elegantes e vibrantes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE1kpAPA1PTY8258G2RlDFoluMZQuWtw7-o-wNhv_0kA1RTrQoc6Urig43eA26-qG3FEzFioGNBa5YTwEp9zFs0pKUsr7od0-L6qpAoaxWQhdWtYBMPiC88n-mQIKETiV6IyY3IsnWAYw/s1600/Pupitres.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjE1kpAPA1PTY8258G2RlDFoluMZQuWtw7-o-wNhv_0kA1RTrQoc6Urig43eA26-qG3FEzFioGNBa5YTwEp9zFs0pKUsr7od0-L6qpAoaxWQhdWtYBMPiC88n-mQIKETiV6IyY3IsnWAYw/s1600/Pupitres.jpg" height="250" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Pupitres com garrafas maturando.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.finewineconcierge.com/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A história da vinicultura de Champagne é um testemunho
acerca de como é possível converter um defeito em uma qualidade ao acentuar e
valorizar as características distintivas do produto local. Por questões
climáticas, Champagne nunca faria vinhos tintos tranquilos tão bons quanto os
da Borgonha. Seus vinhos eram ácidos, fracos e borbulhantes. Como reação, os
produtores locais começaram a aperfeiçoar justamente essas características. A
acidez foi mais bem controlada e exibida com orgulho por meio da adição de
quantidades cada vez menores de açúcar. As técnicas da segunda fermentação na
garrafa permitiram atingir um teor alcoólico mais compatível com o de outros
vinhos, compensando a submaturação das uvas. E a remoção do fermento da garrafa
possibilitou que as borbulhas pudessem ser observadas em toda sua fascinante
beleza. Champagne conseguiu converter todos os seus defeitos em qualidades, e
com isso produziu um tipo de vinho que viria a ser copiado por diversas outras
regiões produtoras. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Champagne nos dá a prova de que nem sempre o melhor caminho
para aperfeiçoar algum trabalho ou produto (qualquer que seja ele) reside em
tentar copiar modelos estrangeiros, que quase nunca podem ser aplicados
perfeitamente em outros locais. O segredo do vinho de Champagne foi desenvolver,
da melhor forma possível, sua própria vocação e suas características
singulares. Eis uma lição para a nossa indústria cervejeira brasileira, que às
vezes parece mais preocupada em copiar impossíveis padrões e estilos
estrangeiros e não dá a devida atenção àquilo que nós podemos fazer de melhor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nas próximas partes desta matéria sobre vinhos espumantes
brasileiros, falaremos sobre as várias técnicas de produção do espumante e seu
perfil sensorial, para só depois falarmos sobre as versões brasileiras, que
serão o nosso foco aqui. Acompanhe!<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-58981535534414806952015-02-15T20:58:00.000-02:002015-02-15T20:58:51.733-02:00A explosão selvagem de 2014<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Depois de ler os votos publicados na <a href="https://osmelhoresde2014.wordpress.com/" target="_blank">enquete organizada pelo Roberto Fonseca sobre a cena cervejeira de 2014 no Brasil</a> (para quem não viu,
fica a indicação de leitura), consolidei minha impressão de que o ano que
passou foi um momento de intenso despertar do público brasileiro pelas cervejas
selvagens – as sour ales e seus subestilos, desde as arquiclássidas (e arquiclassudas)
lambics belgas até as descompromissadas e refrescantes Berliner Weisse.
Produtores, profissionais, especialistas e amantes inveterados de cerveja estão
definitivamente com os radares ligados para esse estilo cervejeiro, e há
previsões bastante concretas de que, em 2015, teremos pelo menos alguns
lançamentos de sour ales de cervejarias brasileiras. Quando escrevi aqui sobre
<a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2014_01_01_archive.html" target="_blank">cervejas selvagens produzidas no Brasil</a>, há pouco mais de um ano, o cenário era
um deserto desolador. Hoje, as coisas estão mudando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Desafios do azedume no Brasil<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Diante desse cenário de consolidação das sour ales no
Brasil, levanto algumas questões a respeito da possibilidade de que esses
estilos consigam ganhar mercado no Brasil nos próximos anos. A primeira delas
diz respeito à aceitação do público. Há um entusiasmo dos especialistas em
relação às sours, mas não sei até que ponto o público em geral está receptivo a
tanto azedume. Há alguns dias li uma <a href="http://www1.folha.uol.com.br/comida/2015/01/1578664-sour-beer-de-acidez-marcante-ganha-folego-no-brasil-com-lancamentos.shtml" target="_blank">reportagem da Folha de S. Paulo</a>, na qual
Alessandro Oliveira, cervejeiro da Way Beer, afirmou que parte dos consumidores
tem estranhado as sours lançadas pela cervejaria. Em suas palavras: “tem gente
que manda e-mail para nós dizendo que comprou cerveja estragada, azeda”. Há uma
monumental tarefa de educação do consumidor pela frente, se quisermos que as
sour ales desenvolvam potencial de mercado no Brasil ao ponto de se tornarem
algo mais do que lançamentos para um nicho minúsculo. Tenho a impressão de que
o público bebedor de vinhos (acostumado a valorizar bebidas ácidas) é um
mercado a se explorar. Na Europa, uma boa parte dos entusiastas tradicionais de
lambics e sour ales belgas vem da comunidade dos enófilos, e não dos bebedores
de cerveja. É algo a se pensar para o marketing das nossas cervejarias.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<iframe allowfullscreen='allowfullscreen' webkitallowfullscreen='webkitallowfullscreen' mozallowfullscreen='mozallowfullscreen' width='320' height='266' src='https://www.youtube.com/embed/D9gG74yMUec?feature=player_embedded' frameborder='0'></iframe></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A segunda questão (que está relacionado com a primeira) diz
respeito ao preço. Já cansei de dizer aqui: sour ales são estilos difíceis de
se fabricar, demandam uma boa dose de tentativa e erro, requerem longos tempos
de maturação e fermentação e geralmente necessitam de barris de madeira. Tudo
isso encarece o produto. Há cervejarias que repassarão integralmente os custos
ao consumidor, e aí é batata que as suas sours chegarão às prateleiras numa
faixa de preços incompatível com o mercado, ainda mais em um ano em que se
acena com a possibilidade de recessão e retração do consumo. A mineira Falke
comercializa desde 2011 uma sour ale com jabuticaba – a Falke Vivre Pour Vivre
–, mas ela chega ao mercado custando acima de R$ 200. Quem é que provou,
sinceramente? (<a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqazNEb2JLTnN0RWs/view?usp=sharing" target="_blank">eu já!</a>) Aqueles que já provaram, comprariam de novo? Duvido
muito. Se a receita se repetir, esses lançamentos podem ser um tiro no pé,
monumentais elefantes brancos nos empórios que certamente vão demandar muito
mais esforço para vender do que <a href="http://www.pascalkolkman.com/delirium/images/image1.jpg" target="_blank">o famoso elefantinho rosa belga</a> (desculpe, não
resisti). Outras cervejarias provavelmente encararão as despesas extras como um
investimento para a valorização da marca (o que, cá para mim, parece uma
estratégia de mercado mais consistente para quem tem condições), e tentarão
colocar suas sours no mercado com um preço apenas marginalmente superior ao de
seus rótulos mais elaborados e intensos. É esperar para ver, mas o fato é que,
a depender dos preços, vai ser ainda mais difícil que esses rótulos atinjam o
público médio. O Brasil já tem excelentes sours belgas clássicas a preços
acessíveis, e não sei se é inteligente cobrar muito mais por sour nacionais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda mais se essas cervejas nacionais estiverem muito
abaixo do nível das belgas clássicas que temos no Brasil. O que me leva à minha
terceira preocupação: qual será o padrão de qualidade dos nossos lançamentos de
sours nos próximos dois anos? Sabemos que há cervejarias que já estão se
preparando há algum tempo para o desafio e terão condições de oferecer produtos
maduros. Mas também haverá um monte de gente que vai decidir pegar o bonde
andando e irá lançar produtos sem expertise e sem o tempo de maturação
adequada. Ora, uma obra-prima belga como uma gueuze demora pelo menos 3 anos e
meio para ficar pronta. Se uma cervejaria brasileira quisesse lançar uma gueuze
em 2015 (pode esquecer, não tem a menor condição), deveria ter começado a
produzir talvez antes de 2012. Há estilos que ficam prontos mais rapidamente,
mas quase nunca com menos de 1 ano, exceto os mais simples (como Berliner
Weisse). Será que teremos lançamentos oportunistas com cervejas que ainda não
estarão totalmente maduras, mas que serão vendidas como se fossem produtos de
luxo? Ponho minha mão no fogo como teremos. E isso não será nada bom para a
imagem das sours nacionais diante do público. A conjunção dos três fatores pode
ser explosiva, a curto e médio prazo, num cenário de retração do consumo:
resistência dos consumidores, preços altos e concorrência com belgas melhores e
mais baratas. A coisa pode azedar.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQjoTvea36ebNgIBgg52Xc0ccGgw6lDJOmdSHN9XJfxRWJwFedj2_Jv4-nSK32vYRcMaQXUl3hAQLTemXEy8rNaAbdU96wX94YKztwV8jd1c5lGzH_u6z_T5bE2-k5LkG4q5gqsfOW7ak/s1600/Reclama%C3%A7%C3%A3o+ao+gar%C3%A7om.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgQjoTvea36ebNgIBgg52Xc0ccGgw6lDJOmdSHN9XJfxRWJwFedj2_Jv4-nSK32vYRcMaQXUl3hAQLTemXEy8rNaAbdU96wX94YKztwV8jd1c5lGzH_u6z_T5bE2-k5LkG4q5gqsfOW7ak/s1600/Reclama%C3%A7%C3%A3o+ao+gar%C3%A7om.png" height="275" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Pô, garçom, isso me
custou mais que uma </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Cantillon Grand Cru Bruocsella!”<o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: </span><a href="http://www.gutenberg.org/files/13563/13563-h/13563-h.htm"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin; text-decoration: none; text-underline: none;">www.gutenberg.org</span></a><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;"><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas nem tudo são previsões apocalípticas. Algumas
cervejarias nacionais têm dado sinais de que estão enfrentando com peito aberto
o desafio de produzir boas cervejas selvagens e lançá-las a preços razoáveis.
Na verdade, escrevo esta matéria para falar sobre elas e fazer um balanço das
sour ales lançadas no mercado nacionais em 2014. A partir daí, talvez seja
possível discutir tendências, possibilidades e horizontes para a selvageria no
Brasil. Abstenho-me de comentar as cervejas que ainda não foram lançadas
comercialmente, de modo que me focarei apenas no que realmente chegou às
prateleiras.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Mezzo selvaggio<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Começo com as “menos selvagens” das selvagens lançadas
comercialmente em 2014. Estou falando dos experimentos da cervejaria Tupiniquim
com leveduras do gênero <i>Brettanomyces</i>.
A estreante micro gaúcha se valeu da <i>expertise</i>
de seus parceiros estrangeiros (a dinamarquesa Evil Twin e a norteamericana
Stillwater) com cervejas com adição de <i>Brettanomyces</i>
para lançar no mercado dois interessantes lançamentos colaborativos. Ambos
foram fermentados integralmente com <i>Brettanomyces</i>,
desde a fermentação primária até a refermentação na garrafa. Nesse contexto, as
<i>Brettanomyces</i> se comportam de forma
semelhante às <i>Saccharomyces </i>tradicionais,
adicionando uma levíssima acidez acética e sutis aromas “exóticos” (um frescor
frutado diferente, talvez um acento animal leve). As <i>Brettanomyces</i> demoram mais ou menos 6 meses para começar a se
manifestar de forma mais clara (deixando a cerveja mais seca e com aroma animal
e frutado intenso), de modo que seria preciso esperar para que essas cervejas
manifestem um perfil claro de Bretta. Inclusive, <a href="http://embracethefunk.com/2014/12/11/brettanomyces/" target="_blank">há quem diga</a> que as leveduras
vendidas pelos maiores fornecedores para a produção desses estilos de “Brett
ales” na verdade são <i>Saccharomyces</i>.
Tudo isso para dizer que as selvagens da Tupiniquim têm um pezinho bem tímido
no lado da selvageria. O que já é suficiente no cenário que vivemos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKHZh30GoxHqGi5uZVy9QeDlYT70UaeG47lk6e4ffHareeCxlPmZJhj9lXUCcVzFme8w6f6r4nfWpiDivOh4bJv5p3tEYXrJsIsdZojASjvECPW37Cmsf05Y2nQVfeyGwK5-pU2N6IFXw/s1600/Tupiniquim+Saison+de+Caju.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKHZh30GoxHqGi5uZVy9QeDlYT70UaeG47lk6e4ffHareeCxlPmZJhj9lXUCcVzFme8w6f6r4nfWpiDivOh4bJv5p3tEYXrJsIsdZojASjvECPW37Cmsf05Y2nQVfeyGwK5-pU2N6IFXw/s1600/Tupiniquim+Saison+de+Caju.png" height="320" width="209" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><a href="http://www.ocontadordecervejas.com.br/tupiniquim-stillwater-saison-de-caju-41/"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin; text-decoration: none; text-underline: none;">www.ocontadordecervejas.com.br</span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O primeiro lançamento selvagem da marca foi a excelente <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqcmp6cXZtdkhtZDg/view?usp=sharing" target="_blank">Tupiniquim/Evil Twin Lost in Translation IPA Brett</a></b>. Já falei sobre essa cerveja <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2014/12/destaques-de-2014.html" target="_blank">aqui</a> antes, então não quero me
alongar, mas acho que foi o rótulo mais interessante que a cervejaria já lançou
até o momento, do meu ponto de vista. Tem a vantagem de ser uma IPA de boa
qualidade (o que já é um mérito por essas bandas), seca, com amargor limpo e
afiado e com bons aromas herbais (verbena) e frutados (manga, mamão, limão). As
Bretta contribuem com um suave toque exótico que remete a uvas verdes, couro de
sapateiro e borracha defumada. Ótima pedida. A segunda boa cerveja
“semisselvagem” da marca foi a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqTXlkVHNxbHNqcTA/view?usp=sharing" target="_blank">Tupiniquim/Stillwater Saison de Caju</a></b>, saison inteiramente fermentada com <i>Brettanomyces</i> e produzida com adição de polpa de caju e manga. Acho
que essa foi a primeira saison nacional que provei que saiu realmente fiel ao
estilo. Amarela clara e opaca na taça, com espuma nababescamente alta e muito
persistente. No aroma, frutas, terroso e especiarias em equilíbrio, como
preconiza o estilo. Na ala das frutas, a manga é bem mais evidente que o caju
(o que, de certa forma, torna o nome da cerveja um pouco estranho), e sentem-se
também abacaxis maduros, laranja e damascos secos trazidas pela levedura.
Terroso e pimenta-do-Reino em boa intensidade trazem o tradicional contraponto
do estilo. Um pouquinho de pão branco do malte, um tiquinho de untuosidade de
DMS. O paladar é bem seco, com acidez expressiva na boca e um final amargo,
terroso, típico do estilo. O corpo é mediano e a adstringência é perceptível.
Contudo, as <i>Brettanomyces</i> aqui
ficaram bem apagadas, quase imperceptíveis. Talvez – e eu digo talvez – um
toque de borracha defumada ao fundo, lembrando a Lost in Translation. Ou
estaria eu sugestionado? Não importa: o fato é que o perfil de Bretta é muito
sutil, de modo que é melhor encará-la como uma saison bem feita. Acredito que,
depois de uns 6 meses na garrafa, as danadas das <i>Brettanomyces</i> vão começar a aparecer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Selvageria germânica<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Outra cervejaria que andou brincando com estilos selvagens
foi a tradicionalíssima e germaníssima Abadessa, também do Rio Grande do Sul.
Em 2014, a micro gaúcha lançou comercialmente sua versão para o estilo Gose,
estilo selvagem tipicamente associado à região de Leipzig, na Alemanha (clique
<a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2013/12/cervejas-selvagens-parte-xvii-leipziger.html" target="_blank">aqui</a> para saber mais sobre esse estilo pouco conhecido e que quase foi
extinto). A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWEIwUmZuS3g3Q1U/view?usp=sharing" target="_blank">Abadessa Gose</a></b> já havia
sido lançada em 2013, mas não tinha sido engarrafada e distribuída
comercialmente devido a pendências com o registro da cerveja. Em 2014, ela
finalmente chegou aos empórios. A microcervejaria apostou numa interpretação
suave do estilo, que potencializasse sua drinkability e sua refrescância,
distante da acidez mais acentuada que parece ter sido marca das versões mais
tradicionais dos séculos XVIII e XIX. A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWEIwUmZuS3g3Q1U/view?usp=sharing" target="_blank">Abadessa Gose</a></b> não fermenta com bactérias láticas para desenvolver sua acidez. Em vez
disso, recebe adição de ácido lático já pronto, apenas para “ajustar” a acidez
desejada, o que faz com que o azedinho fique bem suave. Como é típico do estilo,
ela também recebe sal e sementes de coentro. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEXJN5kpSxoyfHkq7QzYkhiy0ki_uuFmNp_bs51Hy9GR1aO2ZUNKYje0hv3Aktq565PD5VqhyKVRiq5aw_jsI9w4nUsHGmjRDd_L8Qf8xdTbtiv1KuNoi4rmJAnFxUDjeBYxU6rVLBfbw/s1600/Abadessa+Gose.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEXJN5kpSxoyfHkq7QzYkhiy0ki_uuFmNp_bs51Hy9GR1aO2ZUNKYje0hv3Aktq565PD5VqhyKVRiq5aw_jsI9w4nUsHGmjRDd_L8Qf8xdTbtiv1KuNoi4rmJAnFxUDjeBYxU6rVLBfbw/s1600/Abadessa+Gose.jpg" height="320" width="215" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Essa bruxa me dá medo. </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">De
um jeito errado.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><a href="http://cervejasartesanaisdobrasil.blogspot.com/2014/09/cerveja-abadessa-gose-cervejaria.html"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin; text-decoration: none; text-underline: none;">cervejasartesanaisdobrasil.blogspot.com</span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O resultado é ao mesmo tempo sutil e surpreendente. Na taça,
a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWEIwUmZuS3g3Q1U/view?usp=sharing" target="_blank">Abadessa Gose</a> </b>mostra um dourado
radioso, levemente esbranquiçado, e alguma turbidez. Na boca, abre com uma leve
doçura de malte e desenvolve uma acidez suave e refrescante, um firme amargor
de lúpulos e um apetitoso toque salgado, tudo se alternando na boca e se
equilibrando sem que nada sobressaia. No aroma, muito pão branco, floral de
lúpulo nobre (pareceu-me a variedade Saaz com seu perfume de camomila), o
cítrico-apimentado das sementes de coentro e um frutadinho que lembra banana
verde, tudo em harmonia. A persistência na boca é muito alta e agradável (como
é uso ocorrer nas cervejas da Abadessa, aliás), com sabor rico de pão branco e
sensação seca, amarga, ácida, levemente salgada, extremamente apetitosa. Apesar
do corpo mediano, o sal preenche a boca e dá volume. Parece uma Münchner Helles
com sal, coentro e uma leve acidez. Não espere um exemplar extremo ou marcante
do estilo: a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWEIwUmZuS3g3Q1U/view?usp=sharing" target="_blank">Abadessa Gose</a></b> é uma
cerveja sutil e equilibrada, talvez um pouco conservadora, sim, mas com um
enorme poder de abrir o apetite. Imagino imediatamente esta cerveja sendo
servida como aperitivo em uma festa numa tarde de calor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Frutas tropicais<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
De todos os lançamentos selvagens do ano de 2014, talvez o
que mais tenha chamado a atenção do público e da mídia especializada foi a
linha Sour me Not, da microcervejaria curitibana Way Beer. Também, pudera. São
3 rótulos de sour ales inclementemente ácidas, com receitas parecidas, mas
diferenciando-se pela adição de diferentes frutas: morango, acerola e graviola.
A Way mexeu com o imaginário do público brasileiro, mostrou que as cervejarias
brasileiras estão antenadas com a tendência internacional das sour ales e, de
quebra, ainda provou que é possível oferecer rótulos do estilo a preços
acessíveis: a linha Sour me Not custa em torno de R$ 15 cada garrafinha. OK,
não são sour ales de produção tão complicada quanto lambics. Todas têm a mesma
receita de base, de um baixo teor alcoólico de 3.5%, com fermentação mista com
leveduras comuns do gênero <i>Saccharomyces</i>
e bactérias láticas do gênero <i>Lactobacillus</i>,
sem <i>Brettanomyces</i> e sem passagem por
madeira. E todas levam adição de polpa de frutas, claro.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG4y-KqUVJ7RbabRwc545vOme1f2npnCFtq2drp66hiGHYlUEQpoLn_xxU-Qi0SAII9Rg96Jd3cYlcsr68BvWuCdwcZWm3EVvvmMhlMA6Kx9SB1qHKGJzYfq_zM5ckpPv0MnDUqyvj4nQ/s1600/Way+Sour+me+Not.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhG4y-KqUVJ7RbabRwc545vOme1f2npnCFtq2drp66hiGHYlUEQpoLn_xxU-Qi0SAII9Rg96Jd3cYlcsr68BvWuCdwcZWm3EVvvmMhlMA6Kx9SB1qHKGJzYfq_zM5ckpPv0MnDUqyvj4nQ/s1600/Way+Sour+me+Not.jpg" height="212" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><a href="http://embuscadacervejaperfeita.com/way-beer/"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin; text-decoration: none; text-underline: none;">embuscadacervejaperfeita.com</span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Também não quero me estender especialmente nelas, uma vez
que já lhes dediquei <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2014/07/yes-nos-somos-selvagens-way-beer-sour.html" target="_blank">uma postagem aqui no blog</a>. Neste momento, só quero fazer
um comentário geral sobre a linha e comentar como ela se insere dentro dos
lançamentos do ano. A similaridade entre as receitas da linha Sour me Not é
bastante notável. Em todas, percebe-se um ataque de acidez lática muito destacada
(um pouco agressiva para meu gosto) e uma doçura residual de malte também bem
perceptível, sobretudo no final, com doçura notável e sabor de pão doce e
baunilha. O jogo entre doce de malte e acidez lática lembra a sensação de uma
Berliner Weisse, mas com tudo bem mais intenso. As três também exibiram um
aroma lático um pouco estranho, lembrando iogurte ou probiótico, que pode
talvez ser explicado pela intensidade da fermentação lática. O aroma da fruta
fica em segundo plano, mas nas três ele é perceptível. Dito isso, cada um dos
rótulos da linha tem seus destaques. A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqVm5rVWNoampyZEk/view?usp=sharing" target="_blank">Way Beer Sour me Not Morango</a></b> tem doçura um pouco acentuada demais e aroma de
fruta passada ou cozida – foi a que menos me agradou das três. A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWFV1N2RXQXR6WTg/view?usp=sharing" target="_blank">Way Beer Sour me Not Acerola</a></b>, preferida
de muitos, é a mais seca, com acidez firme e refrescante e bons taninos, embora
o aroma da fruta seja mais tímido. Mas, para mim, o destaque fica por conta da <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbUJkcTAzTklQdjA/view?usp=sharing" target="_blank">Way Beer Sour me Not Graviola</a></b>: a fruta
traz boa suculência (e eu adoro graviola) e a sensação de doçura é
intermediária entre as outras duas, resultando em equilíbrio.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Blendagem<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dos traços mais característicos dos estilos belgas de
cervejas selvagens é o uso da técnica da blendagem: a mistura entre cervejas
maturadas durante períodos de tempo variáveis, em tanques, tonéis, ou barris
diferentes. A blendagem é uma técnica que ajuda muito os produtores a
oferecerem sour ales equilibradas e complexas em escala comercial, pois permite
combinar as características de lotes diferentes (aumentando as camadas de sabor
e aroma) e esconder ou minimizar problemas que quase sempre aparecem na
imprevisível maturação em madeira. A Wäls tem sido uma das poucas cervejarias a
experimentar a blendagem de forma sistemática em suas cervejas ácidas. Até
pouco tempo atrás, esses experimentos haviam ficado limitados aos poucos barris
da fábrica da cervejaria, sem distribuição comercial. Em dezembro de 2014, isso
mudou com o lançamento da <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqX3lkRC11Z1FQX1k/view?usp=sharing" target="_blank">Wäls Wild Ale EAP</a></b>, resultante do blend entre uma dubbel ácida e uma dubbel “normal”,
combinando o melhor de ambas. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para quem não sabe, EAP é a sigla para o famoso Empório Alto
dos Pinheiros, um dos mais tradicionais pontos de venda da Wäls aqui em São
Paulo. A cerveja foi lançada num lote bastante limitado de apenas 1000 garrafas
de 375ml. Segundo a cervejaria, a ideia teria se originado de uma encomenda de
Paulo Almeida, proprietário do empório. Não falei a esse respeito nem com ele e
nem com os irmãos Carneiro, da Wäls, mas tenho um palpite de como tudo
aconteceu. Lá em torno de 2011, quando começaram a vir os chopes da Wäls para
São Paulo, lembro-me de uma torneira de Wäls Dubbel, lá no EAP, que estava com
problemas. A cerveja havia sofrido uma contaminação bacteriana (não sei se no
barril ou na serpentina) e estava extremamente ácida. O Paulo Almeida me
ofereceu um copo para eu provar, e eu me recordo vivamente de um comentário que
ele fez na época: “Está azeda, mas está gostosa. Se eu oferecesse como uma sour
ale, aposto como venderia!” OK, as palavras exatas podem não ter sido essas,
mas você entendeu o espírito. Eis que, uns quatro anos depois, cá estamos nós
com essa sour dubbel da Wäls feita por encomenda do Paulo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf-_OS6VrCiXyYX2THXN-Co_iCSm0lBFo_Xjn-vmDyYt3_BiioQ1vw245PWese0RBqJ0_A8uxCCfulZx4LSs1eIa4tglifaAFkrxWfj5SNHEtk_b2o6udpt2i4S7eIOAGGCGBHD3zlKs8/s1600/W%C3%A4ls+Wild+Ale+EAP.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf-_OS6VrCiXyYX2THXN-Co_iCSm0lBFo_Xjn-vmDyYt3_BiioQ1vw245PWese0RBqJ0_A8uxCCfulZx4LSs1eIa4tglifaAFkrxWfj5SNHEtk_b2o6udpt2i4S7eIOAGGCGBHD3zlKs8/s1600/W%C3%A4ls+Wild+Ale+EAP.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
untappd.com</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A cerveja foi produzida por um método curioso. Sua
receita-base foi a medalhista Dubbel da cervejaria. Metade do lote fermentou e
maturou durante 3 meses em tanques de aço inox, a temperatura de 0º C, enquanto
a outra metade fermentou e maturou em barricas de carvalho durante 3 meses,
ganhando acidez. As duas partes foram blendadas na proporção de 1:1 e
engarrafadas, e depois passaram aproximadamente 4 anos evoluindo nas garrafas.
A Wäls esperou o momento oportuno de lançar comercialmente esse blend, e a hora
chegou agora, quando se vive um recrudescimento no interesse por sour ales no
país. Há várias coisas interessantes a respeito da produção dessa cerveja. Em
primeiro lugar, o fato de ela ter sido feita quando ainda poucos falavam em
sour ales no Brasil. Em segundo lugar, o fato (até onde sei, inédito no Brasil)
de uma cervejaria envelhecer suas cervejas na garrafa antes de
comercializá-las, apresentando um produto que chega ao consumidor com claros
sinais de evolução e envelhecimento. Em terceiro lugar – e aqui está o fato mais
instigante da cerveja –, é curiosa a forma como se fez a acidificação da metade
ácida do blend. Segundo José Felipe Carneiro, cervejeiro da Wäls, não houve
adição ou inoculação deliberada de bactérias ou de leveduras do gênero <i>Brettanomyces</i> na fermentação da cerveja:
a cerveja recebeu apenas o fermento comum da casa, com leveduras do gênero <i>Saccharomyces</i>. Em vez disso, as barricas
de carvalho que maturaram metade do blend foram expostas à microflora local do
entorno da cervejaria, adquirindo uma mistura de microorganismos que ocorrem na
área, sem controle seletivo do cervejeiro. Quem já visitou a Wäls, em Belo
Horizonte, sabe que a cervejaria se localiza num bairro arborizado, próximo ao
Campus Pampulha da UFMG, área que propicia a reprodução da microflora no ar. Ou
seja: a fermentação lática da <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqX3lkRC11Z1FQX1k/view?usp=sharing" target="_blank">Wäls Wild Ale EAP</a></b> poderia ser chamada de “espontânea”, lembrando os métodos de
produção das lambics belgas. Verdadeiramente uma “wild ale”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tanto a fermentação “semiespontânea” nas barricas quanto o
envelhecimento na garrafa por 4 anos imprimiram sinais claros na cerveja,
compondo um conjunto <i>sui generis</i>. Apesar
de o método de produção não seguir nenhum estilo definido, o resultado lembra
muito um raro estilo belga em decadência, denominado oud bruin ou Flanders
brown ale (escrevi sobre elas <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2013/11/cervejas-selvagens-parte-xv-oud-bruin.html" target="_blank">aqui</a>). A apresentação é caprichada, a começar
pela garrafa embrulhada por uma folha de papel que faz as vezes de rótulo –
como ocorre com muitas sours belgas tradicionais. Na taça, ela mantém a pose
com uma bela coloração ameixa, transparente, e uma espuma farta. No aroma, um
estranhamento inicial e muita complexidade que vai se revelando em camadas, com
o tempo. O estranhamento é a ausência de sinais evidentes de <i>Brettanomyces</i> – nada daquele aroma
animal característico, nem das frutas frescas. Pode-se imaginar que a
microflora local da cervejaria talvez não inclua cepas de <i>Brettanomyces</i>. Na sequência, muita licorosidade de malte (caramelo
aos montes, achocolatado) e frutas doces (maçãs ao forno, ameixas secas,
cerejas ao marrasquino e mamão cristalizado). Lúpulo floral (ainda perceptível
depois de tanto envelhecimento!) e toques terrosos e azedos são o contraponto
aromático a toda essa doçura. Um perfil muito intenso e definido de evolução e
oxidação evidencia claramente os quatro anos da longa maturação: muito vinho do
Porto, amêndoas doces, suco de tomate e couro curtido, além de um toque um
pouco incômodo de plástico. Na boca, a doçura licorosa predomina, mas há uma
acidez bem perceptível e uma sensação salgada-carnuda de umami, típica de boas
cervejas envelhecidas. Corpo mediano, terroso, com adstringência sem exagero. O
final é um pouco inexpressivo – talvez seu ponto mais fraco. No conjunto,
lembrou muito um clássico de guarda do estilo oud bruin: a belga <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqYjhsR3ZaQkd2ZE0/view?usp=sharing" target="_blank">Liefmans Goudenband</a> (que está chegando ao Brasil muito em breve). Esta <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqX3lkRC11Z1FQX1k/view?usp=sharing" target="_blank">Wäls Wild Ale EAP</a></b>
consegue atingir o mesmo equilíbrio entre doce, licorosidade, evolução e
acidez, mas com mais complexidade aromática. Não é uma sour ale muito agressiva
– pelo contrário, a acidez é clara mas é secundária diante do perfil doce e
licoroso da dubbel e da guarda. Não deverá assustar quem não está acostumado
com a secura da maior parte das sour ales. Ótima receita da Wäls! Apesar das incertezas envolvendo a parceria entre Wäls e AmBev, fica a esperança de que a fusão não interfira na ousadia da micro mineira e a expectativa de que venha mais coisa selvagem bem feita! Uma vez que
ela foi lançada apenas em dezembro e eu só consegui prová-la em janeiro, não
deu tempo de incluí-la na minha retrospectiva de 2014, mas ela certamente
mereceria um lugarzinho lá.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Um balanço – preliminar<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O que dizer diante de todos esses lançamentos selvagens de
2014? Em primeiro lugar, parece claro que as cervejarias brasileiras estão
começando a se aventurar no universo da selvageria. Mas qual o balanço desses
primeiros passos? Como essas sete cervejas se enquadram diante dos três
questionamentos com os quais eu comecei esta matéria (aceitação, preço e
qualidade)?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No quesito da aceitação do público, as micros brasileiras
parecem ir numa direção interessante. Dentre as quatro cervejarias indicadas,
pareceu-me que apenas a Way apostou no lançamento de sour ales radicais, de
acidez extrema. Em todas as demais, os traços selvagens são relativamente
suaves, permitindo que o público se acostume progressivamente com a proposta.
No caso das cervejas da Tupiniquim, o caráter de Bretta é quase imperceptível,
sobretudo para um leigo, e quase não há acidez. A bem da verdade, as cervejas
da Tupiniquim não são sour ales, apenas ales comuns com toques de <i>Brettanomyces</i>. No caso da <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWEIwUmZuS3g3Q1U/view?usp=sharing" target="_blank">Abadessa Gose</a></b>, a acidez lática é sutil,
muito equilibrada, dando origem a uma cerveja refrescante e apetitosa que não
deverá incomodar o paladar de ninguém minimamente aberto a novas experiências.
No caso da <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqX3lkRC11Z1FQX1k/view?usp=sharing" target="_blank">Wäls Wild Ale EAP</a></b>, o
perfil se aproxima muito das oud bruin, as mais suaves das cervejas selvagens
belgas, com licorosidade o bastante para “disfarçar” a acidez. Ou seja: é um
cenário em que, por enquanto, o consumidor relutante tem uma boa gama de opções,
digamos, mais “conservadoras”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No quesito do preço, o ano de 2014 nos autoriza um certo
otimismo, mas eu tenho cá para mim que esse cenário vai mudar em 2015 e 2016. Os
preços da Tupiniquim e da Abadessa ficaram na média dos demais rótulos das
cervejarias. Os da Way ficaram apenas marginalmente acima. Claro que, nos três
casos, estamos falando de estilos selvagens de fabricação mais simples, sem o
uso de madeira e sem maturação estendida, o que ocasiona preços mais
acessíveis. A exceção é a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqX3lkRC11Z1FQX1k/view?usp=sharing" target="_blank">Wäls Wild AleEAP</a></b>, que teve uma longuíssima maturação de 4 anos na garrafa e que empregou
barris de carvalho durante 3 meses. Apesar disso, o preço não foi tão alto
assim: R$ 30, o que representa menos de 50% acima da linha belga da cervejaria.
