sábado, 1 de março de 2014

Balanço cervejeiro de 2013

“Cheguei, galera!”
Fonte: estudos.gospelmais.com.br (juro!)
Sim, estou atrasado. Mas esta vida exige prioridades claras – e a minha era terminar nossa viagem pelo mundo das cervejas selvagens, o que fizemos na última quinzena. Feito isso, volto no tempo para fazer um balanço do ano cervejeiro de 2013. Não vou falar – ainda – sobre cervejas particulares. Quero primeiro comentar alguns destaques gerais do mercado e algumas expectativas para 2014. Na quinzena que vem, elejo algumas das cervejas que mais gostei de descobrir no ano que passou.

As importadas

O mercado cervejeiro está aquecidíssimo, e isso não é segredo para ninguém. Especialmente no que tange às importações, cuja burocracia é um pouco mais fácil de resolver do que para o lançamento de novas cervejas e marcas nacionais. 2012 já havia sido um ano de importações dignas de nota (basta pensar em cervejarias como a norte-americana Founders, a belga De Struise ou a holandesa De Molen), sobretudo no que diz respeito ao aporte de rótulos de produção elaborada e preços nas alturas, como as cervejas envelhecidas em barris. Mas 2012 também havia sido um ano em que a concorrência apertou as margens de lucro e fez caírem os preços de outros rótulos clássicos, sobretudo belgas. Na época, desenhou-se uma bipartição das importações entre rótulos consolidados, com preço tendente à queda, e rótulos de luxo com preço em ascensão. Em 2013, contudo, só essa segunda tendência de elevação de preços e de nível de elaboração dos rótulos parece ter se acentuado. Tivemos a chegada de várias cervejarias conceituadas lá fora, como Evil Twin, De Dolle, Cantillon, 3 Fonteinen, To Ol, e a ampliação da oferta de produtos de luxo de outras cervejarias que já davam as caras por aqui, como Mikkeller, De Struise ou De Molen.

Por um lado, hoje podemos dizer que o mercado brasileiro está bem abastecido de cervejas de patamar superior, “world-class”, que são consideradas referências em estilos prestigiados e difíceis de se produzir com competência, como é o caso das cervejas maturadas em barris ou lambics. Por outro lado, a escalada de preços assusta: as últimas levas de importadas ultrapassaram com frequência a cifra de R$ 100, muitas vezes por garrafinhas pequenas. Calculo que o número de rótulos nesse patamar de preços deve ter triplicado, talvez quintuplicado, em 2013. Assim como já ocorre há anos no muito mais maduro mercado de vinhos, é possível que tenhamos começado a ver a consolidação de um modelo baseado em “faixas de preço” (mas mais complexo do que nos vinhos, devido à interferência de variáveis como o volume das garrafas), o que inevitavelmente leva o mercado consumidor a se dividir em fatias de renda. Não é mais verdade que qualquer apreciador de cerveja artesanal pode provar os principais lançamentos do ano.

Ou você acha que alguém 
realmente comprou isso tudo?
Fonte: www.bebendobem.com.br
O que me preocupa é pensar até que ponto essas cervejas de luxo estão realmente vendendo. Vejo comentários sobre elas em blogs que recebem garrafas de graça para fazer publicidade, ou de pessoas convidadas para degustações comerciais e outras “boquinhas”, mas não vejo muita gente realmente comprando essas cervejas. É o mesmo vício que existe no mercado brasileiro de vinhos: os vinhos top fazem muito barulho nos blogs devido às práticas de bonificação, mas vendem muito pouco. Cerca de 80% do volume de vinhos vendido hoje pelo maior varejista do Brasil (o Pão de Açúcar) corresponde a vinhos abaixo dos R$ 18, ou seja, praticamente no piso do setor de vinhos finos. E a verdade é que essas práticas de bonificação, como a oferta de garrafas e degustações gratuitas para os “formadores de opinião” do mercado, faz com que o preço aumente para o consumidor final. Será que estamos vendo a mesma coisa acontecer com as cervejas? Há gente por aí falando em bolha. Por um lado, essas novas cervejas “de luxo” normalmente possuem longos prazos de validade e podem se dar ao luxo de demorar para vender; por outro, os estoques precisam rodar, e não sei até que ponto essas cervejas garantirão a rotatividade necessária para importações continuadas. Receio que voltemos a ter aquela situação típica de mercado imaturo: cervejas que vêm ao Brasil uma vez só e depois nunca mais voltam. Seria uma pena.

A outra ponta do mercado das importadas foi o boom das norte-americanas. Mas com reservas. Paradoxalmente, 2013 foi o ano das americanas em volumes de importação, mas também foi um ano em que os novos lançamentos se concentraram em cervejas repetitivas, que oferecem pouco interesse ao degustador. Muitas novas cervejarias, mas muito poucos rótulos realmente inovadores e interessantes, ou mesmo especialmente representativos. A maior parte do que chegou se limita a American pale ales, amber ales, IPAs, stouts e porters, o bê-a-bá da escola cervejeira norte-americana. Aqui e ali, alguma saison mais interessante. Cadê as surpreendentes criações dos ianques? Cadê as sour ales, as imperial stouts, as barrel-aged beers? E tudo vendido a preço de ouro: cervejas que custam US$ 2 lá nos EUA raramente aparecem por aqui por menos de R$ 20. 90% das americanas que têm chegado ao Brasil são cervejas de baixo teor alcoólico, que foram pensadas para serem consumidas em larga escala, mas cujo preço torna essa prática proibitiva aqui no Brasil. E algumas delas chegam em condições deploráveis (como é o caso das Anchor, cujas garrafas têm demonstrado um alarmante cansaço aqui no Brasil).