Para mim, esse valor é razoável diante de uma cerveja com maturação tão longa e
com uso de madeira.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Finalmente, resta o quesito qualidade. Fizemos boas sour
ales no ano de 2014? Vejamos caso a caso, inicialmente. As cervejas da
Tupiniquim são ótimas representantes de seus estilos de base (American IPA e
saison), mas as características selvagens são um tanto tímidas, então elas não
contam. A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWEIwUmZuS3g3Q1U/view?usp=sharing" target="_blank">Abadessa Gose</a></b> é sem dúvida
uma cerveja produzida com excelência e com o elevado padrão de qualidade da
Abadessa nos estilos alemães, mas seu “perfil selvagem” é bastante conservador,
um pouco decepcionante para um “heavy user” de sour ales. A linha Sour me Not
da Way é a mais ousada no quesito acidez, mas as cervejas da linha ainda têm
algumas arestas importantes a aparar antes de poderem ser consideradas
excelentes sour ales com frutas. Por fim, a Wäls obteve, na minha percepção, o
melhor equilíbrio entre ousadia e qualidade. Sua <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqX3lkRC11Z1FQX1k/view?usp=sharing" target="_blank">Wild Ale EAP</a></b> tem ousadia o bastante, mas também tem um caráter amigável,
semelhante ao estilo oud bruin. Já ouvi a opinião de pessoas que se
decepcionaram porque esperavam algo “mais selvagem”. Por outro lado, essa
proposta é bem executada, complexa e interessante, talvez com mais destaque
para o perfil de evolução do que para o selvagem, propriamente. E vale ainda
destacar a surpreendente ousadia da Wäls em apostar na viabilidade de uma fermentação
“semiespontânea” – o que, sinceramente, eu achei que demoraríamos muitos anos,
quiçá décadas, para ver acontecer no Brasil. Resta saber como ficará toda essa ousadia agora que a Wäls é parte da gigante AB-InBev.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A verdade é que uma sour ale “completona”, ao mesmo tempo
excelente e ousada – seca, com caráter exuberante de <i>Brettanomyces</i>, complexa e equilibrada como as melhores belgas –
ainda é uma meta a ser atingida pela indústria nacional de cerveja. Mas
tenhamos calma. O jogo está só começando e estamos nos primeiros lances da
partida.<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-29502311064478213522015-01-16T03:20:00.001-02:002015-01-16T03:37:27.924-02:00Amburana em três versões<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É fato: as cervejas com maturação em madeira vieram para
ficar. Se, há alguns anos, rótulos envelhecidos em barris de carvalho eram
raros e difíceis de encontrar, hoje a oferta desse tipo de cerveja cresceu
muito no mercado brasileiro. Mais importante que isso: antes eram apenas algumas
poucas importadas que tinham estágio em madeira, enquanto hoje as principais
microcervejarias brasileiras também têm feito experimentos com barris. Os
primeiros resultados desse “surto madeireiro” brazuca já estão nas prateleiras,
e não há dúvida de que mais outros chegarão.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRf3p4vtMI4RjspbJLFO3zWkJ_Nq_4ue0gBdKXdwk7-G2rO01XZw5dIGYzDOzbgXAc6EZww81_NmYmmj_4L2nVk4tV_vR7QNpjcKI0vtF97oB0T3l8uztxwaCIHFhnfvVO-NZt-1c8v3M/s1600/Goose+Island+Barrel-room.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhRf3p4vtMI4RjspbJLFO3zWkJ_Nq_4ue0gBdKXdwk7-G2rO01XZw5dIGYzDOzbgXAc6EZww81_NmYmmj_4L2nVk4tV_vR7QNpjcKI0vtF97oB0T3l8uztxwaCIHFhnfvVO-NZt-1c8v3M/s1600/Goose+Island+Barrel-room.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O extraordinário barrel room da
cervejaria </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Goose Island, em Chicago. Um dia a gente chega lá.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.esquire.com/blogs/food-for-men/goose-island-bourbon-county-barrel-stout-release"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.esquire.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A maturação em madeira é uma técnica cervejeira muito
antiga, já que, antes do surgimento de tanques de maturação feitos em aço, os
barris e tonéis de madeira eram o recipiente mais comum para fermentação e
maturação das cervejas. A maioria das cervejarias migrou para o aço ao longo do
século XIX, de modo que o uso da madeira foi se tornando mais e mais raro. Isso
não foi fortuito. A madeira apresenta algumas dificuldades para o cervejeiro:
em comparação com o inox, ela é porosa e difícil de higienizar completamente,
ocasionando o surgimento de infecções e microorganismos indesejáveis para a
maior parte dos estilos cervejeiros. Além disso, a troca de compostos químicos
entre a madeira e o líquido ocasiona alterações no sabor, no aroma e na textura
da cerveja, gerando diferenças difíceis de serem padronizadas. A idade da
madeira, o tamanho dos barris, o tratamento e a tosta empregados, tudo isso
causa alterações no produto final, de modo que é possível dizer que cada barril
vai dar origem a uma cerveja diferente. A substituição da madeira pelo inox,
portanto, fez parte do conjunto de transformações da indústria cervejeira no
século XIX, que garantiram maior padronização dos produtos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ainda assim, a madeira seguiu sendo usada em alguns estilos
tradicionais, como algumas old ales inglesas, bem como as lambics e as Flanders
red ales da Bélgica. Mais recentemente, a maturação em madeira foi resgatada
pela escola norteamericana, que voltou a empregar barris para maturar uma
enorme diversidade de estilos. A princípio, a madeira passou a ser usada para a
produção de estilos alcoólicos e robustos, como imperial stouts. Com o tempo,
porém, começaram a ser usados em outros estilos, e hoje há até IPAs maturadas
em madeira. O guia de estilos da Brewers Association, antenado às principais
tendências do mercado cervejeiro, inclui nada menos que 5 categorias especialmente
reservadas para cervejas envelhecidas em madeira (sem contar os estilos em que
a madeira já era tradicionalmente empregada), atentando para diferenças em
coloração, teor alcoólico e acidez da cerveja-base.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><span style="font-family: "Cambria",serif;">Madeira, madeiras<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dos experimentos mais interessantes feitos pelas
microcervejarias é o emprego de diferentes tipos de barris para maturar a mesma
cerveja-base. As diferenças no produto final são surpreendentes. O estratagema
mais frequentemente empregado pelas cervejarias para variar a madeira é maturar
suas cervejas em barris de segundo uso que foram usados antes para maturar
outros tipos de bebidas. Assim, pode-se oferecer uma mesma imperial stout
maturada em barris de cognac, vinho tinto, vinho do Porto, uísque, Bourbon, e
por aí vamos – como faz a belga Struise com sua prestigiada linha <a href="https://struise.com/bieren-beers/black-damnation-serie/" target="_blank">Black Damnation</a>. O uso ubíquo de barris de segundo uso levou até ao surgimento de um
conceito equivocado de que a bebida anteriormente usada nos barris afetaria o
produto final mais do que a madeira em si – assim, cervejas maturadas em barris
de uísque são descritas como tendo “sabor de uísque”, por exemplo, o que é uma
tremenda simplificação dos efeitos da madeira sobre a cerveja. A Mikkeller foi
ainda mais longe para produzir sua série Forêt: maturou a mesma cerveja-base
(uma “barley wine” de 19,3% ABV) em barris feitos com carvalho francês de três
diferentes origens geográficas, variando o grau de tosta dos barris.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_NiQaJUHzNglB6JHwqfVTl4Bdntiz_8O1SLq9bykCS4C6OtriZPP_GVIqxDDOo9PeTUZNfCGAeM2p8T_tSNP5mB_XrnReJ7iNOrnVwEQpJTa7iCR1BuL-sEjvVT3S6fzWNN-2wz1wOK8/s1600/Amburana.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj_NiQaJUHzNglB6JHwqfVTl4Bdntiz_8O1SLq9bykCS4C6OtriZPP_GVIqxDDOo9PeTUZNfCGAeM2p8T_tSNP5mB_XrnReJ7iNOrnVwEQpJTa7iCR1BuL-sEjvVT3S6fzWNN-2wz1wOK8/s1600/Amburana.jpg" height="192" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A majestosa amburana, cuja madeira é
amplamente </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">empregada na indústria da cachaça.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://biosementes.com.br/loja/products.php?product=Amburana-(Amburana-cearensis)-250g-sementes"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">biosementes.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Contudo, o que permanece quase sempre constante nas cervejas
maturadas em madeira mundo afora é que, com pouquíssimas exceções, os barris
empregados são sempre de carvalho – seja francês, seja americano. Isso reflete
o fato de que o carvalho é a madeira mais amplamente empregada na produção de
bebidas alcoólicas ao redor do mundo, devido à sua durabilidade,
impermeabilidade e bom impacto sensorial nas bebidas. Contudo, nesse quesito em
particular, o Brasil oferece uma interessante exceção: nossa brasileiríssima cachaça
é uma das poucas bebidas que são corriqueiramente maturadas em barris e tonéis
de diferentes tipos de madeira. Há cachaças envelhecidas em barris de carvalho,
ipê, amendoim, amburana, bálsamo, jequitibá, e por aí vamos. E cada tipo de
madeira interage de formas muito diferentes com a bebida dentro dos barris,
gerando resultados completamente distintos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Parece-me evidente que, se a indústria cervejeira brasileira
busca um diferencial na produção de estilos maturados em madeira, deve se valer
da experiência das cachaçarias brasileiras com o uso de diferentes tipos de
madeira. Por enquanto, o carvalho ainda predomina nas salas de maturação das
microcervejarias nacionais, mas há experimentos com outras madeiras que podem
abrir todo um imenso horizonte de variações de cores, sabores, texturas e
aromas. Em especial, algumas cervejarias têm investido no emprego de uma
madeira tipicamente sul-americana chamada amburana (conhecida ainda como
umburana, imburana-de-cheiro ou cumaru), extraída de uma árvore (a <i>Amburana cearensis</i>) que, infelizmente,
encontra-se ameaçada de extinção.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A amburana é uma velha conhecida dos apreciadores de cachaça
– e, devo dizer, uma das minhas madeiras preferidas para maturação de uma boa “amarelinha”.
Uma das minhas cachaças preferidas, a mineira Claudionor, da cidade de Januária,
é maturada em amburana por 1 ano antes de ser engarrafada. A amburana tem um
aroma marcante, adocicado e sedutor, que me lembra muito cocada preta,
baunilha, móveis da fazenda (a amburana também é usada na fabricação de
mobiliário, em parte devido ao seu odor agradável) e um toque de especiarias
doces, como a canela.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b><span style="font-family: "Cambria",serif;">Três cervejas maturadas em
amburana<o:p></o:p></span></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcI7ABBL47I4_2uQNHUZKEA2wchM8p6ZIUphbK14OSqgur3GQb3eGFZsqqpRNkjpu48IliXj8XPGY4lNpgEWrvfyolg3RlJGnbpY-JM7DPMYxaMws_lwc-fGjLMqX35qY06xFPkq7YRow/s1600/3+Lobos+Bravo.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgcI7ABBL47I4_2uQNHUZKEA2wchM8p6ZIUphbK14OSqgur3GQb3eGFZsqqpRNkjpu48IliXj8XPGY4lNpgEWrvfyolg3RlJGnbpY-JM7DPMYxaMws_lwc-fGjLMqX35qY06xFPkq7YRow/s1600/3+Lobos+Bravo.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <br /><a href="http://www.ocontadordecervejas.com.br/3-lobos-bravo-29/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.ocontadordecervejas.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Temos hoje, no mercado cervejeiro, três rótulos com
maturação em barris de amburana, todos com perfis muito diferentes. O pioneiro
foi lançado em 2011 e faz parte de uma série especial, de inspiração norteamericana,
produzida pela cervejaria Bäcker, intitulada 3 Lobos. A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqanJLSXEtX0NiUlE&authuser=0" target="_blank">3 Lobos Bravo</a></b> é uma imperial porter que matura em barris de
umburana, com receita do mestre Paulo Schiaveto. É provavelmente a cerveja com
estágio em barris mais barata do mercado artesanal, com um excelente
custo-benefício, podendo ser encontrada a partir de R$ 12 pela long neck. A
mais escura das três, apresenta uma coloração marrom bem escura, quase preta.
Seu aroma exala indulgência e doçura em doses cavalares: muito chocolate ao
leite, açúcar mascavo e caramelo dos maltes interagindo com toques acentuados
da umburana, remetendo a cocada preta, madeira doce e mobiliário colonial.
Impossível não lembrar de cachaça! Toques frutados (banana e ameixas) ficam em
segundo plano. Na boca, uma avalanche de doçura do começo ao fim, com amargor
secundário mas correto (os respeitáveis 42 IBUs só equilibram a doçura do
malte) e final longo, persistente, com retrogosto de coco, chocolate e madeira.
O corpo é intenso e a textura é bem licorosa, açucarada. Os 9% de álcool são
perceptíveis, mas não chegam a incomodar decisivamente. Os primeiros lotes
dessa cerveja ficaram prejudicados por um toque muito intenso de acetaldeído
(que tem aroma químico e acentua desagradavelmente o álcool), o que fez com que
a cerveja deixasse uma má impressão nos degustadores, mas tenho a impressão de
que a receita foi mais bem ajustada depois, o que elevou a qualidade da cerveja
significativamente. A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqanJLSXEtX0NiUlE&authuser=0" target="_blank">3 Lobos Bravo</a></b>
tem boas condições para envelhecimento, de modo que é uma ótima opção para
encher a adega!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuWrxifQJ_KuMlBu8YY7Q0LjZLvhAQqFK4BBeUpmRBx8aWLnR6mDCaU1r-kpBFi1pTKFVIKjVEPbl_8EyjHbOfPltSj6-Z0qmMRJ8mVMT1F2re53842pBDthEAdzsfS7TWBfeOzioxroQ/s1600/Way+Amburana+Lager.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuWrxifQJ_KuMlBu8YY7Q0LjZLvhAQqFK4BBeUpmRBx8aWLnR6mDCaU1r-kpBFi1pTKFVIKjVEPbl_8EyjHbOfPltSj6-Z0qmMRJ8mVMT1F2re53842pBDthEAdzsfS7TWBfeOzioxroQ/s1600/Way+Amburana+Lager.jpg" height="320" width="180" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.ocontadordecervejas.com.br/3-lobos-bravo-29/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">acervo</span></span></a>
pessoal</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A segunda cerveja maturada em umburana a ser lançada no
mercado brasileiro foi a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbkYtUTJMMTF5WEE/view?usp=sharing" target="_blank">Way Amburana Lager</a></b>. É uma das poucas opções de lagers envelhecidas em madeira, sendo que
a receita-base se inspira levemente no estilo doppelbock, mas é um pouco mais
seca e delicada. Na verdade, a receita foi toda pensada para interagir com a
madeira, e a cervejaria também desenvolveu uma tosta específica dos barris para
alcançar o resultado almejado. A <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbkYtUTJMMTF5WEE/view?usp=sharing" target="_blank">Way Amburana Lager </a>tem uma proposta bem diferente da 3 Lobos: trata-se de uma
cerveja mais leve, com alta drinkability considerando seu teor alcoólico, de
sabor e sensação amena e agradável na boca, mas sem abdicar de um toque
decididamente amadeirado no sabor. Sua coloração lembra o mogno, com um bonito
marrom-avermelhado e uma ótima espuma clara, muito persistente, deixando rendas
na lateral do copo. O aroma é o menos expressivo das três cervejas analisadas
aqui, predominando no nariz um perfume floral um pouco chapado dos lúpulos e um
toque do malte caramelado, lembrando ainda melaço de cana. O que lhe falta de
profundidade no nariz, porém, é compensado pela profusão de sabores na boca: o
caramelo e o melaço do malte interagem lindamente com a madeira criando a
impressão de toffee e até um toque de cappuccino. A amburana está lá com
sabores de cocada preta, móveis coloniais, baunilha doce e um toquezinho sutil
de defumação. Além disso, sentem-se frutas escuras e vermelhas, com destaque
para cerejas e um agradável sabor de Amaretto que persiste na boca. Predomina a
doçura do malte, mas o amargor secundário se faz perceber de forma firme e
equilibrada no final. O corpo é leve para mediano, sutil para o estilo, com
carbonatação suave e textura macia e agradavelmente acetinada. Os 8.4% ABV
estão diabolicamente ocultados, tornando-a perigosamente fácil de beber. Falta-lhe
a intensidade avassaladora que aprendemos a esperar de cervejas maturadas em
madeira, mas ela compensa mostrando-se fácil de beber e agradável. Uma cerveja
mais suave que a média do estilo, mas com um sabor agradavelmente amadeirado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA7wL3dQOUTa5RmDpc61YDkuNh_XIUU3fteQPkBe7_ETYVMVS4179mILrUrMKO4kRaEOUfWwDDnT7eMBm16WQr_wXSHJDOfc3bLIHjPwim20GSAeXd2Bh1y78-3zw1RhdvGYx1gDUWOzk/s1600/Bodebrown+Wee+Heavy+Wood+Aged+Series+2014.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgA7wL3dQOUTa5RmDpc61YDkuNh_XIUU3fteQPkBe7_ETYVMVS4179mILrUrMKO4kRaEOUfWwDDnT7eMBm16WQr_wXSHJDOfc3bLIHjPwim20GSAeXd2Bh1y78-3zw1RhdvGYx1gDUWOzk/s1600/Bodebrown+Wee+Heavy+Wood+Aged+Series+2014.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://tripstapix.com/travel/instagram/cervejariabodebrown"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">tripstapix.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A mais recente cerveja com maturação em amburana que chegou
ao mercado faz parte da recente e já muito prestigiada linha Wood-Aged Series,
da microcervejaria curitibana Bodebrown. A proposta da linha é apresentar
diferentes cervejas com perfil adequado para longos períodos de guarda, todas
maturadas em diferentes tipos de madeira. Depois da estreia da série com uma
excelente strong ale maturada em carvalho, o segundo rótulo foi a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqb0hoZ2tkVWxDcVk/view?usp=sharing" target="_blank">Bodebrown Wee Heavy Wood Aged Series 2014</a></b>.
Trata-se de uma versão da premiada strong Scotch ale da cervejaria, maturada
durante 6 meses em dornas de amburana de 750 litros, anteriormente utilizadas
para a produção de cachaça pela cachaçaria gaúcha Weber Haus. Cerveja séria,
seríssima. De coloração marrom-avermelhada, mostrou pouca espuma, o que é comum
em cervejas maturadas em madeira. Seu aroma é, de longe, o mais complexo das
três cervejas analisadas: uma tonelada de toffee, doce de leite e cocada-preta
interagem em primeiro plano. A umburana imprime notas de baunilha, especiarias
doces (canela e cravo) e uma sensação mineral, lembrando cal e gerânios, que se
encontra em algumas cervejas maturadas em madeira, e que não é totalmente
agradável – provavelmente seu maior defeito. Bananas passas e tâmaras secas
dão-lhe um interessante toque frutado. Um quê de defumação, lembrando copa e
embutidos defumados, reflete a pequena porcentagem de maltes defumados da
receita-base e interage bem com a doçura do conjunto, sem ofuscá-la. Há uma
certa untuosidade de DMS ao fundo, que não chega a comprometer a cerveja
decisivamente. Na boca, mais uma vez a doçura é intensa e predominante, com
amargor suficiente apenas para equilibrá-la, sem roubar a cena, e o retrogosto
é muito persistente, macio e vívido. O corpo é intenso e licoroso sem exageros –
em algum lugar entre a leveza da Way e o peso da 3 Lobos. Para mim, é a mais
interessante e complexa das três cervejas avaliadas, ainda que tenha
apresentado algumas arestas a aparar no aroma. A cerveja foi vendida apenas no
site da cervejaria, em sistema de pré-venda – portanto, quando sair a safra
2015, não bobeie e garanta as suas garrafas!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se compararmos as três cervejas pelas suas principais
características, chegaremos ao seguinte resultado:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh41upNQOnJdkVPwtezwp_2Qgf3iDtf-glNoKaTGZp3eg9CcfEvS-1jP_LyWQGXIV5S5pwJ2BAMbl7SQJjSc9plplqzpV4-D0I66KDVZYFY_YAyQmpXtj4NlCqW-DCgPeQUQ6wIpyR09RY/s1600/Comparativo+-+cervejas+com+amburana.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh41upNQOnJdkVPwtezwp_2Qgf3iDtf-glNoKaTGZp3eg9CcfEvS-1jP_LyWQGXIV5S5pwJ2BAMbl7SQJjSc9plplqzpV4-D0I66KDVZYFY_YAyQmpXtj4NlCqW-DCgPeQUQ6wIpyR09RY/s1600/Comparativo+-+cervejas+com+amburana.png" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <b><a href="https://drive.google.com/open?id=0B0V_BxZDvYXqanJLSXEtX0NiUlE&authuser=0" target="_blank">3 Lobos Bravo</a></b>
se destaca pela torrefação doce e pela intensidade. A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbkYtUTJMMTF5WEE/view?usp=sharing" target="_blank">Way Amburana Lager</a></b>, por sua vez, mostra um perfil mais suave e
elegante, fácil de beber. A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqb0hoZ2tkVWxDcVk/view?usp=sharing" target="_blank">Bodebrown Wee Heavy Wood Aged Series 2014</a></b> se localiza numa espécie de intermediário
entre as duas anteriores, mas ganha proeminência especialmente pela complexidade
aromática. Três excelentes cervejas maturadas em madeira, cada uma com suas
características. Mais importantes que as diferenças, porém, é a marcante
semelhança entre três cervejas de propostas e estilos-base tão distintos entre
si. Essa unidade prontamente perceptível entre as três, que as diferencia de
quaisquer outras wood-aged beers que eu já provei, vem evidentemente do perfume
doce e inebriante da amburana. Prova de que o uso criativo da nossa
biodiversidade na produção cervejeira não precisa se restringir à profusão, já
um tanto banal, de frutos tropicais em cervejas brasileiras. Se buscarmos nossa
inspiração na secular indústria colonial da cachaça e na sua diversidade de
madeiras, encontraremos um sólido manancial para experimentação de técnicas
produtivas que pode conferir às microcervejarias brasileiras um diferencial
decisivo na produção de cervejas maturadas em madeira.</div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-34984630863187840842014-12-27T02:27:00.002-02:002014-12-27T02:27:55.680-02:00Destaques de 2014<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Leitores queridos, estamos de volta! O Cru e o Maltado
passou por um interregno de 4 meses durante os quais não postei nada por aqui.
Peço desculpas aos meus (dois ou três) leitores fiéis, mas precisei ficar um
pouco longe das telas para conseguir redigir minha tese de doutorado. Mas agora
que voltamos à ativa, pensei em fechar 2014 com os destaques do ano, do ponto
de vista deste <s>bêbado</s> humilde apreciador de cervejas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não vou mentir: 2014 foi um ano em que me distanciei um
pouco do universo cervejeiro. E não estou sozinho: tenho notado que vários dos
meus colegas de hobby da mesma geração – ou seja, que começaram a beber e
estudar cerveja antes de 2010, quando o mercado era radicalmente diferente do
que é hoje – estão passando por algo semelhante. Ou eles se profissionalizaram
e entraram para valer no mercado (enquanto a bolha não estoura), ou então estão
tendendo a viver um certo refluxo. Veja só: quando comecei, havia um discurso
de que a demanda por cervejas especiais ainda era pequena no Brasil, e que isso
explicava por que tudo era tão caro e difícil de encontrar. Com os anos –
dizia-se –, os brasileiros iriam “entender” o que era uma boa cerveja, o
mercado cresceria, haveria oportunidades para os empresários e nós finalmente
teríamos um montão de marcas de cervejas excelentes no supermercado para beber
com a família, os amigos, no churras, tudo a preço de Eisenbahn ou mais barato.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Preciso dizer que nada disso aconteceu? Claro que ainda tem
gente tonta por aí falando que, em poucos anos, nosso mercado será como o dos
EUA ou o belga. E tem outros que ficam culpando Deus e o mundo (leia-se: o PT)
por isso ainda não estar acontecendo no Brasil. Mas uma hora precisa cair a
ficha de que o mercado de cervejas especiais no Brasil se configurou e cresceu
como um mercado de produtos de luxo, não muito diferente de outros mercados
parecidos: o de cosméticos, o da moda, o de vinhos, o gastronômico etc.
Produtos supérfluos pelos quais as classes A e B se dispõem a pagar muito caro
para se diferenciarem da classe C. Não daria para esperar nada muito diferente
do que acabou acontecendo. O melhor que pode acontecer ao mercado de cerveja no
Brasil, nos próximos anos, é que ele fique igual ao de vinhos (igualmente
elitista, mas pelo menos um pouquinho mais profissional e adulto). O resto é
balela. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Isso para dizer que, de todas as novidades que vimos no
mercado em 2014, muito poucas realmente me animaram. 95% do que circulou pela
blogosfera, pelas redes sociais e pelo Untappd parece requentado do que vi e bebi
em outros anos. E convenhamos que cerveja requentada é especialmente
decepcionante. Mas ainda dá para destacar um ou outro lançamento interessante
que valeu a pena, seja pela qualidade intrínseca, seja pela novidade, seja pelo
custo-benefício. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Acho difícil negar que as cervejas selvagens foram um dos
destaques do ano de 2014 no Brasil. Começando com a volta das Cantillon ao
mercado nacional no final de 2013, tivemos uma chegada de bons rótulos
importados ao longo de 2014 e uma sinalização das cervejarias nacionais de que
começarão a produzir cervejas ácidas e/ou fermentadas com leveduras
“selvagens”. Infelizmente, os preços estão lá no alto. Cervejas selvagens são
estilos de produção complexa e demorada, o que aumenta o preço final
naturalmente. Isso, somado à sua exclusividade e à sua raridade no Brasil,
elevou a etiqueta de preços às alturas. Como resultado, os rótulos que ainda
mais valem a pena no nosso mercado são velhas conhecidas do apreciador: as
Flanders red ales belgas e as lambics importadas pela Bier&Wein (como a
Boon Oude Geuze Mariage Parfait ou a Lindemans Kriek Cuvée René), que não devem
nada às marcas mais conceituadas e caras e que custam às vezes menos da metade.
Mas pelo menos temos algumas novidades para quem, como eu, é fã do “lado negro
da Força”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXR1OyvP4zROD4dk9KWdJ4CbEsTHlXFpnqkbtqotsIJucjk_fjHrfJvkdCX39Ag2sw394PXpZYbb_PUC5oxhmAadadPpwW2aOn66Zi61Oftgi7iEQwKImxEpKZXSVVCRhjgMCrD18OpoQ/s1600/Rodenbach+Vintage.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXR1OyvP4zROD4dk9KWdJ4CbEsTHlXFpnqkbtqotsIJucjk_fjHrfJvkdCX39Ag2sw394PXpZYbb_PUC5oxhmAadadPpwW2aOn66Zi61Oftgi7iEQwKImxEpKZXSVVCRhjgMCrD18OpoQ/s1600/Rodenbach+Vintage.jpg" height="320" width="220" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://blog.seniorennet.be/bierblog/archief.php?ID=1240364"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">blog.seniorennet.be</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma dessas novidades anunciadas em 2014 (mas que,
sinceramente, eu ainda nem vi nas prateleiras) é a chegada de um extraordinário
rótulo da belga Rodenbach. A cervejaria é conhecida por fazer as mais famosas
Flanders red ales do mundo, feitas a partir de um blend entre uma cerveja ácida
e madura, envelhecida longamente em tonéis de carvalho, e uma cerveja jovem e
fresca. Quanto maior a proporção da cerveja madura, mais sofisticado (e caro) é
o produto final. Até este ano, tínhamos no Brasil a versão comum (com um quarto
de cerveja madura) e a Grand Cru (com dois terços de cerveja madura). A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqN3FVQ2VaLU9XUDQ/view?usp=sharing" target="_blank">Rodenbach Vintage</a></b>, cuja safra 2012
aportou aqui este ano, é composta apenas pela cerveja madura e envelhecida, sem
blendar com a cerveja fresca. Para os apreciadores do estilo, é o santo graal.
Os toques animais, os traços de evolução e guarda, o perfil do malte, as especiarias,
as frutas passas, tudo está lá um torvelinho de complexidade aromática.
Estábulo, madeira, terra úmida, pimenta-do-Reino, bloody Mary, caramelo,
ameixas e figos são apenas algumas das muitas sensações que você vai encontrar no
nariz. Na boca, uma leve doçura inicial, uma acidez firme mas bem domada pelo
envelhecimento e um final equilibrado, impecável, com taninos perceptíveis mas
gentis acariciando as bochechas. O corpo é leve sem ser ralo, com textura
levemente terrosa. Um espetáculo de cerveja, uma das melhores que este
degustador já teve a honra de provar. Infelizmente, ainda não vi em nenhuma
loja e não sei dizer quanto está custando, mas não há de ser barata, visto que
a meia-garrafa fica em torno de 5 euros na fonte. Vale ressaltar que eu provei
a safra 2011, sendo que a que chegou ao Brasil foi a 2012.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwOyR3HSFwhxPeSCl9LqcgAZqnRLHOFQpgns__UbaSjx4uT8ByUjL4rngJVza-_pQ_c1ae9en0TFuainCjpw2c1_ZJEDUD05KFX0NOitxfFFWgFMy7jdnPSNahZxz2I6r-H2cQJxJtTtQ/s1600/Oud+Beersel+Oude+Geuze+Vieille.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjwOyR3HSFwhxPeSCl9LqcgAZqnRLHOFQpgns__UbaSjx4uT8ByUjL4rngJVza-_pQ_c1ae9en0TFuainCjpw2c1_ZJEDUD05KFX0NOitxfFFWgFMy7jdnPSNahZxz2I6r-H2cQJxJtTtQ/s1600/Oud+Beersel+Oude+Geuze+Vieille.jpg" height="320" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: </span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><a href="http://www.flickr.com/photos/stockportmike/5818605136/"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin; text-decoration: none; text-underline: none;">www.flickr.com</span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para os amantes dos estilos sevagens, outra notícia de 2014
a se comemorar foi a chegada da linha de lambics da Oud Beersel. Trata-se de um
blender autônomo, o que significa que a cervejaria não produz seu próprio
mosto, mas sim compra o mosto feito por outros produtores (no caso, a Boon) e
faz o trabalho de maturação, blendagem e engarrafamento dos produtos,
dando-lhes a sua identidade sensorial. A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqS3hTZGtYelZSbTg/view?usp=sharing" target="_blank">Oud Beersel Oude Geuze Vieille</a></b> é um dos rótulos trazidos ao Brasil este ano.
Ainda não sei quanto ele está custando no nosso mercado, mas já adianto que, se
chegar ao consumidor a menos de R$ 40-45 (já que custa menos de 4 euros lá
fora), é uma boa opção de compra. Seu diferencial é que ela é brassada com
lúpulos que foram envelhecidos por apenas 1 ou 2 anos, em vez dos 3 anos
habituais. Como resultado, a lambic resultante guarda um pouco do frescor
aromático e do amargor afiado dos lúpulos. No aroma, flores (gerânios), limão,
ervas finas e apimentado acusam a presença do lúpulo e convivem com um perfil
frutado que se desenvolve em camadas (melão, tutti-frutti, maracujá). O aroma
animal é menos intenso do que eu outras lambics, e há toques caprílicos e
abaunilhados para fechar sua complexidade. Na boca, a acidez inicial é gentil e
dá lugar a um amargor limpo e refrescante, sem taninos, o que a torna uma ótima
opção de entrada para quem não está acostumado com a estrutura das lambics mais
ácidas e tânicas. O corpo é leve, seco, sem muita adstringência. Prova de que o
lúpulo é gracioso e encantador quando usado com sabedoria. Deverá agradar quem
está começando no mundo das lambics. A cervejaria ainda tem uma linha
limitadíssima de lambics refermentadas pelo método tradicional de produção de
espumantes (o famigerado “champenoise”), denominadas Bzart Lambiek. São lambics
encantadoras e muito elegantes, mas seu preço é um pouco proibitivo para quem
não mora na União Europeia, já que, por lá, seu valor ultrapassa os 25 euros.
Nem cogito o quanto estarão custando no Brasil.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3pcUcq4cZp9B2lPBA2NWwqIOeJD7_mgUkIIulMw0KJDUzcm6Imhsahgopb0WgA9jQp_DDobRY85nUMy2BFnbRYGO-SlmFXcK_4TPBlj1vw7dXpbZXWqceyxRv2NLU85sE9ipd9HWk8MI/s1600/Tupiniquim+Lost+in+Translation.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3pcUcq4cZp9B2lPBA2NWwqIOeJD7_mgUkIIulMw0KJDUzcm6Imhsahgopb0WgA9jQp_DDobRY85nUMy2BFnbRYGO-SlmFXcK_4TPBlj1vw7dXpbZXWqceyxRv2NLU85sE9ipd9HWk8MI/s1600/Tupiniquim+Lost+in+Translation.png" height="320" width="318" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.ocontadordecervejas.com.br/tupiniquim-lost-in-translation-ipa-brett-40/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.ocontadordecervejas.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No Brasil, o destaque selvagem do ano, para mim, foi o
primeiro rótulo comercial produzido por estas bandas usando leveduras do gênero
<i>Brettanomyces</i>: a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqcmp6cXZtdkhtZDg/view?usp=sharing" target="_blank">Tupiniquim/Evil Twin Lost in Translation IPA Brett</a></b>. A receita se
beneficiou do know-how da cervejaria cigana dinamarquesa Evil Twin, conhecida
por sua aclamada linha de IPAs inteiramente fermentadas com <i>Brettanomyces</i>, denominadas Femme Fatale.
E, o que é ainda mais importante: pelo menos no primeiro lote, mostrou-se uma
IPA nacional bem feita, o que é raro no nosso mercado. A fermentação com
Brettanomyces ainda é assunto envolto em mistério, então vale a pena fazer
alguns esclarecimentos. O primeiro deles é que as <i>Brettanomyces</i> <b>não</b><i> </i>produzem a acidez que se encontra nas
lambics. OK, elas produzem só um tiquinho de nada de ácido acético, mas nada
que vá realmente dar uma pegada “sour” para a cerveja. Além disso, os aromas
tipicamente associados às Bretta (os aromas ditos “animais”, lembrando
estábulo) só são produzidos em grandes quantidades durante a fase de superatenuação
de açúcares, que demora vários meses para começar. Quando as <i>Brettanomyces</i> são usadas para a
fermentação primária, elas se comportam de forma semelhante às leveduras
comuns, do gênero <i>Saccharomyces</i>. O
que isso quer dizer? Que uma cerveja fermentada com <i>Brettanomyces</i> e não envelhecida, como esta Lost in Translation, não
vai ter aquele perfil super intenso de lambic que é tipicamente associado a
Bretta. O que ela vai ter é um toquezinho levemente rústico e “exótico”, um
frescor diferente, talvez algo animal ao fundo. Coisa sutil, mas perceptível
para quem sabe o que está procurando. No caso desta Lost in Translation, o
perfume floral, herbal e frutado dos lúpulos predomina, remetendo a verbena,
rosas, limão, mamão e manga assada ao forno. As Bretta agregam um frescor
frutado lembrando uvas verdes, um toque animal de couro de sapateiro e, acima de
tudo, um exótico perfume defumado que lembra borracha queimada. Rusticidade e
frescor andando de mãos dadas. Há uma acidez inicial muito sutil, mas o
predomínio evidente é do amargor limpo e refrescante, que perdura com sensação
de secura na garganta. Corpo leve, mas aveludado. Ótimo conjunto: uma cerveja
para apreciar com calma. Pena que toda a linha da Tupiniquim tenha chegado ao
mercado paulistano a preços tão inflacionados. Até agora, dentre todas as que
tomei, esta foi a única que me fez achar que valeu o tanto que eu paguei.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Seguindo a tendência do ano passado, 2014 também foi um bom
ano para os amantes de IPAs americanas. Eu tenho de ser sincero e dizer que já
estou de saco cheio das IPAs que se produzem no Brasil. As cervejarias
brasileiras fazem IPAs com pouco frescor aromático e com amargor rascante e
agressivo. Já cansei de explicar que o amargor de uma boa IPA pode ser intenso
o quanto for, mas precisa ser limpo e refrescante (como acontece nos melhores
rótulos estadunidenses). Amargor intenso não significa que a cerveja precisa
descer como se fosse um gato agarrando as unhas na sua garganta. Mas parece que
só eu me incomodo com isso (afinal de contas, quem é “macho” não tem medo de cerveja
amarga e nem de lutar sem camisa com ursos selvagens), então tomei a resolução
de simplesmente dizer que não gosto de IPAs. Pronto, assim não preciso ficar
explicando.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0g628w6HJWa6jl9bEs6YZ4MCcAU3SlJ01B_gN4CI_kTEzUKvVlSBGRnvZTjL6thkxN6qpz_lRcdgyE7yxkuI5RMSAWEHBtUaG3p1Vf5bsOqNuZS33fjZjMCP0Znc-FIDgFGoYRmN86TE/s1600/W%C3%A4ls+Session+Citra.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj0g628w6HJWa6jl9bEs6YZ4MCcAU3SlJ01B_gN4CI_kTEzUKvVlSBGRnvZTjL6thkxN6qpz_lRcdgyE7yxkuI5RMSAWEHBtUaG3p1Vf5bsOqNuZS33fjZjMCP0Znc-FIDgFGoYRmN86TE/s1600/W%C3%A4ls+Session+Citra.jpg" height="320" width="252" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
</span><span style="font-family: "Times New Roman",serif; font-size: 12.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-bidi; mso-fareast-font-family: Calibri; mso-fareast-language: EN-US; mso-fareast-theme-font: minor-latin;"><a href="http://gastrolandia.uol.com.br/noticias/festival-brasileiro-da-cerveja-2014-dezenas-de-cervejarias-centenas-de-rotulos-e-muita-novidades/"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin; text-decoration: none; text-underline: none;">gastrolandia.uol.com.br</span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Três IPAs brasileiras (além da já citada Lost in
Translation) me chamaram a atenção neste ano. Vamos por ordem crescente de teor
alcoólico. A primeira delas, sobre a qual já falei aqui neste blog, é a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqcThnQ1NRaEwzX28/view?usp=sharing" target="_blank">Wäls, Session! Citra IPA</a></b>, que, ao meu
ver, condensou e fechou com chave de ouro os esforços da Wäls em produzir
estilos americanos com a competência que eles exibem nos estilos belgas.
Trata-se de uma IPA leve, de proposta “session” (para ser bebida em grande
quantidade) e virtuosamente bem executada. O perfume do lúpulo Citra é vívido e
marcante, com muito herbal fresco (cidreira, capim recém-cortado e pinheiro),
algo floral de lavanda e um frutado-cítrico trazendo lichia, limão, maracujá e
um toque petroláceo muito interessante. Lembra bastante o perfil de alguns
vinhos brancos aromáticos, especialmente aqueles feitos com as castas
Gewürtztraminer e Riesling. Na boca foi onde a Wäls conseguiu imprimir um
diferencial “session” a esta IPA: ela abre com uma acidez atrevida e
refrescante, mostra o amargor típico do estilo e termina num final muito limpo,
neutro, de baixa mineralização, em que o amargor persiste mais na boca do que
na garganta, implorando goles largos e profusos. Corpo muito leve e aguado, num
bom sentido. Alia o frescor de uma IPA com a sensação de refrescância de uma
Bohemian pilsner. Bela receita dos irmãos Carneiro!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR79fB01rBpCsYZyM_2SPn1RfV6G0uk7M9wM7ntJIzSOgfL46EflqIoGEGMzllOhyphenhyphenjVVlsfhlAyVixkhu24YOjSRRc6XSGzr0TDLhWpMISvl6zZrI9S99pOypjk6hHTRXtzN5ToGA6qTU/s1600/Therezopolis+Jade.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhR79fB01rBpCsYZyM_2SPn1RfV6G0uk7M9wM7ntJIzSOgfL46EflqIoGEGMzllOhyphenhyphenjVVlsfhlAyVixkhu24YOjSRRc6XSGzr0TDLhWpMISvl6zZrI9S99pOypjk6hHTRXtzN5ToGA6qTU/s1600/Therezopolis+Jade.jpg" height="320" width="288" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.krugerbier.com.br/2014/09/therezopolis-jade-american-ipa.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.krugerbier.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A segunda IPA que chamou a minha atenção em 2014 foi a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqVGZ0V3VKenRzczA/view?usp=sharing" target="_blank">Therezópolis Jade</a></b>. Quem mais, no
mercado brasileiro, oferece uma IPA americana de boa explosão aromática, amargor
intenso e que custa na faixa dos R$ 10 pela garrafa de 600ml? No RJ é ainda
mais barata, diga-se de passagem. Seu aroma lupulado é bem frutado e
convidativamente tropical, com muita mousse de maracujá, goiabada e doce de abóbora,
além de capim cidreira, lavanda e mel. Tudo com um envolvente toque
amanteigado. Com o tempo, vai aparecendo uma nota de capim seco desagradável,
mas ela nunca chega a perder completamente o frescor lupulado (ao contrário de
várias das suas concorrentes). Na boca, entra com boa doçura, traz um final bem
amargo e deixa na boca um residual em que amargor e doçura se equilibram. Ela é
mais uma daquelas IPAs tipicamente brasileiras, em que a doçura do malte é
usada para tornar a cerveja mais festiva e indulgente – o que não tem nada de
errado, diga-se de passagem. O amargor não é inteiramente limpo, mas a doçura
dá conta de equilibrar e disfarçar suficientemente bem o caráter rascante do
lúpulo. O corpo é mediano e a textura é acetinada, dando sensação de saciedade
e gulodice. A verdade é que ela dá uma surra em muita IPA artesanal brasileira
e custa menos da metade. Virou habitué na minha geladeira.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeL6QrTgCVBwlFQJJM6qq9OXOBOr4QEJSP0mcvYMYOKXymfqMotTHXm0Jp1bZFZPpXZDuVHMurv1G9St6lKWc1-K5s8dzGk4FZ5QBpMFKBz9s9-9d4OcHo0qReOGlU93_XDInw_3XI_98/s1600/Cafuza.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeL6QrTgCVBwlFQJJM6qq9OXOBOr4QEJSP0mcvYMYOKXymfqMotTHXm0Jp1bZFZPpXZDuVHMurv1G9St6lKWc1-K5s8dzGk4FZ5QBpMFKBz9s9-9d4OcHo0qReOGlU93_XDInw_3XI_98/s1600/Cafuza.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://brejada.com/cafuza-cervejas-sazonais/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">brejada.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas às vezes a gente está disposto a gastar mais por uma
cerveja incrível e redondinha. E 2014 trouxe uma IPA assim: a lendária <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqYzk2OE5GQUJwUWc/view?usp=sharing" target="_blank">Serra de Três Pontas Cafuza Imperial India Black Ale</a></b>, que finalmente saiu das panelas e ganhou versão comercial
produzida nas instalações da cervejaria Invicta. Confesso que não entendi
direito a história da associação entre a Serra de Três Pontas, a Prima Satt e a
Noturna: as três mantêm os nomes separados como três “brands”, mas se associaram
para lançar os produtos como uma espécie de “holding” cigano. Aparentemente,
esta é da Serra de Três Pontas. Uma black IPA robusta, em escala imperial com seus
respeitáveis 8.5% ABV, de execução impecável. O perfil lupulado é fresco,
vívido e muito complexo, trazendo uma tonelada de erva cidreira, manga madura, casca
de goiaba, uva verde, grapefruit, hortelã e lavanda doce. Dá tanta vontade de
ficar cheirando que você <i>quase</i> se
esquece de levá-la à boca. Quase. Na boca, são os sabores do malte torrado que
ganham a frente: café expresso, cinzas e chocolate amargo lhe dão um perfil
torrado bem definido. Ótimo equilíbrio entre lúpulo e torrefação, sem que um
ofusque o outro (o que eu acho que é o ideal para uma black IPA). O corpo é
robusto, pesadão, cremoso e aveludado, muito mais encorpada do que o padrão
para o estilo, quase na fronteira com uma imperial stout mais lupulada. O longo
retrogosto traz um amargor limpo, mineral e oleoso, com doçura na medida precisa
para equilibrar sem enjoar. A R$ 20 pela garrafinha caçulinha, o preço não é o
mais convidativo, mas, levando em conta que tem um monte de artesanal xexelenta
custando R$ 15 pela caçulinha, a Cafuza é um negócio muito mais vantajoso.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuHB92GGSSiDcGhd4jRuOV92VfGgTccRFxeqpNWxxxpgESzJ-kMi1huJCZUWDGeHWA3bdkaRhDaJCMHmPh4_Ev_TuVJZmtwmUO7Gf1GWO0QcZfFArevdlEBxGpZyQq0LrXeKM8iYmaDIM/s1600/Bodebrown+Double+Perigosa+Wood-Aged+Series+2014.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuHB92GGSSiDcGhd4jRuOV92VfGgTccRFxeqpNWxxxpgESzJ-kMi1huJCZUWDGeHWA3bdkaRhDaJCMHmPh4_Ev_TuVJZmtwmUO7Gf1GWO0QcZfFArevdlEBxGpZyQq0LrXeKM8iYmaDIM/s1600/Bodebrown+Double+Perigosa+Wood-Aged+Series+2014.png" height="317" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.ocontadordecervejas.com.br/bodebrown-double-perigosa-wood-aged-series-2014-43/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.ocontadordecervejas.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Deixei para o final a cereja do bolo (e não é daquelas feitas de chuchu!). Em 2014, uma
cervejaria realmente se destacou por apresentar um produto de proposta séria e
ousada, com um padrão de qualidade até então inexistente no mercado nacional, e
que realmente estabeleceu um novo patamar para seus concorrentes. Falo da
paranaense Bodebrown e da sua fantástica linha Wood-Aged Series. A ideia da
linha é apresentar cervejas com perfil de guarda, envelhecidas em barris de
madeira, e com potencial para pelo menos 10 anos de envelhecimento em adega. O
primeiro rótulo da linha chegou ao mercado este ano com o prolixo título de <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqMWstdGpRbUVQaHc/view?usp=sharing" target="_blank">Bodebrown Double Perigosa Wood-Aged Series2014 Cabernet Sauvignon</a></b>. Trata-se de uma cerveja de teor alcoólico extremo
(15.1% ABV), para o qual foi necessária uma longa fermentação de 4 meses (a
maioria das cervejas fermenta em menos de uma semana). Seguiu-se a isso uma
maturação de mais 9 meses em barris anteriormente usados para a produção de
vinhos gaúchos com a uva Cabernet Sauvignon. Cerveja feita com seriedade, sem
subestimar o consumidor. Esta não é uma wood-aged ordinária que maturou durante
30 dias em chips de carvalho e é vendida como se fosse a última bolacha do
pacote. É maturação em madeira encarada com seriedade. O resultado é evidente.
A madeira é suculenta e bem-integrada ao perfil de maltes, resultando em uma
explosão de marrom-glacê, castanhas portuguesas, baunilha, cedro e coco. Muitas
frutas doces, com destaque para frutas vermelhas (framboesa), provavelmente
acentuada pelos resíduos do vinho no barril, tâmaras e ameixas.
Pimenta-do-Reino para quebrar tanta doçura. E um encantador perfil de evolução
que ainda vai se aprofundar: couro curtido, molho de tomate e vinho do Porto. É
isso o que acontece quando se leva a maturação em madeira a sério. Na boca, é
uma explosão indulgente e envolvente de doçura, com um amargor mediano ao fundo
e um agradável aquecimento alcoólico que lhe dá ares de licor ou digestivo.
Corpo intenso, cremoso, como de licor mesmo. Vai melhorar muito com a guarda,
mas já está pronta para beber. Uma cerveja de outro patamar. Definitivamente, a
Bodebrown saiu na frente na corrida para produzir cervejas envelhecidas em
madeira de altíssima qualidade no Brasil. A partir de agora, as cervejarias
brasileiras vão ter trabalho para se destacar com seus rótulos envelhecidos em
madeira. E o preço (R$ 30 pela caçulinha) é menor do que o de outras
concorrentes produzidas com muito menos competência e empenho. A venda foi
feita apenas pelo site, em sistema <i>en primeur</i>
(pré-venda) e esgotou antes mesmo de a cerveja ficar pronta. Quer uma dica? Quando
a safra 2015 for anunciada, não perca a oportunidade de reservar três
garrafinhas, beber uma e deixar as outras duas envelhecendo na adega.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Enfim, é isso! Sete dicas para todos os gostos e bolsos resumindo
o que há de melhor dos lançamentos do ano que passaram pelo meu copo.
Felizmente, o mercado cresceu o suficiente para atingir um determinado tamanho
em que é impossível para quem não é um profissional do setor conseguir provar
todos os lançamentos. Isso significa que tem um montão de coisas que foram
lançadas em 2014 e que eu não provei, então esta lista reflete as escolhas que
fiz como consumidor. Mas acho que já oferecem um itinerário para conhecer um
pouco do que chegou ao consumidor brasileiro de cervejas neste ano que se
encerra!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Boas festas e um feliz 2015!<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com16tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-22660266627076363572014-08-21T00:26:00.000-03:002014-08-22T23:37:38.082-03:00"Preço real" e preço por dose<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Lembro-me de ter lido, há algum tempo, um <a href="http://mostocritico.blogspot.com.br/2013/04/preco-por-litro-e-o-preco-real.html" target="_blank">artigo interessante</a> no blog O Mosto Crítico, a respeito do “preço real” da cerveja.
Para o autor, a relação de custo-benefício de diferentes cervejas artesanais
não podia ser avaliada e comparada a partir do preço unitário da garrafa, mas
teria de ser calculada a partir do preço do litro. Diante da enorme variedade
de envases (as garrafas variam desde 250ml até mais de 1 litro), essa era a
única forma de realmente comparar o preço das cervejas que consumimos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKAe5pTIEigeJtaW5RM0x9hkvP1oXMBVrlntEUG01LWjPwF88PgT3FdHJRocS-IXV9L8OXoEF9bgBzvzHLICdNbYTn8Ut8LqFSAWEgSAwo-nqf1gd6-RiH9VO1uUZz6F_WhK1nBvkgDaQ/s1600/Custo-benef%C3%ADcio.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhKAe5pTIEigeJtaW5RM0x9hkvP1oXMBVrlntEUG01LWjPwF88PgT3FdHJRocS-IXV9L8OXoEF9bgBzvzHLICdNbYTn8Ut8LqFSAWEgSAwo-nqf1gd6-RiH9VO1uUZz6F_WhK1nBvkgDaQ/s1600/Custo-benef%C3%ADcio.png" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://tvcominternet.com.br/7-pacotes-de-tv-por-assinatura-com-melhor-custo-beneficio/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">tvcominternet.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Parece perfeitamente sensato, mas sabemos que existem
fatores que influenciam nessa consideração. Muitas vezes compramos uma cerveja
apenas para degustar, para provar, e não necessariamente estamos interessados
em beber uma grande quantidade. Nessas ocasiões, uma garrafa de 375ml por R$ 35
pode parecer mais vantajosa ao consumidor do que uma garrafa de 750ml por R$ 65,
embora isso contrarie o princípio do preço por litro. Mas há outro fator que
interfere nessa conta e que tem ocupado minha atenção há algum tempo: a maneira
como a concentração de álcool da cerveja influencia esse cálculo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>“Custo-benefício-álcool”<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A expressão acima não foi inventada por mim – eu apenas
reproduzo o que ouvi de outro amigo cervejeiro. Ela leva em conta o fato de que
nós bebemos cerveja, em parte, para consumir álcool. Claro que a cerveja tem
propriedades sensoriais vastíssimas, tem sabores, tem aromas, tem texturas.
Claro que a cerveja é uma bebida que agrada ao paladar. Claro que ela oferece
maravilhosas oportunidades de harmonização com alimentos e pode valorizar uma
boa refeição. Mas é difícil negar que um dos motivos que nos leva a beber
cerveja é a sensação do leve entorpecimento alcoólico que ela provoca. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mais que isso: a quantidade de álcool de uma cerveja é um
fator decisivo para determinar o volume que vamos consumir numa determinada
ocasião. Não se diz que as chamadas “session beers”, cervejas de mais baixo
teor alcoólico, são idealizadas para serem bebidas em grandes quantidades? Isso
apenas reflete o fato, conhecido para qualquer consumidor habitual, de que uma
cerveja muito alcoólica nos faz “pisar no freio” e beber mais devagar, o que,
consequentemente, nos leva a beber menos ao longo do mesmo espaço de tempo em
que beberíamos uma quantidade muito maior de uma cerveja pouco alcoólica. Na
real, se formos calcular a quantidade de álcool ingerida, veremos que 4
garrafinhas de uma witbier equivalem, mais ou menos, a duas garrafinhas de uma
Russian imperial stout. É razoável supor que iremos beber mais ou menos o dobro
de garrafas de uma witbier para nos satisfazermos, em relação a uma imperial
stout. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkw2ilpuzRP26nHvEenO2bua7fkz4VOrp2JUJV5cSSAUklMoPhFO9PKtmRPJlhKkFngP3LGJlY1YTpUzihyXIKFACy_IuFbnlZA7wDvV2zrd-QvzSmV281JoUPRvZrw5m978-eV7friG0/s1600/Engradado+de+cerveja.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhkw2ilpuzRP26nHvEenO2bua7fkz4VOrp2JUJV5cSSAUklMoPhFO9PKtmRPJlhKkFngP3LGJlY1YTpUzihyXIKFACy_IuFbnlZA7wDvV2zrd-QvzSmV281JoUPRvZrw5m978-eV7friG0/s1600/Engradado+de+cerveja.jpg" height="216" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Se arrisca a comprar várias caixas da
última <o:p></o:p></span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">session IPA do mercado para o
churras?<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://sp.quebarato.com.br/carapicuiba/engradado-de-cerveja-skol-brahma-antarctica-e-nova-schin__8A37F0.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">sp.quebarato.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nesse sentido, o “custo-benefício-álcool” nada mais é do que
uma expressão do bom-senso do consumidor. Ele é uma medida do quanto vamos
gastar de dinheiro para consumir uma determinada quantidade de álcool, e não
apenas um determinado volume de cerveja. Ele também reflete o fato de que as
cervejas possuem variações muito significativas de teor alcoólico, que podem ir
desde menos de 4% até mais de 12% – observe que o valor maior equivale a 300%
do menor. Não estamos falando de variações negligenciáveis, mas de algo que vai
nos fazer modificar a maneira como bebemos – e, sobretudo, a quantidade de que
precisaremos para nos satisfazer.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A dose mínima<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um dos motivos que me fez pensar nisso é o hábito, que tenho
tentado manter, de consumir álcool de forma constante e moderada, a fim de
aproveitar os benefícios que ele pode trazer à saúde. Há muita controvérsia
científica e médica a respeito, mas diversos estudos mostram que o consumo
moderado de bebidas alcoólicas pode trazer benefícios à saúde. O álcool auxilia
na manutenção do índice do chamado “bom colesterol” e está associada a uma
diminuição nos riscos de doenças cardiovasculares. Além disso, a composição
específica da cerveja pode trazer benefícios que se estendem ao aumento das
vitaminas do complexo B e de minerais de difícil absorção (como o silício) e à
prevenção da diabetes. A bebida alcoólica em questão não precisa
necessariamente ser a cerveja. Há toda uma tradição de estudos que associam
também o vinho a benefícios de saúde, sobretudo pela propriedade antioxidante
da substância conhecida como resveratrol.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Contudo, o consumo deve ser moderado. O que significa isso?
A quantidade indicada é influenciada por diversos fatores, incluindo tendências
genéticas, estilos de vida e hábitos alimentares – mas, de forma geral,
considera-se benéfico o consumo de uma quantidade diária de cerveja equivalente
a uma long neck (para mulheres, já que a quantidade aumenta um pouco para
homens). No caso do vinho, diferentes fontes indicam uma quantidade que varia
entre 125 ml e a genérica medida de “duas taças” (o que, como sabemos, varia de
acordo com o tamanho da taça que você está usando, podendo ir desde 200 até 400
ml).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOnOAGKySAPuowDYz3rWr3U9J_LE-FD5GSC-1CWM4JCj486Qd4HEr_XWi7dnfed2B0Cnrg1nDbQ7xF6ucMT3fyD8Wpy1LQ2G7FcircNn2cI0A78CqmVrRF1AtbXhEmSI8uhBChggvqdTg/s1600/Copo+di%C3%A1rio.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhOnOAGKySAPuowDYz3rWr3U9J_LE-FD5GSC-1CWM4JCj486Qd4HEr_XWi7dnfed2B0Cnrg1nDbQ7xF6ucMT3fyD8Wpy1LQ2G7FcircNn2cI0A78CqmVrRF1AtbXhEmSI8uhBChggvqdTg/s1600/Copo+di%C3%A1rio.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A recompensa por um dia de trabalho
honesto!<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.folhavitoria.com.br/geral/noticia/2014/07/reduzir-consumo-diario-de-alcool-diminui-doenca-coronaria-mostra-estudo.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.folhavitoria.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Vou tentar estabelecer uma média grosseira para compor
aquilo que vou chamar de “dose mínima”, que equivale mais ou menos à dose
diária recomendada para uma mulher. A quantidade de álcool contida nessa “dose
mínima” gira em torno dos 20 ml de álcool. Isso dá um pouco mais que uma
latinha de uma cerveja de 5% de álcool, e mais ou menos a quantidade contida em
uma taça de 150 ml de um vinho de teor alcoólico médio-alto (13,5%). Essa será
a nossa quantidade-padrão que vou usar para calcular o “custo-benefício-álcool”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Quanto custa?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quando comecei a consumir a quantidade recomendada pelos
médicos de bebidas alcoólicas, imediatamente me assustei com o impacto que esse
hábito poderia ter no meu orçamento, que poderia facilmente ultrapassar os R$
200 por mês. Como sou apreciador tanto de cerveja como de vinhos, imediatamente
me fiz a seguinte pergunta: fica mais barato beber vinho ou cerveja?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A resposta imediata a essa pergunta nos leva a optar quase
sem pensar pela cerveja. Estamos acostumados a pensar na cerveja como uma
bebida popular e barata, em comparação com o vinho, mais elitizado e caro.
Afinal de contas, mesmo que bebamos cervejas artesanais, é fácil encontrar
cervejas com preço entre R$ 10 e R$ 15, mas é difícil encontrar vinho por menos
de R$ 20-25. Mas, pondo na ponta do lápis, comecei a ver que não era bem assim.
E isso tem tudo a ver com toda essa coisa da “dose mínima”.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma long neck de cerveja equivale mais ou menos à “dose
mínima”. Contudo, uma garrafa de vinho pode render 4 ou até 5 “doses mínimas”.
E de fato o vinho oferece a possibilidade de guardarmos uma garrafa já aberta
(tomando os devidos cuidados e precauções), se quisermos dividir as doses entre vários dias. Assim, uma garrafa de vinho de R$
25 rende por 4 ou 5 dias, enquanto uma garrafa de cerveja aberta deve ser
consumida imediatamente.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mais que isso: ao ver o preço das cervejas numa gôndola de
supermercado ou num cardápio de bar, comecei a me perguntar quanto eu iria
gastar para beber, digamos, três ou quatro “doses mínimas” – que é uma
quantidade que eu posso tranquilamente consumir numa sessão de bar animada no
final de semana. Quanto isso me custaria se eu optasse pela Colorado Índica? E
pela Evil Twin Low Life? E pela Chimay Bleue? E por aí vamos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Montei a tabela abaixo para ajudar nesse cálculo. Ela indica
o preço que custa, para cada rótulo, uma “dose mínima” (e indica o teor
alcóolico de cada cerveja). Note que, em muitos casos, isso é menos do que uma
garrafinha, de modo que você não pode comprar apenas essa quantidade. Mas é um
valor de referência útil para multiplicar e calcular o consumo de uma noite.
Escolhi propositadamente alguns rótulos que surgem na discussão quando o
assunto é “custo-benefício”, e outros que surpreendem quando calculamos dessa
forma. Considerei o menor preço a que já consegui encontrar cada cerveja aqui
em São Paulo ou em lojas online, o que significa que algumas foram calculadas
em cima do preço de supermercado, enquanto outras o foram em cima do preço de
empórios e e-commerce (que é mais alto).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<table border="1" cellpadding="0" cellspacing="0" class="MsoTable15Grid4Accent1" style="border-collapse: collapse; border: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-padding-alt: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; mso-yfti-tbllook: 1184;">
<tbody>
<tr>
<td style="background: #5B9BD5; border-right: none; border: solid #5B9BD5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-border-bottom-alt: solid #5B9BD5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-left-alt: solid #5B9BD5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-top-alt: solid #5B9BD5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<span style="color: white; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: background1;">Cerveja<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: #5B9BD5; border-bottom: solid #5B9BD5 1.0pt; border-left: none; border-right: none; border-top: solid #5B9BD5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-border-bottom-alt: solid #5B9BD5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-top-alt: solid #5B9BD5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themecolor: accent1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
<span style="color: white; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: background1;">ABV<o:p></o:p></span></div>
</td>
<td style="background: #5B9BD5; border-left: none; border: solid #5B9BD5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-border-bottom-alt: solid #5B9BD5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-right-alt: solid #5B9BD5 .5pt; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-top-alt: solid #5B9BD5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
<span style="color: white; mso-bidi-font-weight: bold; mso-themecolor: background1;">“Dose mínima”<o:p></o:p></span></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Heineken Lager Beer<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
5.0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 2,93<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Eisenbahn Weizenbock<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
8.0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 4,22<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Colorado Índica<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
7.0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 5,71<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Eisenbahn 5 Anos<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
5.4%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 6,50<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Colorado Vixnu<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
9.5%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 7,36<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Invicta Imperial Stout<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
9.0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 8,89<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Wäls Petroleum<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
12.0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 8,89<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Bamberg Helles<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
5.2%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 9,61<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Brooklyn Lager<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
5,2%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 9,75<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Way Beer American Pale Ale<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
5.2%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 9,93<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Duvel<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
8.5%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 10,70<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Chimay Bleue<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
9.0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 12,12<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Wäls, Session! Citra IPA<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
3.9%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 14,53<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Brewdog Punk IPA<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
6.0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 16,90<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Tupiniquim/Evil Twin Lost in
Translation<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
6.5%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 17,87<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Boon Geuze Mariage Parfait<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
8.0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 20,00<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Mikkeller k:rlek<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
5,5%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 25,60<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Deus Brut des Flandres<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
11,5%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 31,30<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
<tr>
<td style="background: #DEEAF6; border-top: none; border: solid #9CC2E5 1.0pt; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 226.55pt;" valign="top" width="302"><div class="MsoNormal">
<b>Harviestoun Ola Dubh 18<o:p></o:p></b></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 92.15pt;" valign="top" width="123"><div class="MsoNormal">
8,0%<o:p></o:p></div>
</td>
<td style="background: #DEEAF6; border-bottom: solid #9CC2E5 1.0pt; border-left: none; border-right: solid #9CC2E5 1.0pt; border-top: none; mso-background-themecolor: accent1; mso-background-themetint: 51; mso-border-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-bottom-themecolor: accent1; mso-border-bottom-themetint: 153; mso-border-left-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-left-themecolor: accent1; mso-border-left-themetint: 153; mso-border-right-themecolor: accent1; mso-border-right-themetint: 153; mso-border-themecolor: accent1; mso-border-themetint: 153; mso-border-top-alt: solid #9CC2E5 .5pt; mso-border-top-themecolor: accent1; mso-border-top-themetint: 153; padding: 0cm 5.4pt 0cm 5.4pt; width: 106.0pt;" valign="top" width="141"><div class="MsoNormal">
R$ 37,88<o:p></o:p></div>
</td>
</tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para quem tiver curiosidade, a fórmula para se chegar a esse
preço é a seguinte:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal">
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</v:line><![endif]--><!--[if !vml]--><span style="height: 2px; left: 0px; margin-left: 197px; margin-top: 23px; position: absolute; text-align: justify; width: 225px; z-index: 251659264;"></span><!--[endif]--><b></b></div>
<div style="text-align: justify;">
<b><b>Preço da dose mínima = <u> 20
x preço unitário </u></b></b></div>
<b><o:p></o:p></b><br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b> Volume
da garrafa x teor alcoólico<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A constante “20” foi escolhida por equivaler à dose mínima
de álcool que determinamos anteriormente, em ml. Se você quiser calcular uma
quantidade diferente de álcool, é só substituir o “20” pelo número de
mililitros de álcool que você quer calcular. O preço unitário é o preço pago
pela garrafa. O volume da garrafa foi calculado em ml. Para o teor alcoólico,
não se esqueça de que ele é calculado em porcentagem – portanto, se uma cerveja
tem 5,2% ABV, o número a ser usado na fórmula será 0,052.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Alguns valores da tabela são previsíveis, outros
surpreendem. A Heineken foi colocada como “cerveja de referência” por ser a cerveja
comercial de preferência de boa parte dos apreciadores de artesanais (embora
não seja a minha). O melhor custo-benefício do mercado artesanal, se
considerarmos a quantidade de álcool, fica com a minha querida Eisenbahn
Weizenbock, cuja dose mínima custa R$ 4,22, apenas R$ 1,29 acima da Heineken.
Estamos acostumados a pensar que as Eisenbahns são todas igualmente baratas,
mas quando o quesito ABV entra em cena, vemos que não é bem assim: a Eisenbahn
5 Anos, de 5,4% ABV, já possui preço de R$ 6,50 pela dose mínima. Mais caro que
uma Colorado Índica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Cervejas fortes normalmente tidas como caras, como a Wäls
Petroleum, mostram-se mais baratas neste cálculo do que outros rótulos
normalmente apontados como possuindo bom custo-benefício, como Bamberg Helles,
Brooklyn Lager ou Way APA. E belgas fortes como Duvel ou Chimay mostram-se
decididamente mais baratas do que a média das IPAs importadas (representadas
aqui pela Brewdog Punk IPA), e apenas marginalmente mais caras do que várias
cervejas tidas como rótulos de bom preço. Uma cerveja como a Tupiniquim/Evil
Twin Lost in Translation representa uma tendência do mercado nacional de cobrar
caro por garrafas pequenas, e acaba saindo mais cara do que as importadas. A
Deus, que leva fama de ser ostensivamente cara, mostrou-se mais barata do que
as barrel-aged importadas que têm chegado ao mercado (representadas pela Ola
Dubh 18).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Vinho ou cerveja<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6omsheYBykV0Tuz3cYmsH_hBEsgzDBRP1esmEVdsFMhHw5CZBnBRS1_sOiB7xUvze1vfN7deBdQyXAd3SgPh-XTEMGNFeajzSpPVuRmnPEA0zo45tHDb7p1afWtW4RDPZ4U2qjcwvRaI/s1600/Vinho+cifr%C3%A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg6omsheYBykV0Tuz3cYmsH_hBEsgzDBRP1esmEVdsFMhHw5CZBnBRS1_sOiB7xUvze1vfN7deBdQyXAd3SgPh-XTEMGNFeajzSpPVuRmnPEA0zo45tHDb7p1afWtW4RDPZ4U2qjcwvRaI/s1600/Vinho+cifr%C3%A3o.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://colunasaboresaber.net/2012/10/01/custo-beneficio-no-vinho/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">colunasaboresaber.net</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Volto a uma questão levantada mais acima. Quando comecei a
beber a “dose mínima” diariamente, vi que o papo de que beber cerveja é mais
barato do que beber vinho é balela, em vários sentidos. Um público de cervejas
artesanais está acostumado a achar barato pagar em torno de R$ 6 pela “dose
mínima”, o que representa o valor de uma Eisenbahn ou Colorado Índica, e aceita
tranquilamente pagar entre R$ 15 e R$ 20 pela dose mínima de cervejas
importadas ou artesanais nacionais de pequeno porte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ora, se colocamos na roda um vinho de preço baixo, mas
honesto, em torno dos R$ 25, vemos que sua dose diária mínima gira em torno de R$
4,94. Só a Eisenbahn Weizenbock é mais barata do que isso. Mas vou ainda mais
longe. Você acha que um vinho de R$ 50 é caro? Saiba que a dose mínima desse
vinho custa em torno de R$ 9,88, na mesma faixa de uma Brooklyn ou Way. E um
vinho de R$100? Esse é um preço que decididamente assusta se você não é um
enófilo. Sua dose mínima fica em torno de R$ 19,75 – apenas R$ 3 a mais do que
uma Brewdog Punk IPA, e menos do que se paga por muitas Mikkeller. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E aí, assustou? :-)<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com10tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-74317397356871880102014-08-01T00:00:00.000-03:002014-08-01T00:00:04.949-03:00Um ano prolífico para a Wäls - Parte II: Pesos-pesados<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguYaj6W5aR6JIYgMbhxVRyC80_HvU86sWLT1YHm7IMmJuUFIdeveynlOH4pK00OjXpp22RVy0PmovVT37aNDQcxHmrFE1lUtZNbjvlrMD1eviXq6iBQ_SV1_PNUfVpfBYDBlJwhwcIdzQ/s1600/Wrestler+bottle+opener.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEguYaj6W5aR6JIYgMbhxVRyC80_HvU86sWLT1YHm7IMmJuUFIdeveynlOH4pK00OjXpp22RVy0PmovVT37aNDQcxHmrFE1lUtZNbjvlrMD1eviXq6iBQ_SV1_PNUfVpfBYDBlJwhwcIdzQ/s1600/Wrestler+bottle+opener.jpg" height="184" width="200" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Vai encarar?<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://odditymall.com/wrestler-headlock-bottle-opener"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">odditymall.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2014/07/um-ano-prolifico-para-wals-parte-i.html" target="_blank">postagem anterior</a>, falamos sobre a profusão de
lançamentos cervejeiros e de fatos marcantes envolvendo a microcervejaria Wäls
neste último ano. Abordamos as tentativas dos mineiros de fazer uma cerveja
leve e refrescante dentro da escola americana, coroadas pela excelência de sua
<a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqcThnQ1NRaEwzX28/edit?usp=sharing" target="_blank">Session! Citra IPA</a>. Agora acabou a brincadeira: desta vez, falaremos só sobre
os pesos-pesados da Wäls deste último ano. Aqui, se tiver menos de 9% de
álcool, pede para sair!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Potentes, mas
equilibradas<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Wäls sempre teve um pendor para as características da
escola cervejeira belga, primando pela complexidade aromática da refermentação
na garrafa e pela importância da doçura do malte nos estilos mais pesados. Isso
se imprime também nas receitas de inspiração norte-americana que a cervejaria
tem lançado recentemente. Já vimos que o equilíbrio entre o lúpulo e o malte
foi uma das marcas das “lupuladinhas” da Wäls deste ano, sobre as quais falamos
na última postagem. A mesma marca se repete nas pesos-pesados: uma porrada de
lúpulo agradavelmente equilibrada por uma indulgente doçura. Só podia ser coisa
de mineiro! Heresia aos olhos dos puristas das “west coast IPAs”, que preferem
cervejas secas; regalia para aqueles que, como eu, não dispensam de vez em
quando um docinho para açucarar a vida.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX5DDYuUp9UkL9pQrTwvnv7dRl4IGHq01XTPoVZKzhue82vq2MRUpzMnPfOWoIvNyk7qeqDNqC76kLhmIft1gSO4lmBtWp4shMMzmgvq0qCh-Hx1aCJt_YdKn-95rTUzz7LqFpJlmN_jY/s1600/W%25C3%25A4ls+Abroba+%2528IPA%25292.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjX5DDYuUp9UkL9pQrTwvnv7dRl4IGHq01XTPoVZKzhue82vq2MRUpzMnPfOWoIvNyk7qeqDNqC76kLhmIft1gSO4lmBtWp4shMMzmgvq0qCh-Hx1aCJt_YdKn-95rTUzz7LqFpJlmN_jY/s1600/W%25C3%25A4ls+Abroba+%2528IPA%25292.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Um dos rótulos mais
legais da Wäls.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.ummundodecerveja.com/wals-abroba-ipa/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.ummundodecerveja.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A primeira desses “pesos-pesados” inspirados na escola
americana foi lançada com exclusividade para o clube de cervejas Have a Nice
Beer: uma cerveja comemorativa do dia das bruxas, chamada a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqeWtUZGNzZC1mZE0/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls Abróba (IPA)<sup>2</sup></a></b>. Apesar
da sigla IPA no rótulo, a cerveja é uma mistureba de influências. Seus 9% de
álcool e seus 93 IBUs justificariam a classificação como double/imperial IPA,
ou, como sugere o rótulo, como uma “IPA ao quadrado”. Mas ela ainda leva doce
de abóbora mineiro na composição, lembrando as pumpkin ales típicas do
Halloween norte-americano, e é fermentada com leveduras belgas. Que tal
“Pumpkin Belgian Double IPA”? Ou que tal esquecer estilos e simplesmente
aproveitar? <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqeWtUZGNzZC1mZE0/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls Abróba (IPA)<sup>2</sup></a></b>
tem coloração alaranjada, meio queimada, e um creme de bom desempenho. O aroma
é muito complexo, devido à sobreposição de elementos da receita, mas a
impressão que dá é que nem todos se harmonizam perfeitamente. Uma forte doçura
de melado de cana envolve os aromas da abóbora, que aparece nítida mas sem ser
enjoativa, e de lúpulos norte-americanos, que começam com um perfil cítrico
(laranja, maracujá) e depois vão abrindo um forte floral (lavanda, jasmim,
rosas), herbal (capim-limão, verbena) e apimentado. Alguma maçã vermelha
denuncia a presença do fermento belga, mas ele fica meio “perdido” no conjunto.