Para mim, as americanas de 2013 foram uma grande decepção. Com duas exceções: em primeiro lugar, a North Coast, com pelo menos uma cerveja que é referência de estilo, a Old Rasputin Russian Imperial Stout, e que realmente vale os R$ 20 que se paga pelas americanas por aqui. Em segundo lugar, a Ballast Point. Recebemos apenas a linha básica dessa sensacional cervejaria californiana, mas a amostra é boa e inclui pelo menos duas IPAs de alto padrão: a mais badalada Sculpin’ IPA e a subestimada, mas a meu ver mais equilibrada e agradável, Big Eye IPA. É preciso que os nossos importadores voltem a seguir o caminho que predominava antes em importações como a da Founders ou da Brooklyn: rótulos de qualidade consistente, bem acondicionados e distribuídos, com preços competitivos para conquistar e fidelizar novos consumidores. Precisamos de importadores que queiram vender a segunda garrafa para seus clientes, como já tem ocorrido no mercado de cervejas belgas e alemãs. A curiosidade pode nos fazer comprar uma cerveja pela primeira vez, mas é seu custo-benefício e sua consistência que nos farão comprar de novo e consolidar o mercado.

As nacionais

Se a coisa pegou fogo no domínio das importadas, o mesmo não aconteceu com as cervejas nacionais, que viveram um 2013 muito morno. O grande destaque foi a ampliação da prática de contract brewing, ou seja, dos contratos firmados por produtores independentes para produzir suas cervejas em fábricas já existentes. A burocracia necessária para abrir uma cervejaria no país é insana, e o contract brewing forneceu uma alternativa para os produtores que queriam fazer o salto entre a produção caseira e a comercial. Foi assim que marcas como a Dum ou a Urbana conseguiram entrar no mercado em 2013, prometendo boas novidades e mais rótulos para 2014. Quem conheceu a qualidade desses produtores, quando eles ainda estavam nas panelas caseiras, sabe que ainda tem muita coisa boa por vir.

Desse mato ainda sai coelho em 2014.
Fonte: www.allbeers.com.br
Mas as boas novidades pararam por aí. Para todas as outras cervejarias, foi um ano decepcionante. Poucos lançamentos dignos de nota, a maioria consistindo em reproduções de qualidade inferior dos estilos norte-americanos da moda, sobretudo as IPAs. E o pior: custando tanto quanto ou mais caro do que as American IPAs importadas direto da fonte! O resultado, infelizmente, foi uma sucessão de lançamentos desinteressantes, caros e medíocres, que eu nem tive gosto de acompanhar como fazia nos anos anteriores. Há um gargalo burocrático para experimentação (como as restrições para uso de certos ingredientes e a ausência de definição legal para o uso da madeira), mas é preciso ir além do que foi feito em 2013. E agora as cervejarias nacionais estão em uma posição delicada: com a invasão do mercado pelas importadas “de luxo”, não podem mais cobrar os absurdos que vinham cobrando por cervejas mais elaboradas. Essa é uma promessa a cumprir pelas cervejarias brasileiras em 2014.

É preciso apontar para o papel desempenhado pela irritante moda das cervejas norte-americanas. Hoje em dia, parece que só se pode ser legal bebendo IPA (americana, de preferência. O que, existe IPA inglesa?). As cervejarias brasileiras obviamente tentaram atender a essa tendência de mercado, mas em geral só se embananaram. A matéria-prima principal desses estilos (o lúpulo, e em especial as variedades norte-americanas) é cara no Brasil, ainda tem distribuição irregular e chega em mau estado de frescor, o que torna mais difícil a tarefa de produzir boa cerveja. Para piorar, as cervejarias brasileiras não têm know-how para produzir cervejas em estilo inglês e americano. Nosso mercado de artesanais cresceu apoiado na bagagem da tradição alemã. Claro que ninguém quer ficar só bebendo as alemãs basiconas (pilsner, Weiss, Schwarzbier etc.), mas o que eu esperava é que as nossas cervejarias fizessem com os estilos alemães exatamente o que os norte-americanos fizeram com os estilos ingleses: extrapolassem e criassem coisas novas e surpreendentes. É assim que teremos algo de relevante para contribuir com o cenário cervejeiro mundial. São pouquíssimas as cervejarias brasileiras que ainda se dedicam a experimentar com estilos e técnicas alemãs, entre as quais o destaque ainda é a Bamberg. Será que é por isso que a Bamberg foi responsável por alguns dos lançamentos mais interessantes e consistentes do ano?

A parte social

Com o crescimento do mercado, é natural que tenha ocorrido também um crescimento do zum-zum-zum sobre cervejas artesanais no país. Novos blogs, novos eventos e novos canais de divulgação. As cervejas ditas “especiais” definitivamente caíram no gosto dos brasileiros e hoje são talvez a bebida com maior visibilidade nas tendências de consumo, sobretudo entre os jovens de classe alta (A e B), que sentem que vinhos não são “descolados” o suficiente mas que querem se diferenciar em seus hábitos de consumo da classe C, que tem cada vez mais acesso às cervejas classificadas como “premium” (como Heineken, Budweiser, Original e que-tais).

A surreal fila de entrada do Beer Experience 2013.
Fonte: www.destinoscervejeiros.com
Curiosamente, esse crescimento do público e da comunicação não se fez acompanhar por uma ampliação da oferta de bons eventos centrados nas cervejas. 2013 teve vários eventos cervejeiros, mas o tom dominante de quem compareceu a eles foi de decepção. Ingressos caros para eventos que não ofereciam nenhum tipo de diferencial decisivo, seja em termos de rótulos exclusivos, seja em termos de descontos nos preços. E, para piorar, a infraestrutura frequentemente se mostrou precária, incapaz de atender necessidades básicas de um público consumidor de bebidas alcoólicas (como água, banheiros, comida, transporte coletivo etc.). Acredito que muitos organizadores tenham aprendido com os erros de 2013, e espero que 2014 tenha eventos mais bem organizados.

Na falta de mais eventos, a cultura cervejeira brasileira tem, cada vez mais, se tornado uma cultura de empórios – e mesmo de lojas on-line, cruciais num país de território tão dilatado e com economia tão centralizada no eixo sul-sudeste. E o mercado ainda está excessivamente centralizado em São Paulo. Tudo isso vai na contramão do que acontece no mercado norte-americano. Nem reclamo disso, na verdade, porque prefiro beber minhas cervejas em quantidade moderada, na companhia de amigos não-cervejeiros e de minha namorada, e o público cervejeiro que comparece aos eventos ainda é lamentavelmente pouco receptivo à vida feminina inteligente.