Ela entra bem doce na boca e depois abre um amargor residual impactante mas
limpo, sem raspar na garganta – o que já conta pontos positivos para mim. O
corpo é intenso e levemente xaroposo, denunciando a pesada carga de maltes. Uma
IPA com muita doçura para equilibrar o amargor. Boa cerveja, mas talvez um
pouco carregada. Como a receita foi lançada como uma edição limitada, não sei
dizer se voltará a ser produzida neste ano. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqeWtUZGNzZC1mZE0/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação
completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf5VFMp7ouO51CB0cSVq1Xw0P-mZJRuM-ettdiRvn8Fh-6c2IZLXn4b_Gh9Kxc6zz5wM2T1aCELXAZqh8YKuQzVqogogsezbo9rM-J2KtLDo2ZcImosBfPc2VDToxUfVNQ8k0YdhpH5MA/s1600/W%25C3%25A4ls+Way+Hoppy+Cookie+Vanilla.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjf5VFMp7ouO51CB0cSVq1Xw0P-mZJRuM-ettdiRvn8Fh-6c2IZLXn4b_Gh9Kxc6zz5wM2T1aCELXAZqh8YKuQzVqogogsezbo9rM-J2KtLDo2ZcImosBfPc2VDToxUfVNQ8k0YdhpH5MA/s1600/W%25C3%25A4ls+Way+Hoppy+Cookie+Vanilla.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.brejas.com.br/cerveja/brasil/wals-way-vanilla-hoppy-cookie"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.brejas.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em fevereiro, mais uma parceria, desta vez com a micro
paranaense Way Beer, deu origem à cerveja mais alcoólica do portfolio de ambas.
Trata-se da <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqMjBNVlRZVEp3cEE/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls/Way Vanilla Hoppy Cookie</a></b>, feita com adição de favas de baunilha durante a maturação. A cerveja
foi descrita como “double brown ale” e também como “Belgian brown ale”, o que
captura a mistura de estilos e influências da receita. A parceria acertou em
cheio para agradar quem gosta de cervejas intensas e licorosas, daquelas para
se tomar ao final da refeição, à guisa de licor e digestivo. A coloração é
marrom-atijolada transparente, bem bonita, e o creme não faz feio diante de tanto
álcool. No aroma, a baunilha é bem inserida, perceptível sem exageros, e
potencializa as fortíssimas percepções de caramelo e toffee trazidas pelo
malte. Há algo abiscoitado ao fundo, mas ela pende mais para a doçura
caramelada do que para o sabor mais tostado e seco do biscoito, sugerido pelo
nome e mais típico das brown ales. Uma avalanche de frutas em compota (cerejas
ao marrasquino, mamão cristalizado, banana passa) lhe dá um ar decidido belga, enquanto
o lúpulo alemão Polaris traz toques de gerânios e mentolado. O amargor potente
alcança os 90 IBUs e se impõe até de forma um pouco agressiva, mas é
sobrepujado no início e no final do gole por uma doçura avassaladora. Cerveja
de extremos. O aquecimento, excessivo, poderia ser mais comportado. O corpo é
intenso, cremoso e licoroso, quase mastigável. O perfil de caramelo e frutas
lembra mais uma Belgian dark strong ale do que propriamente uma brown ale,
atenuando a impressão pretendida de “cookie”. Uma delícia de cerveja, mas para
consumir com moderação devido aos seus excessos. Acho que tem futuro na adega.
(Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqMjBNVlRZVEp3cEE/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha4AtFkVcsSjPagMJoRUDX-TG7wqk-5OtyEjAcQ39roT9I9tXe_2nwEXa2G1JJ_e1ZLU0f8zlQkbuNDcja-v8qn0_mOELzid-OpN7uvB_qOC8RK7WyS-iEkxhTS9dvr-WbkTRB_G10YY0/s1600/W%25C3%25A4ls+Niobium.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEha4AtFkVcsSjPagMJoRUDX-TG7wqk-5OtyEjAcQ39roT9I9tXe_2nwEXa2G1JJ_e1ZLU0f8zlQkbuNDcja-v8qn0_mOELzid-OpN7uvB_qOC8RK7WyS-iEkxhTS9dvr-WbkTRB_G10YY0/s1600/W%25C3%25A4ls+Niobium.png" height="320" width="222" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Este, por outro lado, eu acho </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">um </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">dos </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">rótulos mais feios do mercado nacional.</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://bardojota.blogspot.com/2014/03/wals-niobium-37.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">bardojota.blogspot.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No começo do ano, veio ao mercado uma double IPA intitulada <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqcXFhbnJmemtHVUk/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls Niobium</a></b>. O nome faz alusão ao
metal nióbio, um dos produtos da cidade de Araxá (para onde a micro está em
processo de transferência), que é usado industrialmente na fabricação de
superligas metálicas. Daí a ideia de uma “super liga dos lúpulos”. Ela tem coloração
bem escura para o estilo, quase ameixa, com boa transparência e bom creme. No nariz,
o diferencial da receita é a “super liga” composta por 4 lúpulos de origens
distintas: o norte-americano Cascade, o australiano Galaxy, o alemão Polaris e
o tcheco Saaz. O resultado é uma viagem que reflete os diferentes <i>terroirs</i> da seleção: enquanto o Polaris
e o Saaz imprimem uma elegante austeridade de fundo, com aromas de menta,
camomila e apimentado, o Cascade e o Galaxy brilham com exuberância tropical,
remetendo a mamão-papaya, maracujá, uvas verdes, torta de limão e lavanda. A
composição é harmônica como uma peça polifônica de Bach. Uma pena que, à
semelhança de outras IPAs nacionais, os aromas mais exuberantes comecem vívidos
e vão gradualmente perdendo o frescor com o tempo. O malte é muito mais
presente do que o habitual para o estilo, trazendo fortes percepções de
biscoito doce, caramelo, melado de cana e um queimadinho de fundo. Ela entra
mais doce na boca e finaliza mais amarga na garganta, oleosa, sem raspar nem
agredir. O corpo é médio para alto, destacado para o estilo, um tanto melado.
Uma double IPA com personalidade, com bastante doçura, mas cujo destaque, para
mim, fica por conta da composição de lúpulos velho- e novo-mundistas. Ótima
cerveja. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqcXFhbnJmemtHVUk/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Contudo, do meu ponto de vista, o verdadeiro destaque do
ano, até agora, foi uma cerveja de distribuição muito limitada, feita para
comemorar o aniversário de 6 anos do Empório Alto dos Pinheiros, em São Paulo,
e vendida com exclusividade pelo bar: a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWEtCcThETWtQVkU/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls EAP Barley Wine 2014</a></b>. A cerveja é uma barley wine robusta, com lúpulos
norte-americanos (a receita usa Cascade, Galena e Tettnanger) e maturada com
lascas de carvalho francês. Tem coloração vermelha atijolada, escura, e creme
de média persistência. No nariz, o carvalho é bem marcante, adicionando um
aroma vívido de cocada branca, alguma baunilha, toques minerais e um
condimentado lembrando noz-moscada que é típico da madeira francesa. Os lúpulos
trazem uma pancada floral de lavanda (um pouco excessiva para meu gosto, mas
acredito que a guarda possa atenuá-la), mentol e alguma laranja. O malte
comparece em peso com volumosa doçura de melaço de cana e caramelo, além de
algum tostado. Por fim, aromas de frutas passas (mamão cristalizado e tâmaras) lhe
dão ainda mais complexidade. Na boca, a doçura predomina, como nas
interpretações inglesas do estilo, mas o final é assertivamente amargo, como
nas norte-americanas. O aquecimento alcoólico é levemente exagerado, e o corpo
é intenso e licoroso. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir65P-VQKSnkcl32m5oRZhS0bAtJXA1oFSFb3ddzloR5qod68HbQXeIsrMR3J7xOYMkVdfsTWzUcl-Jtb4S3PUnAhmwzBoK9htITLxapLknSnHorhsIV7zjebKSihuc2G7s2O4uPgw2jo/s1600/WalsEAP1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEir65P-VQKSnkcl32m5oRZhS0bAtJXA1oFSFb3ddzloR5qod68HbQXeIsrMR3J7xOYMkVdfsTWzUcl-Jtb4S3PUnAhmwzBoK9htITLxapLknSnHorhsIV7zjebKSihuc2G7s2O4uPgw2jo/s1600/WalsEAP1.jpg" height="229" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Sobre o balcão do EAP. A garrafa é de
375ml, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">embora a perspectiva da foto engane.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.tasteandfly.com.br/emporio-alto-dos-pinheiros-lanca-cerveja-propria-a-wals-eap/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.tasteandfly.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Confesso que tive uma certa decepção, pois a cerveja foi
inicialmente anunciada apenas como sendo “maturada em carvalho”, o que me
acendeu as esperanças de uma barley wine com passagem por barricas, como a
lendária e aposentada <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqeTNudmZkcURUaUU/edit?usp=sharing" target="_blank">Biertruppe Vintage nº 1</a>, quando na verdade a Wäls EAP
matura em tanques de inox com <i>lascas</i>
de carvalho, fato que depois foi mais bem esclarecido. De qualquer maneira, é
uma baita cerveja para quem, como eu, é fã do estilo, e mata um pouco da nossa
vontade por madeira. Para nossa sorte, a cervejaria planeja repetir a dose nos
aniversários subsequentes do EAP, mas introduzindo pequenas variações na
receita, como lúpulos ou madeiras de origens distintas. Reserve espaço na sua
adega para envelhecer algumas garrafinhas! (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWEtCcThETWtQVkU/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação
completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>As surpresas dos
barris da Wäls<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se a barley wine comemorativa de aniversário do EAP adiou
meu sonho de ver uma Wäls maturada em barricas de madeira, isso não significa
que a cervejaria não venha fazendo experimentos nesse sentido. Foi o que pude
comprovar em minha última visita à fábrica da cervejaria em Belo Horizonte.
Desde minha visita anterior, em 2012, muita coisa havia mudado na Wäls. A
cervejaria inaugurou um <a href="http://www.wals.com.br/tasting-room" target="_blank">“Tasting Room”</a>, que abre aos sábados com prateleiras
para venda de produtos e um espaço para sentar e degustar rótulos da casa
acompanhados de diversos petiscos. O espaço estava absolutamente abarrotado de
gente quando o visitei, em abril deste ano. Não sei se era a empolgação com a
recente conquista do World Beer Cup, mas fica o aviso: se for à Wäls para comer
e beber, chegue cedo!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O cervejeiro da casa, José Felipe Carneiro, gentilmente me
convidou para conhecer um projeto experimental da Wäls: os barris de carvalho
usados pela cervejaria para maturar cervejas selvagens. Falou em cerveja
selvagem, é comigo mesmo! A cervejaria tem usado as cervejas maturadas nos
barris, algumas já com 2 anos de idade, para blendar com cervejas frescas, como
se faz em Flandres. Tive a honra de provar dois resultados. Batizado de <b>Imperial Bretta Lager</b>, o primeiro é
fruto de um blend da Wäls Pilsen com uma lager clara acidificada e com <i>Brettanomyces</i>. O resultado é
interessante: o aroma traz em primeiro plano os toques animais e frutados das <i>Brettanomyces</i> e alguma picância
lupulada, enquanto o malte se faz sentir macio na boca, com sabores de pão branco.
Mistura inusitada e interessante da leveza da pilsner com o frescor de Bretta,
mas estava acética em excesso. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJbsJvjw4FXc1kuqye5V6P8YLsSEX9OTTHpe5q_S87bA-WKMHrWVSVW4FZ9h0rrsy6DcuZ-UdVJkzz1Bf4kQuzJkwE7JNcGhN7TbSB4JxwBQpFnD7NkWV3IIs4gA8-fSDh3AOkXtGobfY/s1600/W%25C3%25A4ls+-+Barris+de+carvalho.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhJbsJvjw4FXc1kuqye5V6P8YLsSEX9OTTHpe5q_S87bA-WKMHrWVSVW4FZ9h0rrsy6DcuZ-UdVJkzz1Bf4kQuzJkwE7JNcGhN7TbSB4JxwBQpFnD7NkWV3IIs4gA8-fSDh3AOkXtGobfY/s1600/W%25C3%25A4ls+-+Barris+de+carvalho.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Os barris com as selvagens da Wäls.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: acervo pessoal</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A segunda “brincadeira” que provei é um blend da Wäls
Petroleum maturada em barris, igualmente acidificada e com <i>Brettanomyces</i>, com a mesma cerveja fresca. A acidez deu uma leveza
insuspeitada à cerveja, enquanto o perfume acetonado e das <i>Brettanomyces</i> casou na proporção correta com a torrefação da
receita original. Por incrível que pareça, quando tomamos o blend lado a lado
com a versão fresca, todos os amigos que estavam comigo preferiram o blend – e
olha que nem eram beergeeks, muito menos apreciadores inveterados de sour ales
(meu caso). Por fim, tomei um golinho de uma Quadruppel acidificada direto do
barril, sem blendar. A complexidade aromática era muito interessante, mas o
aroma acético era francamente excessivo, lembrando vinagre balsâmico, com uma
acidez agressiva que desceu queimando a garganta. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
De um modo geral, havia mais ácido acético do que deveria em
todas as três cervejas provadas, e nem mesmo os blends conseguiram disfarçar
isso. José Felipe, heroicamente capaz de reservar uns minutinhos de atenção
para mim mesmo com tanta gente na fábrica, explicou que a fermentação lática e
a maturação haviam sido feitas sem vedação do barril, o que facilitou a
proliferação de bactérias acéticas. Os resultados serviram como experiência e
aprendizado para a cervejaria, que agora está adquirindo novos barris para
fazer novas sours, corrigindo os erros das primeiras tentativas. Este é o
caminho: sour ales são cervejas difíceis de produzir e é melhor fazer assim do
que oferecer ao mercado um produto que ainda não está 100%. Aguardo ansioso!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A joia da coroa<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao fim da visita, José Felipe generosamente nos ofereceu uma
garrafa da joia da casa: a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqZmNlMmU2ZTEtODA5MS00N2U1LTk2YTItZDYxNzI0MGY3YjA0/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls Brut</a></b>.
Já falei sobre essa bière brut <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2011/12/bieres-brut-parte-vi-quinteto-virtuoso.html" target="_blank">na época em que ela foi lançada</a>. Trata-se de uma Belgian
golden strong ale que sofre refermentação na garrafa com leveduras de vinho
espumante e passa pelo mesmo método usado na produção de champagne para a
maturação e a remoção do fermento. Mas, desde o lançamento, ela mudou muito de
feição. E para melhor. A maturação sobre leveduras, que antes era de 9 meses, agora
se estende por pelo menos 12. E os resultados são notáveis. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na taça, ela ainda ostenta a mesma coloração dourada, com um
austero matiz acinzentado. O creme é de boa persistência, mas nota-se uma certa
turbidez que, em teoria, não deveria estar lá após a remoção das leveduras pelo
método tradicional. No aroma, o forte perfil frutado de golden strong ale se
tornou mais suave e agudo, com remissões secundárias a peras brancas e limão
siciliano. No centro do palco, contracenando com um intenso perfume de rosas e
com algum apimentado fenólico, os aromas terciários advindos da longa maturação
tomam a frente: nota-se um frescor herbal que lembra capim-limão fresco com
toques de mentol e pinho, um afago abaunilhado e um surpreendente e assertivo
toque animal com remissões a estábulo, couro cru e caprílico. Mais uma vez, o
que me veio à mente foi Bretta, mas José Felipe fez questão de me enviar um
laudo laboratorial atestando a completa ausência de leveduras do gênero <i>Brettanomyces</i> na cerveja. De onde vieram
esses elegantes toques animais? Mistérios do método champenoise e das leveduras
de espumantes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_UbuxiJ5-oMSJEHQvhZ3p8jm_pgS2xQjEFzRg8xjG-nIyO1ekXv2WcapLRJxHkLDPGBHllVurmmx6eXBVNWR3xpCDPwqcIQp-DJh0_pXHvtirnoGaOlz9i-YI7MLn8_4YqaYF3QZvrcU/s1600/W%25C3%25A4ls+Brut.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi_UbuxiJ5-oMSJEHQvhZ3p8jm_pgS2xQjEFzRg8xjG-nIyO1ekXv2WcapLRJxHkLDPGBHllVurmmx6eXBVNWR3xpCDPwqcIQp-DJh0_pXHvtirnoGaOlz9i-YI7MLn8_4YqaYF3QZvrcU/s1600/W%25C3%25A4ls+Brut.jpg" height="320" width="219" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://gastrobirra.wordpress.com/2010/12/03/wals-dos-deuses-brut/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">gastrobirra.wordpress.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na boca, ela abre o gole com uma vibrante acidez e pouca
doçura – os meses adicionais de maturação ajudaram a secá-la ainda mais. Depois
a acidez vai dando lugar a um amargor seco e picante que se prolonga no final,
tudo de forma delicada e equilibrada. Esta é uma cerveja que prima pela
sutileza, e não pela força. O corpo é leve e a textura é frisante, crocante,
devido à alta carbonatação, mas ela não tem aquela leveza na garganta e aquela
sensação de “engolir nuvens” que se encontra em outras cervejas do estilo. Em
comparação com a versão anterior, esta nova Brut mostra muito mais
personalidade e se distancia do território mais usualmente conhecido dos
bebedores de ales belgas “de abadia”. Pode chocar alguns, mas pode também
encantar outros tantos que mantenham a cabeça mais aberta. De qualquer modo, o
que posso dizer sem hesitar é que a Wäls está colocando no mercado, com esta
Brut, algo bem diferente de tudo o que temos nas prateleiras. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqZmNlMmU2ZTEtODA5MS00N2U1LTk2YTItZDYxNzI0MGY3YjA0/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para
ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E quem gostar da nova Brut pode preparar o bolso, pois a
cervejaria prepara o lançamento de uma versão <i>millesimé</i>. A palavra francesa significa, literalmente, “safrada”,
e, no mundo dos champagnes, serve para designar um rótulo que tenha sido
maturado na garrafa sobre a borra por um tempo mais estendido antes da remoção
das leveduras. A maior parte dos champagnes deriva de um blend de vinhos de
diferentes safras; os <i>millesimés</i>,
contudo, são produtos da longa maturação de uma única safra, daí a denominação.
E o que isso significa para nós? Que a Wäls está preparando uma versão da Brut
que passou um tempo de maturação ainda mais longo que os 12 meses habituais, e
que, portanto, possivelmente terá desenvolvido um perfil de maturidade ainda
mais acentuado. Não quero nem ver o preço que ela vai custar, considerando que
a versão regular da Brut ultrapassa os R$ 100. Talvez eu nunca possa prová-la,
mas, que a minha carteira vai coçar, isso vai.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">Esclarecimento:
algumas das cervejas abordadas nesta postagem (Imperial Bretta Lager, Petroleum
e Quadruppel acidificadas e Brut) foram oferecidas pela cervejaria como
cortesia durante a visita que fiz à fábrica.</span><o:p></o:p></i></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-59476393546774522252014-07-22T03:12:00.001-03:002014-07-22T03:12:50.354-03:00Um ano prolífico para a Wäls - Parte I: Pesos-pena<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quem acompanha este blog provavelmente já sabe da minha
profunda admiração pela microcervejaria mineira Wäls, sobre a qual já escrevi
aqui e que, para mim, sempre figurou entre as 3 melhores cervejarias nacionais
pelo conjunto da obra. A cervejaria iniciou suas atividades em um distante
1999, mas despontou no cenário nacional em 2007, com o lançamento de sua hoje
premiadíssima Dubbel. O último ano trouxe uma série de novidades e eventos
marcantes para a Wäls – no bom e também no mau sentido, infelizmente – e, acima
de tudo, um montão de novas cervejas sobre as quais quero falar nesta postagem
e na próxima. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Altos e baixos<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpEhkeX8AtYwpx2kWpHmyNeBekty0o6PCQyAGAIm3shGvRzSTAgFBdn6qKtO5Yf9UvAFx_gRnq7IqmZeJK2No4v7HF77bi4_BUNmTQQqCUSx_Nte05IHyAmLzIXO-BIppdElPKy86Bj7I/s1600/Irm%C3%A3os+Carneiro+World+Beer+Cup.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjpEhkeX8AtYwpx2kWpHmyNeBekty0o6PCQyAGAIm3shGvRzSTAgFBdn6qKtO5Yf9UvAFx_gRnq7IqmZeJK2No4v7HF77bi4_BUNmTQQqCUSx_Nte05IHyAmLzIXO-BIppdElPKy86Bj7I/s1600/Irm%C3%A3os+Carneiro+World+Beer+Cup.jpg" height="222" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Pelo menos este caneco é nosso...<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://revistabeerart.com/news/2014/4/12/copa-do-mundo-desafiou-4754-cervejas-de-58-pases"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">revistabeerart.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Em abril de 2014, a Wäls realizou um feito inédito para as
cervejarias brasileiras: conquistar o maior prêmio do concorridíssimo <i>World Beer Cup</i>, concurso realizado
anualmente nos EUA e que talvez tenha peso maior do que qualquer outro certame
realizado no mundo. Aliás, dois prêmios de uma só vez: uma medalha de ouro para
a Wäls Dubbel na categoria “Belgian-style Dubbel” e uma medalha de prata para a
<a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqNDlUM1JwRktuM2M/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls Quadruppel</a>, na categoria “Belgian-style Ale”. Difícil saber qual medalha é
mais significativa. Claro que o ouro é a consagração máxima, mas a prata da
Quadruppel foi obtida numa categoria mais difícil, concorrendo com uma ampla
gama de cervejas de inspiração belga sem estilo definido. A honra de ser uma
cervejaria brasileira premiada nesse concurso é dividida apenas com a
Eisenbahn, que conquistara uma prata em 2008 com sua Dunkel. A premiação veio
em ótima hora, já que a Wäls começou a exportar para os EUA e planeja produzir
em território americano em breve.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No mesmo ano em que a Wäls atingiu seu máximo
reconhecimento, porém, também teve aquele que talvez tenha sido o mais duro
golpe em sua imagem no mercado nacional. Desde 2009, quando do lançamento da
Quadruppel, a Wäls comercializa algumas cervejas de sua linha em garrafas de
vidro verde com rolha. A princípio, as rolhas eram de cortiça natural – e, devo
dizer, eram dificílimas de se remover. Depois, a cervejaria trocou a cortiça
por rolhas de um material sintético. E a perda do charme da cortiça não foi a
única consequência. Cerca de um ano atrás, o fornecedor das rolhas mudou a
composição do material, e o pesadelo começou. As garrafas arrolhadas começaram
a exibir repetidamente sintomas de oxidação, perda de carbonatação e contaminação
bacteriana. Aparentemente, o novo material tinha problemas de vedação. As
reclamações começaram a chover, e comprar cervejas arrolhadas da Wäls tornou-se
quase uma loteria. Eu mesmo cheguei a tomar pelo menos uma garrafa totalmente
comprometida. O blog O Mosto Crítico escreveu <a href="http://mostocritico.blogspot.com.br/2014/05/padrao-de-qualidade-la-e-aqui.html" target="_blank">uma matéria sobre isso</a> que conta
todos os detalhes. A cervejaria veio a público explicando o problema e dizendo
que o material das rolhas já havia sido trocado por um outro, que não exibe o
mesmo problema. Todas as garrafas envasadas a partir de março de 2014 já saíram
de fábrica com o material novo. Mas as garrafas “de loteria” ainda estão por
aí, nos pontos de venda, esperando para surpreender consumidores incautos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os últimos 12 meses, porém, não foram só marcados por
conquistas e polêmicas envolvendo a cervejaria. Desde agosto de 2013, a Wäls
tem lançado uma enxurrada de novas cervejas, e é sobre elas que eu quero falar
aqui. Desde o lançamento da Dubbel em 2007, a Wäls vinha se especializando em
estilos belgas. Mas, como não é novidade para ninguém, 2013 foi o ano da escola
americana e das IPAs no Brasil. E a Wäls entrou na tendência, lançando um monte
de novas receitas, a maior parte das quais inspirada em estilos yankees. Tentei
provar todas, mas, sinceramente, o ritmo de lançamentos foi tão intenso que
tive de deixar de fora uma: a Wäls Have a Nice Saison, saison de natal feita
com exclusividade para o clube de cervejas Have a Nice Beer. Mas não vai faltar
cerveja para abordarmos!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Leves e refrescantes<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5xdMa86B6oJLZLyWEUzXOs0zeyzZF-Us92kAq4-lYBx0Oax9Sv2oTDX1qP6nYFkMAIzLxGwvugXRTQGZXbfG15VxQL8HRQ8O_Lx9nn8gV6GefvGW3UZFTHijsphY6h7_qxX1GQXEhQ2w/s1600/W%25C3%25A4ls+Stadt+Jever.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5xdMa86B6oJLZLyWEUzXOs0zeyzZF-Us92kAq4-lYBx0Oax9Sv2oTDX1qP6nYFkMAIzLxGwvugXRTQGZXbfG15VxQL8HRQ8O_Lx9nn8gV6GefvGW3UZFTHijsphY6h7_qxX1GQXEhQ2w/s1600/W%25C3%25A4ls+Stadt+Jever.jpg" height="320" width="260" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="http://screamyell.com.br/blog/2014/02/20/de-minas-gerais-cinco-cervejas-da-wals/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">screamyell.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Curiosamente, os novos lançamentos da Wäls podem ser
divididos em cervejas leves e refrescantes, por um lado, e cervejas pesadas e
intensas, por outro. 8 ou 80. Comecemos pelas primeiras. A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqblJZRVVpN2JoSjQ/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls Stadt Jever</a></b> homenageia o bar homônimo, localizado em Belo
Horizonte e de propriedade da família Carneiro, a mesma que comanda a Wäls. A
receita é uma lager sutilmente tostada, à semelhança de uma Vienna lager, com
dry hopping de uma variedade de lúpulo alemã chamada “Mandarina bavaria”. Traz
coloração dourada bem escura, quase alaranjada, e bom creme. No aroma,
predominam as sensações trazidas pelo lúpulo Mandarina, com sensação floral/herbal
tipicamente alemã (lembrando gerânios, lavanda, mentol e alecrim) acompanhada
de notas cítricas (laranja e limão) e um aroma marcante de petróleo. Pão
integral e castanha de caju denunciam a leve tosta do malte, e um toque de
fermento ressalta a impressão de panificação. Há um breve ataque de doçura na
boca, mas predomina um amargor preciso e refrescante, que termina num final
oleoso e levemente salgado, muito apetitoso. O corpo é leve para mediano, com
alguma cremosidade. Ótima cerveja para se beber às talagadas, de preferência
embalada por uma boa conversa em mesa de bar e uma carne grelhada sequinha.
(Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqblJZRVVpN2JoSjQ/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5uzPhyphenhyphenZ9euEAJrVAdwsuQPoiT6tnHmywFUYXduQmZWHXQXEw6ZJA4A11iNuxrhyrmzq6heJZ0ix8eDLtNlEUGeKPmW-BQ-FmT1gcGycB6DD2w-iPjIsxKPdCedhXuduCxzyENcb7MPLg/s1600/W%25C3%25A4ls+Verano.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5uzPhyphenhyphenZ9euEAJrVAdwsuQPoiT6tnHmywFUYXduQmZWHXQXEw6ZJA4A11iNuxrhyrmzq6heJZ0ix8eDLtNlEUGeKPmW-BQ-FmT1gcGycB6DD2w-iPjIsxKPdCedhXuduCxzyENcb7MPLg/s1600/W%25C3%25A4ls+Verano.jpg" height="320" width="272" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Verdade seja dita: o blog
Calmantes </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">com </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Champagne 2.0 manda muito bem </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">nas fotos de cervejas.</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://screamyell.com.br/blog/2014/02/20/de-minas-gerais-cinco-cervejas-da-wals/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">screamyell.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqTmNUdjRJXzFybUk/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls Verano</a></b> é
uma American pale ale com um interessante toque maltado lembrando a escola
alemã. No copo, apresenta cor âmbar escura, levemente acobreada, com levíssima
turbidez. Há um dueto afinado entre o malte e o lúpulo, numa receita que prima
pelo equilíbrio entre os ingredientes. O malte traz uma riqueza e profundidade
de sabores atípicos para o estilo, lembrando até uma pilsner tcheca com seus
tons de panificação, massa fresca e mel. O lúpulo traz uma primeira investida
cítrica e herbal, bem americana, com mousse de maracujá, capim fresco e
laranja, mas depois vai abrindo um aroma mais floral, com rosas, camomila e
tons apimentados que reforça ainda mais a semelhança com uma Bohemia pilsner. A
cervejaria divulga apenas o lúpulo Columbus, mas eu tive uma impressão muito
forte da variedade tcheca Saaz. Doçura e amargor se alternam na boca e conduzem
a um final em que ambos se dão as mãos em equilíbrio. O corpo é leve, aguado e
refrescante, com aquela sensação de limpeza de paladar advinda da baixa
mineralização da água, lembrando mais o final de uma lager do que de uma pale
ale. Cerveja equilibrada e de bom drinkability, com curiosa mistura de
elementos da escola americana e alemã mas sem grande destaque. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqTmNUdjRJXzFybUk/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a>
para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHP1UT-xxJBd1THZHQ15jLhPjKV6HaYp3hGr0lQTz5GlVMawTMHs2H7s7SGFmRJKGZqkgIEj8Mrt5lYxuXKsmuCfCPy_E9pnRlODVP0Y-dqLkYBh0fuQGe-7GySIhTUSDXiHZ-xenXayM/s1600/Duke%2527n%2527Duke.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgHP1UT-xxJBd1THZHQ15jLhPjKV6HaYp3hGr0lQTz5GlVMawTMHs2H7s7SGFmRJKGZqkgIEj8Mrt5lYxuXKsmuCfCPy_E9pnRlODVP0Y-dqLkYBh0fuQGe-7GySIhTUSDXiHZ-xenXayM/s1600/Duke%2527n%2527Duke.jpg" height="183" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Devidamente harmonizada
com um hambúrguer da casa.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://vejabh.abril.com.br/comer-e-beber/bares/pub-duke-n-duke-abre-unidade-edifico-maletta-782989.shtml"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">vejabh.abril.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqZUhSMVdQVWhxWWs/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls Duke’n’Duke Jazzy Pale Ale</a></b> foi feita para a hamburgueria Duke’n’Duke, em Belo Horizonte
(que, aliás, vale muito a visita pelo ambiente, pela trilha sonora jazzística e
pelas batatas fritas matadoras). Confesso que não entendi o estilo. A cerveja
se autointitula “pale ale”, mas é uma lager. Refere-se ao estilo inglês, mas é
mais clara que uma English pale ale tem lúpulos com forte acento
“novo-mundista”. Que seja. No copo, mostra um dourado bem escura, já pendendo
ao âmbar. No aroma, o predomínio é dos lúpulos, de perfil bem cítrico e herbal,
lembrando um pouco a deliciosa variedade Sorachi Ace. Lichia, lima-da-pérsia,
capim-limão, pinho e gerânios convivem com toques de pimenta e laranja, em
ótima complexidade. O malte traz pão branco e mel. Ela entra amarga na boca,
segue-se uma doçura maltada ao engolir e, ao final, persiste novamente um
amargor oleoso que, no entanto, é um pouco inexpressivo. O corpo é leve para
mediano, mais seco que uma English pale ale, com textura pouco marcante.
Acredito que, se o intuito era harmonizar com os hambúrgueres da Duke’n’Duke,
um perfil de malte levemente mais tostado, mais na linha inglesa, teria caído
bem. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqZUhSMVdQVWhxWWs/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Uma session
convincente<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A mais recente das cervejas leves e refrescantes da Wäls
segue a tendência atual das chamadas “session beers”, receitas de teor
alcoólico mais baixo, pensadas para serem bebidas em grande quantidade. Você
pode perfeitamente chamar estilos tradicionalmente mais leves de session beers,
mas o termo tem sido usado recentemente para versões de baixo teor alcoólico de
outros estilos normalmente mais intensos. Tenho minhas reservas em relação ao
conceito, como ele tem sido posto em prática pelas micros nacionais. Para que
uma session beer cumprisse adequadamente seu papel, que é o de ser bebida em
quantidade, ela precisaria ter preço mais baixo, mas não é isso que tem
ocorrido com as session artesanais brasileiras. Aí fica difícil. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcvH7ixwqZz4H9sBd0RGYR26wE564vZ2olaqWA9p1EVDMxHPLkzU7O8ZmOH2wep_1ZfsNHgM4TL0qiIyuE1EpGzKMm-aEzHa-mQsSz6iGEU4lGDaoVeAAqEdS91Q66YYSRE_NnbB4pKNY/s1600/W%25C3%25A4ls+Session+Citra.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjcvH7ixwqZz4H9sBd0RGYR26wE564vZ2olaqWA9p1EVDMxHPLkzU7O8ZmOH2wep_1ZfsNHgM4TL0qiIyuE1EpGzKMm-aEzHa-mQsSz6iGEU4lGDaoVeAAqEdS91Q66YYSRE_NnbB4pKNY/s1600/W%25C3%25A4ls+Session+Citra.jpg" height="320" width="252" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="http://gastrolandia.uol.com.br/noticias/festival-brasileiro-da-cerveja-2014-dezenas-de-cervejarias-centenas-de-rotulos-e-muita-novidades/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">gastrolandia.uol.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas, à parte essa minha reserva de degustador de renda
restrita, do ponto de vista meramente sensorial, a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqcThnQ1NRaEwzX28/edit?usp=sharing" target="_blank">Wäls, Session! Citra IPA</a></b> é um espetáculo. A receita coroou com
perfeição os intuitos da Wäls de lançar uma cerveja leve e de alta drinkability
dentro da escola norte-americana. A impressão que dá é que as receitas
anteriores haviam sido como “testes” para esta - que foi bem mais divulgada, diga-se de passagem. A cervejaria usa apenas o lúpulo
Citra, visivelmente mais em dry-hopping do que na fervura, resultando em
amargor gentil e aroma profuso e vívido. Muitas frutas cítricas, com notas de
maracujá, limão e uma lichia perfumada com nuances petroquímicas (que lembra
vinhos brancos feitos com a deliciosa uva Gewürtztraminer), e também muito
herbal, com capim fresco, cidreira e pinheiro, além de um toque de lavanda. O
malte, sugerindo pão branco, ainda se faz sentir. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas é na boca que vem a verdadeira surpresa: o corpo é muito
leve, crocante, aguado num bom sentido, com um final de boca extremamente limpo
e leve. Há uma refrescante acidez cítrica inicial, mas depois predomina um
amargor gentil que persiste elegantemente na boca, e não na garganta, como é
mais comum ocorrer com IPAs. O toque de mestre da receita (além da extração
virtuosa de tanta complexidade do lúpulo Citra) foi a baixa mineralização da
água, que deixou a <b>Session! Citra IPA</b>
com uma sensação leve como pluma na boca, com final levíssima que convida a
beber em talagadas. Acredito que a Wäls realmente conseguiu imprimir um
diferencial “session” nesta receita, diferentemente do que acontece com outras
session beers que simplesmente têm teor alcoólico mais baixo, mas não trazem
nada que chame atenção na boca. Para mim, um dos melhores lançamentos nacionais
de 2014 até agora – e olha que eu nem sou muito chegado nessas novas “session
beers”! (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqcThnQ1NRaEwzX28/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na próxima postagem, falaremos sobre os novos lançamentos
pesos-pesados da Wäls, incluindo a receita de maior teor alcoólico da
cervejaria até o momento! Também falaremos sobre as surpresas que tive em minha
última visita à fábrica. Não perca!<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal">
<br /></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-86902210669512037952014-07-01T00:00:00.000-03:002014-07-01T00:00:01.770-03:00Yes, nós somos selvagens! - Way Beer Sour Me Not<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há algum tempo eu tinha escrito aqui <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2014/01/cervejas-selvagens-parte-xix-brasil.html" target="_blank">uma postagem</a> sobre o
desolador cenário do mercado de cervejas brasileiras para quem, como eu, é fã
de sour ales. Reclamei da virtual inexistência de cervejas selvagens produzidas
pelas cervejarias nacionais, salvo raríssimas exceções de rótulos praticamente
inacessíveis ao consumidor comum – seja por não serem distribuídos
comercialmente, seja pelo preço abusivo. As sour ales são um grupo de estilos
cervejeiros em franca ascensão no mercado mundial, mas o Brasil parecia estar
dormindo no ponto – mesmo apesar da tradição de fermentados selvagens
autóctones que temos em terras brasílicas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaGhB_FOUI81kkKeFcw7zE6MtStOk6QURd1BHSrDAU7LHxS7iJpXfSEatr38CgEcjeeXk3evNYGb6CL58dFS78pRe8VA9XfJugCdgDKsguNJSwG_jOhI-TmYBv_9GCerRw97BfzCf5BPw/s1600/Sour+me+Not.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgaGhB_FOUI81kkKeFcw7zE6MtStOk6QURd1BHSrDAU7LHxS7iJpXfSEatr38CgEcjeeXk3evNYGb6CL58dFS78pRe8VA9XfJugCdgDKsguNJSwG_jOhI-TmYBv_9GCerRw97BfzCf5BPw/s1600/Sour+me+Not.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A linha Sour Me Not, da cervejaria
Way.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.beershow.com.br/detalhe-produto/pack-way-beer-sour-me-not/261"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.beershow.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Isso foi em janeiro deste ano. Seis meses atrás. Hoje posso
me alegrar em dizer que já há sinais de que as cervejarias nacionais estão
despertando para as fascinantes contribuições que micro-organismos como as <i>Brettanomyces</i>, os <i>Lactobacillus </i>ou os <i>Pediococcus</i>
podem dar às cervejas ditas “selvagens” ou “azedas”. Neste ano, tenho visto
cervejarias se movimentando para produzirem rótulos com fermentação lática, com
adição de <i>Brettanomyces</i> e até sour
ales tradicionais “completas”, com maturação em madeira, que provavelmente
ainda demorarão alguns anos para atingir as prateleiras. Em março, no Festival
Brasileiro de Cerveja, foi possível ver os primeiros sinais desse despertar
selvagem. Os primeiros frutos a chegarem ao consumidor regular foram as
cervejas da linha <i>Sour Me Not</i>,
lançada pela microcervajaria Way, da região metropolitana de Curitiba, às quais
quero dedicar o texto de hoje. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Sour Me Not<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A microcervejaria Way Beer tem se destacado no mercado
nacional por produzir estilos cervejeiros modernos, sintonizados com tendências
globais, e também por colocar seus lançamentos no mercado com boa distribuição
e preços interessantes. A linha Sour Me Not não foge da regra. Trata-se de três
cervejas fermentadas com uma cultura mista de <i>Saccharomyces</i> (leveduras cervejeiras tradicionais), <i>Pediococcus</i> e <i>Lactobacillus</i> (bactérias produtoras da ácido lático). As três usam
a mesma receita-base, que possui um baixo teor alcoólico de 3,5% e lupulagem
muito discreta, e se diferenciam pela posterior adição de frutas – morango,
graviola e acerola. A cervejaria chegou a testar 15 frutas diferentes e optou
por essas 3 para o lançamento da linha, mas já prepara novos rótulos com outras
frutas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para quem não está familiarizado com a enorme variedade de estilos
de cervejas selvagens, vale a pena fazer alguns adendos, até para desmistificar
informações equivocadas que vejo circularem por aí. Essas não são cervejas de
fermentação espontânea – as bactérias são adicionadas no processo produtivo de
forma controlada, lado a lado com as leveduras tradicionais de ales. Também não
recebem adição de <i>Brettanomyces</i> e,
portanto, não desenvolvem as duas características associadas a essas leveduras:
superatenuação e compostos fenólicos de aromas animais. Sendo assim, as cervejas
da linha Sour Me Not não têm praticamente <i>nada
a ver</i> com <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2013/09/cervejas-selvagens-parte-xi-feira-da.html" target="_blank">fruit lambics</a>, que fermentam espontaneamente e têm as <i>Brettanomyces</i> como protagonistas em seu
perfil sensorial. Por favor, corrija quem quer que você escute falando essa
bobagem. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhED6K7hS1QM5M617FqpHmkpxPscqzsJsJu6rwAevFvb8QitWNdM79BmSLZaWL-wfxvqn76bkcuOwRf8y8Uwn4j_-c-7nr9osRON2YYCThE5NIb8290GY7RGo8K83FU8ThOUqjUxtQ7Eec/s1600/Berliner+Weisse.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhED6K7hS1QM5M617FqpHmkpxPscqzsJsJu6rwAevFvb8QitWNdM79BmSLZaWL-wfxvqn76bkcuOwRf8y8Uwn4j_-c-7nr9osRON2YYCThE5NIb8290GY7RGo8K83FU8ThOUqjUxtQ7Eec/s1600/Berliner+Weisse.jpg" height="320" width="239" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Berliner Weisse, com
adição de xaropes aromatizantes.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.lecker.de/getraenke/artikel-1751158-getraenke/Berliner-Weisse-Bierspezialitaet-aus-der-Hauptstadt.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.lecker.de</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na verdade, se quisermos aproximar as cervejas da Way de
algum estilo selvagem tradicional, o modelo mais próximo talvez sejam as
<a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2014/06/cervejas-selvagens-berliner-weisse.html" target="_blank">Berliner Weisse</a>, as cervejas de trigo da região de Berlim, que contam com fermentação
lática. Em comum com o estilo alemão, as cervejas da Way possuem o baixo teor
alcoólico, a refrescante acidez lática, a ausência de <i>Brettanomyces</i> (resultando em um aroma mais simples e direto) e o
sabor perceptível de maltes claros. A diferença é que as Way levam adição de
frutas (morango, acerola e graviola) após a fermentação. Na verdade, a
cervejaria usa a polpa pasteurizada das frutas, imagino que para evitar
contaminação com outros tipos de micro-organismos, incluindo eventuais <i>Brettanomyces</i> residentes nas cascas das
frutas <i>in natura</i>.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>As três azedas da Way<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Comecemos pelas características comuns aos três rótulos da
linha, que não são poucas, já que todos usam a mesma receita-base. Na verdade,
é possível encarar as Way Sour Me Not não como cervejas totalmente diferentes,
mas como variações de uma mesma cerveja – mais ou menos como se faz quando se
adicionam diferentes aromatizantes a uma mesma Berliner Weisse.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuIClyLzimAhGA6qIIZzIaALVliWodmm1suqjmfl9P9etjOUQmFQ69WSyfxeDra0vnjWw-4EL9MFiCDgMVSGzMvXfupdBnvvfbjTx02JGQti_zAGieHtZmbclWsVadTte-OpCKwoJfZwg/s1600/Baby+lemon.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiuIClyLzimAhGA6qIIZzIaALVliWodmm1suqjmfl9P9etjOUQmFQ69WSyfxeDra0vnjWw-4EL9MFiCDgMVSGzMvXfupdBnvvfbjTx02JGQti_zAGieHtZmbclWsVadTte-OpCKwoJfZwg/s1600/Baby+lemon.png" height="302" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Not for babies.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: my10online.com/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aviso aos navegantes: essas não são sour ales suaves e
amigáveis. Em todas elas, a acidez lática é assertiva e chega até a ser agressiva
em alguns momentos, o que certamente vai incomodar quem não está acostumado com
esse tipo de cerveja. Não acho que sejam boas portas de entrada para o mundo
das cervejas selvagens, portanto. Contudo, a receita-base traz bastante doçura
de malte com o intuito de equilibrar a acidez – as cervejas não são tão secas
quanto sugere a descrição comercial do rótulo, e nem de longe tão secas quanto uma
lambic. Todas trazem um ataque ácido muito intenso na língua e nas bochechas e
depois fecham o gole trazendo doçura residual do malte, lembrando sabores de
pão branco, biscoito doce e baunilha, em diferentes intensidades. A textura tem
boa adstringência, com sensação de amarrar a boca que ajuda e equilibrar a
doçura.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quanto ao aroma, os traços das frutas são suaves, muito
menos vívidos do que numa fruit lambic. Na verdade, predomina inicialmente um
aroma residual de fermentação lática, que lembra muito o cheiro de probióticos
láticos do tipo Yakult, e que me incomodou um pouco. Os sabores da fruta vêm em
segundo plano e vão se abrindo com o tempo e o aumento da temperatura. Um ponto
negativo é que esses aromas, em vez de remeterem às frutas frescas ou maduras,
lembram mais o cheiro de fruta passada ou fermentada (isso é claro na versão com
morango), o que traz novamente um certo incômodo. Já o corpo é mediano, não tão
seco quanto a maioria das sour ales, com uma certa cremosidade que reflete a
doçura residual do malte. No conjunto, são sour ales simples e diretas, sem
grande complexidade, que põem em primeiro plano a interação entre acidez, fruta
e malte.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A versão que menos me agradou foi a que recebe adição de
<a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqVm5rVWNoampyZEk/edit?usp=sharing" target="_blank">morango</a>. O caráter da fruta é apenas moderado e lembra a sensação de morangos
cozidos e passados, e não da fruta fresca e madura. A doçura final é alta e vai
ficando um pouco enjoativa com o tempo. A mistura de doce/abaunilhado, lático e
da fruta lembra um pouco a sensação de um cheesecake. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqVm5rVWNoampyZEk/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a
avaliação completa) A versão com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWFV1N2RXQXR6WTg/edit?usp=sharing" target="_blank">acerola</a>, por sua vez, é a mais seca e firme na
boca, e traz uma acidez mais elevada, que consegue cortar melhor a doçura do
malte, resultando em uma cerveja mais refrescante. Os taninos da fruta dão uma
forte e gostosa sensação de adstringência. O aroma da fruta é o mais discreto
da linha, mas sente-se uma certa citricidade que remete a acerola e a suco de
laranja. É a mais interessante na boca, embora possa ser um pouco chocante
devido à intensidade da acidez. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWFV1N2RXQXR6WTg/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv7T8_ox3eRxoQZztQ5LsWoRONVEKMmVyY1Y4lkFa8Om-LbUO-RZFA7yftbn6hJ9A_KWwvxB1eml9MQuHaoDZafMCcbIeXv4fGKnjiHYL0vZ2mStekabDLAsIkYbI_QWLi1YyhkGlT7j0/s1600/Way+Sour+me+Not+Graviola.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv7T8_ox3eRxoQZztQ5LsWoRONVEKMmVyY1Y4lkFa8Om-LbUO-RZFA7yftbn6hJ9A_KWwvxB1eml9MQuHaoDZafMCcbIeXv4fGKnjiHYL0vZ2mStekabDLAsIkYbI_QWLi1YyhkGlT7j0/s1600/Way+Sour+me+Not+Graviola.jpg" height="320" width="301" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://screamyell.com.br/<o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A versão com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbUJkcTAzTklQdjA/edit?usp=sharing" target="_blank">graviola</a>, a meu ver, é a que tem conjunto mais equilibrado
e bem-acabado, considerando tanto a sensação na boca quanto o aroma. O aroma da
fruta vai se abrindo com o tempo e traz boa vivacidade e suculência,
adicionando tons cítricos, tropicais e terrosos bem típicos da graviola (que eu
adoro), em alguns momentos conseguindo encobrir a sensação de “passado” da
fermentação lática. Na boca, sua doçura fica em um ponto intermediário entre a
versão com morango e a com acerola: nem tão enjoativamente doce quanto a
primeira, nem tão ácida e firme quanto a segunda. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbUJkcTAzTklQdjA/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a
avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Afiando a produção nacional
da sour ales<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As cervejas da linha Way Sour Me Not são excelentes sour
ales? Sinceramente, eu adoraria dizer que sim, mas não seria verdade. Na real,
elas têm diversas arestas e pontas soltas a aparar. Na minha visão subjetiva,
como apreciador de cervejas selvagens, elas têm acidez um pouco agressiva
demais e, para compensar, trazem doçura residual de malte em excesso. O
resultado não é equilibrado, mas as torna apenas um pouco difíceis de beber e
enjoativas. Eu tomei as três em três dias consecutivos e já fiquei um pouco
empapuçado – imagino como seria se eu tentasse beber todas na sequência. Na
minha visão, elas deveriam ser bem mais secas e, ao mesmo tempo, ter acidez
mais gentil, o que resultaria em um conjunto mais delicado, refrescante e fácil
de beber, como são as Berliner Weisse. Uma fermentação lática menos vigorosa
poderia não só atenuar a acidez como também disfarçar melhor o aroma de
probiótico, que ficou intenso demais (já que não há <i>Brettanomyces</i> para cobrir o aroma da fermentação lática).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao mesmo tempo, o aroma da fruta precisa se tornar mais
afiado e fresco. Talvez o uso da fruta fresca (ou quem sabe da fruta congelada,
mas inteira), em vez da polpa pasteurizada, possa ajudar nesse sentido. As
cascas concentram boa parte do frescor aromático das frutas, e as sementes
adicionam mais camadas de complexidade e aromas inusitados que contribuem com a
complexidade geral (basta ver a diferença gritante entre as lambics comerciais,
que empregam suco de frutas, e as tradicionais, que usam a fruta inteira). Um
aroma mais vigoroso da fruta também ajudaria a encobrir o aroma lácteo da
fermentação e potencializaria a refrescância da cerveja.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Isso significa que devemos esquecer as cervejas da linha Way
Sour Me Not? Óbvio que não! É preciso considerá-las como experimentos, ou como
degraus que ajudarão a construir uma tradição mais sólida de estilos selvagens
no Brasil. Seu valor reflete mais a ousadia e a importância histórica do que a
qualidade intrínseca das cervejas – pelo menos por enquanto, no primeiro lote.
Fermentação lática é algo muito novo no Brasil e as cervejas não possuem o
know-how para realizá-la, então eu tenho a expectativa de que, com o tempo e o
acúmulo de experiência, as cervejas da linha sejam progressivamente
aprimoradas. Os norte-americanos também erraram muito nas suas primeiras sour
ales, mas hoje já estão fazendo produtos de qualidade comparável aos rótulos do
Velho Mundo. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Outro mérito indiscutível da linha Way Sour Me Not é a
tentativa de transformar as sour ales em produtos acessíveis ao consumidor.
Cervejas selvagens são estilo difíceis de produzir, que podem alcançar preços
muito altos em comparação com ales normais. Considerando o alto patamar de
preços de boas cervejas no Brasil, isso poderia facilmente elevar o preço de
uma sour ale a patamares que praticamente inviabilizariam seu consumo. A Way
conseguiu pôr no mercado três sours mais simples a um preço bastante amigável,
não muito superior à linha básica da cervejaria. Aqui em São Paulo,
encontram-se as garrafinhas de 310ml da linha em torno dos R$ 15. E, acredite,
você não precisa de mais que 310ml delas.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Espero que esta postagem tenha incentivado as pessoas a
prestigiar essas cervejas que talvez sejam os primeiros movimentos de um
despertar selvagem brasileiro a frutificar a médio prazo. Fica, ainda, a
sugestão de degustar uma delas comparando-a a uma lambic com frutas de boa
qualidade para entender, com humildade, o quanto ainda precisamos nos
aprimorar. <o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-47620024598636958462014-06-18T02:37:00.000-03:002014-06-18T02:37:20.017-03:00Pegando pó: A curva de evolução de uma cerveja de guarda<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quem lê este blog há bastante tempo há de estar lembrado da
época em que falamos longamente sobre <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2012/05/pegando-po-parte-i-dignidade-de-uma.html" target="_blank">a guarda de cervejas</a>. Já tivemos a
oportunidade de esclarecer que <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2012/06/pegando-po-parte-iv-selecao-dos-rotulos.html" target="_blank">nem toda cerveja é apta para guarda</a>: na verdade,
a maior parte delas deve ser consumida o mais brevemente depois de sair da
fábrica. Para algumas, porém, em especial as que possuem maior estrutura devido
ao alto teor alcoólico, ao amargor firme em segundo plano e aos aromas
tostados, o tempo pode ser um aliado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Montar uma adega para envelhecer suas próprias garrafas em
casa é uma das formas mais divertidas de curtir cervejas de guarda. Há algumas
precauções importantes a tomar, porém. Eu frequentemente recebo questões a
respeito das condições ideais de armazenagem (mais detalhes sobre isso <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2012/07/pegando-po-parte-v-acondicionando-suas.html" target="_blank">aqui</a>) ou
do tempo de guarda para cada rótulo. O interessante é que as perguntas a
respeito do período ideal de envelhecimento normalmente envolvem o <i>limite máximo</i> de guarda de uma
determinada cerveja ou estilo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR5-wfEDVZA_XgDNsENZZPIMGL6z75nwHomf9-1Sbmr-hPBO2PsKvRENYVYZU_rGAloyPuSi0WaInhQoE6l4vyODG9kalAxqmsQ5mkiTH0NRhMaXBc1UuSJztDuNwSKno6BdSoXbbQJuM/s1600/Curva+gaussiana.gif" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjR5-wfEDVZA_XgDNsENZZPIMGL6z75nwHomf9-1Sbmr-hPBO2PsKvRENYVYZU_rGAloyPuSi0WaInhQoE6l4vyODG9kalAxqmsQ5mkiTH0NRhMaXBc1UuSJztDuNwSKno6BdSoXbbQJuM/s1600/Curva+gaussiana.gif" height="227" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A curva gaussiana clássica
imaginada por alguns para </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">o envelhecimento de cervejas. O eixo x representa </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">o
tempo de guarda, e o eixo f(x) representa </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">a qualidade. µ é o auge da evolução.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.itl.nist.gov/div898/handbook/pmc/section5/pmc51.htm"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.itl.nist.gov</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
As pessoas interessadas em envelhecer cervejas sabem que uma
cerveja apta para guarda evolui até atingir um pico de qualidade, depois do
qual ela vai decaindo até ficar sem graça e passada. Imagina-se normalmente que
essa evolução descreva uma trajetória semelhante a uma curva gaussiana: a qualidade
da cerveja começa baixa, vai subindo, subindo, atinge o ponto máximo e depois
volta a cair. Ou seja: depois que a cerveja sai da fábrica, e antes de ela
atingir seu auge, imagina-se que ela só vá melhorando com o tempo. Pensa-se que
uma cerveja de guarda com 12 meses será necessariamente melhor que uma com 6
meses, a qual, por sua vez, estará melhor do que uma garrafa recém-saída da
fábrica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O que as pessoas não imaginam é que essa evolução não ocorre
de forma tão linear. Veja, não tenho nenhuma base científica para alegar isso,
mas minha experiência pessoal com minha adega cervejeira me ensinou que não é
assim que funciona – pelo menos não nas condições em que eu guardo minhas
cervejas, num país tropical sem controle artificial de temperatura. A verdade é
que evolução da maior parte das cervejas de guarda descreve uma curva mais ou
menos assim:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<o:p><br /></o:p></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2gUK8ntV2A_nnpuwplJzrM2VOMrnRELGzvZTjxGEyzMCWCmUzH9MxplSnMho3krdo0mZUwSxJz1Ihj39jYk_Zl-Z-KU3RIDTJ-xWkoaXeeuPfx2Q2bAAY9138IbEJcB-KxfIaRchZ6nc/s1600/Curva+de+evolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+de+uma+cerveja+de+guarda.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj2gUK8ntV2A_nnpuwplJzrM2VOMrnRELGzvZTjxGEyzMCWCmUzH9MxplSnMho3krdo0mZUwSxJz1Ihj39jYk_Zl-Z-KU3RIDTJ-xWkoaXeeuPfx2Q2bAAY9138IbEJcB-KxfIaRchZ6nc/s1600/Curva+de+evolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+de+uma+cerveja+de+guarda.JPG" height="234" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao contrário do que acontece com alguns poucos vinhos
especialmente aptos para guarda (como um Bordeaux de alto nível, bem tânico e
ácido), quase toda cerveja sai da fábrica em condições ótimas para ser bebida
imediatamente. Isso significa que, fresca, ela está em um dos pontos altos de
sua evolução. Não importa se é uma German pilsner delicada ou uma barley wine
robusta. Depois de ser vendida, uma cerveja de guarda não começa a melhorar
imediatamente: pelo contrário, ela vai perdendo frescor, ficando mais sem
graça, começa a exibir aromas chapados de oxidação e perde um pouco do brilho
na boca. Como toda cerveja. O que diferencia uma cerveja de guarda é que, em
algum momento de sua trajetória decrescente, ela reverte a tendência a perder
interesse, e começa a ganhar novos elementos.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgamQ-HDd17nA13GNecM-_ASsDL0j131ohSZL47IXO7BxxWmG9nJ2RaAzfu1ELP_0OlzsM1weWQjPw_LMpFDfDiIk0H7Mkdm9aGdhMhcnpL2a4M2JBn-m4X6npjFro6iwYJNYP-bfxNbDk/s1600/Adolescente+idiota.jpeg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgamQ-HDd17nA13GNecM-_ASsDL0j131ohSZL47IXO7BxxWmG9nJ2RaAzfu1ELP_0OlzsM1weWQjPw_LMpFDfDiIk0H7Mkdm9aGdhMhcnpL2a4M2JBn-m4X6npjFro6iwYJNYP-bfxNbDk/s1600/Adolescente+idiota.jpeg" height="238" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Sim, a “fase sonsa”
também acontece com as pessoas. <o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.tokeofthetown.com/2012/02/dumb_teen_looking_for_marijuana_steals_tomato_plan.php"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.tokeofthetown.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Minha experiência com minha adega cervejeira tem me mostrado
que praticamente toda cerveja de guarda passa por um período meio chatinho que
eu gosto de chamar de “fase sonsa”: ela já perdeu o frescor e todo o encanto da
juventude, mas ainda não desenvolveu o charme da evolução e da maturidade. É
como uma adolescente boba: não é mais bonitinha como quando era criança, e não
tem metade do interesse que acredita ter. Mas qual a duração dessa “fase sonsa”?
Bom, algumas pessoas nunca chegam a sair dela, não é mesmo? Ah, sim, estamos
falando sobre cervejas! Aí que entra o problema: depende da estrutura de cada
cerveja. Paradoxalmente, as cervejas mais estruturadas e aptas para guarda,
como Russian imperial stouts ou barley wines, são também as que mais demoram
para desenvolver características de evolução. Sua “fase sonsa” dura mais tempo,
por assim dizer. Cervejas um pouco com menos amargor ou álcool podem se
desenvolver mais rapidamente, mas nunca vão chegar a ficar tão interessantes
quanto uma verdadeira cerveja de guarda. Quanto mais longa a “fase sonsa”, em
geral, mais interessante a cerveja fica se você souber esperar mais tempo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Minhas experiências com cervejas de guarda têm sugerido um
intervalo de pelo menos 18 a 24 meses desde o engarrafamento antes que as
garrafas comecem a evoluir positivamente. É raro pegar uma cerveja de guarda
que já tenha ficado interessante com menos tempo que isso. Portanto, se você
está montando uma adega cervejeira e quer saber se suas escolhas de rótulos
foram boas, será preciso ter um pouco de paciência. Muita gente descarta uma
boa cerveja de guarda como se ela fosse inapta para envelhecer porque a
degustou na sua “fase sonsa”. Se tivesse esperado mais 6 meses ou um ano,
poderia talvez mudar de ideia. Já vi quem compre cervejas em promoção, perto do
vencimento, e abre para ver se ela evolui bem com o tempo. Se a cerveja não tem
um prazo de validade de pelo menos 3 anos, é muito comum que você se decepcione
ao fazer isso. Paciência é uma virtude a praticar a todo momento na montagem de
uma adega.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A evolução da Eisenbahn
Weizenbock<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Uma cerveja legal para se observar essa curva de evolução
aqui no Brasil é a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqMDVYemVwWWdKaWc/edit?usp=sharing" target="_blank">Eisenbahn Weizenbock</a></b>.
Em primeiro lugar, porque oferece um custo-benefício praticamente imbatível no
nosso mercado. Em segundo lugar, pelo fato de as Weizenbocks serem escuras e
relativamente alcoólicas, mas não inteiramente adequadas para uma longa guarda.
Elas têm pouco amargor, e seu equilíbrio depende de um certo frescor advindo da
acidez, que rapidamente se deteriora. Por serem apenas medianamente aptas para
envelhecer, elas evoluem de forma mais rápida que uma barley wine, uma Russian
imperial stout, uma gueuze ou uma Belgian dark strong ale, para citar alguns
exemplos de estilos especialmente aptos para longos períodos de guarda. A
Eisenbahn Weizenbock é uma cerveja com a qual é fácil fazer o experimento de
comprar várias garrafas para acompanhar sua evolução ao longo do tempo,
observando como ela progressivamente perde seu frescor inicial e ganha
características de evolução.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqMDVYemVwWWdKaWc/edit?usp=sharing" target="_blank">Eisenbahn Weizenbock fresca</a>, não é segredo para ninguém, é uma das minhas escolhas preferidas no
mercado nacional. Pena que esteja ficando cada vez mais difícil encontrá-la nos
supermercados, onde ela perde espaço para outros rótulos da linha da cervejaria.
Bem fresquinha, ela é um verdadeiro deleite. Aromas potentes de bananada e
caramelo, com o cravo em segundo plano, são escoltados por uma graciosa
complexidade sugerindo nozes, chocolate, tutti-frutti e até café. Há uma
gostosa alternância entre a doçura dominante e uma acidez que se intercala para
lhe dar mais leveza, conduzindo a um final levemente mais seco. O corpo é entre
médio e alto, com alta carbonatação. Excelente representante do estilo: é como
se deleitar com um doce caseiro de banana, do tipo que minha mãe sabia fazer
como ninguém! Dá uma boa surra em muita cerveja que custa o dobro ou o triplo!
(Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqMDVYemVwWWdKaWc/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNWPZTsA1GAz2P0nxt4wlawsmXCUCl6um-FSAv-ERa8LRmYmmwn7qQc_FNZAXmGOxTf3WUIurbe0nOAnJYO7bnucZr67lSz_BcJj-i7vnZ4KrISTtwldwyPdcmgvQNbiW5GmD7RSCmhbc/s1600/Eisenbahn+Weizenbock.png" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjNWPZTsA1GAz2P0nxt4wlawsmXCUCl6um-FSAv-ERa8LRmYmmwn7qQc_FNZAXmGOxTf3WUIurbe0nOAnJYO7bnucZr67lSz_BcJj-i7vnZ4KrISTtwldwyPdcmgvQNbiW5GmD7RSCmhbc/s1600/Eisenbahn+Weizenbock.png" height="320" width="192" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: www.eisenbahn.com.br</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqV0VEcUl5MnQwTU0/edit?usp=sharing" target="_blank">12 meses de guarda</a> (ou seja, no limite de seu prazo de
validade), ela já perdeu boa parte do encanto. A doçura começa a predominar de
uma forma um pouco excessiva, com caramelo, mel, alcaçuz e um toque doce lembrando
plástico e ofuscando a banana e o cravo. Sente-se uma maçã vermelha. O frescor
da acidez se foi, e ela se tornou mais licorosa, com maior sensação alcoólica.
Decididamente, aqui ela está no ponto mais baixo de sua evolução, bem no meio
da “fase sonsa”. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqV0VEcUl5MnQwTU0/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa) <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Meio ano depois, com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqd21zbjF5N0RMekU/edit?usp=sharing" target="_blank">18 meses de guarda</a>, ela já começou a
mostrar um desenvolvimento interessante. A acidez se foi quase completamente e
ela ganhou uma complexidade licorosa e frutada que lembra uma Belgian dark strong
ale. Às cegas, eu nunca adivinharia o estilo. Banana, uvas passas e ameixas
passas convivem com a doçura do caramelo. Em segundo plano, defumado e uma
sensação salgada e carnuda, típicas de guarda, começam a aparecer sugerindo
ligeiramente molho de tomate e carne assada. A doçura predomina, mas é quebrada
de forma sutil pelo salgado. O corpo já afinou um pouco, mas ganhou uma textura
licorosa que compensa. Neste ponto, percebe-se que a Eisenbahn Weizenbock já
está deixando sua “fase sonsa”. (Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqd21zbjF5N0RMekU/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqaUg4bkhvX25fNXc/edit?usp=sharing" target="_blank">24 meses</a>, ela atinge um equilíbrio muito interessante. Frutas
escuras aparecem em profusão, com sabores de figos secos, ameixas passas,
cereja ao marrasquino e banana caramelada misturando-se deliciosamente a um
malte que voltou a ganhar profundidade, somando nozes e doce de leite ao caramelo
dominante. Sabores mentolados, minerais, terrosos e salgados (carne assada,
couro curtido) compõem um discreto mas agradável perfil de maturidade. A doçura
é bem equilibrada pelo salgado, e o corpo, embora tenha afinado, tornou-se
cremoso como <i>mousse</i>. Aqui, aos 24
meses, observa-se a plenitude daquilo que apenas se insinuava com 18 meses.
Este talvez esteja bem próximo do ponto mais alto de sua curva de evolução.
(Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqaUg4bkhvX25fNXc/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por fim, com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqajdiSkVOUTU0aUk/edit?usp=sharing" target="_blank">30 meses</a>, ela já mostra características de
longa guarda (evidentemente não tão bem integradas quanto em uma cerveja apta a
longa guarda) e talvez já comece a demonstrar também os primeiros sinais de
cansaço. O malte se adensou em um perfil mais licoroso lembrando xarope de
bordo, e o frutado (banana passa, ameixas secas, maçãs ao forno) começou a
diminuir, dando mais espaço aos toques de evolução, que já se adiantam em tons
mais definidos e claros de terra, cogumelos, couro curtido, mel aromático,
molho inglês e até um certo acético. A doçura ainda predomina, mas a sensação
de salgado é bem mais intensa e se faz acompanhar de um toque de acidez
acética, lembrando vinagre balsâmico. O corpo já afinou demais, e tornou-se um
pouco ralo. Talvez aqui ela já esteja nos primeiros momentos de sua decadência.
Eu gostei bastante (até mais do que a versão com 24 meses, para ser sincero),
mas admito que é preciso ter um gosto para cervejas evoluídas para apreciá-la. (Clique
<a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqajdiSkVOUTU0aUk/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa)<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Portanto, se formos representar a evolução da Eisenbahn
Weizenbock numa linha do tempo, teríamos um resultado mais ou menos parecido
com o seguinte:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjddYcm5CoM-wA5S_DS-dfHwku0X40M6U2OvQfbhOrsrybVre8C_2M6cC_qVQDrJCNR2qFnilXb-w-0_vuImNWhPEuT8kvicppT5lxvwabb8f17D082J3t5T2utPpQGkz-mUU3cgIooZC0/s1600/Curva+de+evolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+da+Eisenbahn+Weizenbock.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjddYcm5CoM-wA5S_DS-dfHwku0X40M6U2OvQfbhOrsrybVre8C_2M6cC_qVQDrJCNR2qFnilXb-w-0_vuImNWhPEuT8kvicppT5lxvwabb8f17D082J3t5T2utPpQGkz-mUU3cgIooZC0/s1600/Curva+de+evolu%25C3%25A7%25C3%25A3o+da+Eisenbahn+Weizenbock.JPG" height="236" width="400" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O resultado para 36 meses é hipotético: eu nunca cheguei a
bebê-la depois de tanto tempo na adega. Mas, considerando o que observei na
passagem de 24 para 30 meses, suponho que ela comece e perder em harmonia e
equilíbrio à medida que o tempo passa. Como ainda tenho garrafas sobrando na
adega, terei a oportunidade de verificar isso daqui a 6 meses!<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Montar uma adega cervejeira no Brasil é um grande desafio.
Como se não bastasse o preço extorsivo das boas cervejas por aqui, que
desincentiva dramaticamente a compra apenas para estocagem, ainda há as
questões relativas às condições de armazenagem, nem sempre fáceis de se obter
no nosso clima. Quando você abre as suas primeiras garrafas, ainda na “fase sonsa”,
e percebe que elas não estão tão legais, o resultado pode te levar a desistir
da coisa toda. Espere. Em posse das informações que você leu aqui, tenha
paciência. Os frutos da sua adega amadurecem lentamente, mas sua doçura
compensa a espera!<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-85478913313326967062014-06-01T00:00:00.000-03:002014-06-01T00:00:00.203-03:00Cervejas selvagens: Berliner Weisse<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBfUh4bFRCKo82DzZcYsI5K9q9URkmiFGc2ndjvHd56cEw5YFmLgbrrdLaH30dSWPVz3Jhwpb9V1kAVFU0LUiFsRZWv9OGhyHXUn4LqWmt9JNFkTmqEEOXYmhAZEiij2Pa5SH1astl-z8/s1600/Ku'Damm.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBfUh4bFRCKo82DzZcYsI5K9q9URkmiFGc2ndjvHd56cEw5YFmLgbrrdLaH30dSWPVz3Jhwpb9V1kAVFU0LUiFsRZWv9OGhyHXUn4LqWmt9JNFkTmqEEOXYmhAZEiij2Pa5SH1astl-z8/s1600/Ku'Damm.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Ah, a cosmopolita Berlim.
Quem associaria você com </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">a selvageria? (não vale lembrar do Hitler!)<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://luxus.welt.de/travel/shopping/shoppen-der-hauptstadt-der-kudamm"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">luxus.welt.de</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sim, já falamos longamente sobre <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2013/04/cervejas-selvagens-parte-i-selvageria-e.html" target="_blank">cervejas selvagens</a> aqui no
O Cru e o Maltado. Alguns de vocês devem ter até enjoado de tanto azedume!
Todos os tipos imagináveis de <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2013/05/cervejas-selvagens-parte-iii-como-e.html" target="_blank">lambics</a>, <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2013/10/cervejas-selvagens-parte-xiv-flanders.html" target="_blank">as selvagens de Flandres</a>, <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2014/01/cervejas-selvagens-parte-xviii-os-novos.html" target="_blank">as sour ales da revolução norte-americana</a> e até as improváveis <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com.br/2013/12/cervejas-selvagens-parte-xvii-leipziger.html" target="_blank"><i>Gose</i> alemãs</a>. Pareceria que não deixamos nada de lado. Mas a verdade
é que havia pelo menos um estilo selvagem clássico que não tinha sido abordado
aqui no blog – até agora. Estou falando das <i>Berliner
Weisse</i>, as cervejas de trigo típicas da região de Berlim, no norte da
Alemanha. “Ah, eu sei como é uma Weisse alemã! São aquelas cervejas de trigo,
com aroma de cravo e banana!”. Não, essas são as Weisse do sul da Alemanha, da
região da Baviera – que não têm nada de selvagem, diga-se de passagem. Apesar
do nome semelhante (derivado de “weiss”, palavra alemã para “branca”) e do uso
do malte de trigo, há imensas diferenças entre os estilos. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Uma história
controversa<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Há pouca informação precisa sobre a origem deste raro estilo
cervejeiro. Sabe-se hoje que, no final da Idade Média, cervejas feitas com
lúpulo e malte de trigo ganharam força no norte da Europa, numa faixa
territorial que se estendia entre a Bélgica e a Boêmia. Como eram relativamente
mais claras que as tradicionais cervejas avermelhadas produzidas com o <i>gruit </i>(mistura de ervas que era usada
como tempero da cerveja antes do emprego do lúpulo), ficaram conhecidas como “brancas”
– daí o termo alemão “weiss”, ou o flamengo “wit” para designá-las. É possível
que as gueuze da região de Bruxelas derivem desse mesmo “cinturão de cervejas
claras de trigo” do norte europeu.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Data do século XVI a primeira menção documentada ao uso do
malte de trigo para fabricação de cervejas em Berlim. Contudo, é impossível
dizer se o estilo guardava qualquer semelhança com as Berliner Weisse atuais. Uma
teoria sugere que as raízes do estilo estejam numa tentativa de reproduzir, em
Berlim, um estilo de cerveja de trigo típico de Hannover, as <i>Broyhan</i>, que eram possivelmente
variações da Altbier produzidas com trigo. Há menção, em 1640, a uma cerveja
berlinense chamada <i>Halberstädter Broihan</i>,
indicando o vínculo com o estilo de Hannover. Uma outra teoria, a meu ver muito
menos plausível, sugere que as Berliner Weisse tenham sido uma criação de
exilados huguenotes que emigraram da França para Berlim no século XVIII,
passando por Flandres, e levaram consigo as técnicas de fermentação lática (usadas
nas cervejas selvagens de Flandres). Por que eu acho essa teoria menos
plausível? Porque ela se atém à similaridade entre as Berliner Weisse e as
atuais cervejas de Flandres, mas não considera que, à época, a fermentação
lática era muito mais amplamente disseminada na Europa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgDw4Gst6juCnwhYd_av5H-V80gciiDV9HSX5ci847reM3oUwMA9KOOwTiKNXyMF6PCmjsPEipOIfiat0LHfftZW2NaLr2ONl_kpQ4-wi9WBmJkUL2YmwuYkssyJ1aIViIeO9SN9G42o8/s1600/Huguenotes.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjgDw4Gst6juCnwhYd_av5H-V80gciiDV9HSX5ci847reM3oUwMA9KOOwTiKNXyMF6PCmjsPEipOIfiat0LHfftZW2NaLr2ONl_kpQ4-wi9WBmJkUL2YmwuYkssyJ1aIViIeO9SN9G42o8/s1600/Huguenotes.jpg" height="250" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O massacre de São
Bartolomeu, em 1858, que expulsou os </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">huguenotes da França. Deixemos a memória
deles em paz.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.meyerbeer.com/Hug-syn.htm"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">www.meyerbeer.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tudo isso são conjecturas históricas que aguardam investigação
de historiadores da alimentação na Alemanha. O que sabemos, com certeza, é que
algo parecido com as Berliner Weisse já devia existir na passagem do século
XVIII para o XIX. Quando Napoleão invadiu a Alemanha, em 1805, chamou as
cervejas de Berlim de “o champagne do Norte”, no que certamente aludia ao
caráter leve, ácido e sutilmente frutado das Berliner Weisse. O estilo alcançou
seu auge de popularidade no século XIX, quando havia 700 cervejarias que o
produziam na região de Berlim. A essa altura, os métodos produtivos já estavam
relativamente estabelecidos e a cerveja certamente era bastante semelhante à
que ainda existe hoje. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Berliner Weisse era produzida e servida em diferentes
graus alcoólicos, indo desde os 2% de uma cerveja “de mesa” até possivelmente o
teor de uma bock, acima dos 6%. A versão clássica, que sobrevive até os dias de
hoje, tem um baixo teor alcoólico, em torno dos 3%. Isso se explica devido ao
regime de tributação especial que incide sobre cervejas de baixo teor alcoólico
na Alemanha. É provável que o costume de produzir a Berliner Weisse com baixo
teor alcoólico também tenha raiz num hábito tipicamente associado à história do
estilo. Por muito tempo, a cerveja era vendida logo após ser brassada, cabendo
aos bares guardá-la por tempo suficiente para que ela fermentasse e maturasse.