Por fim, a atitude da comunidade cervejeira nas redes sociais e mídias on-line tem me irritado um pouco. Apesar do crescimento do mercado, ainda predominam as patotinhas, as lamentáveis guerras de ego travadas por meio de constrangedores torpedos virtuais e o silêncio consentido. Silêncio sobre os preços e práticas abusivas do mercado. Uma irritante atitude baseada na monotonia do mantra do “paga quem quer, o quanto quer”. É como se os problemas deixassem de existir quando paramos de falar sobre eles. Uma comunicação de mercado que se preze exige muito mais transparência do que estamos vendo hoje. Acho que uma prática salutar que deveria ser adotada pelos blogueiros e comunicadores do meio - e que eu pretendo seguir - é sempre anunciar o preço das cervejas que estão sendo comentadas e divulgadas. Não se pode mais ingenuamente presumir que elas serão acessíveis para todos os leitores.


Na próxima quinzena, falo sobre as cervejas que mais me agradaram em 2013. Não perca!

42 comentários:

  1. Gostei muito do texto, Marcussi. De fato, acho que existe uma tensão entre dois processos contraditórios no mercado cervejeiro, mas que não são excludentes: de um lado, temos brejas que chegam ao mercado (seja do exterior ou nacionais) de maneira contínua e com preços acessíveis e, de outro, brejas que chegam no sistema vaga lume (surgem com brilho e preços muito altos, mas, depois, somem do mapa). Nessa primeira tendência incluo Way, Morada, linha St Bernardus, Brooklyn, Chimay, Punk IPA e algumas outras. Para segunda tendência, há incontáveis exemplos. Acho que essa dinâmica evidencia, pelo menos em parte, duas concepções de mercado: ter as brejas "especiais" como hábito de consumo de classe média vs.conceber essas brejas como produtos gourmet de luxo. Há um tensionamento ou, quem sabe, uma segmentação entre as faixas de consumo. Concordo que 2013 foi muito complicado, pois o sistema vaga lume esteve muito presente. No entanto, houve pequenos avanços interessantes no Rio de Janeiro que dão folego para uma dinâmica menos elitizada do mercado: linha básica da Way sendo vendida na rede Pão de Açucar por 7.89, mais redes de supermercados incorporando prateleiras com brejas "especiais" (Prix é um bom exemplo, pois quase sempre coloca promoções quinzenais de determinados rótulos), pequenas lojas especializadas em cervejas disponibilizando pelo menos uma torneira de chope para degustação no local com preços aceitáveis (Cerveja Social Clube e Hopfen são exemplos), dentre outros. Parabéns pelo texto. Eduardo Guimarães.

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    1. Olá, Eduardo!

      Concordo com a sua análise. Da forma como vejo, acho que existe menos um "tensionamento" e mais uma "segmentação" entre esses dois modelos. Eles se situam (idealmente) em faixas de renda distintas, um pouco seguindo o modelo do mercado de vinhos. Mas eu ainda tenho alguma dúvida se esses rótulos "vaga-lume" realmente estão vendendo ou se esse mercado ainda é muito mais limitado do que nos vinhos (em que rótulos na faixa dos R$ 500 vendem com regularidade).

      Mas concordo que existem certas linhas "de penetração", que estão consolidando mercados, como as que você citou. O risco é que a linha de luxo não consiga acompanhar as vendas dos rótulos de maior penetração. Vejamos o que acontece em 2014!

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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    2. Para completar, destaco mais dois episódios que vivi essa semana na cidade do Rio que trazem algum alento: Funk Ipa (2 Cabeças) bem fresca sendo vendida por 8.90 no supermercado e Jeffrey Nina por 9.50 em uma padaria do meu bairro. Abcs, Eduardo.

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    3. Queria apenas deixar um detalhe: as garrafinhas da Way sao consideravelmente menores que outras encontradas nos mercados: 310ml da Way contra 355ml da maioria ou 330ml de algumas outras, por exemplo. Quando formos falar de preco, o ideal talvez seja comecarmos a falar de preco por ml.

      Vejo muita comparacao equivocada de chope por ai, sem considerar o volume. Vamos ficar atentos.

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    4. Pois é, Ricardo, o mercado cervejeiro tem mais essa variável em relação ao de vinhos (em que o formato 750ml é quase onipresente). Só que também não funciona calcular só o preço por litro - e por isso que eu disse que isso tornava a precificação mais complexa no mercado cervejeiro, sobretudo nas faixas de preço mais altas. Digo isso porque, no caso de uma breja de alto drinkability, para refrescar e beber em quantidade, faz sentido calcular por litro. Afinal, você irá efetivamente beber um litro.

      Agora, numa breja intensa, complexa e cheia de nuances, de baixo drinkability, você dificilmente vai beber 1 litro, então calcular o preço pro litro faz menos sentido *para o consumidor*. Claro que, na produção, o que vale é o preço por litro, mas, para o consumidor, uma breja de 15% de álcool que seja vendida por R$ 50 a long neck parece "mais barata" (ou pelo menos parece uma compra mais atraente) do que a mesma breja sendo vendida por R$ 100 no 750ml. Às vezes o consumidor só quer provar uma determinada cerveja: para ele, melhor que venha em menor quantidade mas que custe menos, entende?

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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  2. Muito bom o texto Alexandre!

    Pela primeira vez leio um blog que reflete uma opinião que antes achava que só se passava na minha cabeça. Somos um mercado ainda muito imaturo, mas não temos a humildade para reconhecer isso....achamos que fazemos cervejas maravilhosas no Brasil...e cobramos absurdos por elas. E o mesmo falo das importadas que são maltradas (Não refrigeradas, longos transportes)e ficam estragadas até chegar ao consumidor, e mesmo assim um preço irracional é cobrado. E nós continuamos comprando e achando o máximo tomar uma IPA toda deteriorada, eu até entendo pagamos muito caro, como a cerveja pode estar ruim?