Contudo, por razões econômicas, alguns bares costumavam diluir a cerveja em
água, resultando em um produto de teor alcoólico mais baixo, ao qual se opunha
a “Ganz-Weisse” ou “Voll-Weisse” (literalmente, “Weisse plena”), preferida dos
mais abastados.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O estilo entrou em franco declínio após a II Guerra Mundial –
como, de resto, ocorreu com todas as cervejas selvagens, em apuros em uma era
de paladares pasteurizados, de imensa concentração de capitais na produção
cervejeira e de predomínio de lagers claras de sabor padronizado. Hoje em dia,
sobrevive residualmente em Berlim, sendo produzido por apenas duas cervejarias.
Há cervejarias alemãs que o produzem fora de Berlim, mas não podem ostentar o
nome “Berliner Weisse”, que, segundo a legislação alemã, só se pode aplicar a
cervejas feitas na região de Berlim, seguindo os métodos tradicionais. O estilo
tem ganhado popularidade nos EUA, onde se tornou uma espécie de “porta de
entrada” para as sour ales, por ser um estilo mais leve e de mais fácil
aceitação dentro desse universo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Os métodos de
produção<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Berliner Weisse têm um método de produção muito peculiar,
que não é usado em nenhum outro estilo. O que as caracteriza é o sabor ácido e
refrescante, fruto da fermentação com bactérias láticas do gênero <i>Lactobacillus </i>(normalmente da espécie <i>L. brevis</i>). Portanto, assim como ocorre
com as cervejas de Flandres, as Berliner Weisse sofrem uma fermentação mista,
com leveduras cervejeiras comuns (do gênero <i>Saccharomyces</i>)
e com bactérias láticas. Ao mesmo tempo, assim como se vê nas lambics e nas Weissbiere
da Baviera, ela leva uma grande porcentagem de malte de trigo, variando entre
30% e 50%.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para criar o ambiente ideal para a proliferação de bactérias
láticas, as cervejarias berlinenses do século XIX usavam uma série de
artifícios. Tradicionalmente, o mosto (solução de grãos e água) de uma Berliner
Weisse não é fervido, mas apenas aquecido por um processo de tripla decocção, o
que significa que uma parte do mosto é separada, fervida e devolvida à tina
principal, causando um aumento na temperatura. O procedimento era realizado
três vezes, e a temperatura da tina principal nunca superava os 80<span style="font-size: 13.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-size: 11.0pt;">º C. </span>O
mosto era simplesmente mantido nessa temperatura durante 20 minutos e, depois
de resfriado, era inoculado. Como não havia esterilização completa do mosto, as
bactérias láticas sobreviviam ao processo e fermentavam a cerveja juntamente
com as leveduras, gerando a acidez típica do estilo. Algumas cervejarias ainda
usavam tonéis de madeira para fermentar e maturar a cerveja, o que aumentava a
incidência de microorganismos selvagens.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOj9T366DSpslsZPfLiiPUN6WZsohvO7v99TMUZW__u1dI6ArsHQ769Vvqt2vanfck1EERz3B3yiCQJyBZxAcwXP6Z9BheLuEdt0O_P7HnvpstRGL9BKh0TYiyM5lZIh6L2o4iaSB4zU8/s1600/Decoc%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjOj9T366DSpslsZPfLiiPUN6WZsohvO7v99TMUZW__u1dI6ArsHQ769Vvqt2vanfck1EERz3B3yiCQJyBZxAcwXP6Z9BheLuEdt0O_P7HnvpstRGL9BKh0TYiyM5lZIh6L2o4iaSB4zU8/s1600/Decoc%25C3%25A7%25C3%25A3o.jpg" height="186" width="400" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O tradicional e
trabalhoso processo de decocção do mosto, como </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">figurado </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">em um mural na escolha
cervejeira de Weihenstephan. </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Hoje em dia, a Bamberg é uma das únicas </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">do Brasil
a usar o procedimento.</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://braukaiser.com/wiki/index.php/Decoction_Mashing"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">braukaiser.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Tradicionalmente, elas eram refermentadas na garrafa,
aumentando a complexidade e também a acidez com o tempo. O método, contudo, era
diferente daquele empregado pelos belgas. Na Alemanha da lei de pureza, que
proibia o uso do açúcar na produção cervejeira, a cerveja engarrafada não
recebia uma nova dose de açúcares, mas de mosto parcialmente fermentado, ainda
com carboidratos do malte a serem fermentados (o chamado <i>kräusen</i>). Michael Jackson relatou o hábito tradicional de se
enterrar as garrafas na terra durante meses para deixá-las desenvolver um
caráter ácido ao longo do tempo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O grau de acidez era um fator a se controlar, e cada
cervejaria havia desenvolvido seus métodos para isso. Algumas inclusive “purificavam”
seu fermento, voltando a usar uma cepa pura de <i>Saccharomyces</i> retirada de uma ale a cada duas ou três fermentações
para evitar o predomínio das bactérias láticas. As Berliner Weisse industriais,
hoje em dia, atingiram um grau ainda maior de padronização. É comum que a
cerveja engarrafada seja o resultado de um blend entre uma cerveja fermentada
apenas com <i>Saccharomyces</i> e uma outra cerveja
ácida, que sofreu fermentação lática, em proporções padronizadas. A cervejaria Berliner
Kindl não emprega mais a refermentação na garrafa, mas fermenta e matura a
cerveja em tanques pressurizados. Já a cervejaria Schultheiss ainda refermenta
na garrafa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>O gosto de Berlim<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Do ponto de vista do consumidor, a Berliner Weisse é uma
cerveja selvagem muito leve, refrescante e com uma acidez moderada, equilibrada
por uma delicada doçura residual de malte. Ao contrário do que ocorre com
outras cervejas selvagens, sente-se bem o sabor do malte claro, de forma muito
agradável, remetendo às lagers claras da escola alemã. O amargor é muito baixo,
tipicamente abaixo dos 10 IBUs. O guia do BJCP indica que a interpretação alemã
tradicional do estilo tem presença suave a moderada de aromas frutados,
enquanto o guia da Brewers Association, mais antenado às inovações do mercado
americano, abre a possibilidade de o estilo ser fortemente frutado.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O traço distintivo da Berliner Weisse, sem dúvida, é a
acidez lática. Como ela não recebe adição de leveduras selvagens (do gênero <i>Brettanomyces</i>) e nem fermenta em
madeira, não exibe os aromas animais tradicionalmente associados às cervejas selvagens
belgas. Sente-se apenas uma acidez limpa, “fria” e refrescante, com aroma e
sabor suavemente lácteo, equilibrada por uma suave doçura de malte. O estilo é
seco e bem atenuado (possuindo poucos açúcares residuais), mas nem de longe tão
seco quanto uma gueuze, por exemplo. O malte está lá, agradável e discreto.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUzG0jTLNs8gVKrNn7_mv_LcpkYv814o-3La8vKmMaAyEtnj3UKptr_GGi6oJTR4Svauof1U3rKiSHH5QLmTB5a1N8er9X9ftres_OLwYg4-NDWV4AWfDIKgCYdeOQ9M7GuNb1ER6t_Eo/s1600/Berliner+Weisse+Ampel.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjUzG0jTLNs8gVKrNn7_mv_LcpkYv814o-3La8vKmMaAyEtnj3UKptr_GGi6oJTR4Svauof1U3rKiSHH5QLmTB5a1N8er9X9ftres_OLwYg4-NDWV4AWfDIKgCYdeOQ9M7GuNb1ER6t_Eo/s1600/Berliner+Weisse+Ampel.jpg" height="228" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O “Ampel” (“semáforo”, em
alemão), como é chamado o </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">conjunto de três copos de Berliner Weisse, </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">um puro, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">um aromatizado com framboesa, e um com aspérula.</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://thebeersessions.com/blog/2010/08/quest-for-berliner-weisse/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">thebeersessions.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Algumas pessoas preferem equilibrar a acidez lática da
Berliner Weisse com xarope aromatizado. Em Berlim, é tradicional servir a
garrafinha sobre uma dose de xarope de framboesa ou de uma erva aromática
chamada “aspérula odorífera”, dando ao copo uma coloração rosada ou esverdeada.
Antigamente, havia o costume de servi-la com uma dose de uma aguardente pura ou
aromatizada com cominho – o que servia tanto para lhe dar mais aroma e sabor
quanto para aumentar seu teor alcoólico. Os apreciadores, porém, preferem
sempre bebê-la pura. De fato, seu sabor delicado e equilibrado é uma iguaria
que merece ser apreciada sem distrações.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Minha primeira
Berliner Weisse<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E por que eu não havia escrito sobre as Berliner Weisse
quando fiz uma longa série de postagens sobre as cervejas selvagens? Porque eu
nunca havia bebido uma até este mês! O estilo é raro na sua terra natal, e
apenas hoje começa a receber atenção das cervejarias norte-americanas, que têm
produzido interpretações do estilo. No mercado brasileiro, não temos nem um
único rótulo de Berliner Weisse. Só tive a oportunidade de provar uma cerveja
do estilo quando a ganhei, fortuitamente, de presente do amigo Fabiano Pereira
(que conhece muito bem meus gostos cervejeiros e a quem agradeço muitíssimo).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Berliner Weisse que tive a oportunidade de provar não é
produzida em Berlim, mas em Liepzig, pela cervejaria Bayerischer Bahnhof Gasthaus
& Gosebrauerei – que, como indica o nome, é especializada na produção de outro
estilo selvagem alemão, as Gose. Por não ser da cidade natal do estilo, não
pode ostentar no rótulo o nome “Berliner Weisse”, motivo pelo qual se chama “Berliner
Style Weisse” (ou “Weisse no estilo de Berlim”). Vejamos o que ela nos oferece:<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfYUr83BoSisXfsiRGPgda90zvKOrsZl2rGhXo0EyKc-lqFXGLLx640iNmNBJWg_Fcm8fsTRt5s-RNUxKjoN22zntx-c_fIQNtk8xpSdVZ2ObXo13SK6JCi9OKVrfucLUuB7gqtWISdyQ/s1600/Bayerischer+Bahnhof+Berliner+Style+Weisse.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgfYUr83BoSisXfsiRGPgda90zvKOrsZl2rGhXo0EyKc-lqFXGLLx640iNmNBJWg_Fcm8fsTRt5s-RNUxKjoN22zntx-c_fIQNtk8xpSdVZ2ObXo13SK6JCi9OKVrfucLUuB7gqtWISdyQ/s1600/Bayerischer+Bahnhof+Berliner+Style+Weisse.jpg" height="320" width="213" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="http://thebeersessions.com/blog/2010/08/quest-for-berliner-weisse/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">thebeersessions.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbk84czZEYVljRW8/edit?usp=sharing" target="_blank">Bayerischer Bahnhof Berliner Style Weisse</a><o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Estilo:</b> Berliner
Weisse<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Teor alcoólico:</b>
3% ABV<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Aparência:</b> bem
mais clara que uma Weissbier da Baviera, ostenta uma coloração amarela bem
clara, palha, com alta turbidez e uma espuma volumosa que diminui rapidamente
(como é comum no estilo devido à alta acidez).<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Aromas:</b> primeiro
se sente no nariz a acidez limpa, com um toque lácteo que lembra iogurte ou coalhada.
Com o tempo, revela-se o aroma seco e apetitoso de malte, que se confirma na
boca, com notas de pão branco e massa crua, sem sensação doce. Com o tempo,
nota-se mais claramente um perfil frutado tropical e delicado, com remissões a
pêssego, cupuaçu e laranja, bem como um aroma floral de rosas. Complexo de uma
forma sutil e interessante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Paladar:</b> prima
pela delicadeza na boca, com um equilíbrio entre a acidez lática inicial e uma
doçura final de malte que nunca chega a ser pesada demais, o que permite que a
cerveja seja seca e refrescante sem extremismo. Quase não se sente amargor.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Sensação na boca:</b>
o corpo é levíssimo devido ao baixo teor alcoólico e à secura – às vezes até
chega a lembrar a sensação meio “aguada” de uma cerveja sem álcool. A textura é
aveludada e é possível sentir alguma adstringência de taninos, de forma
interessante.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Clique <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqbk84czZEYVljRW8/edit?usp=sharing" target="_blank">aqui</a> para ver a avaliação completa.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Veredito: uma sour ale leve, refrescante e descomplicada,
mas ao mesmo tempo sutilmente complexa e agradável. Lembra às vezes uma Kölsch
mais leve, com acidez no lugar do amargor e aquele frutadinho sutil e
intrigante. Realmente é uma ótima porta de entrada para o mundo das sour ales,
tanto pela sua leveza quanto pela familiaridade com outras cervejas da escola
alemã, mais conhecidas do grande público. <o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É uma pena que não tenhamos nenhum exemplar no mercado nacional.
Nenhuma das nossas cervejarias de tradição alemã se aventuraria? Eu adoraria
ver algum cervejeiro do calibre da Bamberg ou da Abadessa oferecer sua
interpretação do estilo para o nosso mercado!<o:p></o:p></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-44299491283213081232014-05-15T00:00:00.000-03:002014-05-15T00:00:01.024-03:00Cerveja e cinema: The Bling Ring e as redes sociais cervejeiras<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sim, <a href="https://www.facebook.com/pages/O-Cru-e-o-Maltado/1396514363955541?ref=hl" target="_blank">O Cru e o Maltado agora está no Facebook</a> após anos de
teimosa recusa. Bastou um perfil falso homenageando nosso querido bispo
devorado pelos caetés (hilariamente, considerando seu sobrenome) e eu me
esqueci do risco de ser pressionado por alunos impertinentes a respeito de meus
hábitos cervejeiros. (Alunos, nunca se esqueçam de seus professores também têm
vida privada e preferem que ela continue assim.) E, sim, eu finalmente troquei
meu jurássico celular por um smartphone (obrigado pelo presente, minha linda!)
e faço parte da legião de cervejeiros que faz check-in de tudo o que bebe no
Untappd. Nunca estive tão internético. E também nunca estive tão
enfadado a respeito desse fato.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvm9ZZpcf-iIxmV_Z-W95eY-hLke_7O27JrFcpa42WUWVneTOj3g-aG65PLL_qSqLR3dVrhTtH5VnNFcEoBxfbvqW8uf6fR6ycn5Ds8iAV-MVAeN3s3km3CM3BKUrNB_fvnMuZscRR-5c/s1600/The+Bling+Ring+poster.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgvm9ZZpcf-iIxmV_Z-W95eY-hLke_7O27JrFcpa42WUWVneTOj3g-aG65PLL_qSqLR3dVrhTtH5VnNFcEoBxfbvqW8uf6fR6ycn5Ds8iAV-MVAeN3s3km3CM3BKUrNB_fvnMuZscRR-5c/s1600/The+Bling+Ring+poster.jpg" height="320" width="216" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Cartaz do filme.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.awardsdaily.com/blog/new-poster-for-the-bling-ring/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">www.awardsdaily.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quero digredir um pouco. Historiador adora uma digressão,
mas eu juro que volto ao assunto. É que o filme mais recente da diretora Sofia
Coppola me parece o ponto de partida perfeito para voltar a falar sobre o zum-zum-zum
cervejeiro nas redes sociais, embora não haja muita cerveja no filme (só vodka,
energético e cocaína, pode ser?). Conheci Sofia Coppola quando da repercussão
de seu primeiro grande sucesso comercial no Brasil: <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0335266/" target="_blank">Encontros e Desencontros</a></i>, de 2003. Odiei o tom pretensiosamente
pseudofilosófico e a sucessão de chavões vazios do filme. Também odiei de morte
o anacronismo insultoso de sua película subsequente, <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt0422720/" target="_blank">Maria Antonieta</a></i>, de 2006. Assim sendo, estava preparado para
continuar detestando-a quando aluguei <i><a href="http://www.imdb.com/title/tt2132285/" target="_blank">The Bling Ring</a></i>, de 2013 (que ganhou no Brasil o duvidoso título de “A gangue de
Hollywood”). Só que eu amei perdidamente o filme.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>Bling Ring</i> inspira-se
em uma história assustadoramente real, mostrando que a realidade é
frequentemente mais incrível que a ficção. Spoilers adiante – o que não quer
dizer muita coisa, já que os fatos aconteceram e todo mundo sabe como a
história terminou. O enredo foi baseado em um artigo escrito pela jornalista
americana Nancy Jo Sales para a revista Vanity Fair, intitulado <i><a href="http://www.vanityfair.com/culture/features/2010/03/billionaire-girls-201003" target="_blank">The suspects wore Louboutins</a></i> (“Os
suspeitos calçavam Louboutins”), que conta a história de um grupo de
adolescentes de Los Angeles que descobriu que podia facilmente invadir casas de
celebridades enquanto elas estavam ausentes, fazer festinhas privadas e roubar
pequenos “mimos” dos guarda-roupas de seus ídolos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Luxo, ostentação e
Facebook<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O filme, obviamente, conta uma interpretação da história,
sendo que altera ou dá menos importância a alguns detalhes do caso para
imprimir à narrativa sua própria perspectiva. Isso não é um demérito: pelo contrário,
é o que permite à diretora expressar com mais consistência e clareza sua visão
dos eventos. Ou você acha que existe alguma narrativa que conta “fielmente”
todos os fatos “como eles de fato aconteceram” (como dizia o caduco historiador
Leopold Von Ranke no século XIX)? Na
vida real, os roubos somaram um impressionante montante de 3 milhões de dólares
em produtos, dinheiro e joias. No filme, o valor monetário ganha pouca
importância: as etiquetas com os emblemas “Dior”, “Chanel” ou “Louis Vuitton”
eram o verdadeiro troféu contido nos objetos levados pelos adolescentes. E,
convenhamos: ninguém vira uma celebridade mundial somente por roubar 3 milhões
de dólares, concorda?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O filme revela uma ironia interessante que esses
adolescentes revelaram. Na montanha-russa da especulação e da ciranda do
consumo global, um vez que os caríssimos artigos de luxo são usados
publicamente pelas celebridades, eles perdem completamente o valor para elas.
Afinal, não se vai a duas cerimônias do Oscar com o mesmo vestido. O closet das
celebridades se torna uma espécie de cemitério de fantasmáticas roupas proibidas,
objetos caríssimos completamente esvaziados de seu valor-de-uso. Tanto é que,
no filme de Coppola, quando malas cheias de roupas, sapatos e acessórias são
discretamente surrupiados, seus donos sequer se dão conta de que foram
roubados. Os objetos readquirem valor na mão dos ladrões, que correm para
postar os novos modelitos no Facebook e no Instagram. Paradoxalmente, é o crime
que restitui o valor a esses objetos e os coloca novamente no circuito da
ostentação que é seu <i>habitat</i> natural.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O filme poderia tranquilamente aproveitar a história para
contar uma enfadonha lição de moral sobre as consequências negativas e a
imoralidade de uma vida vazia, consumista e irresponsável, sobre como essa nova
geração de jovens está perdida, sobre como tudo era melhor quando as pessoas
eram menos fúteis (e as mulheres não saíam na rua de minissaia) e todo esse
bla-bla-bla saudosista. Numa dada altura do filme, eu até achei que Sofia
Coppola estava indo por aí – afinal, está na moda ser conservador –, mas,
felizmente, ela optou por não fazer isso. Em vez disso, ela radicalizou:
mergulhou de cabeça na linguagem e na sedução do mundo em que esses jovens
viviam e, de lá de dentro, mostrou que eles não estavam fazendo nada muito
diferente de 95% de tudo o que circula nas redes sociais. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaxjtXnVOoGVV_hPlnkufqQhS-9bojt8TVTZ7zfLHiXfY4dz6tXxxLn5T0SMkvhXuUP3LykW6_I-EejEM54zIMn6yHKhGJ8DvjLRm7nH_OEASxqL29B7o1PrGqnvE5Y52nrvfXx0ZeJOo/s1600/Biquinho.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjaxjtXnVOoGVV_hPlnkufqQhS-9bojt8TVTZ7zfLHiXfY4dz6tXxxLn5T0SMkvhXuUP3LykW6_I-EejEM54zIMn6yHKhGJ8DvjLRm7nH_OEASxqL29B7o1PrGqnvE5Y52nrvfXx0ZeJOo/s1600/Biquinho.jpg" height="234" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Que “xis” que nada! O
negócio é fazer biquinho!<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.insanos.com.br/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O ritmo do filme capta magistralmente o tempo
simultaneamente fragmentado, rápido e enfadonhamente repetitivo das redes
sociais, análogo ao da publicidade: tudo é um flash de luxo, uma pose rápida
para a câmera, uma balada exclusiva e descolada, um produto novo. As situações
se alternam com uma naturalidade desconcertante: celular a postos, os
adolescentes se levantam e, em perfeita sincronia, começam a dançar como se
estivessem curtindo a noite há horas. Um biquinho para a câmera, um flash, e
voltam a conversar naturalmente sobre problemas de família. O importante é “sair
bem na foto”, pois os registros visuais, que serão mostrados para os outros,
são mais importantes do que a situação em si. Lembrei daquela moda que deu
entre as adolescentes de, em vez de sair para a balada, irem umas às casas das
outras apenas para se produzir e postar as fotos. No filme, as casas das
celebridades se sucedem numa mesmice de luxo e ostentação. O filme parece um
gigantesco e interminável comercial da Tom Ford, ou um clipe de hip-hop
bling-bling de 2 horas de duração. Acho que esse era o filme que Sofia Coppola
queria gravar quando fez <i>Maria Antonieta</i>,
mas, aqui, ela não cometeu o erro de ambientar a história no século XVIII. Ela
encarou o desafio da contemporaneidade e direcionou suas preocupações estéticas
para o ambiente correto.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Coppola insere quebras estrategicamente, fazendo a
mesquinhez da vida cotidiana se intrometer na ostentação para perturbá-la. O
luxo dos produtos de grife roubados das celebridades contrasta de forma
decepcionante com os quartos de classe média onde os adolescentes escondem de seus pais o butim de suas traquinagens: cômodos chocantemente precários se
comparados às casas-vitrine das celebridades. A própria infantilidade dos membros da
gangue, adolescentes comuns de um colégio norte-americano, rompe eventualmente
o véu do glamour que eles criam em torno de si. O resultado é o
mesmo misto de constrangimento e sedução que experimentamos ao ver as fotos da
balada de um adolescente deslumbrado no Facebook, ou o último <i>videoclip</i> das paradas norte-americanas com
aquelas ridículas dancinhas sincronizadas e poses sensuais que você abomina e
não consegue parar de assistir de tão chamativo. O mérito do filme de Coppola é
que ela mergulha na linguagem fragmentada do consumo contemporâneo e leva seus
descompassos às últimas consequências – sem nunca cometer o erro de julgá-la a
partir de fora.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn6b6lBySAb4U99uqMAoWOd40ncUWKM0iaiL5JFxNrMmFzqhBTzQZ6WIDrENgmVfd8oLsEj8J-fzyyWOyprAxVI83i9n-_xRGEUCM4rZLpOKiO629cyHwNljNCakjZCkjJaSckDEV-5IU/s1600/Emma+Watson.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgn6b6lBySAb4U99uqMAoWOd40ncUWKM0iaiL5JFxNrMmFzqhBTzQZ6WIDrENgmVfd8oLsEj8J-fzyyWOyprAxVI83i9n-_xRGEUCM4rZLpOKiO629cyHwNljNCakjZCkjJaSckDEV-5IU/s1600/Emma+Watson.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Emma Watson encarna o “plastic
sexy” </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">de sua personagem.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://www.insanos.com.br/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Aquilo que, numa clássica história moral, seria o desfecho
punitivo para o personagem vil, em <i>Bling
Ring</i> é só mais um lance no jogo de autopromoção e sedução que os jovens
jogam durante o filme todo. Por conta da própria publicidade que faziam de seus
roubos, exibidos como troféus, a gangue acaba presa. E, das cortes de justiça, os
adolescentes foram direto para as manchetes da Vanity Fair – finalmente lado a
lado com as celebridades que tanto admiravam. Para a jovem Nicki, interpretada
pela surpreendente Emma Watson, o julgamento, a polêmica em torno de seus
crimes e até sua prisão não passam de mais uma postagem de grande repercussão
na imensa <i>timeline</i> que era sua vida.
Um meio de atingir uma audiência ainda maior. E nisso ela parece não se
distinguir muito de seus ídolos mais famosos – afinal de contas, como relata em
um programa televisivo, após ser detida pelos roubos e invasões, a
adolescente teve a honra de ficar encarcerada em uma cela contígua à de Lindsay
Lohan, cuja casa ela já invadira. As celebridades de Hollywood já aprenderam há
muito tempo que, quando se faz um bom escândalo, a recompensa em termos de
publicidade supera em muito a banalidade das prisões, fianças e multas
administrativas. Nicki se revela aluna sagaz.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>The suspects drank
Westvleteren<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Mas o que tudo isso tem a ver com cerveja? O leitor
inteligente já terá percebido o rumo dessa conversa. Como disse lá no começo,
recentemente entrei para o Untappd e criei uma página no Facebook. E fiquei
assustado com a publicidade que as pessoas fazem em torno dos seus hábitos de
consumo cervejeiro. Fotos de garrafas e copos cheios (e, principalmente, meio
vazios) repetem-se monotonamente. Em geral são mal tiradas, mas não estão lá
para serem bonitas, e sim como uma espécie de “prova visual” de que Fulano ou
Cicrano realmente conseguiu pôr os lábios em um copo da tão cobiçada ____________
(insira aqui a mais nova importada de luxo do mercado ou alguma rara e
exclusiva “whale” americana como a Dark Lord ou a Hunahpu’s). Como não bastasse
ostentar os rótulos, caçam as medalhas do Untappd numa espécie de corrida
maluca para ver quem bebeu a maior variedade de cervejas, o maior número de
rótulos italianos, e por aí vamos.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Os “troféus” cervejeiros repetem-se com uma frequência
assustadora pelo espaço virtual, muito raramente acompanhados de qualquer
informação ou opinião útil sobre as cervejas. É difícil ler qualquer coisa além
de “muito f*da pra c***lho”. E, bem, para ser sincero, considerando a
quantidade de rótulos que o nosso não-tão-fictício degustador já postou antes
na mesma noite, duvido que ele esteja em condições de avaliar seriamente o que
está bebendo. Onde estou com a cabeça para querer qualquer coisa além de um “breja
top!”? Beber menos e melhor? Sim, sei. E sabe o que é o pior? Em mim, essas coisas
têm o exato mesmo efeito daquela mistura incômoda de constrangimento e sedução
que Coppola conseguiu emular com seu <i>Bling
Ring</i>. Repudio esse hábito, mas existe uma parte terrível de mim, lá no
fundo, que também quer um golinho daquele copo de Hunahpu’s. Por mais idiota
que saibamos ser essa lógica metafórica do troféu (tornada literal pelas
medalhas do Untappd!), se ela ainda tem tanta força social, é porque exerce uma
mórbida atração sobre nós, produtos da sociedade de consumo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuKZZlbZlm4n7OcHUeelTVMvuSDXtrcGjwrvEbctzK-BVkNk5QXe3aKjrf6xBBUwQu7Ln-1Xa1-rhPkQdNCL3vNbxu4R7axgAXWHDEvjn4X3hEPU55oRHSOQkBXnaNFMDwZ2-4HM1j3jQ/s1600/Garrafas.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhuKZZlbZlm4n7OcHUeelTVMvuSDXtrcGjwrvEbctzK-BVkNk5QXe3aKjrf6xBBUwQu7Ln-1Xa1-rhPkQdNCL3vNbxu4R7axgAXWHDEvjn4X3hEPU55oRHSOQkBXnaNFMDwZ2-4HM1j3jQ/s1600/Garrafas.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Preciso de uma nova
câmera fotográfica para </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">conseguir pegar todas as garrafas da farrinha de ontem!”<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://gemconevents.blogspot.com/2011/06/beet-tasting-birthday-party.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis; unicode-bidi: -webkit-isolate;">gemconevents.blogspot.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Repete-se o mantra de que as redes sociais criam espaços
para discussão e compartilhamento de informações, e que resultam em
consumidores mais bem informados e supostamente mais qualificados. Às vezes eu
fico me questionando se isso não é conversinha para boi dormir para justificar
certos excessos de consumo. Afinal, se eu sou um consumidor bem informado e sei
dar <i>valor</i> ao que compro, então eu sou
merecedor de apreciar uma cerveja que me custou R$ 200 da mão de algum
atravessador. E ainda chamamos isso de “cultura cervejeira”. O mercado de cerveja
artesanal no Brasil se apoia no consumo de produtos muito caros que, por
conterem álcool, são capazes de “flexibilizar” nossa capacidade de julgamento
financeiro e nos tornam presas fáceis de seduções ridículas. Depois de quatro
chopes, aquela garrafa de R$ 200 (que eu jamais compraria se estivesse sóbrio)
não parece mais tão proibitiva. Lá vou eu abri-la, para depois me gabar de
tê-la bebido. No fim do mês, esse dinheiro vai fazer falta para mim (ou, pior
ainda, para as pessoas com quem divido meu orçamento). Mas eu tenho “cultura
cervejeira”, “bom gosto” ou o-que-quer-que-seja que me diferencia dos meros
mortais que continuam ignorantemente bebendo suas cervejas de milho transgênico
– e é isso o que importa. É a autoindulgência do consumo justificando e
encobrindo a lógica adolescente, competitiva e ostentatória do “meu pau é maior
do que o seu” – subtexto de boa parte do que leio online nos meios cervejeiros.
Leia-se: “minha carteira é mais recheada que a sua”. Sério que estamos
reduzindo milênios de história cervejeira a isso?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Se meus leitores me dão licença, agora vou buscar um copo de
cerveja. E, obviamente, tirar uma foto e fazer check-in no Untappd. Nos vemos
por lá!</div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-26843006555494934032014-05-01T00:00:00.000-03:002014-05-01T00:00:00.498-03:00Vamos beber vinho?<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como assim, vinho? Este não é um blog sobre cervejas? Um
blog virilmente másculo (ui!), autenticamente popular, descontraído, alegremente
jovem, cheio de brasilidade? Vinho não é aquela bebida cara que se bebe em
restaurantes esnobes de toalha branca quando se quer impressionar alguma mulher
metida a besta no primeiro encontro?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYtYSXmcBs5OVnzAvtKobmjgyLN33JxmUJWwlNecmh1egbp9f1wgoz9kFJihHk9QkMc2PKoSqeCVosplUlJw2MGlv2rxrCRrU-syUwRKDx_L5fH3CuuCTUQKFfbXQAUeUm6c56gkvr5zo/s1600/beer+vs+wine.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgYtYSXmcBs5OVnzAvtKobmjgyLN33JxmUJWwlNecmh1egbp9f1wgoz9kFJihHk9QkMc2PKoSqeCVosplUlJw2MGlv2rxrCRrU-syUwRKDx_L5fH3CuuCTUQKFfbXQAUeUm6c56gkvr5zo/s1600/beer+vs+wine.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
http://www.yelp.com/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Preciso dizer que a resposta a todas as perguntas acima é negativa?
A secular guerra dos vinhos contra cervejas não começou ontem e parece bem
longe de terminar. Também, pudera: com o teor alcoólico somado dos dois
combatentes, qualquer guerra vira playground, e não me espanta que ninguém mais
queira ir para casa! <i>Sommeliers</i> e
enófilos frequentemente fazem uma discreta careta de desdém para as cervejas e
voltam a seus saca-rolhas e seus decanters, imbuídos de uma suposta
superioridade cultural e gastronômica do vinho. Já os apreciadores de cerveja
costumam repudiar os próprios vinhos junto com o habitual esnobismo da cultura
da enofilia – enquanto reproduzem seus mesmos hábitos, diga-se de passagem. Conhecemos
os lugares comuns. Cerveja é para homem, vinho é para mulher. Cerveja é alegre,
vinho é chique. Cerveja é popular, vinho é elitizado. Cerveja é barata, vinho é
caro. Cerveja se bebe no bar, vinho se bebe no restaurante. Cerveja celebra a
amizade, vinho celebra o amor. Nunca se deve misturar vinho e cerveja, senão
você vai passar mal para sempre! E bla-bla-bla-bla. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Chegamos até mesmo a dividir o globo terrestre em supostas
zonas de influência histórica do vinho e da cerveja, completamente alheios ao fato
de que pouquíssimas sociedades na história da humanidade consumiram uma das
bebidas à exclusão da outra. Os antigos romanos, tidos como grandes
representantes históricos do vinho (eles tinham até deus para o fermentado de
uva!), também plantavam cevada e faziam muita cerveja, em geral consumida entre
as classes mais populares. Os ultracervejeiros alemães da Reinheitsgebot e da
pureza cervejeira (“apenas malte, água e lúpulo hão de passar por nossos
lábios!”) importavam vinho da França nas cortes – onde, nunca é demais lembrar,
falava-se francês. Nem a Grã-Bretanha, insular terra das ales, manteve qualquer
tipo de exclusivismo: além de fazer cerveja de primeira, a Inglaterra bebia tanto
vinho que chegou a incentivar a criação de um tipo de vinho especialmente para
eles: o vinho do Porto. Além, é claro, de importar hectolitros da França, ali
do outro lado do canal da Mancha. Exclusivismo cultural e patriotismo cego são aberrações
da nossa época – nossos antepassados praticavam a incorporação e mistura.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Kultur gegen Zivilization<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
E de onde vem a secular querela dos fermentados? Eu não sei
ao certo, mas está aí um excelente tema de estudo para os historiadores da
cultura se ocuparem. (ops, parece que eu sou um deles!) Sabe aquele momento em
que o seu amiguinho da pré-escola roubou o seu apontador em formato de moto,
dando início a uma amarga inimizade que se estenderia até o final do Ensino
Médio? Qual teria sido essa agressão fatal na guerrinha de Kindergarten que
opõe gerações de enófilos e bebedores de cerveja? Minha intuição histórica (uma
palavra mais chique para “palpite”) me sugere que a Alemanha da passagem do
século XVIII para o XIX, se não foi o campo inicial de batalha, pelo menos foi
palco de uma importantíssima escaramuça dessa história.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ao final do século XVIII – convém lembrá-lo ao leitor que
faltou a algumas aulas de História do colégio – a Alemanha não era um país.