    Por outra lado, este é sinal que ainda temos muito o que evoluir, e isso significa muita oportunidade para quem quiser fazer a coisa bem feita!

    Um grande abraço!

    Alexandre Leme

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    1. Olá, xará!

      Fico feliz que tenha se sentido contemplado pelo texto. Sim, o mercado brasileiro é imaturo, mas o problema é que, do ponto de vista econômico, ele é muito atraente, porque vivemos em um país cuja elite tem poder aquisitivo crescente e está habituada a pagar (muito) caro por produtos que a diferenciem das classes populares. O resultado é o que vemos, não só no mercado cervejeiro, mas praticamente em todos os mercados de luxo no Brasil. Existe um padrão que se repete e que é típico de países em ascensão econômica.

      Ainda há muito o que evoluir, sem dúvida, mas eu não vejo um cenário muito promissor. Se olharmos para o mercado de vinhos, que está bem mais maduro e estabelecido no Brasil, a coisa não é tão diferente assim. Só é um pouco mais bem definida, com faixas de renda mais claras. O resultado é aquele que os colunistas e blogueiros de vinho sempre ressaltam: um país com uma média muito baixa de consumo (2 litro/ano per capita), sobretudo se considerarmos que o Brasil também produz vinho, mas cujos preços fazem com as empresas se mantenham confortáveis vendendo pouco e caro. Há aspectos legais, burocráticos e tributários que influenciam, não tenho dúvida, mas acho que o principal é que existe um contexto econômico em que é mais promissor fazer "a coisa errada" do que assumir os riscos. O mercado cervejeiro está movimentando um volume maior de pessoas agora e tem potencial para crescer mais, mas é possível que a situação simplesmente se estabilize no mesmo esquema. Vejamos!

      Abraços!
      Alexandre A. Marcussi

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  4. Bom dia Marcussi.

    Descobri esse mundo das cervejas artesanais e especiais há mais ou menos 2 anos e a partir desse momento tento aprender a respeito, acompanhando blogs, lendo livros e artigos em sites, sendo você uma ótima fonte de conhecimento. E agora por aqui, espero aumentar meu aprendizado, o que já fazia o acompanhando pelas postagem do Brejas.
    Pelo meu pouco conhecimento, não tenho base para debater com vc, mas pelo meu entender, vou colocar meu ponto de vista sobre o seu ótimo texto.

    1 - Cervejas "world class" - Realmente como acontece no mercado de vinhos, é muita badalação para pouca venda, pelo menos em termos de porcentagem real. E acho que poderá até não corresponder ao seu prognóstico, que é de aparecerem e sumirem, devendo uma o outra ultrapassar a barreira da experimentação e se estabelecerem, mas certamente essas serão poucas. Essa bolha que citou acontecerá segmentalmente para alguns estilos e rótulos, isso é inevitável, mas mesmo com os contras dos impostos e as "práticas de bonificação", alguns sobreviverão, isso a meu ver por pessoas como você que estão antenadas e cada vez mais capazes de entender e diferenciar as más praticas comerciais, de produção e qualidade, transmitindo essas informações com outras pessoas, assim cada vez mais vão existir apreciadores com bom senso e não apenas experimentadores de ocasião.

    2 - As americanas - Realmente o que se viu em 2013, pelo menos no segmento de lojas, empórios e sites de venda foi um número maior de rótulos americanos, mas sem variedade de estilos. Nesse ponto eu vejo a ainda imaturidade do mercado nacional, principalmente o de consumo, que ainda mal se acostumou a degustar e diferenciar os ingredientes das recém estabelecidas como referência americana, e ainda está muito pequeno e mal estabelecido para poder alçar voos maiores e "melhores", por isso acho o entrave que ocorre com as "surpreendentes" que citou, porque, se o consumidor brasileiro ainda está engatinhando na experiência cervejeira, muitos ainda na experimentação e melhoria no paladar (salvo exceções) como disponibilizar pra venda brejas que com o custo de importação + impostos seriam ainda ultrajantes para o consumidor inicial, que está se acostumando a pagar 15 reais por uma Amber Ale. Será que com essa massificação (mesmo que sejam de poucos estilos) e com a consequente "imitação" das nacionais, os degustadores não vão se aprimorando, se acostumando, e com isso, em crescente conhecimento, busquem rótulos mais sofisticados? ou estou sendo conservador demais?
    Em exemplificação própria, no início de 2013 meu paladar ainda recusava rótulos mais complexos, no final do ano, o mesmo paladar já se agradava com essas mesmas, isso, após dezenas (ou centenas, rs) de Ambers Ale, Ipas e Dipas, o que me fez buscar outros aromas e sabores.

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  5. 3 - As Nacionais - Acho que o movimento cervejeiro nacional é bem recente em comparação ao americano e mais ainda ao europeu. Com isso querer excelência em qualidade e variedade, assim como lançamento de cervejas "novas e surpreendentes" fica um pouco utópico, pelo menos brevemente. Mais uma vez, acho que a invasão das americanas, mesmos as ambers e ipas, por um lado é benéfico, já que dão a o degustador iniciante a possibilidade do aprendizado, diferenciando-as das imitações nacionais (melhorando o know-how das cervejarias), e melhorando e aguçando seu paladar. Isso abrirá caminho para as brejas de "luxo" se estabelecerem num futuro, quem sabe, próximo. Destacando aqui bons lançamentos da Wals, Way, Season, Invicta e cervejarias menores como 2Cabeças e Júpiter.

    4 - Parte Social - Sobre os eventos, realmente o amadorismo ainda reina, mas se pensarmos que há 5 anos quase não se via nada nesse sentido por aqui, é de se louvar essas iniciativas, mas que a nossas exigências com um mínimo de condições seja respeitada.
    No final do ano passado, como sou do Rio de Janeiro e pela comodidade, fui ao Mondial de La Biere, um evento pioneiro aqui no Rio, o que por si só já foi imperdível para os daqui, mas cheio de inconvenientes, como preço de entrada alto; falta de infraestrutura. Acho que com o passar do tempo e com uma quantidade maior de eventos, as exigências e com maior conhecimento dos consumidores, esses entraves vão diminuindo. Bem, é o que esperamos, não é.

    Completando meu comentário sobre sua postagem, concordo plenamente com você sobre os egos dos conhecedores e o constrangimento que os iniciantes são submetidos nas redes sociais e fóruns virtuais. O que deveria ser canais de troca de informações e união dos apreciadores para um fim comum, está se tornando ringues de conhecimento e palco para menosprezo. Com isso, em vez de termos cada vez mais pessoas empenhadas em entrar nesse mundo cervejeiro, tendo consequências positivas para todos em termos de conhecimento e por fim mais vendas, melhores preços e mais opções de rótulos e estilos; acabamos por ter um desencorajamento de um cervejeiro em potencial, realmente lamentável.

    Parabéns pelo blog, pelos comentário elucidativos no brejas e principalmente pela postura de transmitir seu conhecimento para menos esclarecidos como eu.

    Espero participar efetivamente do blog, trazer algum nível de debate positivo e aprender muito com você.

    Um abraço e até o próximo.

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    1. Olá, Fernando, tudo bem? Ótimos comentários; concordo com boa parte do que você disse, então farei apenas algumas considerações:

      1. Sim, com certeza alguns rótulos caros, se forem trabalhados com profissionalismo e seriedade pelas importadoras (o que inclui parar de especular em cima dos preços), vão ficar. Cito como exemplo uma breja top que temos no Brasil há vários anos e que está muito bem estabelecida no mercado, a Boon Oude Geuze Mariage Parfait. Para mim, esse seria um caminho para explorar consistentemente um rótulo desse segmento, mesmo sem nenhum oba-oba.

      2. As americanas: não acho que seja necessário começar pelas mais suaves e ir "subindo a escala" aos poucos para acostumar o paladar do consumidor. Veja, o boom das cervejas artesanais já está acontecendo desde 2008-2009, já existe um público consumidor muito bem acostumado com cervejas mais intensas. Não vejo isso como desculpa para ficarmos só nas linhas básicas. E não consigo normalizar a ideia de pagar R$ 15-20 numa long neck de amber ale. E me questiono: essas brejas realmente têm potencial para vender repetidamente nessa faixa de preços? O tempo dirá.

      3. Nacionais: veja, o movimento brasileiro pode ser mais recente que o dos EUA, mas isso também significa que podemos nos aproveitar das experiências já consolidadas para acelerar alguns passos. A produção italiana ou dinamarquesa é tão recente quanto a nossa, e veja onde eles estão. Não é uma questão de utopia: ou as cervejarias nacionais se adequam, ou serão coadjuvantes diante das importações para o público cervejeiro.

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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    2. Bem, realmente eu discordo de vc quanto ao "subindo a escala" porque comigo aconteceu (e está acontecendo) exatamente assim. Comecei pelas German Pilsener, Amber Ale e Porter, agora estou nas Dipas, Imperial Stouts. Recentemente degustei uma Barley Wine e uma Quadrupel, as quais quais eu já tinha experimentado há algum tempo, e pra minha surpresa, o que antes eu tinha rechaçado, foi até aprazível. O que reforça o meu pensamento de que o paladar vai se aguçando com o tempo, se preparando pra brejas mais complexas e/ou mais alcoólicas.
      Pode ter sido no meu caso isolado, mas é um exemplo que acontece, não acha?

      Entendi o que disse sobre as nacionais aproveitarem as experiências americana, e passei a concordar que ela podem pular etapas, não tendo que necessariamente demorar tanto para produzirem brejas mais elaboradas. Mas acho tanto as cervejarias, quanto os consumidores imaturos demais (o qual eu me incluo) para valorizar de imediato essas tais. No entanto, seria melhor em termos de visibilidade em comparação a outros mercados mundiais.

      Agora uma consulta, caso não seja impertinente. Você poderia me indicar algum rótulo dessas cervejas que acha top para eu experimentar. Levando em conta, o nível do meu paladar atual, rs.
      Nota: Por uma de suas postagens no brejas, fiquei sabendo das sours ale da Way, espero que sejam boas. Essas serão uma boa novidade no mercado nacional, não?

      Abraços.

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    3. Olá, Fernando, tudo bem? Vamos lá, quero comentar algumas das coisas que você levantou:

      1. "Subir a escala": é claro que isso existe. No começo, quando não estamos acostumados, existem estilos que nos parecem excessivamente alcoólicos, ou amargos, ou com aromas e sabores "esquisitos". Mas isso já ocorre há muito tempo, antes de termos as americanas por aqui: na minha época, começava-se com uma Weiss, depois bebia-se uma pilsner, depois talvez uma Münchner dunkel, aí uma bock, depois uma Belgian blond, aí uma bitter, uma IPA, uma dark strong ale e por aí vamos. Hoje em dia, o público consumidor não é mais imaturo: já existe um grande público que está plenamente acostumado com estilos intensos, não é preciso esperar que se adaptem. Esse argumento valia para 15 anos atrás, quando não havia nada de diferente e a Bier&Wein decidiu trazer a Erdinger (e não algo mais intenso) para vencer a resistência das pessoas. Não vale mais hoje em dia, em que já existe um grande volume de consumidores ávido por imperials, strong ales, sours e afins. São essas americanas que eu (e muita gente) está esperando encontrar por aqui, mas representam uma parcela muito pequena de todas as americanas que vieram em 2013.

      2. Vale o mesmo para o que você diz sobre as cervejarias nacionais. O consumidor brasileiro já está pronto para dar valor a cervejas intensas e elaboradas produzidas por cervejarias nacionais. Nosso mercado não é mais imaturo. Claro que sempre haverá pessoas que precisam começar a aprender do zero, mas isso não significa que não deva haver coisas para quem já está acostumado faz tempo. A propósito das sours da Way, estou esperando com ansiedade. É improvável que sejam ótimas sours, porque não temos know-how nesse campo, mas será um começo importante.