Antes, era um conjunto de pequenos reinos e coroas independentes e
politicamente desunidas. Nas cortes desses pequenos reinos, era comum que a
nobreza reivindicasse ascendência francesa, ou pelo menos falasse francês nas reuniões sociais e adotasse o estilo de
vida da nobreza francesa setecentista – que, afinal de contas, era o <i>must</i> do século XVIII em termos de luxo e
opulência. Hoje em dia, se você realmente quer esbanjar, vai viver como se
fosse um rapper norte-americano, rodeado de garotas de microssaia e
estacionando sua coleção de carros esportivos na garagem da sua mansão em Los
Angeles. Naquela época, vivia-se como o rei Luís XIV. Eram outros tempos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foi nesse contexto que a burguesia intelectual alemã – a “classe
média” da época – se contrapôs à nobreza. Essa oposição tinha a particularidade
de se concentrar nos aspectos culturais do modo de vida da corte. Na França, a
burguesia ascendente, detentora de poder econômico, havia elaborado uma crítica
à nobreza em termos eminentemente econômicos e políticos, levando às reformas
da ilustração e eventualmente à revolução francesa. Mas na Alemanha, uma classe
média de limitado poder econômico escolheu a cultura como ponto de honra de sua
luta contra a nobreza. Assim, criticaram os valores afrancesados, estrangeiros,
superficiais e afetados da <i>Zivilization</i>
francesa (o modo de vida da nobreza) e enalteceram as virtudes da <i>Kultur</i> popular alemã, supostamente mais íntegra,
verdadeira, autêntica e profunda em seus hábitos e valores. Em poucas décadas,
o que era uma querela entre classes sociais nos territórios alemães
converteu-se em uma briga entre países e zonas de influência no continente
europeu. A França napoleônica com sua esnobe e afetada civilização; enquanto a
Alemanha estaria firmemente apegada a sua autêntica e íntegra cultura. França
contra Alemanha. Elegância contra eficiência. Discrição contra algazarra.
Sofisticação contra autenticidade. E bla-bla-bla-bla.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcqaN_Runrsj9w_2CGiguWCu4_o-k4HM3tYWjLpLp5tS0p519mNhYNly3hr3Mv-lrhnp5xDGFPXdaG_CGWAGVieuIAg3ho8s2fVD-hptz-S78HipQ34ut6Ag7XuDYq2KrJY_lp51RIra4/s1600/wine+beer+border.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhcqaN_Runrsj9w_2CGiguWCu4_o-k4HM3tYWjLpLp5tS0p519mNhYNly3hr3Mv-lrhnp5xDGFPXdaG_CGWAGVieuIAg3ho8s2fVD-hptz-S78HipQ34ut6Ag7XuDYq2KrJY_lp51RIra4/s1600/wine+beer+border.jpg" height="267" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Nos territórios
vermelhos, vinho e línguas latinas </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">(pelo menos na porção ocidental). Para os
amarelinhos, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">cerveja </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">e línguas com raízes germânicas. Para os azuizinhos, </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">o
inverno é tão cruel que os fermentados não são páreo.</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://tofspot.blogspot.com/2010/02/bibber-swigger-or-tippler.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">tofspot.blogspot.com</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A fronteira entre vinhos e cervejas é geralmente vista como
coincidente com os limites geográficos entre as sociedades de cultura germânica
(ao norte/leste europeu) e as de cultura latina (ao sul/oeste europeu).
Imaginamos romanos bebendo vinho em finas taças de estanho, e bárbaros
germânicos bebendo cerveja em pesados canecos de pedra, não é mesmo? Na zona de
fronteira entre os dois mundos culturais, França e Alemanha se entrechocam e
trocam insultos há pelo menos 150 anos. Conheço alemães que, até hoje,
consideram que a Alsácia ainda é um território alemão usurpado pela França. A
batalha dos fermentados – vinho de um lado, cerveja do outro – é a expressão
cultural e gastronômica dessa querela à qual a burguesia intelectual alemã deu
um vigoroso pontapé nos tempos de Goethe e Schiller.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sim, existem fatores climáticos objetivos. Existe uma
determinada latitude ao norte da qual o cultivo da uva é muito difícil. Essa
fronteira se situa mais ou menos na região francesa de Champagne, já quase na
fronteira nordeste com a Bélgica e a Alemanha. Alguns passos para o sul, e as
uvas atingem perfeita maturação. Alguns passos para o norte, e são os pés de
lúpulo que dão majestosas flores amargas, enquanto as colheitas de grãos são
abundantes. Mas isso não basta, por si só, para justificar toda essa briga. Não
associamos o vinho e a cerveja apenas e tão-somente a territórios: associamo-los
a culturas e valores. O clima não basta para explicar isso, embora possa dar um
empurrãozinho. O resto fica por conta do trabalho da mente humana de investir o
mundo de significado. Mas claro que tudo isso não precisa ser assim.
Convencionou-se pensar dessa forma, associar a vinho a isso ou a aquilo, e a
cerveja a tal e qual. Que tal repensar e formar a sua própria opinião?</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Vamos beber vinho?<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Esta postagem é um apelo a todos os meus colegas
cervejeiros: deixemos os preconceitos de lado e aprendamos a nos deliciar com
nossos primos próximos, os fermentados de uvas. A degustação de vinhos não só é
recompensadora por si mesma, como é um interessante exercício sensorial para o
apreciador de cervejas: as sensações são próximas o bastante daquelas do mundo
cervejeiro para nos sentirmos mais ou menos em casa, como hóspedes bem-vindos,
mas também são diferentes o bastante para que tenhamos de pisar fora da nossa
zona de conforto. Conheço bebedores de cerveja que chegaram a um ponto em seu
aprendizado que praticamente fossilizaram seus sentidos. Se vão beber uma
stout, não precisam nem levar a taça ao nariz antes de começar a enaltecer os
aromas de café. A degustação se torna um automatismo monótono. Confrontar-nos
com vinhos e tentar decifrar seus segredos, ainda que de forma tateante, nos
faz voltar a olhar com frescor para o hábito de degustar, nos coloca de volta
em um terreno desafiador. Quando voltamos ao copo de cerveja, depois, parece
que nossos sentidos foram renovados. Tenho certeza de que o mesmo acontece com
enófilos calejados quando se dedicam a cervejas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É engraçado que muitos apreciadores de cerveja “exigem” dos
enófilos que deixem de lado o preconceito contra a “loira gelada” e
experimentem a diversidade cervejeira. Reivindicam a seu favor o argumento,
verdadeiro, de que a complexidade sensorial das cervejas é tão ampla quanto a
dos vinhos. Muito justo. Mas são poucos os cervejeiros que estão realmente
dispostos a fazer o contrário e manter uma postura aberta em relação ao vinho.
Tem gente que brada conhecimento profundo sobre todos os subestilos de ales mas
ainda acha que vinho tinto tem sempre o mesmo gosto de uva e frutas vermelhas.
Abaixo os exclusivismos: os fermentados são uma grande família com a qual vale
a pena manter sempre uma postura fraterna. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Cervejas e vinhos têm algumas características diferentes.
Assim como muitos apreciadores de vinhos se assustam com o intenso amargor de
alguns estilos cervejeiros, é comum que alguns apreciadores de cerveja também
se sintam repudiados pela intensidade da acidez e pelos mordazes taninos de
alguns vinhos especialmente inclementes. O equilíbrio gustativo da maioria das
cervejas está no balanço entre doçura do malte e amargor do lúpulo. No caso dos
vinhos, esse equilíbrio se observa entre a doçura residual e a acidez das uvas.
Entender isso é um importante primeiro passo para não fazer careta. Assim como
estilos muito amargos são uma barreira para quem está começando a beber cerveja,
vinhos mais secos, tânicos e ácidos (sobretudo os do Velho Mundo) costumam
desafiar quem está começando a beber vinho. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não se prenda ao preconceito bobo de que vinho é caro e
esnobe. Desfaçamos esses dois mitos. Quanto ao primeiro, cervejas artesanais custam
tanto quanto bons vinhos, pelo menos aqui no Brasil. Aliás, eu tenho bebido
bastante vinho depois que descobri que, para quem não tem tanta litragem nos
territórios de Baco, fica mais barato beber novos vinhos do que acompanhar as
novidades do mercado cervejeiro brasileiro (que está ficando assombrosamente
caro). Você pode achar que uma garrafa de um bom vinho, ali na faixa dos R$ 50,
é bem mais cara do que uma cerveja média. Mas não se esqueça de que vinhos vêm
(usualmente) em garrafas de 750ml e que têm teor alcoólico entre 11% e 15%.
Isso significa que uma garrafa de vinho provavelmente vai te saciar tanto
quanto umas quatro ou cinco long necks de uma cerveja de médio teor alcoólico,
ali na faixa dos 6-7% ABV. É perfeitamente possível dividir uma garrafa de
vinho em duas pessoas sem miséria. Por isso, o preço unitário menor da cerveja
acaba sendo ilusório no contexto geral de consumo. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU1MMrVfgukvZ2oTvuh5aC66fe48fxBn1lbFyp5nRsxGUE3SQ6CqS8FrOGyccLwxXxG5HjffpLB_6WgeFRcvBdgoE-Eq92K9C6dp0ivWrnxsFc71pNdEn75d6mBSFlczE4jbt_t2hWWW0/s1600/WineSnob.jpeg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjU1MMrVfgukvZ2oTvuh5aC66fe48fxBn1lbFyp5nRsxGUE3SQ6CqS8FrOGyccLwxXxG5HjffpLB_6WgeFRcvBdgoE-Eq92K9C6dp0ivWrnxsFc71pNdEn75d6mBSFlczE4jbt_t2hWWW0/s1600/WineSnob.jpeg" height="269" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Se aquele seu tio bebedor
de vinho é um chato </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">de galochas, parabéns, a culpa é só dele.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://barrelroomsf.blogspot.com/2012/07/how-much-do-we-need-to-know-about-wine.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">barrelroomsf.blogspot.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Quanto à ideia de que vinho é esnobe, livre-se dela. Esnobes
são as pessoas, e não as bebidas. Seu vinho só vai ser esnobe se você for
esnobe com ele. Outra ideia boba da qual vale a pena se libertar é o dogma de
que não se deve misturar vinho e cerveja, porque você supostamente passaria
mal. O que faz passar mal é a quantidade de álcool e, quando você acumula
bebidas, tende a ingerir mais álcool. Fora isso, não tem interferência nenhuma.
É perfeitamente possível começar sua noite numa cervejinha e depois partir para
um vinho sem enfrentar dor de cabeça no dia seguinte. Jantares harmonizados com
cervejas e vinhos oferecem ótimas oportunidades de degustar ambos e vão te dar
uma enorme flexibilidade e uma gama maior de opções para harmonizar. Seu bife
de chorizo implora pelos taninos de um vinho tinto bem estruturado, e a mousse
de chocolate vai ficar matadora com uma imperial stout ou uma kriek lambic.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: right;">
<b>Uma sugestão de compra<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Para incentivar quem acompanha este blog a mergulhar no
maravilhoso mundo dos vinhos, escolhi um rótulo a título de sugestão. Sou
apreciador de vinhos, mas infelizmente meus conhecimentos sobre fermentados de
uva são bem mais limitados do que sobre os de cevada. Mas isso não me impede de
e compartilhar o pouco que sei. Estou ciente de que meus leitores, em sua
maioria, não são entusiastas de vinho e não estariam dispostos a gastar muito
dinheiro ou procurar lojas especializadas só pela curiosidade de beber um
vinho. Por isso optei por um rótulo clássico, de ótimo custo-benefício, que se
encontra com muita facilidade em supermercados e que não assusta o paladar. Aos
iniciantes no mundo dos vinhos, recomenda-se quase sempre que comecem pelos
vinhos do Mercosul (Chile e Argentina), mais baratos, de boa qualidade e normalmente
feitos em um estilo que agrada com facilidade.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É de uma das vinícolas mais emblemáticas e famosas do Chile
que vem minha sugestão de hoje. Trata-se de um vinho que você vai encontrar ali
na faixa dos R$ 30-35 em qualquer supermercado: o <b>Casillero del Diablo Cabernet Sauvignon 2011</b>, da gigante Concha y
Toro, famosa pela consistência e pelo custo-benefício de seus rótulos. A linha
Casillero del Diablo é uma linha intermediária da vinícola, com vinhos varietais
(feitos com apenas uma variedade de uva) limpos e de boa tipicidade,
ligeiramente mais elaborados, mas ainda não tão caros quanto seus vinhos de
mais alto pedigree. Estou indicando algo como a Eisenbahn dos vinhos
sul-americanos. A uva Cabernet Sauvignon é um clássico imperdível, que qualquer
iniciante precisa conhecer. Tão amada quanto odiada, ela proporciona vinhos de
boa intensidade e estrutura, com aromas de frutas vermelhas e cassis, às vezes
um toque vegetal/verde (pode lembrar pimentão verde), com coloração intensa e
uma presença vigorosa de taninos (aquela sensação de amarrar a boca). Junto com a merlot e a cabernet franc, ela entra
no corte de um dos mais famosos tipos de vinho do mundo, o corte bordalês,
produzido na França, na região de Bordeaux.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_JZvt2IPTK_kIILyK4KfxKBV2ei7mQVjYEWmNCRVQNlyEcKbRzGFORwVJcfBehUo8Vih_1NBETclMNkWll9hnNB5ov3ot25WNv7UnCOD2erbkSMYDp_hQGcEfmW1LPV7t6oUbgBUnJh0/s1600/Casillero+del+Diablo+Cabernet+Sauvignon.JPG" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh_JZvt2IPTK_kIILyK4KfxKBV2ei7mQVjYEWmNCRVQNlyEcKbRzGFORwVJcfBehUo8Vih_1NBETclMNkWll9hnNB5ov3ot25WNv7UnCOD2erbkSMYDp_hQGcEfmW1LPV7t6oUbgBUnJh0/s1600/Casillero+del+Diablo+Cabernet+Sauvignon.JPG" height="214" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="http://www.enoleigos.com.br/2011/08/casillero-del-diablo-cabernet-sauvignon.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">www.enoleigos.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Este <b>Casillero del
Diablo Cabernet Sauvignon</b> é produzido no Chile na região do Valle Central,
e é fruto de um blend em que 70% do vinho maturam durante 8 meses em barricas
de carvalho americano, ganhando uma textura mais amigável e aromas ligeiramente
tostados, mas sem encobrir as frutas. É um vinho feito ao estilo do Novo Mundo,
com frutado franco e aberto. É um dos rótulos que eu gosto de ter na adega, um
curinga. Na safra 2011 (a última que eu bebi), apresentou uma coloração
vermelha bem escura, quase arroxeada. O aroma mostrou-se assertivo e limpo, sem
presença alcoólica ou química excessiva. Potentemente frutado, com bastante
cassis, amoras maduras e alguma framboesa, ao lado de resina amadeirada, um
docinho de caramelo, alguma canela sutil e um gostoso toque tostado e
achocolatado. Minha memória das safras anteriores era de este rótulo ser ainda
mais tostado e abaunilhado, mas, na safra 2011, sobressaíram-se as frutas
maduras. A moda dos vinhos pesadamente amadeirados está passando. Antes que me
perguntem, sim, a safra importa muito no caso dos vinhos, por causa das
diferenças na maturação das uvas a cada ano. Na boca, ele é razoavelmente seco,
com taninos presentes (sensação de amarrar a boca) mas acidez contida, o que o
torna mais fácil de beber e amigável, pronto para agradar aos mais diversos
paladares. Corpo intenso, adstringente, levemente cremoso. Vinho que consegue
ser agradável e marcante ao mesmo tempo, sem assustar e sem custar caro. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
É possível que muitos dos meus leitores já tenham encarado,
alguma vez na vida, uma taça deste Casillero. Se não o fizeram, fica a
indicação: na próxima compra no supermercado, qual tal passar na seção de
vinhos (fica ali do ladinho das cervejas!) e levar uma das garrafas com o simpático
diabinho no rótulo? Abra-o em um jantar sem compromisso, sem esnobismo (até
porque é um vinho muito <i>mainstream</i>
para você se gabar) e aprecie-o em boa companhia. Para garantir que ele vá desprender bem os aromas, vale a pena arejá-lo: despejá-lo em um decanter ou jarra de suco com meia hora de antecedência seria o ideal, mas se você desarrolhar a garrafa antes e deixá-la respirando (ou deixar o vinho descansar na taça antes de beber), já vai sentir uma agradável diferença. Ele vai bem com carnes grelhadas,
e eu gosto bastante dele com massas com molho vermelho um pouco mais “encorpado”
(por exemplo, com bacon ou linguiça). Muitas vezes, harmonizar um vinho de
paladar mais desafiador vai torná-lo mais amigável. Se você já experimentou o
Casillero mas nunca deu bola para essa história de vinho, então fica o convite
para comprar mais uma garrafinha e beber com a mente aberta. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ein prosit, salut!</div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com14tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-70032741222847272562014-04-15T00:00:00.000-03:002014-04-15T00:00:00.399-03:00Pegando pó: Orval, a divina alquimia<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyZLVeAEdiGtqeL5mOMIjyTZVW_zZUEB_PYvboEUFxA3hj07MuA-T5Oivu6xnqo0tX3ynV6LakztcnU4N4mF_4i4mCGwH02KeDj3oQfn3vayDOuh8gQ1SmpzBA6SEHnjfhsIIgRJNAGzU/s1600/Vitriol+-+Stolzius.PNG" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiyZLVeAEdiGtqeL5mOMIjyTZVW_zZUEB_PYvboEUFxA3hj07MuA-T5Oivu6xnqo0tX3ynV6LakztcnU4N4mF_4i4mCGwH02KeDj3oQfn3vayDOuh8gQ1SmpzBA6SEHnjfhsIIgRJNAGzU/s1600/Vitriol+-+Stolzius.PNG" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A fórmula VITRIOL resume,
em latim, o princípio </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">da </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">a</span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">lquimia: “visite a terra interior e encontre a </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">pedra </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">oculta pela retificação”. </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Do manual de </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Stolzius de Stolzenburg (1614).</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://commons.wikimedia.org/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Alquimia. Do árabe <i>al-khimiya</i>,
cuja origem é controversa, mas provavelmente derivada do grego <i>khumeia</i>, que significava o ato de fundir
ou misturar líquidos. A alquimia chegou à Europa ocidental em torno do século XII por meio dos árabes (responsáveis
por preservar boa parte do conhecimento científico da Antiguidade), e juntava-se
à astrologia para formar o que os homens medievais tinham de mais próximo
daquilo que hoje nós chamamos de “ciência”. A alquimia lidava com a
transformação da matéria, e seu objetivo último era a obtenção da “pedra
filosofal” (“<i>khimiya</i>”), que
permitiria transformar o chumbo em ouro. Curiosamente, o lugar onde se
praticava a alquimia medieval eram os mosteiros católicos – isso porque o clero era a
única camada social letrada e com estudo formal na época. Na concepção dos
alquimistas medievais, tratava-se de entender os princípios e leis com as quais
Deus ordenou a matéria, para poder refinar as substâncias das mais rudes às
mais preciosas, numa analogia com a purificação espiritual do homem por meio da
religião. Portanto, para os padres medievais, nada estava mais próximo da
alquimia do que o poder de Deus.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nós, fãs de cervejas, sabemos que os monges medievais não se
limitaram a tentar converter chumbo em ouro quando se trata de transformações
da matéria. Pode ser que tenham falhado na busca da pedra filosofal, mas certamente
tiveram muito mais sucesso em uma outra sorte de conversão química: aquela que
transformava água, cevada e lúpulo em cervejas – de divino paladar e tão
sofisticadas quanto o ouro.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>Orval: o poder do
tempo<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Orval faz parte do (cada vez menos) seleto grupo de
cervejas que podem ostentar a denominação de “autêntico produto trapista”,
devido ao fato de serem feitas dentro de monastérios trapistas (uma ramificação
da ordem cistercience, pertencente à Igreja católica romana), sob supervisão
dos monges. E é, sem sombra de dúvida, a mais idiossincrática de todas as
cervejas trapistas. A começar pelo fato de ser o único rótulo distribuído
comercialmente pela Abadia de Nossa Senhora de Orval, e ainda mais porque é
muito distinta das ales belgas “de abadia” como as demais trapistas (com a
exceção de alguns rótulos secundários da La Trappe). Boa sorte na tentativa de
identificar seu estilo. A maior parte dos sistemas de classificação opta pela
solução segura de incluí-la na categoria guarda-chuva de “Belgian specialty
ale”. Já o especialista norte-americano Randy Mosher a descreve como “pertencente
ao estilo saison, em sentido amplo”, postura discretamente endossada por Stan
Hieronymus e por este que aqui escreve.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu25ks00h3A6yVdlJ7EBiCb8N4x04YEGvvkw3OEGA1N6uEu_bo08SnS9N0WCuU41Vk5LF6l5DVzGLMnpRapOlMuK3b-wQZcruBCrdK7QikyUvH-4riteWmxJN239d6Pn6xZD39xkoc7fY/s1600/Orval+ruins.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiu25ks00h3A6yVdlJ7EBiCb8N4x04YEGvvkw3OEGA1N6uEu_bo08SnS9N0WCuU41Vk5LF6l5DVzGLMnpRapOlMuK3b-wQZcruBCrdK7QikyUvH-4riteWmxJN239d6Pn6xZD39xkoc7fY/s1600/Orval+ruins.jpg" height="213" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">As ruínas do antigo
monastério do século XII foram </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">preservadas </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">quando a abadia foi reconstruída </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">na
década de 1920.</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: http://en.wikipedia.org/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Orval é feita de acordo com uma receita da década de 1930,
que provavelmente guardava semelhanças importantes com as saisons da época – muito
populares na região do monastério –, como a água, rica em bicarbonato (o que
acentua o amargor), a lupulagem expressiva e uma certa rusticidade rural. Mas o
que realmente coloca a Orval numa categoria especial é a forma toda peculiar
como ela evolui na garrafa depois de pronta. A Orval recém-saída da fábrica,
depois de 6 meses e depois de 1 ano nem parecem a mesma cerveja. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Isso acontece devido às duas técnicas (raramente empregadas
juntas) por meio das quais a Orval é produzida. Em primeiro lugar, além de ser
expressivamente lupulada na fervura, ela ainda recebe uma dose extra de lúpulos
durante a maturação, em dry-hopping, o que lhe garante um intenso aroma herbal
e apimentado, típico de variedades europeias nobres de lúpulo. As variedades foram
alteradas ao longo do tempo, e hoje incluem a alemã Hallertauer, a eslovena
Styrian Goldings e a francesa Strisselspalt. Além disso, a Orval é refermentada
em tanques horizontais por três semanas com uma cultura de leveduras locais que
inclui uma cepa de <i>Brettanomyces</i> – as
mesmas leveduras “selvagens” que ocorrem na fermentação das lambics. Apesar de
ela ser centrifugada e engarrafada apenas com uma nova dose do fermento
primário, as <i>Brettanomyces</i> continuam
presentes na cerveja e irão estender sua atividade fermentativa por mais nove
meses, pelo menos, imprimindo à cerveja uma acidez suave e aromas frutados e animais
lembrando uvas verdes e couro cru. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Especula-se que essa dupla técnica de produção seja um
reflexo não só das saisons locais (que eram intensamente lupuladas para os
padrões belgas e que frequentemente continham <i>Brettanomyces</i>), mas também da composição do time de cervejeiros
responsáveis pela produção quando a cervejaria foi inaugurada, nos anos 1930:
um alemão (possivelmente mais inclinado ao uso dos lúpulos nobres) e seu
assistente de Flandres (região famosa pelas cervejas com <i>Brettanomyces</i>). </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Ocorre, porém, que as características de dry-hopping e de <i>Brettanomyces</i> desenvolvem-se de forma
inversamente proporcional com o tempo: enquanto o aroma herbal e apimentado dos
lúpulos tende a arrefecer, o aroma animal e frutado das Bretta vai se
intensificando e a cerveja vai secando à medida em que prossegue a fermentação
dos açúcares remanescentes. Assim que ela sai da fábrica, predomina claramente
o caráter de lúpulos, sem aromas animais. Aos seis meses, os traços de couro
cru e uvas verdes começam a se insinuar e, com 12 meses, alcançam uma espécie
de equilíbrio com o lúpulo. A partir daí, a cerveja vai ficando cada vez menos
herbal e vai desenvolvendo uma profundidade cada vez maior de aromas animais e
de frutas ácidas.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dentro de suas pequenas e charmosas garrafinhas abauladas, a
Orval cumpre a promessa dos monges alquimistas: a transformação e o refinamento
da matéria, a conversão do chumbo em ouro. Como um fiel monge católico, a
cerveja aperfeiçoa-se e empreende um refinamento espiritual que a torna algo
realmente único, digno do divino selo que ostenta. Ela é um testemunho não só
do poder do tempo, mas da engenhosidade do homem em domesticar e usar o tempo a
seu favor para transformar o mundo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLwUlCpjg1C2TBhoR6t7di7xU1XHrFd-o3HDUVc72HrY-_ruL5VIcQ_01JnaydIfR0avtQpZ2a95obhYDbiC3xT7IZfuCwI_J8mx05lfVO5pLGmhcwlM5nVwh6rBY0Nv3xP8dlNyULPT0/s1600/Orval+church.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiLwUlCpjg1C2TBhoR6t7di7xU1XHrFd-o3HDUVc72HrY-_ruL5VIcQ_01JnaydIfR0avtQpZ2a95obhYDbiC3xT7IZfuCwI_J8mx05lfVO5pLGmhcwlM5nVwh6rBY0Nv3xP8dlNyULPT0/s1600/Orval+church.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O monastério já abrigou
mais de 100 monges, mas hoje </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">menos de 20 vivem lá. A igreja está com
dificuldade de </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">encontrar novas vocações, e nós </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">cervejeiros </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">estamos em perigo!</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://europevideoproductions.com/belgium-travel-photos/orval-monastery-orval-abbey-belgium/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">europevideoproductions.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
No Brasil, a Orval tem distribuição lamentavelmente
irregular. Há épocas em que se encontra em falta no mercado. Antigamente, era
difícil encontrar uma garrafa jovem, com menos de um ano de idade. Hoje em dia,
com o mercado mais aquecido e os preços mais competitivos, os novos
carregamentos trazem garrafas bastante frescas, com menos de 6 meses desde o
engarrafamento, que rapidamente se esgotam, tornando mais difícil a tarefa de
comprar a Orval já envelhecida. A solução é envelhecer você mesmo as suas
garrafinhas da Orval para ter a oportunidade de testemunhar sua gloriosa
alquimia. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Foi exatamente o que eu fiz. Eu já havia bebido a Orval com
cerca de um ano de guarda – foi como a conheci e como me encantei por ela.
Ainda acredito que seja um dos pontos altos de sua evolução. Depois de comprar
mais algumas garrafinhas no início de 2010, deixei-as quietinhas na minha adega.
A Orval nos faz o favor de imprimir no rótulo a data de envase, fazendo com que
seja mais fácil e preciso controlar o tempo de guarda. Abri uma das garrafas
com quase 2 anos de guarda, depois mais uma com 3 anos e meio, e finalmente uma
última com 5 anos, agora em 2014. Vejamos o que ela traz em cada momento de sua
vida.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>A divina alquimia<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Jovem, com apenas <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqdVdFMmo3VmRlRFU/edit?usp=sharing" target="_blank">7 meses de idade</a>, a Orval mostrou seu lado
fresco, rústico e campestre, com lúpulos em destaque. Sua coloração é âmbar
escura, levemente acobreada, com baixa turbidez e um creme impecavelmente alto
e fofo que é sua marca registrada – e que continua lá mesmo depois de 5 anos de
guarda! No aroma, o dry-hopping é acentuado, predominando os tons terrosos,
apimentados, herbais (capim-limão) e cítricos (casca de limão). O malte ainda é
bem evidente, mostrando bastante castanhas e mel, e também se sente um leve
frutado lembrando maçãs vermelhas. Os traços de <i>Brettanomyces</i> começam a se insinuar, tímidos, com algum caprílico e
couro cru subjazendo a toda essa rusticidade herbal. Na boca, a versão jovem é
a mais firme e assertiva de todas: mostra um amargor poderoso e encerra o gole
com uma doçura breve que dá lugar a um final seco e amargo. A acidez é
presente, mas suave. O corpo é mediano, mais intenso que nas versões
envelhecidas, levemente acetinado, denunciando os açúcares residuais.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-RmMkruMonAfyNYG_jsFDNbOHBmN6H4mmTadVcF7yZk189PBSJMx12iu1EM5exWIEykaLxRejimhghGrLka2-zyMOp4KZVHmyTU-8pVy9-DZCwmG1MJGRadkHMyr6oz2jrAQ7QMnJlXY/s1600/Orval.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh-RmMkruMonAfyNYG_jsFDNbOHBmN6H4mmTadVcF7yZk189PBSJMx12iu1EM5exWIEykaLxRejimhghGrLka2-zyMOp4KZVHmyTU-8pVy9-DZCwmG1MJGRadkHMyr6oz2jrAQ7QMnJlXY/s1600/Orval.jpg" height="320" width="268" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A Orval em sua glória,
com sua poderosa espuma. </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">O charmoso design da taça e da garrafinha foi </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">feito
pelo mesmo arquiteto que projetou </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">a abadia reconstruída.<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://pedrocervejeiro.com/orval/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">edurecomenda.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nos próximos 6 meses, sua evolução é bastante acentuada. Que
diferença em relação à Orval de 7 meses! Com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqLVBieFZXWXBFdWs/edit?usp=sharing" target="_blank">1 ano de guarda</a>, a Orval apresenta
equilíbrio entre características de lúpulo, frutado e traços animais, embora
comece a pender mais para estes últimos. Couro cru predomina, e a complexidade
do lúpulo se apagou em um aroma herbal mais genérico, lembrando ervas finas,
com uma pontada de citricidade sugerindo laranja. As maçãs vermelhas ganharam
terreno e dividem o palco com as uvas verdes das <i>Brettanomyces</i>. Amêndoas cruas denunciam uma elegante oxidação, e o
malta se amaciou e converteu-se em um discreto, mas vívido pão branco. Na boca,
a acidez é levemente mais perceptível, mas ela ainda guarda bem o amargor firme
e perene e algo daquela doçura de malte no final do gole. O corpo continua
mediano, ainda não secou completamente. Seu teor alcoólico seguramente já
ultrapassou os 6.2% inicialmente indicados no rótulo, mas ela não o denuncia na
boca. Este é seguramente um dos pontos altos de sua evolução, talvez aquele que
tenha se fixado na minha memória como sendo o gosto da Orval.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A partir daí, ela começa a evoluir mais devagar, o que não
significa que pare de se transformar. É só que as coisas chegam a uma espécie de
ponto de equilíbrio e depois ela só vai “refinando”. Com quase <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqZ2FZVXdCZXVzdEE/edit?usp=sharing" target="_blank">2 anos de idade</a>,
a Orval torna-se um pouco menos expressiva: perde seu frescor inicial e passa
por uma fase em que a oxidação predomina de forma marcante com sensações
terrosas e minerais de amêndoas cruas e marzipã, ao lado dos aromas animais e
de uvas verdes das <i>Brettanomyces</i>.
Estas também trazem violetas, pimenta-do-Reino, alguma canela e caprílico. O
lúpulo já quase se apagou, tendo restado um toque de ervas finas e pimenta. O
malte, maduro, mostra nuances de caramelo. Apesar da grande complexidade de
aromas, parece que nem tudo está perfeitamente integrado, e o amendoado mineral
rouba um pouco a cena na boca. A acidez é mais evidente no começo, sendo que
depois o amargor seco predomina. A doçura final tornou-se suave. Seu
calcanhar-de-Aquiles é o final breve, um pouco inexpressivo. Eu diria que a
Orval atinge talvez seu ponto mais baixo nesse momento, para depois ressurgir
mais resplendorosa.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqOUVtSlhsYzFsSlE/edit?usp=sharing" target="_blank">3 anos e meio</a>, sua complexidade de aromas se reduziu,
mas ela se tornou mais consistente, elegante e harmônica. Animal, couro cru e
uvas verdes predominam claramente, lembrando vividamente o aroma de lambics,
com o amendoado mais bem integrado. Há um afago oriental, que lembra
intrigantes resinas aromáticas, e o malte se refinou e deu lugar a um elegante mel
aromático. Dos lúpulos, sobrou um toquezinho apimentado. O paladar é mais
neutro e mais seco, com breve acidez inicial que dá lugar a um amargor suave e
estável na boca, atenuado em comparação com as outras versões. Quase não há
doçura. O corpo afinou, tornou-se seco e gentil. Neste ponto, parece que a
Orval se livrou de suas “sobras”, aparou suas arestas e manteve apenas a
essência do que as <i>Brettanomyces</i> lhe
trouxeram. Purificada, ela está pronta para seu próximo salto espiritual – a conversão
em ouro. VITRIOL.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Resplandecente, de fato, é a Orval plenamente madura, com <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWlp2bTVyaEFFVk0/edit?usp=sharing" target="_blank">5 anos de idade</a>. Sua coloração clareou levemente e ela se mostrou cristalina, mas
a espuma continua sólida como rocha. O bouquet tornou-se extraordinariamente
limpo e complexo, ganhando uma intrigante tensão, antes inexistente. Couro cru
e uvas verdes dividem o palco com feno, um refrescante mentolado, apimentado
fenólico e um agudo aroma de grafite e aço. Raspas de limão e amêndoas cruas
aparecem sem roubar a cena, perfeitamente integradas. Traços de mel perfumado, cachaça,
acetona aromática e pão doce a tornam discretamente inebriante. Na boca, ela voltou
a ganhar um pouco da sensação vibrante que perdera: acidez e doçura já quase
não aparecem mais, e o amargor volta a brilhar limpo e preciso, conduzindo a um
final mediano com sensação mineral e de aço. O corpo é muito leve, mas com
sensação decididamente mineral, quase metálica. Elegante e sóbria, a Orval
emergiu de sua peregrinação de 5 anos com a precisão cortante de uma lâmina de
aço, com uma sensação metálica e agradável difícil de explicar, e com a
humildade de um fiel cristão: firme em sua convicção, mas suave e nada violenta
em seu proselitismo. Foi uma honra tê-la no copo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O gráfico abaixo sumariza a evolução de suas principais características
ao longo do tempo.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilnFSvCplFIU5jQwIsiPpjefVM2wv0GSXkxUwvM_4oof6rl2uSvu65EtQKOAzKgLSQ8LK7YNSl0SjQ8puQcqjsEd3hSOGC71I9shnqQQpqAj3muO6TQJFSakWKte7IF0hsSW2ulJKqAJc/s1600/Evolu%C3%A7%C3%A3o+da+Orval.JPG" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEilnFSvCplFIU5jQwIsiPpjefVM2wv0GSXkxUwvM_4oof6rl2uSvu65EtQKOAzKgLSQ8LK7YNSl0SjQ8puQcqjsEd3hSOGC71I9shnqQQpqAj3muO6TQJFSakWKte7IF0hsSW2ulJKqAJc/s1600/Evolu%C3%A7%C3%A3o+da+Orval.JPG" height="374" width="640" /></a></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Orval percorre um longo caminho de purificação espiritual
desde sua saída da fábrica. Seu perfil inicial de lúpulo vai lentamente se
dissipando enquanto ela desenvolve os traços animais e frutados associados às <i>Brettanomyces</i>. Sua transformação é
rápida ao longo do primeiro ano, e depois se torna mais lenta. Há um momento em
que ela parece tornar-se menos expressiva, por volta dos 2-3 anos, para depois
ressurgir com uma intrigante complexidade. Inspirados pela metáfora cristã,
diríamos que ela vai lentamente abandonando as vestes mortais e naturais com as
quais foi criada, deixando para trás sua natureza herbal e seu amargor
irritadiço, e vai gestando o embrião de uma complexidade belíssima e etérea.