      3. Brejas "top". Depende do que você entende por "top". Se "top" para você são cervejas de alta qualidade, que oferecem degustações extremamente recompensadoras, não precisa ir longe - veja, por exemplo, o link "Cervejas para iniciantes e iniciados" deste blog, no menu à direita. Agora, o que eu comentei nesta postagem específica foi a respeito de cervejas de difícil elaboração, com altos preços. Penso especialmente em cervejas envelhecidas em barris. Para ter uma amostra daquelas com melhor custo-benefício no mercado, procure pela linha Harviestoun Ola Dubh ou pelas Evil Twin que nos chegam na faixa dos R$ 50 pela long neck. Na próxima quinzena, comentarei a respeito de alguns lançamentos que se destacaram em 2013, não perca!

      Espero ter respondido às suas questões. Qualquer coisa, manda bronca!

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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  6. Primeiramente obrigado pelo incentivo às minhas postagem por aqui, pois de todos os blogs que sigo, foi o que eu me senti mais à vontade de (mesmo com pouco conhecimento) questionar e debater. Muitos se acham dono da verdade e/ou não são adeptos a crítica construtiva, como tb não tem a paciência e humildade de passar seu conhecimento.
    Vamos lá então!
    Eu disse achar que o mercado ainda está imaturo pois não vejo nas redes sociais e fóruns, como tb nas pessoas que eu conheço pessoalmente grande interesse com real interesse em comprar regularmente essas brejas "intensas", mas como vc disse lá no fórum, elas quase não aparecem nesses canais e acredito na sua opinião. Espero que então, essas brejas venham logo e que não aconteça como na questão dos vinhos caros (como relatou em sua postagem atual).
    Realmente vejo a falta de know-how das cervejarias brasileiras quando comparamos brejas do mesmo estilo, já que o resultado em termos de aroma e sabor ainda é inferior na maiorias dos casos, fora algumas exceções que espero serem seguidas pela qualidade como Wals, Seasons, Bodebrown e outras. Mas iniciativas como essa da Way são bem-vindas como disse.
    As top que eu cito, são as que vc tem como tal, já que pra mim (ainda) são algumas Ipas e Imperial Stouts, mas olharei o link que citou e escolherei algumas para degustar. Depois eu lhe digo o que achei, caso seja do seu interesse.
    Abraços e até a próxima postagem.

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    1. Olá, Fernando,

      Entendi melhor o que você quis dizer quando pediu que eu indicasse brejas top. Óbvio que isso depende de gosto pessoal, mas vou dizer alguma que se destacam para o meu paladar. Sabendo que você gosta de IPAs, não perca as IPAs da Ballast Point (Sculpin' e Big Eye), a Colorado Vixnu, a Brewdog Punk IPA, a Way Double American Pale Ale e, com um pouco mais de aventura, a Mikkeller/Grassroots Wheat is the New Hops. Mas devo dizer que IPAs não são a menina dos meus olhos, então eu não acompanho todos os lançamentos do mercado.

      Quanto a Russian imperial stouts, outro dos seus estilos preferidos, eu indico North Coast Old Rasputin, Brooklyn Black Chocolate Stout, Wäls Petroleum, DUM Petroleum, Invicta Imperial Stout, Founders Breaksfat Stout e De Molen Hel & Verdoemenis. Se você puder pôr as mãos em uma com maturação em barril (barrel-aged), não perca. Uma ótima imperial (porter) brazuca com passagem por madeira é a 3 Lobos Bravo.

      Agora, vou dizer uma coisa: o lance é experimentar. Existe um enorme universo de estilos que você precisa provar antes de sentenciar que gosta desse ou daquele. Scotch ales, Belgian dark strong ales, tripel, bières brut, barley wines, Flanders red ales, old ales, lambics, saisons, doppelbocks, Weizenbocks; todos esses são estilos marcantes e muito recompensadores. Não fique bitolado só nos que você já conhece. O mercado passa por uma "moda" de estilos americanos, mas o barato é conhecer todos! Boas descobertas!

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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    2. Acaba de me ocorrer outra coisa, Fernando. Se você é fã de IPAs, precisa conhecer as inglesas, as "avós" do moderno estilo americano. A melhor que temos no mercado, de longe, é a Meantime IPA. A Brooklyn East India Pale Ale oferece uma interessante mistura de características americanas e inglesas, vale a pena conhecer.

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    3. Vlw pela Dicas!!

      Falando das Ales, resumindo comecei pelas English Pale Ale (melhor Fullers); Irish e Brown Ale, as ales europeias onde reina o malte com especiarias não são a minha praia, e juro que sem seguir o modismo pelas americanas ambers e ipas, foi paixão ao primeiro gole.
      Ainda não tenho capacidade de discernir detalhes minuciosos dos aromas e sabores, mas já me sinto confortável em dizer que diferencio as características principais dos maltes e lúpulos. Como minha preferência atual está nos lúpulos cítricos e florais, e maltes tostados e caramelos, com a predominância dos lúpulos aos maltes, essas características eu encontrei nas ipas americanas e até em algumas ambers tb, como a Red Rocket Ale da Bear Republic que pra mim é a melhor que existe.

      Bem, vou aproveitas as dicas das American Ipas e Imperial Stouts que me deu, descontando algumas que já experimentei. E mesmo atualmente eu deixando de lado as English Ipas, vou provar a Meantime, a qual eu só degustei a Yakima Red. A brooklyn foi uma das primeiras que eu degustei juntamente com a Indica, pois aqui no Rio tem o supermercado Pão de Açúcar que vendem elas até hj por um preço bem acessível.

      Aqui vão as minhas Ipas e Dipas em ordem de preferência (excluindo as que eu não gostei tanto e/ou não deva comprar mais): Perigosa, Invicta Dipa, Mula, Way Double Apa (que pra mim é uma ipa), 2Cabeças Hi 5, Punk Ipa, North Coast Acme Ipa, Ballast Point Sculpin, Noi Amara, Bear Republic Racer 5, Invicta 1000 Ibus,
      Esqueci de dizer que algumas American Pale Ales tb estão entre as minhas preferidas, muito pelas características dos lúpulos e maltes que falei na ultima postagem.
      As minha preferidas são: Eviltwin Hipster Ale, Júpiter, Mistura Clássica Bills Beer e Way Apa.
      Abraços.

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    4. E vou aos poucos, degustando alguns dos estilos que citou (os dentre eles eu ainda não experimentei)
      Quando acontecer, eu te passo minhas impressões.
      Obrigado.

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    5. Fernando, pelo que você diz, sua preferência realmente são as American pale ales, IPAs e amber ales. Você está bem contemplado pelas tendências atuais do mercado, então comemore. :-) Para todas as lupuladas, o importante é conseguir tomar as garrafas mais frescas que você conseguir. IPA é frescor; a melhor IPA vai ser só uma sombra do que ela é se estiver velha e mal acondicionada.

      Mas comece a procurar as clássicas de outros estilos, é bom dar uma variada.

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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    6. Realmente, IPA e cervejas em que o lúpulo são o destaque a situação é lamentável no Brasil. Tente sempre ver o prazo de validade (quanto mais longe melhor), se a cerveja esta refrigerada ou se ela teve que andar muito para chegar até você tudo isso influencia. Mas com certeza o principal é refrigeração. É uma pena que muitos empórios e estabelecimentos tenham cervejas muito boas e reconhecidas lá fora sem refrigeração....ai é que não vale mesmo pagar caro...

      Uma dica, se estiver em São Paulo é visitar o bar BrewDog, pelo menos quando fui todas as cervejas estavam ótimas e frescas...apesar do preço. Ou então, procurar uma cervejaria perto de você que faça uma IPA e tenha no bar da fábrica, mas certifique-se que as cervejas são armazenadas a baixa temperatura.

      Abraços

      Alexandre Leme, não o Marcussi rs...

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    7. Vlw Alexandres, rs.
      Eu me atento ao prazo de validade, sabendo da questão do lúpulo, principalmente nas lager e ales em que o lúpulo predomina.
      Marcussi, já estou fazendo isso de experimentar outros estilos e o acompanharei para saber os melhores rótulos de cada um.
      Alexandre, aqui no Rio existem alguns ótimos bares como o Botto Bar que tem 20 torneiras com chopp diversos e sempre tem ipas nacionais e gringas bem frescas. Quando eu for em Sampa, tentarei visitar esse recente bar da Brew Dog.
      Abraços.

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  7. Alexandre, parabéns pelo melhor blog cervejeiro que conheço.

    Apenas algumas coisas a acrescentar quanto aos preços das cervejas.

    Infelizmente, estamos nas mãos de importadoras e PDVs que jogam a margem lá pra cima, aproveitando a já citada imaturidade do mercado e o fato dele ser composto por muita gente esnobe que acha "bonito" pagar R$ 25 por uma long neck - ou que despreza as escolas tradicionais como a alemã, uma das grandes responsáveis pela própria existência da cerveja. É só ver o seguinte:

    - Cervejas mais "básicas", como a Brooklyn, são facilmente encontradas por menos de R$ 10, enquanto outras americanas mais "da moda" chegam facilmente aos R$ 20. Mas, nos EUA, ambas têm praticamente o mesmo preço.

    - O primeiro carregamento de alguma cerveja geralmente é mais caro, aproveitando o fator novidade/esnobismo. Por exemplo, as Anchor e Founders são mais baratas hoje que há alguns anos. Lembro que em 2003, quando tinha acabado de voltar da Europa (quando tive meu primeiro contato com cerveja de verdade), já era possível encontrar uma Chimay em SP por volta de R$ 30; hoje sai por volta de R$ 15. E olha que temos 10 anos de inflação acumulada...

    - Tive a oportunidade de ver a tabela de preços de exportação de uma microcervejaria nacional bem conhecida. A unidade (600ml) sai por U$ 2 sem limite mínimo, e a própria tabela avisa que o preço é reduzido para grandes quantidades (o normal para uma exportação). Assumindo que a cervejaria não está dando cerveja de graça, dá pra imaginar a margem que eles colocam para o produto nacional - mesmo considerando que na exportação não incide ICMS e IPI.

    Também não vejo muita solução a curto prazo, o jeito é aproveitar muito bem cada gole.

    Abraço,
    Fabio.

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    1. Muita exploração mesmo. Eles abusam do modismo, da imaturidade e da "novidade" para aumentar os lucros.
      Da minha parte faço o possível para pagar o menos possível nos estilos que mais aprecio.
      Tenho uma lista imensa de sites, lojas, distribuidoras e importadoras, com isso vou pesquisando e fazendo o máximo para pagar o quanto menos possível.
      Abraços.

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    2. Olá, Fábio, tudo bem?

      A minha postura é sempre apoiar as importadoras e cervejarias que fazem o jogo limpo. Tem gente por aí trabalhando com margens mais apertadas, privilegiando consistência e quantidade no lugar de especular em cima de exclusividade. Olhando do ponto de vista do consumidor, parece que só tem exploração do lado dos negociantes, mas quem entra em contato com os números pode ver que existem muitas variações e especificidades. Não tem só vilão no mercado, e isso precisa ficar claro para não cairmos em uma crítica vazia. O consumidor precisa ter o hábito de comparar os preços no Brasil e nos países de origem das cervejas para começar a ver certas discrepâncias estranhas. Eu, de minha parte, pretendo adotar como política aqui no blog sempre dar informação sobre preços - está ficando alarmante a tendência de divulgar cervejas sem especificar preço.

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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  11. Grande balanço mestre Marcussi!