Ela se desprende do que é supérfluo e, quando parece destituída de tudo o que
tinha, está no ponto de pureza adequado para um surpreendentemente refinamento
alquímico, finalmente vestindo o “manto de glória” prometido aos fiéis
católicos capazes de suportar todas as provações deste vale de lágrimas que é a
vida terrena. Belo exemplo para que nós aprendamos, no silêncio reverente que
sua degustação demanda.<i><o:p></o:p></i></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-25127536562007357522014-04-01T00:00:00.000-03:002014-04-01T00:00:01.070-03:00Cerveja e cinema: Possuídos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<br />
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMRxYOhQVUd6fRNN0FQ2cj0MCUBqcm39QpSc2K7jdYxo8nHmcmFijfgY3mqNGekxFX02A4rZr18g8ihznjoaOhA-Ml4dVtpJNdnwgFVDlQ2Fqh9sEPcf3cjyFV-LmsAqsD-z1UXRcrsJc/s1600/Fallen+cartaz.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgMRxYOhQVUd6fRNN0FQ2cj0MCUBqcm39QpSc2K7jdYxo8nHmcmFijfgY3mqNGekxFX02A4rZr18g8ihznjoaOhA-Ml4dVtpJNdnwgFVDlQ2Fqh9sEPcf3cjyFV-LmsAqsD-z1UXRcrsJc/s320/Fallen+cartaz.jpg" height="320" width="228" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Cartaz do filme com a chamada: “O </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">detetive </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">John
Hobbes está à procura </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">de </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">um criminoso que ele já encontrou... </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">já prendeu... e
já matou.”</span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://brizdazz.blogspot.com/2012/12/gibbs-sons-apocalypto.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">brizdazz.blogspot.com</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<i>Depois disso, vi
descer do céu outro anjo que tinha grande poder, e a terra foi iluminada por
sua glória. Clamou em alta voz, dizendo: Caiu, caiu Babilônia, a Grande.
Tornou-se morada dos demônios, prisão dos espíritos imundos e das aves impuras
e abomináveis, porque todas as nações beberam do vinho da ira de sua luxúria,
pecaram com ela os reis da terra e os mercadores da terra se enriqueceram com o
excesso do seu luxo. [...] os negociantes da terra choram e lamentam a seu
respeito, porque já não há ninguém que lhes compre os carregamentos:
carregamento de ouro e prata, pedras preciosas e pérolas, linho e púrpura, seda
e escarlate, bem como de toda espécie de madeira odorífera, objetos de marfim e
madeira preciosa; de bronze, ferro e mármore; de cinamomo e essência; de
aromas, mirra e incenso; de vinho e óleo, de farinha e trigo, de animais de
carga, ovelhas, cavalos e carros, escravos e outros homens. (Apocalipse, 18:
1-13)<o:p></o:p></i></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Não, não estou aqui para fazer pregação bíblica no blog. Na
verdade, quero falar a respeito de um filme que vi recentemente. Lançado em
1998 e dirigido pelo pouco célebre Gregory Hoblit, o filme chama-se<i> Fallen</i>,<i> </i>título ineptamente traduzido no Brasil como “Possuídos”. Trata-se
de uma película de pouca expressão, que teve recepção morna tanto de crítica
quanto de público, mas que muito me agradou – o que só mostra que, assim como
ocorre com cervejas, devemos primeiro fazer o nosso juízo sobre um filme que
vimos e só depois levar em conta o que se fala sobre ele. O filme é um suspense
policial com elementos sobrenaturais e conta a história de John Hobbes (interpretado
pelo sempre competente Denzel Washington), um policial às voltas com um
assassino serial – spoilers adiante! – que, na verdade, é um espírito maligno
capaz de se apossar de diferentes corpos para perpetrar seus crimes.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Nas pistas deixadas pelo demônio em suas vítimas, o policial
recolhe indicações que conduzem a um trecho do Apocalipse bíblico, cujo
conteúdo se encontra reproduzido no início desta matéria. Embora seja irrelevante
para o desenlace do enredo, o texto bíblico (que é apenas mencionado no filme,
sem que seu conteúdo seja explicitamente revelado) fornece uma das chaves
interpretativas do filme, ao comparar a decadente metrópole na qual a história
se ambienta à Babilônia do Apocalipse: uma cidade corrompida, marcada pelo
pecado, pela ganância e pelo luxo desmedido dos mercadores que negociam em
produtos de luxo e em almas humanas. A sugestão do filme é clara: se o demônio
Azazel desfila impávido e desimpedido pela metrópole, apossando-se de seus
habitantes sem dificuldade nenhuma, é porque encontrou na cidade moderna um lar
de decadência espiritual semelhante à Babilônia bíblica.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDBCB1DEYm4xtfaCeq4U0phs33C0m2Uu465CP7t2AP6e7ZgExDsnqtfqgabqjRv5EN3I97-CtGHJiudlaJjesaKv6eYp8_AOtq_phOhCKGuxKOhydbCUcXFknyJQHZIGb_YqY06BVR-jE/s1600/Blade+Runner.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgDBCB1DEYm4xtfaCeq4U0phs33C0m2Uu465CP7t2AP6e7ZgExDsnqtfqgabqjRv5EN3I97-CtGHJiudlaJjesaKv6eYp8_AOtq_phOhCKGuxKOhydbCUcXFknyJQHZIGb_YqY06BVR-jE/s320/Blade+Runner.jpg" height="208" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">A representação da metrópole decadente era
frequente na </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">produção </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">cinematográfica dos anos 1980 (acima, </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">uma </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">cena de </span><i style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">Blade Runner</i><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">, 1982). No cinema recente, tendeu </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">a </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">ser substituída por imagens </span><span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">assépticas </span></div>
<div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; font-size: 10pt;">da prosperidade urbana.</span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="http://wah-magazine.tumblr.com/page/10"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">wah-magazine.tumblr.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O interessante é que o demônio, apesar de disposto a
transformar a vida do policial John Hobbes em um inferno, parece incapaz de
possuir seu corpo. O espírito maligno circula livremente pelos habitantes de
uma moralmente decadente metrópole norte-americana, mas o policial mostra-se
imune a seu toque corruptor. Estaria ele num patamar moral superior ao dos
demais habitantes? O filme não nos explica por que isso ocorre, mas nos dá
indícios. Numa das primeiras cenas do filme, Hobbes senta-se à mesa de um bar
para uma conversa com seus colegas policiais, que falam sobre o hábito que
tinham de aceitar subornos. Hobbes mostra-se refratário e afirma não participar
de esquemas de corrupção – mas também não julga nem condena seus companheiros
que participam.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
O filme poderia simplesmente se esvaziar numa espécie de
lamento saudosista e vagamente conservador a respeito de como “a humanidade
está corrompida nos tempos modernos” e de como “os homens eram mais decentes no
passado”, e todo esse blablablá decadentista que forma o monótono
feijão-com-arroz de 99% dos discursos políticos conservadores. Poderia; mas não
chega a fazê-lo. Isso porque as cenas em que o demônio possui os corpos das
pessoas ou comete seus crimes estão todos saturadas, de formas sutis mas importantes,
pelos signos da sociedade de consumo: vendedores e compradores nas ruas, caixas
de cereais matinais, contratos de trabalho e relações de patrão e empregado
formam o <i>habitat</i> em que o demônio
circula e atua. E a cerveja entra numa dessas sutis referências que esclarecem
melhor o sentido do enredo.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Numa das cenas em que Hobbes conversa com seus colegas,
policiais assumidamente corruptos, segue-se uma breve discussão a respeito da
cerveja que irão beber. Aparentemente, estão todos sentados em um bar que serve
cervejas importadas, oferecidas como produtos “de luxo” (olha a Babilônia aí!).
Hobbes pede uma cerveja comum e corriqueira – uma singela <i>Budweiser</i> –, ao que um dos seus colegas se espanta, sugerindo que
ele deveria pedir alguma das importadas do bar: uma Beck’s, talvez uma Guinness
ou Bass. Hobbes, resoluto, segue solicitando à garçonete sua corriqueira Bud. É
questionado mais uma vez: “Então pelo menos uma Bud Dry, ou uma Bud Ice?” Não,
só uma Bud normal mesmo. Sem frescura, sem novidade, sem invenção. Afinal de
contas, o que há de errado com a velha Bud? Ou será que o policial precisa, <i>necessariamente</i>, entrar na roda do
consumo e procurar sempre novos produtos, comprar mais e mais?<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIXAivL7g2xA6sZaHI3sFOwevp21rU7BYVHI85_wREAxBuTafJHGYquMoRm1UHjvqCP0h_DSVWEwsGu9PxeLuKpWGifYX6pxKHA6z65uOS9m2qg5NfjhuNWMKthcU6CQy9UqLKPU07Uuc/s1600/Bebendo+Bud.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIXAivL7g2xA6sZaHI3sFOwevp21rU7BYVHI85_wREAxBuTafJHGYquMoRm1UHjvqCP0h_DSVWEwsGu9PxeLuKpWGifYX6pxKHA6z65uOS9m2qg5NfjhuNWMKthcU6CQy9UqLKPU07Uuc/s320/Bebendo+Bud.jpg" height="320" width="240" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-size: 12.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">“Algum problema?”<o:p></o:p></span></div>
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="http://partparcelny.com/studio/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">partparcelny.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Às vezes eu me sinto um pouco como o policial Hobbes. OK, é
evidente que meus leitores e eu compartilhamos um gosto por cervejas variadas,
que fujam da mesmice. Mas o filme me fez pensar, não sem um certo incômodo,
sobre a “Babilônia” em que tem se transformado o mercado brasileiro de cervejas
ditas “especiais” ou “gourmet” (não sei qual dos dois termos eu detesto mais).
Enquanto muitos falam hipocritamente em “beber menos e beber melhor”, contam o
dinheiro gordo movimentado por esse mercado e suas amplas margens de lucro,
incentivam e praticam uma espécie de consumismo desenfreado de acordo com o
qual o que vale é beber sempre mais, a maior quantidade de marcas, os rótulos
mais caros. Parece que “beber melhor”, na prática, quase sempre significa “beber
mais e mais caro”. Se isso não é a imagem da Babilônia invocada pelo Apocalipse
bíblico, eloquente a respeito de seus excessos de luxos e mercadorias, não sei
o que é.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Afinal de contas, qual o problema em beber a boa e velha
cerveja de sempre? Nas rodas cervejeiras, parece que virou pecado dizer que
você bebe “a de sempre”. Pecado, meus amigos, é o esnobismo, o elitismo, o
consumismo desenfreado. No caso do filme, a “de sempre” é a Budweiser, clássica
lager estadunidense. Por muito tempo, a Bud não era produzida no Brasil; era
uma cerveja importada, com posicionamento diferenciado, como a Beck’s, a Guinness
ou a Bass da cena do filme. Hoje em dia é produzida no Brasil pela AmBev, mas sob
uma curiosa classificação de “cerveja premium” (coisa que ela está distante de
ser no seu país de origem). Aqui, o que corresponderia a ela seriam marcas de
ampla circulação, tais como Skol, Brahma e que-tais.<o:p></o:p></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Fica o desabafo: não tem nada de errado beber cerveja “comum”.
Errado mesmo é excluir ou esnobar quem bebe essas cervejas – as quais, diga-se
de passagem, 99% dos amantes das ditas “cervejas gourmet” um dia já beberam com
prazer. Eu gosto de variar (acho que isso é óbvio pelo mero assunto deste
blog), mas às vezes, quando quero me afastar um pouco dos excessos desta “Babilônia
cervejeira”, abro uma garrafa da minha “ordinária” preferida – no meu caso, a
velha e boa Bohemia, com aquele refrescante perfuminho cítrico que eu adoro. Às
vezes a Heineken (nem sempre é fácil achar a Bohemia em boa forma nos bares e
mercados...). Mas a verdade é que qualquer uma está valendo. O importante é não
ser chato a ponto de excluir nenhuma. Porque, estou convicto, beber cerveja
nenhuma vai me levar para o inferno, mas esnobar quem bebe tem boas chances de
me garantir um encontro com os demônios da sociedade de consumo que atormentam
nossas vidas.<o:p></o:p></div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com9tag:blogger.com,1999:blog-2723544226415681490.post-47408077505684834322014-03-15T00:00:00.000-03:002014-03-26T14:11:16.851-03:00As cervejas mais interessantes de 2013<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Na <a href="http://ocrueomaltado.blogspot.com/2014/03/balanco-cervejeiro-de-2013.html" target="_blank">última postagem</a>, comentei algumas questões gerais a
respeito do mercado cervejeiro de 2013. Agora, quero falar sobre rótulos
específicos que me impressionaram no ano passado, seja pelo seu nível de
excelência e complexidade, seja pelo seu custo-benefício, seja pelo que
representaram ao longo desse ano que passou. Optei por não incluir aqui rótulos
que estejam indisponíveis no mercado brasileiro, por alguns motivos. Em
primeiro lugar, porque quero oferecer aos leitores um guia daquilo em que, na
minha opinião, vale a pena gastar seu rico dinheirinho num ano marcado por
lançamentos caros. Em segundo lugar, porque já tive a oportunidade de comentar
aqui no blog, em outros momentos, algumas cervejas extraordinárias que passaram
pelo meu copo e que não chegam ao Brasil. Limito os comentários a algumas
palavras gerais sobre cada rótulo, mas, se você quiser saber mais detalhes,
basta clicar no nome de cada uma para ver a avaliação completa. Então chega de
papo furado e vamos aos destaques!</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>As importadas<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Começo falando sobre as cervejas importadas que passamos a
ter no mercado no ano passado. Houve muitos lançamentos extremamente caros que
eu não tive a oportunidade de provar (foi-se a época em que eu tentava provar
um pouco de tudo o que chegava ao Brasil), mas a verdade é que poucos são os
que realmente valem o que custam. Então
farei um mix de rótulos caros e extremamente recompensadores, junto com outros
de custo-benefício mais favorável. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1jtEgqsPZjSshXZg1DfBshCxuMwlbcoC3mJ5TreLaOvM9hN1y4nV0jezd9AHtzdP6P-oBQI2_gDdzFF32c-YY9uke4_atVNeM9DGgr9BfUVcEknDmo6qj9GSA-DJpOrETKpTbmo790Rc/s1600/Cantillon+Grand+Cru+Bruocsella.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1jtEgqsPZjSshXZg1DfBshCxuMwlbcoC3mJ5TreLaOvM9hN1y4nV0jezd9AHtzdP6P-oBQI2_gDdzFF32c-YY9uke4_atVNeM9DGgr9BfUVcEknDmo6qj9GSA-DJpOrETKpTbmo790Rc/s1600/Cantillon+Grand+Cru+Bruocsella.jpg" height="320" width="201" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="http://www.cardinal.no/beskrivelser/files/category-lambic.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">www.cardinal.no</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Dentre aqueles que vão onerar seu bolso, a linha de lambics
da Cantillon chama a atenção pelo nível de excelência. Um dos maiores destaques
é a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqc3UzT0xldHNiVXM/edit?usp=sharing" target="_blank">Cantillon Grand Cru Bruocsella Lambic Bio</a></b>, lambic pura que maturou durante 3 anos em barris de carvalho.
Como ela é engarrafada direto do barril, sem blendar com lambics mais jovens e
sem receber nenhuma adição de açúcares, não refermenta na garrafa e, portanto,
não desenvolve nenhuma carbonatação, ficando completamente sem gás, como um
vinho branco. Sua acidez é mais elegante e contida do que na gueuze, com uma
pontada discreta de doçura. No aroma, abundantes camadas de frutas cítricas e
maduras (pêssegos, nectarinas, tangerinas, framboesas, limas-da-Pérsia)
misturam-se a uma envolvente doçura abaunilhada, com um elegante acento mineral
e apimentado. As notas animais e terrosas, típicas do estilo, são um pouco mais
suaves do que na gueuze. Os taninos são relativamente leves, deixando-a com um
final menos persistente na boca. Esta raridade, de produção e distribuição
limitadas, chega ao Brasil custando em torno de R$ 150 pela garrafa grande, de
750 ml.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeeZQ8TuNPTOkOtJ9sZPyQpeKwnuKLNEOa3PafLCT1cywXVFlrQamOg7FEOb0QNt8MVSTl-PCaxOCUVfQkcMWP58jKkHT7Qu9P8_F3_u8f1aEE2ux9zhWj1I7tYFzGvWJa82qLMqweZbQ/s1600/De+Molen+Hel+%2526+Verdoemenis+Misto+BA.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjeeZQ8TuNPTOkOtJ9sZPyQpeKwnuKLNEOa3PafLCT1cywXVFlrQamOg7FEOb0QNt8MVSTl-PCaxOCUVfQkcMWP58jKkHT7Qu9P8_F3_u8f1aEE2ux9zhWj1I7tYFzGvWJa82qLMqweZbQ/s1600/De+Molen+Hel+%2526+Verdoemenis+Misto+BA.png" height="320" width="220" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="http://moe-pivo.blogspot.com/2013/09/hel-verdoemenis-misto.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">moe-pivo.blogspot.com</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Outra cervejaria cara que impressiona pelo grau de qualidade
de seus rótulos é a De Molen. Sua impecável linha de cervejas maturadas em
madeira mostra a competência virtuosa com a qual a marca trabalha com seus
barris. Dentre as que pude provar, o destaque vai para a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqRXJGZEZwT3RkNDA/edit?usp=sharing" target="_blank">De Molen Hel & Verdoemenis Misto Bourbon Barrel-Aged</a></b>. Trata-se
de uma versão ligeiramente mais alcoólica da imperial stout <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqZEVHemxPeF84WWc/edit?usp=sharing" target="_blank">Hel & Verdoemenis</a> (que já é incrível em sua versão básica), maturada em barris de
carvalho usados para produção dos bourbons Wild Turkey e Austin Nichols e
depois blendada à perfeição. Parece um pavê de chocolate engarrafado, daqueles
feitos por aquela sua avó manguaceira, com biscoitos umedecidos com vinho do Porto.
Biscoito, caramelo e sorvete de chocolate se misturam deliciosamente a uma
baunilha limpa, potente e suculenta trazida pelos barris, sem detrimento das
frutas passas e dos toques licorosos lembrando Porto. Tons torrados (café e
queimado) aparecem sem roubar a cena. A doçura predomina (como numa sobremesa),
mas com amargor correto que a impede de ser enjoativa. Excelente sensação
licorosa e sedosa na boca. Cerveja dessas irritantemente impecáveis, nas quais
você não consegue botar defeito nem que tente. Ah, sim, tem um defeito: custa
R$ 85 no Brasil (contra meros 5 euros lá fora). Ops.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHJ63pDBAYjwykJ10iqN_Ysqs7ZhS4sBFIENe4UfGaRZQG5iqxyx1VfdgWXYWDjdhLxDfPDCVo-0MWVoRfLyl-J_G5Ap516c3Jtl85Plj9pU0JIAHbWvj3hffVK9-ZiUacLpsZUE_5SUo/s1600/North+Coast+Old+Rasputin+RIS.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhHJ63pDBAYjwykJ10iqN_Ysqs7ZhS4sBFIENe4UfGaRZQG5iqxyx1VfdgWXYWDjdhLxDfPDCVo-0MWVoRfLyl-J_G5Ap516c3Jtl85Plj9pU0JIAHbWvj3hffVK9-ZiUacLpsZUE_5SUo/s1600/North+Coast+Old+Rasputin+RIS.jpg" height="240" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.theperfectlyhappyman.com/north-coast-old-rasputin/"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">www.theperfectlyhappyman.com</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Passemos a rótulos para os quais não será necessário fazer
poupança ou dilapidar seu holerite. Apesar de ter sido um ano cheio de cervejas
caras, houve alguns destaques naquela faixa mais confortável (não disse
“barata”, entenda) em torno de R$ 20-25. O primeiro é um exemplar paradigmático
do jeito americano de se fazer Russian imperial stouts, mais rústico, seco e
lupulado que os ingleses. Trata-se da <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqY1I3eW9PM0NwcTA/edit?usp=sharing" target="_blank">North Coast Old Rasputin Russian Imperial Stout</a></b>, que nos chega na faixa dos R$ 20
pela garrafa pequena. Cerveja de força e pegada, com os tons torrados e
queimados (café, cinzas, cacau torrado) predominando sobre os mais macios
(caramelo, castanha, amadeirado). Mentolado, frutas vermelhas e um quê cítrico
da lupulagem expressiva lhe adicionam frescor e complexidade. O final é amargo
e seco, com sensação aveludada sem ser pesada em excesso. Boa compra para a
adega.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYD9tGnaU9nxuUSaRX_wng89ewl2ey4lizp96L4NAoc1lcLBAOYFAqZ4p6ujPDggHcd5HXbnqbIb2ShaHUFkizHYAwYBs6tMS4-evt3W7JRp8anyYgwIytwGQtPLcqj0Y3OxrLFWSVCT4/s1600/Ballast+Point+Big+Eye+IPA.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYD9tGnaU9nxuUSaRX_wng89ewl2ey4lizp96L4NAoc1lcLBAOYFAqZ4p6ujPDggHcd5HXbnqbIb2ShaHUFkizHYAwYBs6tMS4-evt3W7JRp8anyYgwIytwGQtPLcqj0Y3OxrLFWSVCT4/s1600/Ballast+Point+Big+Eye+IPA.jpg" height="320" width="300" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
<a href="https://www.cask.com.br/produto/1701013/cerveja-ballast-point-big-eye-ipa-355ml"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">www.cask.com.br</span></span></a></span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Outra linda americana que chegou em 2013 – e que não recebeu
a atenção que merece – foi a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqWmtIMmdpZzdoZDg/edit?usp=sharing" target="_blank">Ballast Point Big Eye IPA</a></b>. Este rótulo acabou ficando ofuscado pela sua mais
popular irmã, a <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqZnpkdFo2STR6d2s/edit?usp=sharing" target="_blank">Sculpin IPA</a>, mas eu a achei uma IPA americana mais equilibrada
e agradável, sem os extremismos da Sculpin. Como manda a tradição da costa oeste, não exibe sensação caramelada, mas ainda tem uma certa doçura de malte que a
equilibra de forma elegante, escoltando um amargor intenso, limpo e
refrescante, que não agride a garganta. No aroma, uma profusão de tons cítricos
(casca de laranja, cidra), frutados (framboesa e mamão), herbais (verbena
deliciosamente perfumada) e leves florais, que se casam com a doçura de geleia
do malte para sugerir suculentas compotas de frutas. Corpo mediano, levemente
melado, menos seco que a Sculpin’, mas ainda sem enjoar. Ótima representante do
estilo, que se encontra por aí na faixa dos R$ 20 pela long neck.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc5_bs3g5lz_bReo5BUwIIMdZBu8YUcYISuIUSWo-8nzwbkstwFQS4VnBFUn_lHg40NrJRMxOvcHhwctxdfU7HL7us17jllUBRDIapkANE5CZWWasY6UX-3q4hUm7y44MFHpDfMKXC7gw/s1600/Mikkeller+Wheat+is+the+New+Hops.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgc5_bs3g5lz_bReo5BUwIIMdZBu8YUcYISuIUSWo-8nzwbkstwFQS4VnBFUn_lHg40NrJRMxOvcHhwctxdfU7HL7us17jllUBRDIapkANE5CZWWasY6UX-3q4hUm7y44MFHpDfMKXC7gw/s1600/Mikkeller+Wheat+is+the+New+Hops.jpg" height="320" width="320" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; line-height: 150%; mso-ansi-language: PT-BR; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-language: AR-SA; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte:
http://www.flickr.com/photos/47365105@N06/</span></td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Por fim, uma cerveja que virou minha cabeça: a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqZHp2Y0ZOa0NqQ0k/edit?usp=sharing" target="_blank">Mikkeller/Grassroots Wheat is the New Hops</a></b>.
Para quem não sabe, “Grassroots” é a linha colaborativa de uma das mais
prestigiadas cervejarias norte-americanas do momento, a Hill Farmstead (que
acaba de ser considerada a segunda melhor cervejaria do mundo na votação do
Rate Beer de 2013). Trata-se de uma American IPA que fermenta apenas com
leveduras do gênero <i>Brettanomyces</i>.
Como não recebe bactérias láticas, ela não é ácida, mas tem alguma coisa
daquele aroma deliciosamente fresco e rústico das lambics. As <i>Brettamomyces</i> juntam-se aos lúpulos para
criar novos e sofisticados horizontes de frescor frutado, cítrico e herbal
(uvas verdes, peras brancas, maracujá, terroso, capim-limão, lima-da-Pérsia,
leve pimenta). Há um levíssimo acento animal de fundo, bem como um breve toque
acético que depois dá lugar a um amargor seco e terroso que se prolonga no
final. No nariz lembra um vinho branco mais seco (pense em Sauvignon Blanc, por
exemplo), mas na boca o amargor faz as vezes da acidez. Sabemos que as
microcervejarias europeias da “nova geração” costumam ser caras, e este rótulo
chega ao Brasil na faixa dos R$ 25 pela long neck.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<b>As nacionais<o:p></o:p></b></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Como já comentei, o ano foi um pouco mais morno no cenário
nacional, com poucos lançamentos que realmente tenham se destacado pela sua
qualidade. Boa parte das novas cervejas brazucas de 2013 se compõe de imitações
de segunda categoria (desculpa, é verdade) de estilos norte-americanos da moda,
sobretudo IPAs. E nem sempre com bons preços em relação às importadas dos
mesmos estilos. </div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSmb_Qr2F7cp35LDQ_KWgn51kENyA865dZXC5frzkM8SVa90EzXt4rv3-8dvB6oK4cSqeedfaCbtlSlmo2p6P1LKwoMltYhXvKfWDQ5_uAv-bKQx7Mpo_2-RgInT9wz8ha7d117gq0q3s/s1600/Bamberg+Caos.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjSmb_Qr2F7cp35LDQ_KWgn51kENyA865dZXC5frzkM8SVa90EzXt4rv3-8dvB6oK4cSqeedfaCbtlSlmo2p6P1LKwoMltYhXvKfWDQ5_uAv-bKQx7Mpo_2-RgInT9wz8ha7d117gq0q3s/s1600/Bamberg+Caos.jpg" height="320" width="227" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://cervejaparadois.blogspot.com/2012/11/bamberg-caos.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">cervejaparadois.blogspot.com</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
A Bamberg mantém uma atitude relativamente discreta,
“low-profile” no cenário nacional, mas foi responsável por alguns dos
lançamentos mais interessantes de 2013. Num momento em que todas as cervejarias
estão correndo atrás dos estilos norte-americanos, a Bamberg não teve medo de
ser fiel às suas origens germânicas e está lançando muitas receitas inovadoras
e instigantes criadas a partir de estilos alemães. No início do ano passado, a
Bamberg trocou todo o seu equipamento por um que lhe permite empregar uma
técnica usada nas cervejarias alemãs mais tradicionais, a decocção do mosto. O
resultado são cervejas com perfil mais rico e saboroso de malte. O grande
destaque do ano, para mim, foi a edição de 2013 da sazonal <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqMjU3czFESFdZS3M/edit?usp=sharing" target="_blank">Bamberg Caos</a></b>. O estilo, pouco usual, é denominado às vezes de
“doppelsticke”, e consiste em uma versão mais intensa e alcoólica de uma
altbier. Na versão da Bamberg, o aroma exala notas frutadas e lácteas,
lembrando vivamente iogurte de morango (com cerejas e passas ao fundo),
enquanto o malte traz bastante caramelo, castanhas e um quê de café-com-leite.
Ela entra bem doce e suculenta na boca, porém, o final traz um amargor intenso
para equilibrar. Cremosa e aveludada na boca, não revela seus 8% de álcool. Tem
bom potencial de guarda. A long neck se situa na amigável faixa dos R$ 12 e sai
todo ano em abril. Não perca.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5FylE-PcR4Kq_ad1slCXMH2oghxzSQUSC49vCqztuUUHmkeWKVCD7XOxzGXReq6wuOa3TGUC31xH3OD-K0GjSZMhbfHIMHXXuz2FWZEjaZI1uqdZO5jnYo9LSuKewcJQgymOH5NW28iE/s1600/Bodebrown-Stone+Cacau+IPA.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi5FylE-PcR4Kq_ad1slCXMH2oghxzSQUSC49vCqztuUUHmkeWKVCD7XOxzGXReq6wuOa3TGUC31xH3OD-K0GjSZMhbfHIMHXXuz2FWZEjaZI1uqdZO5jnYo9LSuKewcJQgymOH5NW28iE/s1600/Bodebrown-Stone+Cacau+IPA.jpg" height="320" width="250" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <o:p></o:p></span><span style="background-color: #fefafa; color: #212121; font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 18.66666603088379px;"> </span><a href="http://cervejaparadois.blogspot.com/2012/11/bamberg-caos.html" style="background-color: #fefafa; color: #ac5722; font-family: Calibri, sans-serif; line-height: 18.66666603088379px; text-decoration: none;"><span style="color: #212121;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">cervejaparadois.blogspot.com</span></span></a></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Um lançamento que fez bem mais barulho no cenário nacional
foi a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqNTRYNVR4enJWSm8/edit?usp=sharing" target="_blank">Bodebrown/Stone Cacau IPA</a></b>,
feita em parceria com Greg Koch, mestre-cervejeiro da Stone que visitou o
Brasil no início do ano passado. Trata-se de uma IPA de estilo americano
virtuosamente bem-executada, com uma discreta adição de lascas (nibs) de cacau.
Enquanto 95% das IPAs brasileiras perdem o frescor aromático depois de alguns
poucos goles e te deixam com um copo cheio de chá de capim, a Cacau IPA
consegue se manter perfumada e fresca até o fim. Ela começa bem cítrica, com
uma sensação meio amanteigada (lembra manteiga de cacau mesmo) de mousse de
maracujá, depois revela perfumes herbais frescos em boa intensidade (cidreira,
capim-limão, pinheiro, mentol) e, por fim, desenvolve um aroma frutado
lembrando pêssego. O caramelado do malte está lá o tempo e, com o tempo,
aparece uma nuancezinha lembrando chocolate ao leite. O cacau é suave no
conjunto, o que a faz parecer mais uma boa IPA (o que não é pouco) do que uma
cerveja com cacau. Ela começa doce e caramelada, levando a um final amargo, não
seco, mas sim oleoso. Seu preço aqui em São Paulo assusta e não incentiva o
repeteco, mas pelo menos permite a prova: R$ 23 pela garrafa “caçulinha” (300
ml).</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: right; margin-left: 1em; text-align: right;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9gcSe5OjRjWFBcPnNLybnIGQzuyC4IVUQkBI03yNbzUiadFc75CxbfmCtM0wThyphenhyphenYYB0Rg8POO9xpBNqeUgCIMGwsIuEPeNatmcFpjLYpjvutmfHiWrWFICCCwU6B6ARzY_VSdGxnvoH0/s1600/Invicta+Imperial+Stout.png" imageanchor="1" style="clear: right; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj9gcSe5OjRjWFBcPnNLybnIGQzuyC4IVUQkBI03yNbzUiadFc75CxbfmCtM0wThyphenhyphenYYB0Rg8POO9xpBNqeUgCIMGwsIuEPeNatmcFpjLYpjvutmfHiWrWFICCCwU6B6ARzY_VSdGxnvoH0/s1600/Invicta+Imperial+Stout.png" height="320" width="212" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://bardojota.blogspot.com/2013/05/invicta-imperial-stout-38.html"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">bardojota.blogspot.com</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Meu terceiro destaque nacional vai para uma cerveja intensa,
marcante e de bom custo-benefício, pelo menos aqui em SP: a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqdUZPNnRZWDJtMUU/edit?usp=sharing" target="_blank">Invicta Imperial Stout</a></b>. Ao contrário da
Old Rasputin, que comentamos acima, a Russian imperial stout da Invicta é
pesada, doce e indulgente como um bolo de chocolate bem cremoso. Muito
chocolate daqueles “do padre”, caramelo, biscoitos doces e um tiquinho de café
de coador, ao lado de um frutado bem expressivo e sofisticado, lembrando
cerejas ao marrasquino e figo verde em calda. Grossa, viscosa e oleosa na boca,
com um paladar bem doce que é equilibrado por um amargor assertivo aparecendo
no retrogosto e um aquecimento alcoólico inclemente. Para fechar uma noite de
gulodices por um preço amigável, na faixa dos R$ 20 pela garrafa de 500 ml. Faz
um bom contraste e rende uma bela degustação comparada com outra imperial stout
brasileira lançada em 2013, bem mais seca, amarga e rústica: a paranaense <a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqT2w1NnlGN2VjdWc/edit?usp=sharing" target="_blank">Dum Petroleum</a>.
Ambas prometem bom futuro na adega.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj3rFo2jCWYXYjPhmAq79zApMQTsYwKj3XqDhgUZh9tFKUulqsUsGWi3WmJbh9gJexNqNhcUgWX9dwvffl7SYrhAnzAujnGxrLDku_wdCJjMNyd_qUY_HFP_2RjM8AboNYLBNUBwwytRQ/s1600/Wensky+Drewna+Piwa.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhj3rFo2jCWYXYjPhmAq79zApMQTsYwKj3XqDhgUZh9tFKUulqsUsGWi3WmJbh9gJexNqNhcUgWX9dwvffl7SYrhAnzAujnGxrLDku_wdCJjMNyd_qUY_HFP_2RjM8AboNYLBNUBwwytRQ/s1600/Wensky+Drewna+Piwa.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;"><div align="center" class="MsoNormal">
<span style="color: #212121; font-family: "Calibri","sans-serif"; font-size: 10.0pt; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-bidi-font-family: Calibri; mso-bidi-font-size: 11.0pt; mso-bidi-theme-font: minor-latin; mso-fareast-font-family: "Times New Roman"; mso-fareast-language: PT-BR; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Fonte: <a href="http://www.pingram.me/tag/drewnapiwa"><span style="color: #212121; text-decoration: none; text-underline: none;"><span style="overflow: hidden; text-overflow: ellipsis;">www.pingram.me</span></span></a><o:p></o:p></span></div>
</td></tr>
</tbody></table>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Sabemos que o Brasil ainda é carente em lançamentos de
cervejas maturadas em barris (que estão entre meus estilos favoritos, não é
segredo). Ainda existe um vácuo legislativo a esse respeito, que torna a
regularização mais incerta. No início de 2013, a cervejaria Wensky lançou a <b><a href="https://drive.google.com/file/d/0B0V_BxZDvYXqazQ0MVVTU05HN0k/edit?usp=sharing" target="_blank">Wensky Drewna Piwa</a></b>, uma old ale
robusta, de 9.5% de álcool, que resultava de um blend em que metade maturou por
4 meses em barris de carvalho americano virgem, enquanto a outra metade maturou
em chips de carvalho francês. Old ale <i>comme il faut</i>. É sinal benfazejo ver uma cervejaria procurando o
melhor balanço entre madeiras de diferentes origens, como as boas vinícolas já
sabem fazer há muito tempo. O uso competente da madeira acentua a suculência e
a maciez dos maltes doces, resultando em uma avalanche de doce de leite,
toffee, caramelo, castanhas e chocolate. Frutas passas e laranja a complementam
com alguma licorosidade que lembra vermute. Além do aroma de madeira
propriamente dita, a baunilha do carvalho americano funde-se harmoniosamente às
percepções de noz moscada, mineral e mentolado, mais típicas do carvalho
francês. A versão blendada ainda não tinha registro comercial. Em meados de
2013, a Wensky Drewna Piwa voltou ao mercado com novo rótulo e já com registro,
mas com novo processo de produção, que usava apenas chips de carvalho francês, em
vez dos barris propriamente ditos. Ainda não provei a nova versão, espero que
mantenha o nível de excelência da anterior. A garrafa de 500ml sai na faixa dos
R$ 26, o que não é abusivo considerando-se o estilo. Sou feliz proprietário de
mais duas garrafas do primeiro lote, que estão evoluindo na minha adega.</div>
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
<br /></div>
<br />
<div class="MsoNormal" style="text-align: justify;">
Taí. Nove lançamentos de 2013, para todos os gostos e bolsos.
Todos ótimas compras, independentemente do preço. Concorda, discorda, gostaria
de adicionar alguma outra sugestão? Use o espaço dos comentários abaixo!</div>
Alexandre A. Marcussihttp://www.blogger.com/profile/09504092643943311822noreply@blogger.com10