    Só acrescento que além das duas americanas que se destacaram em 2013, há também a Evil Twin (que como sabemos não é originária dos EUA, mas seus estilos sim) onde podemos encontrar alguns rótulos abaixo dos R$ 20,00 e que são referências de estilos. ;o)

    A propósito, vou compartilhar esse seu post no Facebook.

    Abs e veja se aparece em nossas próximas degustações.

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    1. Grande FiL!

      Boa lembrança das Evil Twin, que chegaram botando banca em todas as faixas de preços. Como os novos rótulos vieram mais para o final do ano, tenho que admitir que eu não tive tempo ainda de provar muitas para chegar a um veredito. Qual delas você me recomenda nessa faixa em torno dos R$ 20?

      Obrigado por divulgar o blog!

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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  12. Excepcional análise Marcussi.
    A estrutura do mercado de cervejas nacionais tem claramente de um lado um pequeno grupo de formadores de opinião (que vivem em um mundo de trocas de confetes, são refratários à qualquer crítica e ditam monoliticamente conceitos) e do outro uma legião de "hipsters" da modinha das artesanais (até o visual desse público tende a ser monolítico).
    Essa estrutura opera como um mercado de oligopólio: baixíssimos níveis de inovação (não estou falando de estilos de cerveja - mas de práticas e tendência de mercado) e preços incompatíveis com a qualidade do produto.
    Um exemplo: eu sou fã incondicional de IPAs mas a maioria delas chega no Brasil em petição de miséria e acabamos sendo condescendentes ao avaliá-las. Cervejas que frescas e boas nos US custam US$ 2 aqui detonadas custam R$ 23. O mesmo acontece com os lúpulos que chegam velhos e acabam levando nossos melhores cervejeiros à produzirem IPAs fracas.
    Para não me estender concordo que 2013 foi um ano estagnado. E 2014 será pior. E o triste é que temos potencial para muito mais, temos talentos (Bode, Way, Seasons, Dum ..) e temos demanda. Mas não adianta nada brigar para colocar mel ou leite na cerveja se não mudarmos essa estrutura de mercado fechada que tanto nos atrasa.
    Abraço!

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    1. Jota,

      Seu ponto de vista é severo, mas verdadeiro. Quem acompanha o mercado vê com clareza que são sempre as mesmas coisas sendo ditas pelos formadores de opinião, e que certos problemas muito óbvios todo mundo faz de conta que não existem. E deixam o público, que tem pouca informação, cair numa crítica vazia dos preços (porque é o único aspecto do mercado que o consumidor comum consegue ver). Como eu disse, falta mais transparência. Só espero que seu prognóstico para 2014 não se concretize!

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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  13. Concordo,, mas vejo cenas também de ousadia como uma Gose produzida pela Abadessa e uma Cerveja com Brettanomices da Wals.(cervejaria que gosto bastante) Fora isso esta realmente ficando repetitivo no âmbito nacional e infelizmente vem sendo acompanhada pela tipica soberba americana.Tem muito mestre cervejeiro nacional se achando o must, mas acho que falta muito caminho para rodar.
    Mais uma vez Alexandre, um belo artigo.
    Um abraço deste seu admirador,
    Ricardo

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    1. Cerveja da Wäls com Bretta? Mas não chegou ao mercado, certo?
      Pretendo fazer uma visita à fábrica deles em abril e certamente poderia apurar a questão mais "de perto". :-) A Wäls manda muito bem nas suas receitas, e uma sour deles seria muito interessante.

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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    2. http://cervejaavecesar.blogspot.com.br/2014/03/wals-imperial-bretta-lager.html

      Então vc deve ter o privilégio de degustá-la, pq pelo que li no blog acima, ela deve ser servida apenas lá na Wals.

      Estaremos esperando pelas suas palavras sobre essa Imperial Bretta Lager.

      Abçs.

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  14. Grande Marcussi. Bela análise.
    Faço coro com relação a divulgação de preços.
    Vale lembrar apenas que o valor do dólar teve um crescimento considerável nos últimos meses de 2013, consequentemente as importadas também subiram de preço.
    Já nas nacionais continuo acreditando que a "culpa" é da tributação excessiva.
    Basta citar a mineira Wals, que está levantando uma fábrica em San Diego na California pois alegam que produzir lá e exportar para cá será mais barato do que produzir aqui. Um absurdo.
    abraços
    João Amstalden
    Panela de Malte

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    1. Se isso fosse 100% verdadeiro, não ia ter artesanal nacional custando R$ 5-6 na gôndola. A tributação é pesada, mas não é o único vilão da história.

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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  15. Grande Marcussi! Excelente artigo, já compartilhei lá no FB, concordo com praticamente tudo e não agüento mais ouvir o surrado e indigente "paga quem quer" ou "paga quem pode" aos questionamentos sobre preços, por mais válidos que sejam. Só não perdôo a sua recalcitrância em entrar no FB! ;)

    Grande abraço!

    Milu Lessa

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    1. Grande Milu!

      Alegra-me deveras vê-la por aqui! Agradeço a ajuda na divulgação lá no Face. Você sabe como é essa coisa de professor/blogueiro/cervejeiro: se eu adicionar Facebook, a mistura fica explosiva! :-D Mas quem sabe eu não abro um perfil do O Cru e o Maltado lá?

      Abraços,
      Alexandre A. Marcussi

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  16. Grande Marcussi, quanto tempo heim!

    Vim a um tempo acompanhar o seu blog e curti muito do que li por aqui! Este post e o último são sensacionais, com certeza também vou replicar no FB!

    As discussões e dicas dadas nos comentários também são dignas de se acompanhar!

    Enfim, não tem mais o que se acrescentar!

    Um abraço!

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  17. Grande Lucas! Faz tempo mesmo, hein?
    Que bom que gostou do blog, agradeço a ajuda na divulgação! Sinta-se em casa por aqui, e fica o convite para ler as postagens anteriores!
    Abraços,
    Alexandre A. Marcussi

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    1. Valeu Marcussi, já me dediquei a leitura só não comentei mesmo mas quando tiver mais tempo irei dar uma atenção maior rs.

      Textos excelentes sem dúvida!

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